quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Vexame chileno do Galo e a aterrissagem forçada da economia brasileira

Péssima a partida do Galo ontem, em Santiago do Chile, contra o Colo-Colo. Não apenas pelo resultado negativo, que pode ser revertido, ao longo das 5 partidas ainda restantes, nessa fase de grupo.
Mas considero o resultado péssimo, especialmente pelo seu impacto no moral do time. No ânimo da torcida, iludida em parte por comentários que insistiam em apontar o time como favorito.
Está certo que o time jogou desfalcado e sentiu muito a ausência, tanto de Marcos Rocha quanto de Lucas Pratto.
Mas, convenhamos, Patric não foi de todo mal. Defendeu, avançou, procurou as jogadas pelo meio e se mostrou menos talento que o titular nas jogadas de ataque, tanto quanto Marcos Rocha, não teve pernas para ir e voltar, razão que explica a avenida que se abriu por seu lado, já passada mais de metade do segundo tempo, e que originou no segundo gol do time chileno.
Mas, se Patric não estava em sua posição para matar a jogada do Colo-Colo, a participação de Jemerson, atônito, perdido no meio da área foi, no mínimo, bisonha. 
Aliás, tão bisonha quanto sua intervenção em outros lances, talvez pelo nervosismo da estréia em um torneio internacional.
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Jemerson é  um bom jogador. Não um craque. Pode se tornar um excelente defensor, embora ainda careça de experiência. Embora mostre personalidade para sair jogando e tranquilidade, não é ainda o craque que a imprensa, como sempre à procura de ídolos, procura divulgar.
Tem um grande futuro, mas como já havia falhado nos jogos contra Corínthians e Flamengo, aqui no Mineirão, nas partidas decisivas da Copa Brasil, falhou ontem. 
Nada que leve a condená-lo. Afinal, as falhas são normais. Que o diga o excelente Victor.
Mas, como já havia comentado anteriormente, Jemerson precisa de ter à frente da área, alguém que seja capaz de dar o primeiro bote. Alguém como Pierre. Alguém que faça o que Rafael Carioca tentou fazer na partida de ontem. Alguém que seja muito mais capaz tanto no combate, quanto na saída de bola, do que o limitado e violento Donizete.
Ainda ontem, falava de Donizete. Não por perseguição. Mas porque não concebo ver um jogador que, invariavelmente entra de forma maldosa, como ontem, pela enésima vez, e que erra muitos passes, ocupando a posição de titular em um time que tem em seu elenco um Josué. 
Como comentei ontem, brucutu por brucutu, Pierre parece-me de maior serventia. Isso porque, incompreensivelmente,  Fellipe Soutto não tem espaço nesse time.
Jogando com dois volantes, mas com Donizete apagado, em minha opinião, a saída de Rafael Carioca, embora compreensível, em função do cartão que tomou, e o recuo de Dátolo acabou dando muito espaço, que o Colo-Colo soube aproveitar muito bem.
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Falando de Dátolo, é sem dúvida um excelente jogador. Nada excepcional, mas um jogador capaz de fazer a diferença. 
E mostrou isso, na campanha do ano passado, quando as defesas adversárias, preocupadas em marcar o veloz e hábil Tardelli, deixavam espaço para o argentino jogar.
Nesses momentos, a qualidade e visão de jogo de Dátolo tinham condições de aparecer.
Mas, em minha opinião, jogando sozinho e sendo o foco principal da marcação do meio de campo do time contrário, Dátolo tem dificuldades muito visíveis. Especialmente por ser canhoto. Nada contra os canhotos. O problema de nosso camisa 10 é que ele só tem o pé esquerdo. Ou seja: ao receber a bola, muitas vezes tem dificuldade para rodar o corpo, dominar a bola e partir para a execução da jogada, por não conseguir usar o pé direito.
Até ajustar o corpo, dá tempo para que o time adversário o cerque, ou se arme na defesa.
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Pedro Botelho por mais bem intencionado que seja, não consegue substituir nosso Douglas.Santos. E ontem, acho que parte da responsabilidade pelo primeiro gol do time chileno pode ser distribuída entre ele, Maicosuel, que não voltou para marcar o jogador Flores e São Victor. 
Quanto a Maicosuel, confesso que ainda não vi uma partida dele que pudesse me deixar satisfeito. Ainda não vi uma exibição dele, capaz de me encher os olhos. 
Claro que a ele deve ser dado o mérito de já ter marcado gols decisivos, muitos deles importantes para os títulos do Galo, inclusive na Copa do Brasil.
Talvez fosse até necessário dar-lhe um desconto, já que não é sempre que entra jogando, o que não permite que ganhe muito ritmo.
Mas, a verdade é que Carlos faz muita falta. Fez ontem. Tem feito, dada sua capacidade, tal como Luan, de voltar para ajudar na marcação, e ficar infernizando lá na frente, marcando a saída de bola do adversário.
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Então, falhamos na zaga. Falhamos feio no meio. Falhamos na armação de jogadas e parecia que jogávamos com menos jogadores na frente, com Maicosuel desaparecido e Jô, apenas esforçado mas sem qualquer inspiração. 
Definitivamente, pela forma de jogar do Galo, Jô ou qualquer outro tanque que fique parada lá na área adversária terá muito pouca contribuição a nos proporcionar.
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Vão se lembrar que nos primeiros 20 minutos, o Atlético dominou a partida e ficou muito mais tempo com a  posse de bola. É verdade. Mas um domínio falso. Tão pouco objetivo que, a rigor, o goleiro chileno não teve que fazer nenhuma defesa mais espetacular. Coisa que Victor teve de fazer, antes de levar o frangão que levou.
Na frente, um chute de Patric sem qualquer direção, uma jogada de Jô que chutou errado, torto. Uma entrada de Luan na área, são poucos lances para mostrar que o Galo dominava. 
Confesso até que a partida transmitia essa impressão. Mas isso porque o Colo-Colo esperava a hora certa para sair jogando, trocando passes, envolvendo a defesa do Galo. 
E, nesse caso, pudemos constatar que volume de jogo não corresponde, necessariamente, a domínio da partida.
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Antes que possa transmitir uma ideia errada, não acho que Levir falhou, nem que demorou a promover qualquer substituição. A entrada de Dodô, embora considerada tardia, não mudou o panorama do jogo, já que a promessa do Galo entrou já quando o time já estava completamente esfrangalhado em campo.
Cesinha deu mais velocidade, mas também não foi suficiente para mudar o panorama do jogo.
Àquela altura, o Galo já tomava um olé, merecido.
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Falta falar do goleirão Victor, que já tinha feito uma defesa importante antes, e foi protagonista de outras, depois. Mas, que falhou feio no gol do time chileno, ao esperar que a bola picasse, ou deixá-la picar.
Mas, Victor tem crédito com a massa e com o elenco, e creio que sua falha não pode ser apontada como responsável por deixar o time nervoso. 
Verdade seja dita, o time não estava atuando bem, embora desse essa falsa impressão. E se tivesse melhor, como parecia estar, teria tido capacidade de reagir e virar o resultado.
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O resultado não é o pior dos mundos. Mas, é claro indicador de que vai ser preciso entrar logo com Cárdenas, talvez no meio, no lugar de Donizete, recuando mais Rafael Carioca.
E nós atleticanos devemos torcer para que os titulares retornem logo. Afinal, o elenco pode ter sido mantido, mas a disputa de uma Libertadores exige mais qualidade e técnica, além da necessária garra que o grupo mostra ter de sobra. 

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Enquanto isso, nos Estados Unidos

Falando para investidores nos Estados Unidos, o nosso ministro Joaquim Levy falou o óbvio. O PIB deverá retroceder nesse ano de 2015, e a inflação será mais elevada, rompendo o limite do sistema de metas. 
Que ele continue divulgando que irá gerar um resultado fiscal de mais de 100 bilhões ao final do ano, para entregar a meta prometida de 1,2% do PIB, são "outros quinhentos".
E nem precisa ser pitonisa ou adivinho para perceber que as medidas de política adotadas constituem um "hard landing". E, por si só, já seriam responsáveis por uma queda do PIB, além da elevação do desemprego, queda da demanda, da renda e da arrecadação.
O ministro promete fazer cortes de gastos, embora sem cortar de forma agressiva. 
Acho que, como o mercado e seus analistas, o governo não irá cumprir a meta de superávit primário de 1,2%. 
E, dadas as políticas restritivas adotadas, é cada vez mais provável que os números divulgados pelo Boletim Focus do Banco Central, trazendo as expectativas do mercado financeiro, acabem se concretizando. 
A dúvida é quando essas expectativas irão parar de se deteriorar. Porque da semana passada para essa, a inflação já deu novo salto, conforme as previsões dos analistas, e o PIB, de zero, já assumiu valor negativo de 0,4%. 
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Curiosa é a recepção por alguns jornalistas e comentaristas, desses números. 
Para Boris Casoy, por exemplo, tudo isso é ainda e tão somente culpa, ainda, das consequências desastrosas da política do primeiro mandato de Dilma. 
Vá lá. Havia a necessidade de correção dos preços dos combustíveis, como da energia. Mas, o ministro anterior já havia dito que faria essa correção ao longo de um período de tempo maior, de forma a diluir os impactos inflacionários dessas medidas. 
Havia a necessidade de se promover uma restauração das contas públicas, mas isso dependia não apenas do término dos subsídios e incentivos concedidos, inutilmente, como também da manutenção do PIB, mesmo que sob a pecha de pibinho, para não prejudicar os êxitos conseguidos em relação à questão do nível de emprego da economia, nem prejudicar a própria arrecadação do governo.
Ou seja: embora muitos creiam que demorar para tomar medidas amargas apenas faz necessárias medidas ainda mais drásticas, no futuro, não há provas de que, com um planejamento bem feito e sério, as medidas não possam ter um ritmo menos recessivo.
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Curioso vai ser assistir, depois de adotados todos esses remédios amargos, com os resultados previstos, e não os desejados pelo ministro e sua equipe, o empresariado ávido para investir, como os Chicago boys, acreditam que irá acontecer. 
Tão somente porque o governo diminuiu sua interferência no âmbito econômico. E apesar de o próprio âmbito econômico ou a economia, ter também sofrido redução significativa. Chegando a assumir uma dimensão incapaz de justificar até mesmo o uso da capacidade das empresas já instalada .

 

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