segunda-feira, 15 de maio de 2017

Pitacos olhando fatos da semana que passou, inclusive o aniversário de governo do usurpador e o depoimento de Lula

A semana acabou com as tradicionais reportagens e análises relativas a um ano do governo golpista, do usurpador temer. Que vai fazendo história, em função de estar conseguindo alcançar os mais baixos índices de popularidade que um chefe do Executivo já obteve.
O que, convenhamos, no caso específico dessa figura menor da política de nosso país, não é de se assustar. Afinal, ele não foi eleito. E chegou onde chegou de carona, na chapa e no programa que a candidatura vitoriosa prometeu ao povo.
Desnecessário lembrar, toda hora, que a própria candidata cabeça da chapa, tão logo vitoriosa, cuspiu no prato que apresentou como iguaria aos seus 54 milhões de eleitores, e foi a primeira a não cumprir o prometido, correndo para abraçar as recomendações e os nomes de técnicos que o mercado recomendava, como uma forma de tentar um armistício com os verdadeiros donos do poder.
Mas, se a presidenta Dilma praticou um autêntico e inegável estelionato eleitoral, ao menos ela foi eleita.
E seus eleitores saberiam e saberão cobrar dela as promessas frustradas, as ilusões pisoteadas, no momento oportuno.
***
Mas com temer, esse anão da política nacional, o quadro é diferente. Manobrando pelas sombras, em que costuma agir, como o indica o fato de ter sua imagem pública frequentemente comparada à de Drácula ou outras figuras vampirescas, vimos ele conseguir sair de sua condição medíocre de nada no cenário nacional, como ele mesmo se definiu em carta à presidenta, figura inexpressiva por completo, para vir a receber, jogado em seu colo, o presente de ocupar a cadeira no Planalto, que um impeachment fajuto lhe ofereceu. 
Acostumado apenas a brilhar dentro das sombras do partido que presidia, aquele que é considerado o mais corrupto, o mais sombrio, o mais inescrupuloso e mais venal do país, o que lhe assegurou a pecha de ser sempre o fiel da balança do jogo pevertido de poder, nesses tempos de governo de coalizações, temer não poderia agir diferente do que lhe era comum: assumiu o governo montando a equipe de governo de nível mais baixo em termos de relevo, expressão e honestidade. 
Não à toa, não foram poucos os ministros afastados logo nos primeiros movimentos dessa orquestra desafinada aos olhos da população e muito bem ensaiada para dar curso às práticas do que de pior nossa política pode nos ofertar. 
***
Também não por acaso, temer tem entre seus ministros de hoje, mais de 7 suspeitos de propina e corrupção e outras acusações até mais graves, sob investigação autorizada pelo Supremo. 
Mas, apesar de líder do governo mais corrupto, que inclui na lista de suspeitos sua própria pessoa, e não em apenas  um caso ou situação, mas em várias e repetitivas ocasiões, a sorte da fortuna que lhe colocou no cargo, fada má de nossa trágica história, não permite, enquanto no exercício do cargo, que o líder do grupo de más intenções possa ser investigado. 
E, além de estar no cargo protegido ou blindado por uma legislação completamente obtusa (que permite que qualquer suspeito de ações ilícitas possa permanecer no mais alto posto da República uma vez a ele tenha chegado, tão somente por que não se sabia antes de seus mal feitos, ou seja, mesmo de caráter o mais duvidoso, permanece no cargo todo o tempo de duração de seu mandato), o que vemos é um total silêncio e até ao contrário elogios da grande midia, e de setores empresariais e financeiros do país, a respeito de seu comportamento. 
***
Claro, esses setores, mídia e grandes grupos empresariais, a nada criticam e silenciam-se, tão somente por serem eles mesmos, grupos suspeitos de participarem de um sem número de ações ilegais, ilícitas, criminosas, como a formação de cartéis nas licitações e concorrências públicas, ou o comportamento de corruptor ativo ou ainda o pagamento de propinas, a existência de caixa dois e outros crimes mais não deixam a gente ter qualquer dúvida quanto ao caráter dos grupos que não apenas se silenciam, mas apóiam ao governante atual.
