Fim do Carnaval, quando BH bombou e mostrou que a festa popular é muito mais animada quando é dado espaço ao povo. Afinal, como já cantou Caetano, a praça (Castro Alves) é do povo. Mas, diria eu, toda praça é do povo. Todas as praças. E ruas, e avenidas, e parques. Para que o povo possa se divertir, brincar, cantar, pular.
E, principalmente, respeitar o espaço, evitando depredações e brigas e outros atos que revelam muito mais da falta de educação do povo que da falta de estrutura para esse tipo de evento.
Falo em geral, mas penso particularmente na utilização da via pública como banheiro a céu aberto, o que deixa as ruas com marcas difíceis de apagar e cheiros difíceis de inalar.
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Mas, BH bombou, com um carnaval de blocos, onde famílias inteiras brincando, como acontecia nos famosos desfiles ou corsos que tomavam conta da Afonso Pena, no início da década de 1960.
E, sem querer, felizmente imitar o Rio com o carnaval de desfiles de Escolas de Samba, onde o turista diverte-se apenas batendo palmas; sem querer imitar São Paulo, que imita o Rio, mas não consegue promover um espetáculo igual, até por falta de tradição, e sem querer imitar o carnaval de Salvador, com seus trios elétricos que misturam todos os ritmos e, finalmente, sem querer copiar o que se faz em Recife e Olinda, com a festa do frevo, dos maracatus e bonecos gigantes, BH mostrou que dá para fazer um carnaval animado, alegre. Desses que deixam saudades. E atraem turistas. Haja vista o que aconteceu com o bloco das Baianas Ozadas, e as centenas de milhares de foliões que foram arrastados pela irreverência e ousadia.
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A tradição do Carnaval de BH, além do corso ou cortejo, e brincadeiras dos grupos de amigos homens, fantasiados, invariavelmente de mulheres, é o desfile dos Blocos Caricatos, realizado na segunda feira, à noite, depois da passagem das Baianas e da passagem do temporal.
Embora bem mais sofisticados hoje, do que quando de seus primeiros desfiles, onde bastava o rosto pintado, o uniforme do bloco, e uma turma batucando em cima de um caminhão, além de muita irreverência, os blocos mantém, em parte a tradição. E alguns até capricham com decorações dos caminhões cada vez mais ricas e luxuosas.
Perde-se um pouco da espontaneidade, mas ganha-se em organização. E ganha-se em beleza e cores. Quanto à alegria, essa fica por conta do povo que, mesmo com a ameaça de chuva, junta-se nas arquibancadas da Afonso Pena, para cantar, sambar e aplaudir.
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Membro da bateria dos Bacharéis do Samba, espero que nossa animação possa ter contaminado o público e os jurados. E que consigamos com nossa criatividade e alegria e música fácil de ser cantadas, vencer a outros blocos, como o da Vila Estrela, cujo carro decorado de igrejas de Salvador estava muito rico e bonito.
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A estréia do Galão da Massa
Findo o carnaval, já começa o sufoco da luta do Atlético em busca de seu segundo título da Libertadores, em partida dura, contra adversário difícil e experiente, como é o Colo-Colo do Chile.
Como não poderia deixar de ser, já que a dificuldade e o sofrimento nas conquistas já parece ser tradição do Galo, o time entra desfalcado do melhor lateral direito em atuação no país, Marcos Rocha e sem a maior contratação para a disputa da Libertadores, o argentino Pratto.
Ambos com contusões musculares, fruto do esforço e empenho na partida disputada no sábado de carnaval, contra o Democrata de Governador Valadares.
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Quanto à partida de sábado, além das contusões, uma observação. E a manifestação de uma preocupação. Estive presente ao jogo contra o Shakhtar, na estreia do Galo na temporada, quando no princípio do jogo o Galo deixou o time ucraniano, que ontem empatou com a poderosa equipe do Bayern, completamente perdido. Apenas no primeiro tempo.
No final, quando parece ter perdido o interesse no jogo, e deixou de jogar com a mesma disposição, o time do Galo acabou levando dois gols e permitindo que o time visitante crescesse e dominasse.
Depois foram os jogos do Mineiro, com o Galo vencendo aos seus três adversários, em todos com o time marcando dois gols, e a defesa, contando com São Victor em algumas ocasiões, não estava levando gols.
O que já estava até incomodando, já que a todo instante o locutor da Globo Minas insistia em lembrar que o Atlético era o único time de campanha 100% e ainda sem levar gols.
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Contra o Democrata GV, felizmente isso acabou. E digo felizmente, primeiro por servir para não esconder algumas falhas que o time apresenta na marcação, algumas desatenções que Victor costuma corrigir com suas defesas milagrosas. A defesa, tanto quanto a falha de cobertura feita na cabeça de área pelos volantes apresenta falhas. Afinal, em minha opinião, Donizete não é o cabeça de área ideal, embora esforçado. Para mim, Pierre mais agressivo e tão esforçado quanto Donizete, ou Josué, com muito maior noção de passes, são mais seguros que o titular.
O segundo motivo é que ao sofrer o gol no sábado, retira-se uma grande responsabilidade dos ombros da defesa, deixando a defesa mais tranquila para enfrentar os atacantes chilenos.
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Independente da questão do gol, em todas as partidas, vencidas pelo Galo, pude notar um padrão. O Galo partia com tudo, abafava, dominava, marcava 2 a zero e, a partir daí, a partida caía em uma monotonia enorme. Parece que, já com a certeza da vitória no placar, os jogadores começavam a se poupar. Situação que, contra o Democrata, por muito pouco não provocou a perda de um ponto. Mostrando que jogar sem interesse, só se defendendo não é tática recomendada, o time do interior por muito pouco não surpreendeu a nossa defesa, em momento do jogo que já não haveria qualquer chance de recuperação.
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Falei com meu amigo Pieroni, que me perguntou sobre minhas expectativas, que acho que o Galo tem sim, muitas chances. E boas. Mas disse também que eu temia essa queda de produção no final do jogo.
Enfim, como hoje é o início da principal competição, vamos ver se o Galo mantém a pegada, para não vir a passar sufoco, mais tarde.
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Sufoco que o Internacional vai passar, depois de cair por 3 a 1 para o bom time, e veloz, The Strongest, na altitude de La Paz.
Do que vi, o time do Inter jogou mal, mas lutou até o fim.
Mas o time boliviano não é um time ruim, e explora muito bem as jogadas com seu atacante Escobar.
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Volta à normalidade
E na volta à normalidade, o Brasil experimentando a irresponsabilidade de quantos divulgaram e alardearam uma impossível medida de confisco da poupança popular.
A ameaça de nova sacudidela nas expectativas, em função da pressão que a União Europeia está exercendo sobre a Grécia. E a recusa daquele país, em continuar sacrificando sua população, para assegurar a riqueza financeira de alguns poucos banqueiros ricos.
E, a discussão de Samuel Pessôa com Miterhof, nas páginas da Folha, com o primeiro tentando de todas as formas, justificar que, embora crucial, o investimento é benéfico apenas quando suportado por poupança suficiente para impedir que a inflação surja, enquanto Marcelo mostra, corretamente, em minha opinião, que a poupança é consequência da elevação da renda, que o investimento permite e promove.
Nesse debate, em minha opinião, Marcelo é quem tem a razão. O que não é de se estranhar, considerando-se os fundamentos teóricos e hipóteses que sustentam o raciocínio advogado por Samuel Pessôa.
Mas a discussão é interessante. E vale a pena acompanhar e esperar novos rounds.
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