segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

O retorno das chuvas e a continuada preocupação com o não desperdício de água. Inflação e o Galo líder

Finalmente chegaram as chuvas em nossa capital. Benditas chuvas. Chuva fina, que cai mansamente, trazendo a certeza de que esta chuva penetra a terra alcançando o lençol freático.
Amenizando a ameaça de racionamento de água e, dessa forma ajudando a resolver uma série de outros problemas, alguns dos quais sequer imaginados.
Entretanto, ao penetrar a terra, trazendo também a ameaça do deslizamento de morros e encostas, onde a plantação que existia foi toda substituída pela plantação de barracos. Inúmeros e perigosos barracos. Trazendo o risco da queda de barreiras, para agravar as condições de trânsito nas estradas, onde a imprudência dos milhares de motoristas, por si só, já é uma ameaça constante.
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Bem vinda a chuva, que traz a possibilidade de elevar a capacidade de nossos reservatórios de água, e impede que tenhamos, por causa das secas, que adotar um plano de racionamento de energia, por mais cara que a energia esteja.
Impedem também a perda de alimentos, sejam os hortifrutis, sejam as lavouras de arroz e outras, dependentes da irrigação, permitindo que os preços dos produtos que chegam às nossas mesas não prossigam em sua escalada, já suficientemente assustadora.
Mas, não é só a falta de água, por si, ou a possibilidade de falta de energia, ou de alimentos em nossas mesas... a falta d'água traz outros problemas que, a princípio, somos incapazes de perceber.
Alguns, por não nos afetarem diretamente, embora suas consequências tenham o dom de se potencializarem.
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E nem estou me referindo às indústrias, para as quais a água é insumo de suma importância, e que têm que reduzir seu ritmo, o que implica em queda do nível de produção. Nem estou, também me referindo à elevação dos casos de dengue, já denunciados, como consequência da preocupação da população em armazenar água para uso doméstico, muitas vezes, em condições inadequadas e impróprias.
Foi lendo a coluna de Rosely Sayão que, na semana passada, percebi a possibilidade de termos de conviver com um outro drama, muito próximo de todos nós.
Trata-se da possibilidade de falta de água e da manutenção mínima das condições de higiene nas escolas públicas, o que levaria, inevitavelmente,  à interrupção das aulas. Afinal, especialmente em se tratando de crianças menores, a escola sem água transformar-se-ia em um antro de difusão de doenças. Algumas sérias.
Como disse a educadora, o mero anúncio de um corte de água em algumas instalações educacionais, já é suficiente para a dispensa dos alunos do dia letivo. Situação que ocorre, felizmente, em ocasiões menos rotineiras.
Mas, o que aconteceria com as aulas, e o ano escolar, caso fosse necessário o racionamento de água? E se fosse, como anunciado em São Paulo, à razão de dois dias de fornecimento d'água, para 5 dias sem o precioso e necessário líquido?
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OK. Em Belo Horizonte, ao que tem chegado ao conhecimento público, a situação não é tão precária quanto a da capital paulista. E um racionamento não teria, necessariamente que assumir contornos tão drásticos.
Mas, a mera ideia de milhares de crianças sem poderem ir às escolas, por força do racionamento, já deveria provocar calafrios.
Especialmente depois de findo o período de férias, quando as mães encerram também as suas férias, para retomarem os seus ofícios.
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A simples ideia de milhares de mães e pais sendo obrigados a faltarem ao trabalho por não terem com quem deixar seus filhos menores, motivado por um dia de greve ou paralisação, qualquer que seja o motivo, já dá ideia do caos que seria criado.
Avaliemos o transtorno decorrente de paralisações mais frequentes, por força de racionamento da água.
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A chuva, ao menos aqui em Belo Horizonte, deu o ar da graça nesse fim de semana. Da mesma forma, a chuva que cai em São Paulo, já trouxe algum alento, ao possibilitar que o nível do reservatório da Cantareira subisse. Por menos significativa que tenha sido essa elevação de seu nível.
Não devemos, contudo, nos deixar levar pelo otimismo infundado, e deixar de lado as medidas que já estavam sendo analisadas, e algumas até postas em marcha, no sentido de provocar mudança de hábitos e de comportamentos nas pessoas e no uso da água.
A preocupação com o combate aos desperdícios deve continuar, e ser incrementada, com campanhas de publicidade intensas e massivas.
Medidas punitivas ao uso abusivo da água devem continuar sendo adotadas, e o uso da água pelas atividades produtivas deve continuar sendo desestimulado, de forma a obrigar que os setores que dela dependam ou façam uso mais intenso, sejam levados a promoverem mecanismos de reaproveitamento, adoção de novas tecnologias capazes de reduzirem a necessidade do recurso. Nesse sentido, talvez até medidas de incentivo também pudessem ser estudadas e implantadas, premiando as atividades que alcançassem reduções de consumo da água.
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Em Minas, especialmente, a questão do uso de nossos cursos d'água por mineradoras, apenas para transporte ou lavagem, limpeza do metal deveriam ser definitivamente proibidos, de forma a evitar a poluição e o envenenamento dessas fontes.
E tais medidas devem ser tomadas logo.
Antes que a situação se agrave mais e que seja muito tarde.
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Crise anunciada