E o fazem, sem qualquer sombra de dúvidas, por saberem que estão fazendo negócios e acertos e combinando reformas de legislações - verdadeiros assaltos aos direitos sociais e trabalhistas conquistados após longos anos de batalhas e vitórias -, com pessoas do mesmo baixo nível daquelas que ocupam seus quadros de controladores, de gestão ou de puxa-sacos. 
***
Por isso, por estarem todos envolvidos no mesmo conluio, calam-se e mantém um governante usurpador, de quem não aqueles cidadãos de juízo não deveriam pensar em comprar sequer um palito.
Assim temer mantém-se apenas por ser o serviçal mais cômodo, já que sem qualquer condição, moral ou  de qualquer outra categoria, para tentar dar algum golpe em proveito próprio. Sua estatura permite apenas que cumpra o que lhe é determinado e sua capacidade não deixa que ele possa ser elevado a mais que aquele papel que lhe permitem exercer de fato. Equivalente ao papel que no crime, corresponderia ao de soldadinho de manobra ou bucha de canhão.
***
Só para lembrar, desde que instalado no governo, já se sabe que temer pressionou um auxiliar, para que atendesse a interesses privados de outro auxiliar, mais próximo, em caso típico de crime de responsabilidade a que todos fecharam os olhos, já que implicava em dar tratamento de governo a assunto de interesse de um amigo, ministro, baiano.
***
E não foi essa a única situação a que temos conhecimento, de uso de espaço público para tratar de questões particulares, desde que até jantares e pedidos de verbas de financiamento ilegal de campanha de seu partido medíocre, foram feitas em residência oficial do vice, o Palácio do Jaburu. 
***
Quanto às ações adotadas por temer, destinadas a melhorar a economia, não há como esconder, embora a imprensa  não se presta e nem deseja ou pode, realizar uma análise séria. 
Porque senão teríamos que destacar que ao assumir o país "em frangalhos" com tão graves problemas nas contas públicas, temer elevou a proposta de déficit orçamentário de 90 bilhões para mais de 170 bilhões, abrindo espaço para que pudesse negociar com seus comparsas venais, a aprovação de medidas de, pasmem!,  ajuste fiscal!!!
Ou seja, o ajuste, representado pela PEC do teto de gastos, na verdade, apenas uma estratégia para se aprovar a Reforma da Previdência, abrindo espaço para que a previdência privada ou complementar pudesse progredir no país, foi saudado como um exemplo de boa gestão.
Mas, a imprensa se silenciou, e nada foi dito ou publicado de forma a criticar o absurdo de que,  para aprovação da medida, e mais recentemente agora, para deputados passarem a reforma na Comissão que a analisava, ou ainda para aprovação da reforma trabalhista, aproveitou-se de bilhões previstos de déficit previamente autorizado, para financiar a compra dos votos. 
***
Então, a verdade é que se é para beneficiar os interesses, ou aprovar medidas que beneficiem interesses dos seus patrões, temer gasta à vontade - para isso até projetou aumento de déficits- e ninguém se incomoda. Para prejudicar os interesses dos menos favorecidos, dos trabalhadores, dos aposentados, dos mais idosos, etc. etc. temer corta gastos e todos aplaudem o governo por sua responsabilidade fiscal. 
Seria trágico, como é, se não fosse tão cômico. 
***
Nesse meio tempo, a economia de temer eleva o desemprego de 10 para 14 milhões de pessoas; elimina os programas como Ciência Sem Fronteiras, reduz o Fies, prejudica a Educação; faz a venda no varejo cair de forma recorde, apesar de continuar sendo elogiado por estar promovendo a recuperação econômica, de um país que só cresce por conta do agronegócio e das exportações que são a demanda existente e capaz de fazer a indústria reagir ao quadro de estagnação que a domina. 
Mas isso não se comenta. Ninguém analisa. Ninguém informa que, a economia reagir a estímulos externos não é causa de elogio a governo ou governante algum, que não contribuíram em nada para o surgimento seja do estímulo, seja da reação.
