segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

A respeito de toda a comoção despertada pela morte de Dona Marisa. E o foro privilegiado de Moreira

Ia começar o pitaco de hoje manifestando minha repulsa integral  a todos os (vários) comentários postados nas redes sociais tendo como referência o falecimento de Dona Marisa Letícia.
Claro que houve várias postagens de solidariedade, de transmissão de palavras de força e fé à família, marido e filhos, como seria o mais natural a se esperar nessas horas, de dor e sofrimento.
E isso, independente de a família enlutada ser a família de um político e mais ainda, de um político de projeção, de alta popularidade e enfrentando momentos de questionamento, inclusive sobre sua conduta e honestidade.
Mas, se houve mensagens sóbrias e de esperança, como o momento impunha, para minha completa surpresa houve algum tipo de manifestações que mostram, no mínimo, que nossa sociedade encontra-se profundamente doente.
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E era esse o tema que eu ia abordar logo no início desse pitaco: o fato de, em minha opinião, e a julgar por certos comportamentos demonstrados por pessoas, ditas cultas e de bem, em nossas redes sociais, a nossa sociedade padece de um mal de extrema gravidade.
E, pensando a respeito de que enfoque dar ao texto, percebi estar enganado.
Primeiro porque a maioria, dita silenciosa, de nossa sociedade preferiu agir com um comportamento que se poderia classificar como, no mínimo, de respeito.
Atendendo à recomendação que as redes compartilhavam e reproduziriam, como supostamente feita por Karnal, a maioria preferiu, em nada tendo a falar de positivo ou de bom, não se manifestar.
Em segundo lugar, em verdade foram muitos poucos, proporcionalmente, os frequentadores dessas redes, que puderam expor toda a pequenez de suas vidas miseráveis. Ao menos explicitamente, foi muito pequena a quantidade daqueles que manifestaram um comportamento doentio,  digno de serem classificados como uma frase que também circulava nas redes, tendo a figura do Papa Francisco como fundo. Dizia ela que aqueles capazes de comemorar a morte de um semelhante é porque no fundo, morreram primeiro.
Ao menos morreram para uma vida saudável, digna de ser vivida.
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Então me dei conta de que, não é de agora, do tempo caracterizado pela utilização intensiva das redes sociais que os idiotas, doentes, imbecis, mesquinhos e infelizes que compõem a ralé ou a escória de nossa raça, existem e até se manifestam.
Apenas que antes do advento da internet e das redes, o público que elas conseguiam atingir com sua infâmia era muito restrito. E, dado que a rede mundial por sua dimensão acaba por não permitir muitas vezes a identificação cabal de cada participante, as pessoas encontram condições para poder manifestarem sua pobreza de espírito sem o medo de se sentirem cobrados, ou questionados ou criticados.
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Embora há que se admitir que há ainda seres humanos tão abjetos, e rasteiros, que são capazes de se manifestarem desabridamente, como o procurador Rômulo Paiva, ou os médicos que quebrando o juramento que fizeram ao se formarem, foram capazes apenas de destilar ódio e insensatez.
Bem, os médcos foram já punidos, embora a punição maior devesse ser a da cassação de seu registro junto ao Conselho de Medicina. Quanto ao procurador, parece que já foi aberto processo de investigação junto à Corregedoria do órgão a que está vinculado.
E, no caso do procurador, talvez a ficha tenha caído, e raciocinando de forma muito favorável a ele, talvez ele tenha percebido que sua "brincadeira" não gerou as risadas e piadinhas que ele esperava provocar. Apenas provocaram asco.
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Bem, estava pronto até a escrever pela primeira vez o nome de Temer com maiúscula, já que sua atitude de comparecer ao Hospital e mais tarde declarar luto oficial de três dias, embora fosse a medida padrão a ser tomada, não sendo em nada medida excepcional, ainda assim mostrou que, em momentos de dor, mesmo adversários podem mostrar um mínimo de comportamento altivo e honradez.
Tal qual o comportamento também mostrado por Fernando Henrique Cardoso, cuja imagem abraçado a Lula, cumprimentando-o ensina mais que muito discurso.
Então, o ex-presidente FHC e Temer, o ocupante atual do Planalto mesmo que protocolarmente cumpriram o papel que deles se esperava.
E como eles, outros políticos, como foi noticiado na mídia.
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Mas, isso não impede que aqueles poucos que sempre se sentiram superiores e donos do país e de sua cultura tivessem a oportunidade de continuarem destilando fel em todas as oportunidades que lhes surgissem, embora sem o mesmo tom raivoso e agressivo dos mencionados acima.
O que não é nenhum motivo para espanto, já que nosso país e parte de sua população que se considera elite, embora saiba-se lá por que tipo de classificação,  por mais que tente mostrar um comportamento mais maduro, sofisticado e civilizado, ainda não conseguiu romper os grilhões que os mantêm eternamente prisioneiros à nossa formação de cunho escravagista e patrimonial.
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Daí porque parte das manifestações ainda revelam apenas o ranço daqueles que continuam vivendo no Brasil pré Abolição, quando sua vontade impunha-se a todos e a tudo, e os demais mortais deviam apenas submeter-se e comportar-se como determinado por essa casta dominante.
Embora já passados mais de 120 anos do fim da escravidão, há ainda uma casta que continua achando o restante da população do país tem a finalidade apenas de atender a seus anseios, e submeter-se aos seus caprichos, como convém aqueles cuja vida apenas é respeitada na medida que são capazes de criar condições de vida, cada vez melhores para os donos da pátria.
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Entre esses, estão aqueles, inclusive jornalistas que criticaram até mesmo o discurso de despedida de Lula para sua Galega, dita em momento de emoção e revolta.
Mesmo que não pudesse culpar a quem quer que fosse, por um problema de saúde já identificado há mais tempo, a situação de pressão a que foi levada dona Marisa, por força de alegações e ações contra ela desfechadas, muitas vezes apenas para instabilizar ao seu marido e sua casa, não há como querer que Lula, ao lado de seu caixão, não procurasse arranjar responsáveis para justificar sua perda.
Tal comportamento não apenas seria natural e esperado, como também é o comportamento que qualquer pessoa teria ao ver alguém a quem ama, morrer sem poder se defender das acusações que lhes foram dirigidas.
Lula não fez um discurso político mas um discurso de um marido emocionado e que promete fazer tudo à sua disposição para que o nome de sua mulher não seja enxovalhado.
O fato de ser político, é que dá ao discurso a conotação que muitos quiseram atribuir ao discurso de despedida, chegando ao limite, alguns, de quererem dar lições de comportamento que Lula deveria ter adotado.
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Embora alguns sejam jornalistas, nada entendem da alma humana e nem de cultura, que muitos insistem em tentar transmitir, até como atributo de sua profissão.
Afinal, que classificação ou interpretação dariam, por exemplo, ao discurso de Marco Antônio, no enterro de Júlio César, na brilhante peça de Shakespeare?
Político? Inadequado?
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Bem nossa sociedade, como todas as outras, não está doente, como eu ia começar dizendo em meu pitaco hoje. Felizmente.
Mas há que se reconhecer que há, como em todas as demais, pessoas que por mais que se julguem acima de todas as coisas, apenas conseguem refletir o chão que é a altura a que conseguem alcançar em seus melhores momentos.
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E dê-lhe imparcialidade

O pitaco aqui é apenas um registro de como reage nossa sociedade - indo às ruas e batendo panelas a ponto de amassá-las - para combater a nomeação de Moreira Franco para o cargo de ministro de um ministério criado apenas para assegurar ao Angorá, a obtenção de foro privilegiado.
Foro que foi dado por Lula ao então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que permitisse ao presidente da Autoridade Monetária escapar de processos administrativos instaurados pelo próprio Banco Central.
Mais tarde, vimos a reação de todos contra a indicação de Lula, por Dilma, sob a alegação de que estava havendo desvio de finalidade. Lula estaria sendo nomeado apenas para que fosse blindado e não pudesse ser preso.
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Somente agora, com Moreira é que não há essa intenção na criação de um novo ministério, nem na nomeação do amigo do usurpador. Afinal, Moreira já estava no governo. Como Lula já estava no PT e participando de conversas e entendimentos com a classe política, visando, na ocasião, a desarmar a farsa em andamento, do impeachment.
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Moreira. Eis aí a figura ideal de ministro, para um governo ilegítimo como o de temer.
Mesmo que a sociedade esteja menos preocupada com tais questões, agora que toda a corrupção já foi extirpada do país, e assuntos mais prioritários como os  relativos aos trajes a utilizar nas festas de carnaval sejam a preocupação dominante.
Afinal, nada melhor em nosso país, que discutir a próxima fantasia a usar.

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