A inflação mais alta em doze anos,  de 1,24% no mês de janeiro, não deveria assustar a ninguém, nem provocar qualquer espanto.
Aos costumeiros e tradicionais aumentos de início de ano letivo, como material escolar, matrículas e mensalidades, somam-se os também tradicionais aumentos dos valores dos transportes urbanos, mais fáceis de serem decretados, sem maiores reações, no período de férias escolares, o que coincide exatamente com o início do ano.
Nem vamos mencionar a questão dos impostos, sempre elevados em comparação com o ano anterior, no mínimo, corrigindo os valores em relação à inflação.
Mas, nesse ano, a ortodoxia que invadiu a área econômica do governo federal, trouxe ainda, a elevação dos juros, e com isso, do crediário, a elevação do preço do combustível, e para ser mais exato, de todos os combustíveis, já que todos afetadas pela incidência da CIDE.
Não bastasse, isso, a elevação das tarifas de energia elétrica também ajudaram a alimentar a fogueira dos preços altos.
Claro, como já havia acontecido no ano passado, também a elevação dos preços de alimentos, provocado pela quebra ou redução de lavouras, como no ano passado decorrente da crise hídrica, são fatores que vão se somando.
E levando a inflação para patamares mais elevados, e as expectativas de inflação para o ano, para valores superiores ao teto do sistema de metas.
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Apenas que, como dessa feita a ruptura esperada do limite superior é decorrência de medidas que o mercado cobrava e desejava que fossem adotadas, não haverá o mesmo tratamento histérico que vimos acontecendo no ano passado, por parte da imprensa.
Ano passado, embora nada assegurasse que o limite seria rompido, a histeria da midia e dos mercados martelou, todo o tempo, a irresponsabilidade da equipe econômica, e a sua falta de compromisso com a manutenção dos fundamentos macroeconômicos, principalmente, com o sistema de metas.
Pois bem! Como esse ano os índices já dão conta de que o regime deverá ser desrespeitado. Como a equipe econômica segue a cartilha, equivocada talvez, dos mercados e da ortodoxia econômica, a imprensa muda e inerte, a tudo assiste impassível.
Afinal, a culpa das expectativas de uma inflação de mais de 7,15% ao final desse 2015, e de um crescimento do PIB que a pesquisa semanal do Banco Central junto ao empresariado já assinala ser de zero, é do governo anterior. Ou seja, a blindagem da equipe econômica dos queridinhos do 'establishment' já está toda feita.
E essa equipe econômica, que representa apenas a capitulação de Dilma pode ficar despreocupada. Inflação alta, recessão e aumento do desemprego somam e ajudam a contribuir para o aumento dos ganhos dos que vivem de juros. Ah! sim, com a certeza de que receberão o seu rendimento, ao final do ano, por força da geração de superávits primários espetaculares, por parte do governo.
Superávits que asseguram o pagamento de juros e juros elevados, isso sim, é o que interessa. E elevados, como já estão.
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Galo Líder


E o Galo,  líder do Mineiro. Ainda muito em seu estágio inicial, e com o time do Atlético ganhando por placares pouco dilatados. Talvez poupando-se para os jogos mais decisivos, da Libertadores, que começam logo após o carnaval.
Mas, a marca de 100% de aproveitamento, por si só, é digna de registro e comemoração.
Pena é que, não vi o jogo do Galo contra o Mamoré, no sábado, razão porque não posso fazer qualquer comentário. Apenas o registro.

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