quinta-feira, 13 de junho de 2013

Dólar em alta e bolsa em queda: e a economia brasileira em ritmo de eleição

Enquanto o dólar explode, a Bovespa derrete.
Não apenas a Bolsa em São Paulo, mas a queda vem se manifestando em todo o mundo, a pelo menos dois dias.
Inclusive nos Estados Unidos, país que, mais uma vez está na origem e é a causa de todo esse alvoroço.
Afinal, depois de alguns anos de ter dado início à mais séria crise financeira internacional do século XXI, a economia americana começa a dar sinais de recuperação. O que é uma notícia alvissareira, sem dúvida.
Entretanto, se positivos, os primeiros sinais de reação dispararam uma série de expectativas nos mercados que são, em última análise, uma das explicações para a volatilidade que a moeda americana passou a demonstrar em todo o mercado financeiro mundial.
Sim, a valorização do dólar não é apenas em relação à nossa moeda, o real. Ela vem se dando em escala planetária.
E sua justificativa é a expectativa de que, voltando a apresentar crescimento, a economia americana está já, apta, a dispensar as medidas de relaxamento monetário - o "quantitative ease" - adotadas pelo governo americano e que inundaram o mercado americano (e o mundo!) de dólares.
Raciocinando com a adoção de políticas mais rigorosas de cunho monetário, mas também fiscal, os analistas financeiros internacionais antecipam também que o FED pode voltar a elevar as taxas de juros nos Estados Unidos, já há algum tempo, praticamente zeradas.
Tudo isso cria um ambiente que justifica a valorização do dólar, já que a maior confiança no governo americano junto à recuperação daquela economia, mais a expectativa de juros mais elevados são fatores que se aliam para explicar uma possível "fuga" de dólares para aquele país.
Para isso contribui também a elevação do rating da economia americana conforme avaliação da Standard e Poors, novamente classificada como economia estável.
Isso, é bom que se diga, no mesmo momento em que o relatório daquela consultoria americana ameaça rebaixar a nota de classificação de risco de nosso país.
É bom lembrar que, com a potencial elevação de juros nos Estados Unidos, é razoável que caiam as bolsas naquele país, já que a elevação de juros representa redução de preço de títulos. Além disso, há uma migração de títulos de renda variável para títulos de renda fixa, que contribui para a fuga de recursos aplicados nas bolsas.
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Mas, e aqui no Brasil, como fica a nossa situação?
Como as outras moedas, também o real se desvaloriza perante o dólar, o que ajuda a melhorar nossa competitividade, em especial, melhorando a receita (em reais) e a rentabilidade das empresas responsáveis pelas exportações de commodities, já em curso. Por outro lado, e reduzindo o custo da produção industrial nos mercados internacionais, funciona também como estímulo à elevação das nossas exportações industriais.
Isso, claro, na hipótese de que a recuperação da economia americana vá permitir um aumento das importações daquela economia, e que também se elevarão as importações de outros parceiros comerciais nossos, como os da área da União Européia, América Latina, etc.
Acho essa hipótese pouco provável, contudo.
No mais, a alta do dólar, que não assegura que sejamos capazes de alcançar uma posição de equilíbrio em nossa balança de transações correntes, acaba pondo mais lenha na fogueira da inflação brasileira, ao menos por promover a redução da concorrência em nossos mercados do produto importado, agora caro.
Dessa forma, cria um espaço para que as empresas formadoras de preços ampliem suas margens e aumentem seu poder de mercado.
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Claro está que a economia brasileira pratica taxas de juros que, internacionalmente, são muito mais elevadas que aquelas de países considerados mais desenvolvidos.
Então, porque o medo de uma potencial fuga de capitais?
Pela ameaça de redução de nosso grau de rating, em primeiro lugar. Pela queda de braço que o governo está travando contra os representantes, aqui instalados, presentes nas instituições do sistema financeiro nacional associado aos interesses do grande capital financeiro internacional, que pressionam por medidas de maior liberalização financeira, como a recente decisão de se reduzir e zerar a alíquota de IOF sobre os derivativos cambiais.
E, em minha opinião, pela irresponsabilidade de, ainda faltando um ano e meio de mandato, e pouco mais 15 meses para eleições, terem dado início à campanha eleitoral, o que politiza toda e qualquer ação política do governo.
Isso, em um mundo que ainda atravessa fases de oscilações e tormentas e que, por força da globalização e financeirização, acabam tendo reflexos em todas as demais economias, inclusive a nossa.
Aí o problema: para fazer face a esses reflexos, as autoridades brasileiras têm de reagir. Mas essa reação estará pautada, irremediavelmente, pela lógica não necessariamente mais adequada definida pelo calendário eleitoral.

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