terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Pitacos variados sobre o desrespeito ao torcedor, ao cidadão, e aos carnavalescos e torcedores comuns

A multa aplicada pelo governo do Estado de Minas à Minas Arena, administradora do Mineirão,  por todas as falhas e todo o desrespeito ao torcedor presente na reinaguração daquele estádio, no valor de R$ 1 milhão, pensando bem, ficou muito barata.
Pelo que a midia informa, a empresa teria uma multa diária a pagar, caso não entregasse o estádio reformado na data fixada em contrato.
Para evitar essa multa, seguramente mais pesada, o novo Mineirão foi entregue, mesmo não estando acabado.
Pelas fotos publicadas nos jornais e sites da internet, uma série de pequenas obras, pequenos detalhes e até mesmo a retirada de entulhos e uma limpeza geral não foram realizadas.
Estádio entregue e recebido pelo contratante, como toda obra pública, houve a correria natural para sua inauguração, sem qualquer preocupação com o público.
Talvez essa a explicação para a tranquilidade e humildade no reconhecimento das falhas, expressa pelo presidente da Minas Arena: a punição ficou muito mais barata que a devida.
Agora, a partir da multa aplicada, vir a público elogiar a presteza do governo de Minas em punir os responsáveis e dar uma satisfação ao torcedor prejudicado é, no mínimo, muita desfaçatez.
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Foi anunciado ontem, o lucro de R$ 21,2 bilhões da Petrobras, auferido no ano de 2012. Mais que o lucro em si, chamou a atenção o declínio apresentado pela lucratividade, fruto, entre outros fatores, da redução do volume produzido, por um lado, e do aumento da importação de petróleo e seus derivados, tanto em termos de volume físico quanto de valores.
Para o aumento dos preços de importação, contribuiu também a desvalorização experimentada pelo real.
Sabe-se também que o resultado foi influenciado pela intervenção do governo, que pressionou para que a companhia evitasse repassar para os preços internos os aumentos dos preços dos produtos importados, de forma a não dar "combustível" à inflação.
É verdade que, para compensar o "congelamento" dos preços, o governo abriu mão de arrecadar parcela importante da CIDE, além de promover aumento da mistura de álcool à gasolina.
Entretanto, se segurou os preços em 2012, não foi mais possível a manutenção dos preços nessa virada de ano, o que justifica o aumento de 6,6% dos preços para os distribuidores.
Tal correção de preços, entretanto, feita no mesmo momento em que se anunciava a redução das tarifas de energia elétrica, deixa no ar a dúvida da real intenção das medidas do governo, a princípio contraditórias.
De certo uma conclusão: uma jogada de marketing do governo e um tiro n'água.
Na verdade, a transferência para o povo, em parte, das medidas destinadas a, mais uma vez, agradarem aos empresários da grande indústria.
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Afinal alguém ligado à área teve a coragem de por o dedo na ferida e abrir o verbo. Como Zeca Pagodinho de forma corajosa deixou muito claro na entrevista concedida e publicada na Folha de ontem, dia 4 de fevereiro, o Carnaval acabou. Foi roubado ao povo, como festa popular, vinculada à cultura do brasileiro.
E é bom que se diga que não acabou por força do fim das marchinhas,  dos bailes, da alegria, mas por força da pasteurização promovida pela televisão e grande mídia, que transformaram o desfile de escolas de samba em um show para turista ver e bater palma, sem lugar para o povo. Esse,  mantido bem longe foi transformado em mero personagem de uma festa em que era, até pouco tempo atrás, o sujeito da diversão.
O show vende, atrai turistas, e enche as avenidas e o sambódromo, ajudando a trazer dólares e aumentando a lotação dos hotéis e hospedarias.
Mas, de bom mesmo, só as mulheres esculturais, moldadas a grana e muito bisturi.
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A verdade é que, na mesma direçao elitista e elitizante, está caminhando o futebol, especialmente com essa profusão de novas arenas, tomando lugar dos antigos estádios e dos simples campos de futebol.
A própria denominação já é sinal de mudanças, que já tinham sido alertadas por Tostão, preocupado em que o futebol não fosse transformado em um evento que afastasse a participação popular e a manifestação livre e genuína dos torcedores.
Posso estar enganado, mas o que a minha memória afetiva me lembra quando se menciona o termo arena, é um lugar para os ricos e as classes mais favorecidas de Roma, assistirem os sacrifícios dos menos favorecidos.
Em suma: um lugar em que os poderosos se divertiam às expensas dos mais fracos e explorados.
Mas, deixando essa questão terminológica de lado, a julgar pelo que temos visto, e as novas exigências em relação às instalações, ao conforto e comodidade dessas arenas, o que eleva o custo de sua manutenção e, em decorrência aumenta o preço dos ingressos, em pouco tempo, o torcedor estará torcendo apenas através das telas das tevês.
Ok. Alguns poderão argumentar que, já de longo tempo, o futebol tem se transformado em um esporte dependente e bancado pelas televisões e rádios, o que não nego.
Mas que era pelo menos mais romântico e divertido quando o futebol era visto como um esporte popular, do que como o show em que tem se transformado cada vez mais, isso era.
Mesmo que essa opinião seja apenas a manifestação de meu saudosismo.


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