segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Corínthians: apesar da demora, encontraram a saída. Será?

Os advogados do Corínthians demoraram muito para encontrar a saída para o caso do assassinato de Kevin, o adolescente boliviano de 14 anos de idade, em Oruro.
Desse ponto de vista, nada poderia ser mais adequado que encontrarem um rapaz, também menor de idade e, portanto, inimputável, já tranquilamente instalado de volta em nosso país - para não poder ser preso pela polícia boliviana e forçar a abertura de uma discussão bastante prolongada sobre questões de extradição - e alegando não saber manipular o artefato em seu poder.
Mais que conveniente, bastante útil a confissão apresentada na noite de ontem no programa Fantástico.
Senão vejamos: apresentando-se como autor do disparo assassino e, assumindo o papel de réu confesso, não restará à Bolívia outra atitude senão liberar o grupo de torcedores mantidos em cela, desde o fatídico jogo.
Liberados os doze detidos, eles poderão voltar ao Brasil, onde dificilmente serão alcançados, caso alguma cena filmada ou gravada pelas câmaras de tv ou de celulares, possa forçar uma reviravolta na história.
Resolve-se pois, um imbróglio: a polícia boliviana agiu, prendeu, deu satisfações à população e principalmente à família do jovem bestialmente assassinado. Por outro lado, resta resolvido ainda a questão da definição da autoria do disparo, já que a situação de concurso de autores é sempre, salvo engano, muito difícil de gerar punições justamente pela carga de dúvidas que ela gera.
Afinal, quem foi o autor, responsável pela ação que deu origem ao assassinato? E como resolver a questão da injustiça, bastante plausível de acontecer frente à possibilidade de se estar punindo pessoas que não foram responsáveis exceto por estarem próximas do local de onde saiu o rojão?
***
No caso do adolescente, que alega não estar interessado em proteger ninguém e que apenas está procurando aliviar um problema de consciência, é bom lembrar que confessou não saber manipular o artefato. Ora, dirão: então não deveria estar de posse do sinalizador. Mas é justamente aí que a questão de ser menor, e irresponsável penalmente, vai se manifestar com maior força. Ele não sabia o que estava fazendo, desde o momento que comprou os fogos.
Tendo 17 anos, provavelmente não poderá ser extraditado, caso houvesse um tratado da espécie, assinado entre o governo brasileiro e o boliviano. Seu caso então teria de ser resolvido pela justiça brasileira, em conformidade com nosso regime legal, o que redundaria em uma apenação que implicaria em medida sócio-educativa, em instituição própria e bem diferente de uma cela.
Com pouco menos de 3 anos ele estaria solto, senão apresentasse algumas condições para ser liberado mais cedo, ou até comutar o resto da pena por algum tipo de trabalho comunitário e alcance social - quem sabe até junto às comunidades bolivianas instaladas e exploradas em São Paulo.
A "justiça" teria sido feita e uma satisfação dada à família e ao espírito de Kevin.
Será?
***
Mas, em minha opínião, a solução estaria conveniente demais. Tanto que ficaria sempre no ar a impressão de que foi tudo armado e, em sendo assim, levantaria sempre a desconfiança em relação ao próprio Corínthians, passível de ser acusado de estar acobertando atos lastimáveis de suas torcidas organizadas.
Mais uma vez, atos de vandalismo estariam sendo varridos para debaixo do tapete e, seja de quem tiver partido a solução, a impressão sempre seria de que o clube estava passando a mão e protegendo atitudes até criminosas de suas torcidas organizadas. Relação que apenas ratificaria e reforçaria as críticas à intimidade excessiva existente entre esses grupos de torcedores e a direção do clube (dos clubes, para ser mais justo).
Então, resolvido o problema dos torcedores e de penalizações, faltava agora que fosse decidida a exclusão do Corínthinas dos torneios sul-americanos, por algum período de tempo.
Toda uma nação, todo um bando de loucos seria punido por culpa de alguns poucos, é fato. Mas serviria de exemplo para todas as demais torcidas, e de certa forma, serviria para compensar esse arranjo que está em curso e que, se funcionasse, apenas reforçaria a sensação de impunidade que todos tanto criticam em nosso país.


Nenhum comentário: