sexta-feira, 28 de junho de 2013

O Brasil a ponto de conquistar o TRICAMPEONATO de nada???? O que vale essa Copa? E esse silêncio da mídia?

Por que razão a grande imprensa tem tanta relutância em dizer que, caso o Brasil seja o campeão da Copa das Confederações, sagrar-se-á tricampeão desse torneio?
Porque em um país que valoriza tanto, e de forma até incorreta ou exagerada, a conquista de vários títulos, esse QUASE silêncio sepulcral, agora?
Ilustro: o Fluminense foi campeão do último Campeonato Brasileiro enquanto o Corínthians foi o campeão do ano anterior. Ainda assim, o time carioca é apresentado como tendo conquistado o tetracampeonato.
Isso não era assim, antigamente.
Em outras eras, bi era o time que conquistava duas vezes consecutivas o mesmo campeonato. Assim como tri era o time que conquistava o mesmo torneio em três edições seguidas e consecutivas, como o fez o São Paulo, nos anos de 2006, 2007 e 2008, apenas para citar um exemplo.
Pois bem. Curiosamente, em minha opinião, a imprensa agora, só muito ocasionalmente, e quase que assim, de passagem, comenta que o Brasil foi o campeão da Copa das Confederações em 2005, quando foi dirigida pelo mesmo Parreira que faz parte, hoje, do "staff" da seleção atual, na função de coordenador.
E, nem há a desculpa de que aquela Copa teve pouca repercussão porque só a Globo tinha os direitos de transmissão para a tv aberta. Afinal, logo a Globo, a líder de audiência?
E é bom lembrar que o Brasil sagrou-se campeão impondo uma sonora e rotunda goleada sobre a Argentina, pelo placar de 4 a 1. Logo nos hermanos!!!
Porque a Globo, que naquela oportunidade fez questão de transmitir apenas os jogos da seleção brasileira não dá nenhum destaque àquela conquista?
Tudo bem que brasileiro tem memória curta, mas a mídia esquecer???
***
Faço aqui um parêntese para ressalvar - e me penitenciar de um lapso meu, de memória - que ao comentar que a mídia não poderia ter memória curta, já que deveria desempenhar também um papel,  digamos, historiográfico,posso ter dado a impressão de ter "cobrado" a rede Globo.
É justo que eu reconheça e admita que a Globo comete sempre esses lapsos de memória e que isso faz parte de sua tradição.
Assim como esqueceu que surgiu e apoiou a ditadura militar de 64 a 85, a ponto de posteriormente já ter feito uma "releitura" da história para mostrar que, quando o povo começou a reagir contra a ditadura, ela Globo estava .... ao lado do povo?!?!
Ou quando combateu a campanha das Diretas Já e, depois, em algum desses seriados de altíssima qualidade técnica que apresenta a seus telespectadores, passou a limpo aquele período e sua participação.
Ou quando tomou o lado do Collor, embora apresente-se hoje como ao lado dos caras-pintadas.
Ou seja: não é a toa que o povo nas ruas, qualquer que seja a manifestação que esteja tendo lugar entoa sempre o mesmo bordão: o povo não é bobo! Fora a rede Globo.
***
Em 2009, com Dunga como técnico, o Brasil tornou-se bicampeão da mesma Copa das Confederações, agora disputando a partida final contra os Estados Unidos.
Ali, tornou-se bicampeã.
E agora, com Felipão, o xodó da Globo e da grande imprensa, embora a trate tão mal e com tanto desprezo aparente, pode vir a se tornar tricampeã, caso vença a Espanha.
O que acho difícil, embora não impossível.
E aqui outro parêntese, para falar da minha opinião quanto à dificuldade. Analisando sem o ufanismo de que a imprensa  e os analistas e comentaristas de futebol se armam, o Brasil não está fazendo uma grande campanha.
Tudo bem, somos todos patriotas. O Brasil é a pátria de chuteiras. Vivemos um período cívico que está fazendo e vai ficar gravado na História. E, afinal de contas, aqui é o Brasil...il....il....Varonil... il....il...
Mas, se fomos bem na primeira partida, devido à própria fragilidade do adversário e, em especial, o respeito que o Japão demonstrou ao enfrentar nossa equipe, contra o México, jogamos mal. E a verdade é que, em minha opinião o México não merecia ter sido derrotado, já que jogou melhor em grande parte do final da primeira etapa e quase que todo o segundo tempo.
Contra a Itália, além do pênalte não marcado em Balo, tivemos alguma ajuda do juiz, em alguns lances de impedimento que, não assinalados, resultaram em gol brasileiro. Que o diga o gol de Dante, primeiro da goleada.
Contra o Uruguai, todos admitiram não ter jogado bem. Embora louvando a vitória.
Certo é que, cansada por ter vindo disputar um torneio ao fim de sua temporada de futebol, cansada de tantas viagens, e tantas recepões e "festas" nos hotéis em que se hospedou, a Espanha também não jogou bem ontem, contra a Itália.
E até nisso o Brasil foi ajudado. A Espanha teve de disputar 120 minutos de futebol, tendo que jogar uma prorrogação extenuante.
***
Mas, retorno a meu tema. Ninguém está valorizando as conquistas anteriores, simplesmente, em minha opinião, porque o Brasil nas Copas do Mundo imediatamente subsequentes aos torneios em que foi vitorioso, deu vexame.
Tão simples quanto isso.
Trata-se então, mais uma vez, de dar suporte ao Felipão, o xodozinho, e a essa sua ridícula abstração de Família Felipão, tão conservadoramente ao gosto da mídia, Globo à frente.
Como Scolari precisa do apoio da torcida e do povo, e está a ponto de se tornar campeão, está na hora de destacarmos essa conquista. Esse fato. Sem mencionar os anteriores, para não despertar essa questão: os países quando vêm à Copa das Confederações, o fazem imbuídos da ideia de darem o máximo de seus esforços?
Porque essa pergunta, que não deveria ser calada, nos leva a outra: ganharmos aqui e agora, significa mesmo que estamos no caminho certo? Com o técnico certo?
Ou tudo não é apenas, mais uma vez, um prenúncio para outra decepção na Copa de 2014? Mesmo que em solo pátrio?
Oh! Desculpas. Em solo sagrado como território da Fifa, ao menos até que a Copa se encerre.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

A avalição de uma tarde de seleção no Mineirão

Do jogo de ontem, nota 10 para o transporte em ônibus especiais, que conseguiu atender a todos os que optaram por abandonar os carros nas garages. Não fosse o acúmulo natural de pessoas que, parece, tiveram a mesma ideia de anteciparem a ida para o Mineirão, temendo ter de enfrentar o sufoco da correria de última hora, nada haveria de comentar.
Mas, mesmo com todos antecipando o horário, o que fez as filas na Savassi ficarem gigantescas pouco antes das 13 horas, a organização funcionou a contento. A ponto de às 14:30, já não se observarem filas, nem dificuldades no trajeto, nem qualquer problema para chegar ao distante ponto em que todos tinham que desembarcar, na entrada da Cidade Universitária, próximo à Usiminas, para manter-se, creio eu, fora do perímetro de segurança, exigência da Fifa.
***
Para o atendimento da Fifa, nota 3. Lamentavelmente, confuso e desorganizado. Sem qualquer padrão.
O que pode ser ilustrado pelo atendimento que tive, ao me dirigir ao Mineirinho, para tentar obter uma segunda via do ingresso que, já dentro do ônibus, descobri que havia perdido ou sido roubado...
O Brasil jogando em nossa cidade e eu sem ingresso. E sem saber o que ocorreu, já que com os ingressos de minha família, também em meu poder, nada aconteceu. Minha família entrou e me dirigi, seguindo recomendações dos voluntários, ao posto da Fifa no Mineirinho.
E lá, embora não estivesse cheio, o atendimento estava caótico. A ponto de sermos orientados a dizer que tínhamos perdido os ingressos, para evitar de ter de fazer e apresentar um BO - Boletim de Ocorrência da Polícia Militar.
Entendo as preocupações da Fifa. A questão de segurança. De impedir a que alguém mal intencionado passasse seu ingresso para outras pessoas, e tentasse aplicar o golpe da perda ou roubo.
Mas, como os ingressos eram nominais, identificáveis e continham documento de identidade, etc, a ordem de se evitar a reimpressão do ingresso só significava que os elementos de identificação não estavam sendo conferidos da forma devida nas roletas de entrada. E se isso fosse verdadeiro, então não haveria motivo para tanta exigência para a compra e até transferência dos ingressos.
Particularmente penso que, sabendo que a desordem e a dificuldade de se verificar cada ingresso nas roletas e catracas causaria um tumulto e uma demora no acesso dos torcedores ao interior do estádio, e que por conta de se evitar transtornos os ingressos não seriam verificados com rigor, os organizadores deveriam liberar, sob o compromisso que achassem por bem exigir, a reimpressão dos ingressos.
No posto de atendimento, entretanto, as meninas voluntárias resolveram reimprimir as entradas sem muita exigência ou burocracia. Mas não todas. E aí é que o bicho pegou.
Enquanto a meu lado 3 ou 4 pessoas conseguiram obter seu ingresso, sem BO, sem delongas, sem problemas, o meu caiu na mão de uma menina, Laís, que chamou a sua gerente, a Evelin ou Evelyn, que negou a reimpressão que eu solicitava.
Só depois de muita conversa, tentando mostrar que eu estava sendo vítima de um tratamento discriminatório, que me impedia de ter o que todos os demais estavam conseguindo, sem qualquer problema, é que obtive meu ingresso.
Mas minha felicidade constratava com a cara de insatisfação das duas moças tão exigentes que me atenderam.
***
Antes do início da partida, nota 1000 para a torcida que se fez ouvir e cantou toda a primeira parte do longo hino nacional brasileiro, embora o sistema mecânico de som já tivesse encerrado a música ao fim da primeira estrofe. Que a Fifa queira determinar tudo de regras em relação aos eventos que patrocina, e que o governo brasileiro, vergonhosamente tenha se curvado a todas as exigências daquela entidade que mais se assemelha a um covil, é lamentável. Mas, tocar parcialmente apenas o hino, proibir qualquer manifestação legítima de cidadãos torcedores dentro do estádio - embora ache absurdo querer proibir manifestações dentro do gramado, aí pelo menos entendo as razões - é completamente fora de propósito.
E o povo brasileiro, os torcedores presentes no Mineirão, deram um cala boca na Fifa: fazendo uma manifestação de civismo, e portanto política, usando o hino e cantando-o até o final da primeira parte.
***
Para a seleção brasileira, dentro de campo, 4 para o futebol ou a falta dele.
Para o Neymar e as simulações de sempre por ele perpetradas, que irão prejudicar muito sua imagem na Europa, nota 2. O futebol dele ontem foi bem curtinho, infelizmente para todos nós, que gostamos de um bom futebol, como é o que ele costuma apresentar.
Para Fred, 5, pelo gol e pelo fato de que, em campo, representa, na grande maioria do tempo, um jogador a menos no time.
Para Paulinho, em minha opinião o jogador que vem apresentando a maior regularidade dentre todos, nota 7, inclusive pelo gol.
A entrada do Bernard e sua capacidade de incendiar o jogo, ao menos nos primeiros 10 minutos de sua presença em campo, nota 8.
Para Júlio César, e a defesa do pênalte, mesmo ele estando já na metada da distância entre a bola e a linha em que deveria estar, nota 9. Ontem, não apresentou nenhuma falha.
Para o esquema do Felipão, não vou dar nota. Não tem como dar nota para o que não existe.
Para o Uruguai e sua postura tática, nota 7.
***
Em síntese, jogo muito fraco, salvo pela torcida e seu apoio à seleção canarinho.
No mais, um retorno de ônibus, fácil, rápido, com um excelente e gentil motorista. Passado pouco das 19 horas já estávamos em casa, acompanhando as notícias dos atos de vandalismo que uma turma aproveita para por em prática, sabe-se lá com que intenções, embora sempre as piores.

Manifestação em versos



Sair da inércia
Abandonar o berço esplêndido ainda quente
E ir à luta
Ganhar as ruas
Mostrar que o filho teu não foge
E luta
E reivindica
Como outrora,
Como em 68 e as lutas do Calabouço
Do tempo do Edson
Como nos tempos das Diretas
E do cordão puxado por Brizola, Tancredo
Ulisses e quem mais não tinha medo
            Como no tempo dos caras pintadas
            Que nos livrou de tingir o país
            Das cores de Collor
Hoje, em um país de tantas mazelas
Lutando por um país melhor
Sonhando com um país mais igual
Onde a corrupção seja apenas um artigo
Mais um, em meio a um Código Penal
Cujo lema principal
Seja o fim da impunidade
Um país com igualdade
Justiça, educação e com saúde
E que assegure a seus filhos
Crescer e ser feliz
Sob a bandeira maior da liberdade

terça-feira, 25 de junho de 2013

A proposta de Dilma não é para ganhar tempo. E tem argumentos fortes em sua defesa

Muita gente criticando as propostas da presidenta Dilma. Em minha opinião, ou são ingênuos ou mal intencionados, ou ambos.
Afirmar que a Dilma poderia propor de forma direta e imediata uma Proposta de Emenda Constitucional que tratasse da reforma política e, aproveitasse de sua maioria no Congresso para aprovar essa PEC com o uso do rolo compressor, representado por sua base é, no mínimo curioso.
Ora, todos sabemos que a citada base do governo não é nem confiável, nem "do governo". Negociações recentes, visando a aprovação de projetos de interesse do governo já mostraram, sem deixar margens a quaisquer dúvidas, que a relação entre o Executivo e os deputados que os integram não passa de um balcão de negócios. Justo a forma de relação espúria que o povo, corretamente em minha opinião, considera um dos maiores problemas de nossos políticos, prima próxima da corrupção.
Afinal, ao transformar essas relações em meros balcões de negócios, o governo nada mais faz que fortalecer e incentivar a continuidade da prática que Robertão (o ex-deputado paulista Roberto Cardoso Alves, ex-líder do Centrão de triste memória), um dia traduziu na famosa máxima de São Francisco de Assis: o é dando que se recebe.
Mandar um projeto para a aprovação da Câmara, QUALQUER projeto, é sempre a oportunidade para que o jogo de chantagem e extorsão possa ter início, com os parceiros do PMDB, do PSD, do PDT, PR, etc.,  com as raras e honrosas exceções de sempre, mostrando onde estão seus verdadeiros interesses: nos seus interesses pequenos, mesquinhos, às vezes escusos,  capazes de lhes assegurarem sejam  benefícios pessoais, como cargos, sejam a aprovação para a inclusão de emendas no Orçamento. Emendas muitas vezes de benefício muito restrito e, na maior parte das vezes, de cunho clientelista, eleitoreiro, voltadas tão somente para assegurar a continuidade de seu poder local.
Isso independente de o projeto objeto da negociação ser de interesse de toda a nação e do povo, de maneira geral.
Ok, essa é a lógica de como se faz política em nosso país. E é contra essa lógica que se insurgem todos os que estão nas ruas se manifestando.
Talvez os manifestantes não sejam contra a política ou os políticos, como eu mesmo cheguei a acreditar. Talvez sejam contra esse estilo arcaico e canhestro de fazer política, que dá margem a uma série de desvios de interesse, de objetivos e de conduta.
Embora reconheçamos que é exatamente quem agora está se manifestando que vota e votou nesses políticos de categoria tão reles. Como também devemos reconhecer que é esse mesmo povo, eleitor, que deverá defestrar todos esses representantes fajutos, que só representam a si e a seus próprios interesses.
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Mas, entre mandar uma PEC propondo uma reforma política que terá de ser analisada, debatida, alterada e aprovada por esses mesmos que aí estão, e mandar uma PEC que institua um plebiscito, para que o povo venha a se manifestar sobre a oportunidade de se eleger uma Assembléia Constituinte em caráter limitado, para discutir uma proposta de um novo sistema político, vai uma diferença grande. E é aí que concordo que a ideia da presidenta vai na direção correta, embora possa parecer mero procedimento protelatório, destinado a dar a impressão de sempre, de que as coisas estão mudando, apenas para que continuem da mesma forma.
***
E essa minha opinião está ancorada no fato de que, desde o mandato de FHC, o presidente afirmava que a reforma política era a mais importante das reformas, e a mais necessária, para assegurar que o país tivesse  condições de governabilidade, requisito para que pudesse alcançar seus objetivos de desenvolvimento econômico e social.
Embora tivesse demonstrado sua preocupação com a reforma política, a verdade é que não teve condições objetivas que permitissem fazê-la, como também não conseguiu fazer a reforma tributária, outra apontada em outra ocasião como imprescindível para melhorar as condições de nosso país.
Ao relembrar isso aqui no blog, não estou querendo criticar a FHC. Afinal, Lula também teve oportunidade de se manifestar a respeito de ambas as reformas, e como seu antecessor, não viu condições objetivas para dar o pontapé inicial sequer em uma discussão sobre o tema.
Foi só ao deixar o governo, mais exatamente, nos últimos meses que Lula voltou a se manifestar sobre a imperiosa necessidade de se propor uma discussão sobre a reforma politica em nosso país. E começou por lançar em discussão a questão importante do financiamento público para campanhas.
Ao começar por tema que envolve recursos financeiros, e propor o uso de recursos públicos, saídos do orçamento público e dos nossos impostos, já começou "enterrando" a ideia de uma reforma verdadeira.
Não que essa fosse sua intenção, ou nem que sua proposta não fosse, em minha opinião a mais correta. Apenas que por ignorância e falta de a nossa midia exercer seu papel primordial de esclarecimento à população, a grande maioria das pessoas não entende, não sabe o que é e não concorda com nosso dinheiro ser usado para sustentar esses políticos "safados" e, mais ainda, ajudar a elegê-los.
E olhe que é esse povo mesmo que quer a transformação de corrupção em crime hediondo - ótima tese a ser debatida, com a punição alcançando tanto os corrompidos quanto os corruptores - que não percebe que, sendo eleito por meio de obtenção de financiamento e recursos privados, o poder econômico irá se impor e a suas vontades. E, no fundo, o representante eleito irá se transformar em mero assalariado ou dependente do interesse que o bancou. Ou seja, facilita muito mais o que se deseja evitar, por abrir o flanco para que a corrupção aconteça, embora de uma forma disfarçada.
***
Mas, convenhamos, pelo que dizem os mais entendidos, há vários projetos na Câmara em tramitação, todos relativos a propostas de alterações no sistema político-eleitoral vigente em nosso país.
E porque eles não avançam, não vão a debate, ficam apenas adormecidos nas gavetas?
Por que o Congresso, de maneira geral, não os deseja já que mexem em "direitos e hábitos" consagrados. Com práticas que vêm permitindo ao grosso dos representantes continuarem com sua postura e prática viciada.
E, claro, quando a medida pode vir a ferir interesses daqueles que deverão aprová-la, melhor sequer não discuti-la, para não ter de ir contra o que é desejo da sociedade e indicado pela lógica, e não ter depois de recusar sua aprovação. Ou seja, se é algo que vai me tirar benefícios, eu sou contra. Mas para não contrariar a sociedade que a deseja, melhor nem tirá-la das gavetas e escaninhos empoeirados do Congresso.
***
Independente disso, Dilma sabe que tem, como lider do país, de atender aos reclamos da sua população. E tem de promover a tal reforma. Mas, se tentar fazê-la, nem será vitoriosa, nem a proposta será aprovada, e a parte que for aprovada, ainda o será a um custo muito maior que o de vários sobrepreços dos estádios para várias Copas.
Mas, reconheçamos, torna-se mais fácil que esse Congresso aprove a emenda do plebiscito. Afinal, o próprio fato de que entre a aprovação da proposta e a sua concretização vai um considerável lapso de tempo, permite aos deputados aprovarem o plebiscito, acreditando que terão condições posteriores de tentar influir na tal reforma. Para que tudo mude e fique exatamente como está e sempre foi.
Porque o que precisamos lembrar é que uma reforma como a política deveria discutir, entre outras coisas, até mesmo a possibilidade de implantação do parlamentarismo em nosso país, ou manutenção do regime presidencialista. Em um regime ou outro, deveria ser discutido o processo de eleições e até a implantação do regime distrital. A redução do número de representantes por Estado e até mesmo a manutenção ou não de um regime bicameral, com Câmara e Senado. A própria composição das Casas legislativas, e sua estrutura organizacional, incluído aí seus milhares de funcionários e os salários e remunerções exorbitantes.
Claro, a remuneração devida e as várias benesses e ajudas aos políticos eleitos, deveriam ser objeto de discussão, junto com a questão de sua jornada de trabalho, de segunda a sexta feira como todo trabalhador comum de nosso país.
Ah! claro, também deveria ser discutida a questão de suplentes, fidelidade partidária, votos de legenda e os coeficientes eleitorais, que permitem que políticos não votados sejam caroneados por outros 'blockbusters'. E a questão das listas fechadas dos partidos, etc.
Como se vê, são muitos interesses que irão ser cortados para quem já está lá no Congresso aproveitando da mamata de ser membro do Legislativo no Brasil.
E essa turma não aprova o que vai contra seus interesses. Ninguém, em sã consciência o faria.
***
Agora, deputados eleitos para uma Constituinte exclusiva e restrita em seu escopo. Conscientes de que a vida politica para eles não deverá se tornar uma profissão remunerada e que, em princípio,  deverá acabar tão logo a reforma esteja aprovada e sancionada. E mais importante:  sem remuneraçao especial por serem constituintes. Ou seja, recebendo do Estado, como pagamento, a média de suas rendas auferidas no último ano, conforme sua renda declarada ao IR, esse constituinte não teria nenhum limite ou interesse que o impedisse de discutir até o fundo a todas as propostas.
Sem interesses, esse deputado constituinte, faria a reforma que o país tem condições objetivas para fazer, mesmo que ainda longe daquela reforma que o povo cobra nas ruas.
É isso que a Dilma está, como presidenta, e na tentativa de passar à história como a primeira mulher e a primeira estadista de nosso país, tentando encaminhar.
Longe do estorvo de sua base, que não dá suporte a nada, salvo a negociatas sempre em desfavor do povo.
Dilma está certa. Melhor não entrar no joguinho de sempre, da empurração e enganação que marca os projetos de reformas em nosso país, sem os quais o país não iria sobreviver e ter êxito. E que, por serem propostas apresentadas dentro do ambiente do Congresso nos moldes do que temos hoje, não avançam.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Blog do Sakamoto no UOL, analisando as manifestações, e o caráter conservador que elas vêm mostrando assumir aos poucos. Simplesmente imperdível. E assino embaixo de tudo que ele está colocando.
Mas, um trecho, acho que vale a pena até trasncrever nesse blog. É o que trata do que os jovens manifestantes gritam a  plenos pulmões, fazendo referência a que o povo acordou.
Transcrevo:
"
Até porque, precisam compreender, por exemplo, que “o povo não acordou” agora. Quem acordou foi uma parte. Outra parte nunca dormiu, afinal não tinha cama para tanto. No campo, marchas reúnem milhares de pobres entre os mais pobres, que pedem terra plantar e seus territórios ancestrais de volta – grupos que são vítimas de massacres e chacinas desde sempre. Ao mesmo tempo, feministas, negros, gays, lésbicas, sem-teto sempre denunciaram a violação de seus direitos pelos mesmos fascistas que, agora, tentam puxar a multidão para o seu lado.
Enfim, o grosso do povo mesmo vai acordar no momento em que a maioria pobre deste país perceber que é explorada sistematicamente. Quando isso acontecer, vai ser lindo.
Uma vez, posto em marcha, um movimento horizontal, sem lideranças claras, tem suas delícias – como o fato de ser um rio difícil de controlar. E sua dores – como o fato de ser um rio difícil de controlar. Temos que aprender a não se assustar com isso.
Muitos desses jovens estão descontentes, mas não sabem o que querem. Sabem o que não querem. Neste momento, por mais agressivos que sejam, boa parte deles está em êxtase, alucinada com a rua e com o poder que acreditam ter nas mãos. Mas ao mesmo tempo com medo. Pois cobrados de uma resposta sobre sua insatisfação, no fundo, no fundo, conseguem perceber apenas um grande vazio."
No texto do blog, Sakamoto é apresentado como sendo:
Leonardo Sakamoto é jornalista e doutor em Ciência Política. Cobriu conflitos armados e o desrespeito aos direitos humanos em Timor Leste, Angola e no Paquistão. Professor de Jornalismo na PUC-SP, é coordenador da ONG Repórter Brasil e seu representante na Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo.
***
Não podia deixar de comentar e elogiar a lucidez. Por isso o post agora.
O endereço do blog dele é:
http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2013/06/21/e-em-sao-paulo-o-facebook-e-o-twitter-foram-as-ruas-literalmente/

