quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

A derrota previsível do Galo, mostrando que nada mudou do fim do ano para cá. Imobilidade que reflete a situação política, econômica, no judiciário...

A verdade é que aqueles que tiveram paciência de assistirem ao jogo de estreia do Atlético no Campeonato Mineiro, contra o América de Teófilo Otoni, não esperavam resultado diferente do jogo disputado ontem, contra o Cruzeiro pela 1ª Liga.
Ou melhor, esperavam até um placar mais dilatado, como o que faria justiça caso no futebol, como na vida, a justiça entrasse nos  gramados ou prevalecesse sempre.
Porque o placar de 1 a zero ontem foi muito modesto para o futebol praticado pelo Cruzeiro, pelo menos desde o final do ano passado. E para a ausência de futebol do Galo, também e infelizmente, desde o ano passado, ainda sob o (des)comando de Marcelo.
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Para se ter uma ideia, não me lembro de qualquer defesa minimamente importante feita por Gabriel, goleiro do adversário, durante todo o primeiro tempo e, para ser exato, pelo menos os dez ou quinze primeiros minutos da segunda fase.
A rigor, o Atlético só melhorou alguma coisa, não em função da entrada de Clayton, em lugar de Maicosuel, mas em função de o time do Barro Preto perceber que não precisava mais se esforçar já que a fragilidade do Galo sinalizava que o alvinegro não iria levar perigo ao gol contrário, mesmo se continuassem jogando até agora, manhã subsequente ao jogo.
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Mas, o que acontece ou o que falta ao Atlético, que me faz ficar tão desconfiado nesse início de temporada, em que estaremos presentes em tantos campeonatos importantes?
Desconfiado a ponto de, talvez passionalmente, ser rigoroso em minha crítica, talvez mais que o devido.
Mas, se já no time do ano passado, percebia-se claramente uma lacuna entre o bloco de jogadores da defesa, todos com muitas deficiências, e o ataque, com jogadores gabaritados, mas que não mostravam muita solidariedade entre si, o problema de total ausência de um jogador de meio, armador com inteligência e visão de jogo, não foi solucionado.
O time continua, em minha opinião, com um buraco ali no meio, o que se comprova pelo fato de Rafael Carioca, que voltou a mostrar um futebol mais vistoso, na maior parte das vezes, ter que voltar a bola, recomeçando a jogada.
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Na frente, a falta de Robinho é muito sentida, como é óbvio. Mas, é bom lembrar que não sei porque razão, mas se mostra sintonia quando joga com Fred ao seu lado, o Pedalada não mostra nenhum entendimento com Pratto. O que faz o argentino ter que ficar girando fora da área, tal qual um peru tonto, sem que a bola possa chegar em condições mais propícias para que ele tente o gol.
Pior ainda, as vezes que a bola chega até a área, e Pratto não está lá por estar lá atrás, buscando jogo e fazendo o papel de marcação alta.
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Tudo bem, e isso não deve ser deixado de lado, que Felipe Santana falhou escandalosamente ontem, do alto de seus 1,96m de altura, ao tentar atrasar a bola para Giovani, ou pior, posicionar-se mal e não conseguir cortar a bola que era sua.
Mas, imputar ao zagueiro a falha pelo lance que decretou nossa derrota seria uma injustiça. Até mesmo com ele, já que no segundo tempo, em outra pixotada digna de qualquer campo de várzea, mais uma vez deixou o atacante do adversário completamente livre para marcar o gol. O que só não aconteceu por ter baixado o espírito de São Victor em nosso número 1.
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De tudo que vi, além da justiça da vitória do Cruzeiro, vale assinalar a correção da expulsão de Robinho que, ao contrário do que viu o comentarista do pay-per-view (que não viu o lance mesmo depois da repetição), entrou por baixo, deixando as traves da chuteira no tornozelo do jogador do Galo, merecendo o segundo amarelo.
Também justa a expulsão do técnico do time vitorioso, que além de estar se saindo um chorão de primeira grandeza, mostrou um descontrole difícil de se entender.
Finalmente, Roger terá muita dificuldade para fazer seu time jogar coletivamente, sem que os jogadores de armação fiquem fazendo muita firula no meio, mas jogando mais "verticalmente" como os comentaristas chamam as jogadas de maior objetividade e profundidade.
Porque depois de ver o jogo do Galo, poder assistir ao jogo do Botafogo contra o Colo-Colo, com o time carioca criando espaços para jogar, ou o time do Atlético Paranaense, que também criava espaços para jogar contra o time do Milionários, assaltou-me a dúvida: porque o Galo não consegue mostrar um futebol assim, jogando de forma confusa, embolada?
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Enquanto isso, no Supremo