***
O que é curioso. Muitos dos analistas hoje em silêncio, sempre deixaram muito claro que a economia nos tempos de Lula, tinha muito pouco de ações de seu governo, já que Lula surfava nas ondas do crescimento mundial. Mas, agora, embora a situação se repita, os méritos são da boa e responsável equipe econômica do governo usurpador. 
O pior é que dá para entender o porque de toda essa situação. 
O que é uma pena para o Brasil que, em minha opinião, não tem nada para comemorar. Só perdas, a lamentar. 
***
Outro assunto que dominou a semana foi o depoimento de Lula que, injustamente, em minha opinião, está sendo acusado de ter repassado toda a "sua" culpa para Dona Marisa, que não pode mais se defender. 
Embora eu respeite muito Jânio de Freitas, com quem concordo que Lula não se eximiu de responsabilidades, transferindo-as à sua falecida esposa, não tenho, por motivos óbvios, a condição de fazer a consideração que esse conceituado e sério jornalista fez ontem, em sua coluna na Folha.
Segundo Jânio, o caráter de dona Marisa era autoritário, a julgar por seu comportamento ao ver que, em prefácio que o jornalista foi convidado a escrever para o livro que André Singer publicou por ocasião da campanha vitoriosa de Lula em 2002, descobriu que o prefácio tinha o nome de Luriam, a filha de Lula, no título. 
Conta Jânio, que a reação de Marisa foi de proibir o texto, a referência. Ou seja, de fazer um escarcéu a que Lula não fez qualquer oposição. 
***
Não tenho, como disse, elementos para dar qualquer testemunho do comportamento ou tipo de reação próprios de dona Marisa. 
Mas, lembro que ela conheceu Lula, já viúva. Logo, não poderia casar-se com o metalúrgico em regime de comunhão de bens. Além disso, foi ela quem comprou uma cota de um apartamento tipo, desses empreendimentos populares que, mesmo sendo na praia das Astúrias no Guarujá, destinam-se a um público que "irá desvalorizar toda a vizinhança", conforme os mais ricos e tradicionais moradores de bairros com tais características. 
O apartamento tipo, de interesse de dona Marisa, financiado por uma cooperativa, não foi objeto de qualquer crítica, nem o fato de a decisão de ser adquirido não foi nunca objeto de crítica a Lula, por certa passividade. 
Mas, tendo os desdobramentos que o caso tomou - a cooperativa falir; a OAS assumir o empreendimento, descobrir que dona Marisa era uma das proprietárias, ou até a OAS ter assumido justo por tal motivo; a empreiteira querer dar a Lula um agrado, que Lula talvez até aceitasse,  mas sempre fica uma sombra de dúvida já que o apartamento tinha mais de 500 defeitos;  a insistência para que a mulher de Lula, com autonomia para agir e até tomar decisões, fosse visitar o imóvel, para convencer talvez o marido a ficar com o mimo; e, por fim, até a lembrança de que dona Marisa pudesse saber da secretaria em condições especiais mantida por Lula, e a partir de então, tomar decisões a respeito de vários assuntos, sem comunicar nada a seu companheiro, tudo isso me leva a crer que Lula não acusou sua mulher de nada. 
Não houve transferência de responsabilidades, ao meu ver, nesse caso, já que parece evidente que Lula adota mesmo esse comportamento em relação a outras propriedades de amigos seus.
Mas, ao ser questionado se dona Marisa voltou ao imóvel, ter respondido que sim, voltou e até pode ter voltado mais vezes; que ela poderia estar olhando o imóvel por uma série de motivos dos quais Lula não fora informado, tudo isso faz sentido em minha avaliação.
***
Mas mais fundamental é que não foi Lula que trouxe a pergunta referenciando dona Marisa. Nem foi ele que tocou nas visitas dela. Foi o juiz, ao questionar. 
Lula só respondeu. E ao responder, não havia como deixar sua ex-companheira de fora. 
***
Assim, é bom que se frise, nesse caso, acho que mais uma vez, acusar Lula de estar se valendo de sua ex-esposa, já falecida, para se safar, mostra apenas a limitação de caráter de quem o acusa de agir como talvez agiria caso estivesse em situação semelhante. 
É isso. 

Nenhum comentário: