terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Angorá com foro privilegiado não surpreende mais ninguém. Surpresa é o resultado do Barça

Alguma dúvida de que o amigo do usurpador, e ministro decano (de canto? Talvez sombrio) do Supremo, Celso de Mello, iria decidir de forma diferente, mantendo não apenas o Angorá como ministro, mas ainda lhe assegurando o foro privilegiado que o governante ilegítimo correu para lhe garantir?
É verdade que o impoluto magistrado chama a atenção para o fato de que ter foro privilegiado não exime ninguém de qualquer punição, até a prisão. E só faltou acrescentar que tal situação apenas atravanca a vida de quem dela se beneficia. Afinal, como lembrado por algum dos ministros seus colegas de Corte, uma vez que o Supremo é quem julga os beneficiários do privilégio, a eles é praticamente restringido o uso de recursos de apelação. Não há corte maior a quem atrelar. Dura a vida dos protegidos por tal instituto!
Tão dura que é provável de, em breve, assistirmos a Moreira Franco, do alto de sua altivez e espírito ético elevado, resolver pedir exoneração do cargo, para poder enfrentar como qualquer cidadão brasileiro normal, o juiz de 1ª instância.
Para ter o direito, como os demais cidadãos, a qualquer recurso eventualmente necessário.  E, de quebra, aproveitar que o juiz ainda responsável pelo caso é ninguém mais ou menos que Moro. Salvo se Moreira não estiver muito convencido de que Moro está interessado em cassar apenas os filiados do PT. Como de fato não está, o que pode ser comprovado por suas sentenças condenatórias de gente ligada ao PP, por exemplo.
Mas talvez o medo maior do Angorá seja o de não ser filiado ao PSDB. Senão poderíamos inferir, por todo seu passado limpo e honrado, que tomaria a atitude de abrir mão, senão do cargo, ao menos do foro.
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Em relação à afirmação de Celso de Mello de que não há impunidade assegurada ao detentor do privilégio, já que, se necessário, pode e será julgado pelo Supremo, podendo receber punições severas, nada a rebater. Ao contrário, é necessário admitir que essa situação realmente é o que temos visto.
Apenas que, segundo o ritmo de funcionamento do Supremo, o detentor do benefício pode levar mais tempo para ser julgado do que exigiria o exercício da justiça. O que significa que um político como Moreira pode levar alguns anos para ter sua situação analisada pela Corte. Tempo que pode levar a que o analisado consiga se safar de qualquer punição, seja pela prescrição, seja por atingir o limite de idade para iniciar o início de sua pena, como é exemplo a situação de Walfrido Mares Guia, ou ainda a possível situação de Eduardo Azeredo.
Será Celso de Mello quem irá dar agilidade a qualquer processo de políticos blindados pelo governo de seu amigo usurpador?
Difícil acreditar em tamanha eficiência, ainda mais para quem pretende ser meticuloso para ser um imparcial produtor da justiça.
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Embora o Supremo não se caracteriza por ser portador de um pensamento homogêneo,  nem deveria se preocupar em manter um pensamento uniforme, fruto de sua constituição como um colegiado, o fato de que Celso de Mello argumenta que o ato de temer não deve merecer censura por ser um ato legítimo (mesmo de um ilegítimo), choca-se com a interpretação do seu colega que viu sim, motivos para anular ato de autoridade de outro poder do Estado.
Mas, irão dizer os mais conhecedores do direito. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. A Dilma e a Lula, tudo era negado. A temer, boneco de ventríloco dos representantes do poder econômico, tudo é permitido.
 Inclusive expor ou deixar expostas nudes ou melhor, a nudez de sua ação política encoberta apenas pelo mar de lama, que é, ao mesmo tempo, sua proteção.
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Para encerrar o assunto, apenas um comentário adicional, em relação ao conflito que a decisão do decano transmite e traduz, quando confrontada com a decisão de gilmar mendes no caso da nomeação de Lula como ministro.
O que nos mostra que o Supremo acaba sim, adotando posições que no fundo prestam-se a u m mesmo fim.
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Ah, sim. Por justiça, deve ser dito que gilmar mendes, embora considerando que há nuances nos casos de Lula e Angorá, e elogiando seu colega, manifestou que o caso deve ser levado ao pleno da Corte para decisão final.
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E já que as coisas andam completamente favoráveis ao governo e aos interesses que ele tem ou representa, um momento de total sinceridade do ministro eliseu padilha ao admitir que também o governo temer cedeu cargos para comprar o apoio de partidos políticos a suas manobras.
No caso, o ministro da Saúde, e defensor outrora do fim do Sistema público de Saúde, considerado ineficiente, logo por quem elegeu-se apoiado pela doação de recursos de planos de saúde privados.
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Em outros momentos isso seria considerado parte do mensalão, talvez.
E a tese do domínio do fato poderia ser arguida contra o ministro Chefe da Casa Civil.
Ops. Falha minha. Isso já foi feito e José Dirceu já está até preso.
Já padilha não. Como dizia Antônio Carlos Magalhães ao se referir ao atual ocupante do cargo, Eliseu Quadrilha não pode ser o único bode expiatório.
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Enquanto isso, Moro permanece intimidando uns, ameaçando outros, desrespeitando a advogados de defesa e induzindo o comportamento de alguns depoentes, enquanto trata com mesuras algumas testemunhas, até subserviência. E nada faz em relação àqueles que são seus amigos de confidências, fotos e sorrisos em solenidades a que comparece. Mesmo que esses amigos sejam os mais citados em delações de crimes de corrupção e até em ocorrência de crimes que geram muito pó. Pó que se acama com o passar do tempo. E se esquece. Só.
E nem vou falar de nosso paladino da moralidade e sua curiosa relação com o caso Banestado e o doleiro Youssef.
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E o Barça, hein?
Com Messi, Suárez e Neymar, os primeiros anulados pela defesa do time francês. E sem Di Maria, que insistia em jogar – e bem, pelo Paris Saint Germain.

Coisas que fazem o futebol uma “caixinha de surpresas”. 

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