De novo as manifestações e alguns temores

Continuam as manifestações nas ruas, e continuo procurando entender o que está por trás de tantas e tão difusas demandas.
Por esse motivo, tenho deixado de publicar meus palpites. Afinal, o movimento em curso exige que seja esse movimento das ruas, o foco de meus pitacos. Ao menos, essa é minha opinião. Por outro lado, é difícil emitir opinião quando estamos atônitos, e assim como eu, vários analistas e pessoas comuns até, que estão tentando ler, interpretar e entender o que está se passando.
Ou para dizer uma expressão famosa, para saber ouvir e extrair a mensagem que nos chega da voz rouca das ruas.
***
Para começo de conversa, não sou Petista, e minhas simpatias, ao contrário são muito mais para o PSOL. Aliás, nos primeiros posts de meu blog, andei publicando e comentando o programa (documento maior e guia da visão de mundo, das estratégias e das ações) do PSOL.
E é bom lembrar que o PSOL, embora saído da costela do PT, foi criado por não haver concordância com a mudança de rumos que o PT no poder, resolveu adotar, até para se tornar mais palátavel, ou mais aceitável ou digerível ao 'establishment'. Bem, o resultado, todos sabem:  o PT foi engolido pelas elites, a quem tentava ludibriar ou com quem achou por bem se compor.
Mas, nosso assunto aqui é outro.
É inegável que, desde Sarney, nos idos de 1985, há uma preocupação em se tentar melhorar as condições de vida de uma parcela importante da população brasileira, que vivia abaixo da linha de miséria. Ou vegetava, mal e porcamente. Ou parcamente.
Desde Sarney e a merenda escolar, para incentivar uma grande parcela de crianças e adolescentes a irem e frequentarem as escolas, ou o programa do ticket do leite, para combate à subnutrição infantil, já existem recursos da sociedade, carreados para bancar uma melhoria, via gastos de assistencialismo, na condição de vida dos menos afortunados.
Corrupção? Sim. Sempre houve. E sempre se ouviu falar que os recursos eram malbaratados, e não chegavam aos verdadeiros destinatários: à sala de aula.
Sempre se ouviu falar de empresários e prefeitos, cobrando absurdos e se locupletando por terem vencido as  licitações de forneciemtno da merenda.
Se a Polícia Federal ou outra não investigou, ou em o fazendo não houve apresentação de denúncia. Ou se a Justiça não puniu a esses aproveitadores, são outros quinhentos, que apenas mantêm os quinhentos antigos da famosa impunidade brasileira.
***
No governo FHC, por mais que medidas de cunho liberalizantes tenham sido adotadas, algumas em cumprimento às imposições feitas pelo FMI e pelos interesses do capital financeiro internacional, outras para poder privilegiar alguns grupos empresariais amigos, é inegável que foram criados e implementados programas de assistência, que reputo importantes e de grande valor.
Tais programas, eram focados em grupos específicos e de pouca amplitude de ação, ao menos no que tange aos beneficiários. Ou dito de outra forma, já que o jargão da área eu não domino. Era um assistencialismo importante, mas que tinha um público limitado que podia se candidatar e se enquadrar para aproveitar dos benefícios.
Se estiver errado em minha opinião, gostaria - e até publicaria, a correção do que estou dizendo, caso algum comentário viesse trazer mais subsídios para dar suporte a uma discussão mais séria.
Pelo que li e entendi, o que Lula fez foi aumentar o escopo e o público alvo, tornando o programa de bolsas menos focado e limitado e mais amplo e irrestrito. Focando um público alvo maior. E, claro, unificando os programas em um principal o Bolsa Família.
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Pois bem, acho que esse enfoque mais amplo e generalista do Lula, que gasta mais de recursos e, portanto, exige mais arrecadação para o governo poder financiá-lo ou, no mínimo,  menos recursos arrecadados destinados a outras finalidades, é isso que tem feito muita gente tida como da classe média de bem (bem nascida, bem educada, bem postada na vida, culta, rica e tradicional, além da praga maior: conservadora!) ser contra o PT e Lula.
Para esses, esses programas (que na origem nem do Lula ou do PT são!) limitam que o governo tenha mais recursos disponíveis para asfaltar as ruas da cidade onde desfilam seus reluzentes carros, alguns com motoristas. Ou que o governo tenha mais recursos para mais obras viárias, que desafoguem o trânsito e permitam que o caminho de casa para o trabalho e a volta, possam ser feitos sem ter de enfrentar os congestionamentos do centro e suas sequelas: ter que ficar subindo os vidros dos carros de forma a evitar os milhares de "vagabundos, pivetes, pedintes".
Esse pessoal é que saca e brande o discurso de que " é melhor ensinar a pescar, que dar o peixe", mesmo sem perceber que estamos ou estávamos criando uma geração de famélicos, incapazes sequer de erguerem o braço para lançar o anzol e sustentar a vara de pesca. E que, em alguns casos, prejudicados pela subnutrição, nem mesmo entendiam o significado de terem que lançar a vara ao rio.
Triste sociedade, que chega a esse ponto, a que chegou o Brasil.
E não me venham dizer que isso é fruto da corrupção. Ou só dela.
É muito mais fruto de uma política que sempre privilegiou os interesses de uma minoria, de uma elite mesquinha, anacrônica, privilegiada e de seus bajuladores, os da classe média que se ufanam e regozijam de atender aos suseranos do andar de cima.
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Acho que são esses programas, esse assistencialismo tão criticado e que tornou o Brasil referência mundial no combate à pobreza e na luta pela sua redução, apontada por órgãos tão insuspeitos quanto a ONU, que correm risco, na esteira de um movimento que vai às ruas e tem interesses e objetivos, além de dispersos, difusos.
Explico: todos esses programas, independente do governo foram acusados de darem margem à corrupção. Ao invés de se preocupar em cobrar maior transparência e maior controle da sociedade sobre os recursos que por eles circulam, muitos falam abertamente na eliminação dos programas. A velha ideia da música de Gonzagão: dar a um homem algum benefício, quanto ele tem condição para obtê-lo,  ou lhe mata de vergonha ou torna-se a sua perdição".
Quando a massa que tem o mérito de ter rompido a inércia e passividade vai às ruas, o que é muito positivo, e clama contra a corrupção, o que ninguém discute que é mais positivo ainda, essa postura pode, na prática caminhar na direção mais simples. Sendo impossível acabar com o problema do olho, arranca-o fora.
Ou: já que esses programas são espaços privilegiados para a corrupção se instalar, acabemos com eles como forma de acabarmos com a corrupção.
***
Por esse tipo de raciocínio é que temo o que pode resultar do movimento, o que me impede de abertamente falar dele, positivamente ou não.
Tenho medo de que as reivindicações, justas, corretas, se percam e tragam frutrações. Ou pior, sejam, mais lá adiante, fruto de manipulação e... dêem origem à instauração de um pensamente de cunho conservador, muito distante dos interesses reais do povo. O povão e não os que acessam redes sociais e por meio delas, convocam flash mobs ou hapenings.
Temo que o que é um movimento que de ver ser encarado como a coisa mais positiva e séria no panorama político e social de  nosso país, nos anos recentes, se transforme apenas numa grande catarse, ou um evento festivo, como qualquer micareta.
***
E temo que, já que grande parte da juventude foi criada, educada e forjada num ambiente de completa alienação política, e pior, aprendendo todo o tempo e cultivando a cultura e tradição de culpar os políticos e a política por tudo, esse movimento possa descambar para o seu contrário: a tentativa de se anular os canais de manifestação política da sociedade organizada. O que poderia levar a uma espécie de apelo pela implantação de uma democracia direta (via internet e redes sociais), sujeita a manipulações e que não é nada mais que outra face de manifestação fascistóide. Ou ainda, por não ter rumos e objetivos específicos a seguir, caminhar para um caos, uma desordem, que seria o ambiente mais propício para que, do nada e de repente, alguém se lembrasse de chamar os homens responsáveis pela lei, a ordem e a segurança para tomar conta da situação.
O que reviveria, mesmo sem ser essa a intenção, golpes militares, o último dos quais, de tão fresca e triste memória.
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Mas não tenho recebido emails de conhecidos e amigos até, pedindo que o Brasil se endireite (com o duplo sentido que tomar o rumo da direita possa acarretar). Alguns até dizendo que na época da ditadura militar o país não tinha (sic!) corrupção e era melhor..???
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Tenho discutido com alunos e até meus filhos e parece que sou contrário ao movimento. Ledo engano. Sou favorável, embora não possa deixar de manifestar que ele produza um retrocesso e não avanços sociais, tão necesários em nosso país.
Mas sou favorável às manifestações. Sempre.
Sou contra a vinda da Copa. Sempre fui. Sou contra os gastos. Contra os estádios elefantes brancos. Contra cedermos tanto à FIFA, que não é nenhum primor de órgão sério e honesto. Sou contra a corrupção, especialmente a que eleva o preço das obras da Copa a valores astronômicos, mas que todos já sabíamos que era o resultado final.
Para saber ou antecipar isso, bastava ver todo o apoio que a infeliz apresentação do nome do país como sede do evento, teve junto a empresários, construtores, empreiteiros e... políticos. Além da mídia, claro.
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Sou contra  a impunidade, lembrando que no caso da corrupção, deve ser punido o corrupto, mas com penas muito maiores o corruptor.
Sou favorável a uma mudança, ou reforma de todas as nossas leis e códigos. Sou favorável a uma reforma política e tributária, justa e séria. Ou até, porque não, à convocação de uma nova Constituinte, agora com caráter exclusivo, para poder passarmos o país a limpo.
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Mas, antes de mais nada, sou favorável à continuidade de toda e qualquer proposta, política ou ação, destinada a redução das desigualdades de nosso país.  De todo o tipo: de oportunidades, de emprego, de renda e remuneração. De acesso aos bens públicos, de qualidade.
E sou adepto da frase de Churchill, para quem a democracia representativa é uma merda, mas ainda a melhor forma de representação da vontade popular.
É isso.
E por isso, mantenho-me atento e acompanhando a evolução dos acontecimentos.
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Mas, bem vinda a ruptura da inércia e imobilismo.
Parabens a todos que sonham em construir um país melhor. E que lutam para realizar os sonhos e tornar sua concretização em algo possível. 

terça-feira, 18 de junho de 2013

O que significam as manifestações?

Sem sombra de dúvidas, é muito difícil, quase impossível, fazer um comentário sobre algo que por mais importante que seja, a gente não consegue entender.
Falo das manifestações de rua que, de repente, tomaram conta do país.
E começaram em São Paulo, por motivo justo, em minha opinião.
Afinal, em um momento em que a inflação insiste em resistir às medidas adotadas pelo governo; em um momento em que o preço do feijão chega aos supermercados, a mais de 9 reais o quilo, constitui mesmo, um problema muito sério a elevação do preço das tarifas, em São Paulo.
Por mais que os discursos dos políticos e autoridades tradicionais sejam no sentido de tentar convencer o público de que já se chegou ao limite: como têm declarado insistemente pelas tevês, o aumento deveria ter entrado em vigor em janeiro, tendo sido adiado por todo esse tempo para contribuir com o combate à inflação.
Ora, por mais que o prazo de adiamento da entrada em vigor das novas tarifas tenha chegado ao limite, o fato é, independente de qualquer outra consideração, que a passagem é muito cara, principalmente quando confrontada com a qualidade do serviço de transporte coletivo prestado pelas empresas permissionárias.
Tratado como gado, sem qualquer consideração por seus direitos, a população tem, sim, muito porque reagir. E manifestar-se.
Mas, isso é São Paulo. E aí entra em cena outra questão fundamental: a reação descabida da Polícia Militar, completamente despreparada para enfrentar esse tipo de manifestação popular, especialmente quando colocada nas ruas armada até os dentes, com seus sprays de pimenta, balas de borracha ou bombas de efeito moral.
Não seria difícil prever, ou adivinhar o resultado da manifestação que, inicialmente de caráter pacífico, tivesse a capacidade de aproximar tanto a chama ou o lança-chamas (a PM) do estopim, ou do combustível em estado bruto, a população.
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Ora, sete jornalistas aprisionados. Dois deles feridos com balas de borracha, um com risco de perder a visão e uma declaração de um oficial PM de que os jornalistas podem sempre optar em realizar a cobertura desse tipo de manifestação a partir de dois ângulos: acompanhando e estando próximo dos manifestantes, ou do outro lado, acompanhando e estando ao lado, solidários talvez, aos policiais. Conforme a análise do oficial PM, o risco do jornalista é mesmo esse. Se estiver ao lado e acompanhando os manifestantes, de ser atingido por armas empunhadas pela polícia, no afã de dissipar a turba. Se estiver ao lado da tropa da PM, assim como os "repórteres isentos" da Globo, o risco é de levar alguma pedrada disparada por algum manifestante mais afoito.
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A violência da PM paulista transformou-se, por seu exagero, em um dos novos motivos que engrossaram as manifestações, tanto na capital paulista, quanto em outras capitais.
O movimento de solidariedade da população das demais capitais mais que solidariedade mostrou também uma indignação poucas vezes vista em nosso país. E, mais que indignação, mostrou também uma certa tomada de consciência de todos que viram ali, a necessidade de irem às ruas em defesa da democracia. Do direito de protestar livremente e de manifestar sua insatisfação.
Do que penso, um importante movimento contrário a um autoritarismo que vem, cada vez mais, dando a tônica de nossas autoridades.
E, quando menciono autoritarismo, estou falando tanto da forma atabalhoada e truculenta, que o Palácio do Planalto, em nível federal, vem tratando desde as questões que exigem uma maior articulação com sua bancada e seus apoios, como também, a forma que o presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa trata certas questões afetas à Corte Suprema do país, e até outras como a criação de novos Tribunais Superiores que, por serem contra sua vontade, mereceram críticas e ataques os mais descabidos, até a forma que algumas pessoas, insatisfeitas de estarem sofrendo perdas decorrentes do processo de transferência de renda iniciado nos anos 2000, reagem. Algumas dessas pessoas, de uma classe média que eu classificaria como mais tradicional, para diferenciar da ascenção de uma "nova classe média" mais a gosto e de acordo com as definições do marketing consumista, chegam ao cúmulo de enviarem emails reclamando da época em que o país era dirigido por militares, e onde a ordem(?), a corrupção(?), o respeito às leis e ao direito (faz-me rir??) eram maiores.
Eu mesmo, às vezes, tenho recebido emails de alguns desses conhecidos, afastados de qualquer princípio democrático, que pedem apoio a um movimento de "Endireitar o Brasil", a maioria deles, de viúvas dos partidos e políticos mais tradicionais que tiveram mais de 200 anos para consertarem esse país, e nunca o fizeram. Mas que asseguraram alguns nacos de direitos a esses cidadãos de visão míope.
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Mas, fora a questão da violência, que outros motivos, em BH, têm sido elencados para justificar o movimento?
Um aumento de passagens de ônibus urbanos, que ocorreu há seis meses, sem que durante todo esse tempo nada tivesse sido feito para mostrar algum grau de insatisfação, exceto a aceitação bovina do novo valor e da péssima qualidade do serviço?
Uma pretensa luta contra a corrupção, simbolizada e ilustrada pelas obras relacionadas à construção e reformas de estádios de futebol, ligadas e sob a desculpa da realização de eventos esportivos tais como a Copa das Confederações ou a Copa do Mundo, já que as obras mais importantes de mobilidade urbana, de melhoria das condições de transporte e trânsito; a construção do trem metropolitano, a melhoria das condições de atendimento e lazer à população sequer foram adequadamente identificadas ou dimensionadas.
E nem estou falando de outras questões mais prementes, mais urgentes, mais importantes, como a da melhoria do atendimento à saúde, ou a melhora da qualidade da educação. E menos ainda, da questão da violência urbana ou da segurança pública, cada vez mais mal tratada.
Mas, a decisão de se fazer a Copa em nosso país tampouco é recente, e essas manifestações surgem com um atraso de alguns anos. Ou alguém em sã consciência imaginava que as obras poderiam ser realizadas a preço justo, sem abusos e sobrepreços, ou de forma a, passados os eventos esportivos, trazerem benefícios reais para a sociedade?
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Sem querer estender muito, ouvi dizer de manifestantes que reclamavam contra a nova proposta de legislação relativa ao nascituro e à bolsa estupro; outros que foram às ruas em defesa do reconhecimento e expansão dos direitos dos gays, lésbicas, transexuais, simpatizantes, etc.
Ora, sem dúvida, são todos direitos legítimos e merecedores de movimentos em sua defesa.
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Mas, em meio a minha total incapacidade em entender o que está acontecendo, e a razão verdadeira por trás das atuais manifestações, apenas fico preocupado com uma questão: porque lutam os manifestantes? E quando me questiono por que lutam, a questão envolve uma outra que, creio, fundamental: quando estarão atendidos? Que tipo de resultados, se algum, deverão ser alcançados para que possam deixar as ruas e voltar à construção de uma sociedade justa, mais fraterna, mais igualitária?
Porque, em face da multivariedade de motivos e justificativas, em que momento o movimento irá sentir que seus objetivos foram atingidos e poderá se institucionalizar, se for esse o caso?
Ou as manifestações não irão chegar a nenhum lugar  esvaindo-se, por perda de forças e energia, sem que mudanças necessárias e efetivas possam ter origem, de agora em diante?
***
Ouvi dizer que o movimento é para melhorar nosso país? Em que direção, já que são tantos os interesses e tantos os motivos que não é raro imaginar a possibilidade de algum conflito de objetivos. E nesse caso, que objetivo escolher e priorizar?
Ora, sem entender bem o que está acontecendo, a minha preocupação é apenas em saber se em algum momento, a energia que nos conduziu até aqui, não irá se dissipar, e tudo não terá passado de uma série de atos a favor de uma liberdade etérea, inalcançável. Que não conduza a qualquer melhoria. 
Ou se chegaremos a aproveitar desse momento único e rico, para enfim, podermos deixar as ruas e passar à construção de um país novo. E melhor.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Aplicação em solidariedade: primeira prestação de contas da aplicação Pietro