Por mais duras que tenham sido as palavras de Celso de Mello, ao prestar justa homenagem ao Ministro Teori Zavascki, ao lembrar que merece todo repúdio aqueles agentes públicos que não honram o cargo que ocupam, a verdade é que pouco mudou o ambiente em nosso país e no próprio Supremo.
O que pode ser confirmado por mais uma ação adotada por nenhum outro, senão gilmar mendes, de pedir vistas de um processo cujo resultado já está praticamente selado, no sentido de impedir que políticos que estejam sob investigação no Supremo, como réus, não possam continuar a ocupar os cargos que estejam, por força de norma constitucional, na linha sucessória do Executivo.
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Antes fora Toffoli, que permitiu que Renan se safasse ileso até o final de seu mandato como presidente do Senado. Agora é o amigo dileto, e tão presente, de temer, a quem ele está incumbido de julgar...
O que permite que Eunício de Oliveiira, o Índio da lista de delação da Odebrecht, que vazou para a midia possa ser eleito para presidir o Senado. Ou seja, como é comentário comum no futebol, o que estamos vendo é sair Renan, para entrar Índio, ou seja, trocar seis por meia dúzia.
Ou como diz velha máxima: muda tudo, para continuar tudo na mesma.
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A homenagem ao ministro tragicamente falecido cai ainda no vazio, quando se sabe que quando teve oportunidade, ele decidiu pela quebra do sigilo de delações que homologou, ao contrário da decisão agora da presidenta do STF.
Comportamento acatado sem qualquer sinalização de discordância do Procurador Geral Janot.
Situação que permite que continuem os vazamentos seletivos, uma das piores nódoas do processo de investigação da Lava Jato.
Apenas que a bola da vez é o tucano aecim. Que a rigor, nem poderia ser chamado de bola da vez, já que nunca deixou de estar na mesa e estar sendo espertamente esquecida atrás de outras bolas mais fulgurantes.
Razão porque se a Folha menciona sua participação ativa na negociação de propinas em licitação com a Odebrecht, o nosso pasquim Estado de Minas, aliado incondicional do atraso em nosso estado, nada menciona a respeito. E, mais curioso, é nosso pasquim que está adotando a postura mais correta, de não acusar sem que haja provas.
Claro, o que não valia para Lula ou para o PT ou os petistas.
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A pergunta que não quer calar e que o senador mesmo explicita, até como forma de tentar ganhar tempo, é porque não se decide, de imediato pela quebra do sigilo das delações. Até para que no meio de 200 e tantos nomes e mal feitos, alguns nomes tenham seu peso ou importância reduzida.
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E é bom que lembremos de como Janot, ao interromper a negociação de delação com Leo Soares, dirigente da OAS, e que citou o nome de aecim e outras aves raras, alegando vazamento de informações, colaborou para que o nome do senador por Minas ficasse fora de foco.
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Celso de Mello, o decano, decide mais uma vez a favor de temer, seu amigo, no caso da permissão de candidatura de Rodrigo Maia a presidente da Câmara.
E depois de o ministro presidente do Tribunal Superior do Trabalho, o ministro da Opus Dei, Ives Gandra Filho, ter sido recomendado por ocupantes da cúpula da Igreja Católica, para indicação à vaga no STF, vemos que continua a pressão de setores da área jurídica para que o indicado seja Moro, juiz que assume atitudes autoritárias e incompatíveis com o respeito às normas constitucionais; enquanto o mundo político, talvez querendo se safar da quantidade de atrapalhadas do ministro da Justiça Alexandre de Moraes, faz pressão para que o ministro do governo temer seja o responsável por estar em local em que decisões fundamentais para o funcionamento da sociedade sejam adotadas.
Como se vê, continua tudo como dantes.
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Situação que permite que a questão do rombo das contas públicas e o déficit primário recorde, de mais de 155 bilhões do governo temer, e a elevação em 1/3 do nível de desemprego, passem sem maiores análises, já que os dois resultados são fruto de medidas ditas moralizadoras, mas de cunho conservador e recessivo, adotadas desde que o usurpador chegou ao poder.
Aliás, manda o senso de justiça que a culpa seja, parcialmente e não integralmente como o temerário alega, compartilhada com Dilma, e sua guinada a favor do mercado no início de seu mandato.
O que não dá para escapar é que, seja o ocupante legítimo do cargo de presidente, seja o ilegítimo, quem determinava a política econômica que nos conduziu ao estado deplorável das contas públicas (queda de arrecadação, elevação de preços - administrados e, por consequência, em geral, aumento de juros) foi  o mercado, principalmente os mercados financeiros, por seus analistas.
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O que vale, por fim, que a gente se questione a razão de ser cultural em nosso país, a ideia de que tudo que é publico é ruim, atrasado e corrupto. E tudo que vem do setor privado é avançado, legal, bom e eficiente. E justo.
Como o provam as Odebrecht, OAS, Andrades Gutierrez, ou os Eikes da vida.

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