Este blog não tem como política ficar transcrevendo ou publicando textos de outros autores, tanto por respeito à questão do direito do autor, quanto por acreditarmos que é sempre mais conveniente, se assim considerarmos o tema e o texto, dar a referência bibliográfica, que permita ao interessado acessar a matéria.
Entretanto, no caso de nossa publicação da semana passada, sugerindo uma dica de aplicação financeira, a aplicação de solidariedade ao Pietro, acreditamos que vale a pena abrirmos um precedente.
Para os que leram e se solidarizaram, qualquer que tenha sido a forma utilizada para manifestarem seu apoio (orações, pensamento positivo e envio de energias, ajuda material ou monetária, ou até mesmo doação de sangue), vale a pena dar o primeiro retorno daquilo que a campanha da Ação da Cidadania dos servidores do Banco Central BH conseguiu angariar.
***
Como vocês perceberão pela leitura, o apoio deverá se estender ainda por um bom período de tempo, razão porque continuamos estimulando a todos a permanecerem nessa grande corrente pela saúde e recuperação do Pietro.
Conforme prometido, o Comitê está acompanhando cada passo da saga de Pietro e, de forma a dar a maior transparência possível, está divulgando o primeiro relato de prestação de contas. 
É esse relato, para informação de todos que tomaram conhecimento do caso, e que ajudaram de alguma forma, que estou transcrevendo abaixo, extraído de comunicado às redes internas de comunicação informal do Banco Central.


Doações Pietro – 1ª prestação de contas

Caríssimo colega solidário, olha aí o tamanho do seu coração!!

Sexta-feira, 7 de junho – o pai veio ao PAB-Bacen para finalizar as burocracias da conta corrente 6.912-4, agência 4.887-9, aberta em nome da mãe, Michele Fernanda Ferreira (da Silva Alves), CPF 074.932.756-10. E então eu pude testemunhar, juntas da apreensão com a saúde do filho, a alegria e a confiança num futuro que se desenha melhor a partir da solidariedade expressa no saldo bancário em tão pouco tempo de campanha: R$ 9.175,00. Em meio às lágrimas, o Edmilson pediu que transmitíssemos o seu agradecimento a todos os colaboradores – tarefa tão complicada quanto a de traduzir em palavras a emoção que sentiu. E o que ouvimos durante esta semana então!.. : “mãe, passa 30 reais da minha semanada pro Pietro” (Gente, foram 2 semanadas!); “e eu quero doar 20!”; pai, vou tirar 10 reais do meu cofre pra ele”; “mãe, cinquentinha transferidos pro Pietro!!”; “mãe, eu também quero doar um trocadinho da minha bolsa de estágio”; “pode levar estes brinquedos pra ele”. Criança, adolescente, jovem, inclusive não pertencente à comunidade baceniana em seu sentido mais amplo, todos entendendo a necessidade do próximo, seu primeiro passo no caminho da solidariedade.

Para dar prosseguimento aos nossos objetivos, conseguimos mais um voluntário (servidor da Casa) para aconselhamentos periódicos ao Edmilson, com a orientação necessária para a administração dos recursos arrecadados. Trata-se de dicas de controle de despesas e orçamento familiar – sob o pano de fundo do curso oferecido pelo Bacen “Gestão de Finanças Pessoais”, além de apoio técnico jurídico nos contratos que a questão envolver. O Edmilson se interessou prontamente em receber as informações e a palestra de caráter informal, que estão acontecendo às 7h, assim que ele deixa o trabalho noturno.

Dessa forma, a Ação da Cidadania dos Servidores do BC-BH realiza a campanha amparada em 3 pilares:
- arrecadação voluntária dos recursos (financeiros e materiais);
- boa administração financeira; e
- transparência.

Sobre a transparência: em 13.6.2013 foi realizado o primeiro saque (R$ 2.000,00) para custeio de compromissos relacionados à saúde e bem estar do Pietro, conforme documentação em nosso poder (exames, equipamentos e despesas afins). Será providenciada planilha de acompanhamento, elaborada da forma mais simples possível, estando prevista a periodicidade quinzenal para prestação de contas. Tudo à disposição do colaborador que nos requisitar vistas.

Outra frente estará pautada na tentativa de ressarcimento das despesas hospitalares e laboratoriais (e/ou assunção de responsabilidades) junto ao plano de saúde Unimed Coparticipativo, por intermédio da empresa que contrata o Edmilson, cujo resultado divulgaremos tão logo se tenha notícia. Para exemplificar, um dos custos que se teme a cobrança seria pela ocupação de apartamento, em face do quadro de baixa imunidade em que se encontra(va) o Pietro, na medida em que o plano oferece ocupação de enfermaria.

A expectativa do tratamento é de 3 anos, segundo parecer da médica hematologista que acompanha o Pietro, que já tem agenda de gente grande, cheia de compromissos até o final do ano. Ainda não dispomos da previsão de gastos para período tão longo, motivo pelo que a Ação segue com a campanha, agradecendo a todos aqueles já envolvidos de alguma forma com a luta do pequeno Pietro que, após 35 dias de internação hospitalar e uma semana extremamente difícil, entre exames e procedimentos com a rotina que o caso requer, começa a se alimentar melhor e já demonstrou alegria numa pequena corrida dentro do apartamento ontem, conforme nos relatou o feliz e orgulhoso pai.

Comitê da Ação da Cidadania do BC-BH

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Dólar em alta e bolsa em queda: e a economia brasileira em ritmo de eleição

Enquanto o dólar explode, a Bovespa derrete.
Não apenas a Bolsa em São Paulo, mas a queda vem se manifestando em todo o mundo, a pelo menos dois dias.
Inclusive nos Estados Unidos, país que, mais uma vez está na origem e é a causa de todo esse alvoroço.
Afinal, depois de alguns anos de ter dado início à mais séria crise financeira internacional do século XXI, a economia americana começa a dar sinais de recuperação. O que é uma notícia alvissareira, sem dúvida.
Entretanto, se positivos, os primeiros sinais de reação dispararam uma série de expectativas nos mercados que são, em última análise, uma das explicações para a volatilidade que a moeda americana passou a demonstrar em todo o mercado financeiro mundial.
Sim, a valorização do dólar não é apenas em relação à nossa moeda, o real. Ela vem se dando em escala planetária.
E sua justificativa é a expectativa de que, voltando a apresentar crescimento, a economia americana está já, apta, a dispensar as medidas de relaxamento monetário - o "quantitative ease" - adotadas pelo governo americano e que inundaram o mercado americano (e o mundo!) de dólares.
Raciocinando com a adoção de políticas mais rigorosas de cunho monetário, mas também fiscal, os analistas financeiros internacionais antecipam também que o FED pode voltar a elevar as taxas de juros nos Estados Unidos, já há algum tempo, praticamente zeradas.
Tudo isso cria um ambiente que justifica a valorização do dólar, já que a maior confiança no governo americano junto à recuperação daquela economia, mais a expectativa de juros mais elevados são fatores que se aliam para explicar uma possível "fuga" de dólares para aquele país.
Para isso contribui também a elevação do rating da economia americana conforme avaliação da Standard e Poors, novamente classificada como economia estável.
Isso, é bom que se diga, no mesmo momento em que o relatório daquela consultoria americana ameaça rebaixar a nota de classificação de risco de nosso país.
É bom lembrar que, com a potencial elevação de juros nos Estados Unidos, é razoável que caiam as bolsas naquele país, já que a elevação de juros representa redução de preço de títulos. Além disso, há uma migração de títulos de renda variável para títulos de renda fixa, que contribui para a fuga de recursos aplicados nas bolsas.
***
Mas, e aqui no Brasil, como fica a nossa situação?
Como as outras moedas, também o real se desvaloriza perante o dólar, o que ajuda a melhorar nossa competitividade, em especial, melhorando a receita (em reais) e a rentabilidade das empresas responsáveis pelas exportações de commodities, já em curso. Por outro lado, e reduzindo o custo da produção industrial nos mercados internacionais, funciona também como estímulo à elevação das nossas exportações industriais.
Isso, claro, na hipótese de que a recuperação da economia americana vá permitir um aumento das importações daquela economia, e que também se elevarão as importações de outros parceiros comerciais nossos, como os da área da União Européia, América Latina, etc.
Acho essa hipótese pouco provável, contudo.
No mais, a alta do dólar, que não assegura que sejamos capazes de alcançar uma posição de equilíbrio em nossa balança de transações correntes, acaba pondo mais lenha na fogueira da inflação brasileira, ao menos por promover a redução da concorrência em nossos mercados do produto importado, agora caro.
Dessa forma, cria um espaço para que as empresas formadoras de preços ampliem suas margens e aumentem seu poder de mercado.
***
Claro está que a economia brasileira pratica taxas de juros que, internacionalmente, são muito mais elevadas que aquelas de países considerados mais desenvolvidos.
Então, porque o medo de uma potencial fuga de capitais?
Pela ameaça de redução de nosso grau de rating, em primeiro lugar. Pela queda de braço que o governo está travando contra os representantes, aqui instalados, presentes nas instituições do sistema financeiro nacional associado aos interesses do grande capital financeiro internacional, que pressionam por medidas de maior liberalização financeira, como a recente decisão de se reduzir e zerar a alíquota de IOF sobre os derivativos cambiais.
E, em minha opinião, pela irresponsabilidade de, ainda faltando um ano e meio de mandato, e pouco mais 15 meses para eleições, terem dado início à campanha eleitoral, o que politiza toda e qualquer ação política do governo.
Isso, em um mundo que ainda atravessa fases de oscilações e tormentas e que, por força da globalização e financeirização, acabam tendo reflexos em todas as demais economias, inclusive a nossa.
Aí o problema: para fazer face a esses reflexos, as autoridades brasileiras têm de reagir. Mas essa reação estará pautada, irremediavelmente, pela lógica não necessariamente mais adequada definida pelo calendário eleitoral.

Brasi- sil, sil???



Um país de analfabetos
É um país de ficção
Que se presta a toda espécie
De prestidigitação
Pode ter muitos jornais
Divulgando informação
Mas no fundo o que fazem
É só manipulação
Um país de ignorantes
Onde falta a educação
É um país que não avança
Pois carece de opção
É um país que se ressente
De não ter o principal
Que passa longe da óbvia
Escassez  de capital
Pois lhe falta é o homem inteiro
Que conhece o seu direito
Falta-lhe ter consciência
Para enfrentar a exploração
Falta-lhe autorrespeito
Em síntese falta somente
Ser verdadeiro cidadão