quinta-feira, 12 de abril de 2018

Pitacos diversos: aumenta a pobreza extrema; comportamento do STF, e a estratégia de Mano Menezes

A recuperação da economia tão festejada por temer e pelos políticos que lhe dão apoio (sabe-se lá a que custo!) e também pelos analistas do mercado de sempre, não conseguem esconder o fato de que agravou-se a pobreza no país, conforme estudo da LCA Consultores, com base na análise da PNAD Contínua do IBGE, apresentado ontem.
A pobreza extrema aumentou, e a causa identificada foi a redução da renda, em razão de perda de postos formais de trabalho, provavelmente em razão da reforma trabalhista desse governo ilegítimo, e aumento da formalidade.
Esse aumento do nível de ocupação que os arautos da recuperação insistem em divulgar.
Mesmo nas condições precárias em que se dão.
O que apenas confirma o que vários analistas têm dito: o país e a economia que melhora não é o país que inclui o povo brasileiro, pobre, desesperançado e sem voz. Mas o país dos mercados e dos interesses financeiros, do grande capital, e dos analistas de mercado, bajuladores desses interesses poderosos.
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Lula preso mostra o acerto de sua previsão. Aliás, nenhuma novidade, tendo em vista a inteligência e senso de oportunismo que ele sempre demonstrou possuir, em níveis muito superiores à média.
Virou ideia, e símbolo. Assim como o Muro de Meca.
O que ajuda a explicar e entender a peregrinação que já começa a ocorrer em direção a Curitiba.
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É no mínimo indigno que uma pessoa, quem quer que seja, abra mão da defesa de seus valores, princípios e ideias, e aceite se curvar a uma ideia com a qual não concorda, sob a justificativa de que a opinião da maioria deve ser respeitada. E que tal opinião deve se consolidar.
Pior ainda, é se tal comportamento típico de avestruz, não fosse capaz de ir contra direitos de qualquer cidadão, com repercussão muito mais ampla que a que poderia parecer ter no momento.
Que pena que quem tenha sido indicado, sabatinado e votado para zelar pelo cumprimento do pleno direito, até por seu notório saber e por ter uma vida classificada como de conduta ilibada, parece não conseguir valorizar aquelas qualidades que foram vistas nela, por outros.
Porque sua auto-imagem parece ter sido guardada na lata do lixo de suas entranhas.
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É verdade, como disse a Procuradora Geral da República em discurso, que a justiça que tarda é falha.
E o que dizer da justiça que é seletiva?
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Sui generis, a explicação do Partido Ecológico Nacional, de pedir e depois retirar, sob uma desculpa fajuta, uma liminar para exame da prisão a partir ou não da segunda instância.
Talvez o PEN, que não convence a ninguém de que não sabia que o advogado que o representava estava agindo à sua revelia, apenas esteja expressando e revelando toda a pressão, de todo tipo, a que está submetido. Pressão exercida por forças ocultas e muito poderosas.
No entanto, em se tratando de um partido que se denomina Ecológico, talvez esteja só valorizando sua denominação: preservando todos as cobras e serpentes. Todos os mais peçonhentos males que a que o país se acha exposto.
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Outra questão que não consigo entender: desde quando Ciro Gomes, cujo perfil em minha avaliação é de centro, passou a ser considerado como "de esquerda"?
É bom lembrar que o paulista Ciro, ex-governador do Ceará onde, ao que me consta fez um governo considerado superior à média, iniciou-se na política cearense, vindo do interior de São Paulo, pelas mãos de Tasso Jereissati, também ex-governador, e um dos mais destacados membros do PSDB.
Mais tarde, ao final do ano de 1994, Ciro fazia parte, como ministro da Fazenda em substituição a Rubens Ricúpero, do governo Itamar, responsável pela implantação do Plano Real e da eleição de Fernando Henrique Cardoso.
É bom lembrar que Ciro foi o ministro que, conforme ele mesmo fez questão de lembrar em campanha a presidência anterior, promoveu a maior abertura comercial do país, tendo rebaixado as tarifas sobre importações, de forma a ampliar a concorrência (e competitividade dos produtos brasileiros). Tal política visava quebrar, ainda, o poder de formação de preços de mercado dos empresários de uma economia reconhecida como das mais fechadas do mundo.
OK. A medida pode ter sido positiva, mas era, sem dúvida, em sentido liberalizante. O que o próprio Ciro admitiu antes.
O fato de ter promovido a abertura, deve ser analisado como tendo tido importante contribuição para  promover o sucateamento da indústria instalada em nosso país, como consequência do Plano Real e das políticas (principalmente monetárias) adotadas pelos governos posteriores.
Agora, em campanha, Ciro tem posturas que apenas revelam o quanto, em busca de seu projeto pessoal, ele pode ser oportunista, passando-se por representante da esquerda ou até como alguém confiável ao "establishment".
Uma foto de participação sua em evento com outros candidatos, nem um pouco ligados à esquerda (muito pelo contrário!), mostra bem como ele tenta atingir um espectro de eleitores muito mais amplo...
A postura dele, seja em relação ao PT, a Fernando Haddad, ou ao próprio Lula, também deixam bastante frágil a sua classificação como  o nome mais forte da esquerda.
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Aliás, Ciro é candidato a presidente, pelo PDT. O mesmo partido presidido por Carlos Lupi, que foi a justificativa utilizada por Cristóvam Buarque para deixar a sigla. Bem o ex-governador de Brasília talvez tivesse deixado a sigla apenas por ter negada sua pretensão de conquistar a indicação à presidenciável da sigla.
O certo é que Cristóvam, em quem votei em 2006 e me arrependo, está cada vez mais distante da esquerda. A ponto de ter se transferido pelo PPS, de Roberto Freire. Essa geleia que não se sabe mais qual sua posição.
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Se me refiro a Cristóvam e ao PPS, em um pitaco relativo ao Ciro, é tão somente porque Ciro, em 2002, foi candidato justamente pelo PPS.
Em minha opinião, a questão não é a postura ou o campo de ideias que o candidato visa representar, mas a mais pragmática:  tem sigla disponível, vamos nessa!
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Deixando de lado um pouco as questões mais sisudas, devo fazer um comentário, em relação ao técnico do Cruzeiro, Mano Menezes.
Por que o fato de eu não nutrir simpatia por ele, não pode servir para não reconhecer o quão estrategista ele consegue ser. E foi, no último domingo.
Afinal, já no início do jogo, seu time estava desenhado para morder todo o tempo, e mais ainda, atacar em massa pelo lado esquerdo do seu ataque.
Privilegiando uma estratégia cuja finalidade era aproveitar-se da fragilidade, não ignorada, do lateral Patric do Galo.
Durante o jogo mesmo, um comentarista observou tal comportamento agressivo do time de azul, pelo lado de Patric.
Fato que não deve ter passado despercebido a todos que estavam acompanhando a partida, no campo, ou pela televisão.
Ao agir dessa forma, o Cruzeiro obrigou o Galo a se preocupar e focar o lado fragilizado, deixando espaços pelo lado esquerdo da defesa atleticana, onde se encontrava o já veterano jogador Fábio Santos.
Confesso que não sei, nem entendo, os elogios a um jogador sem capacidade de recuperação, sem velocidade, como Fábio Santos.
Que acabou ficando sem salvaguardas. E exposto, acabou sendo o caminho por onde saíram os dois gols do Cruzeiro.
Bem não era apenas ele, mas ele foi o último homem a dar combate a De Arrascaeta, no jogo do Independência, quando o Cruzeiro fez o gol que o recolocou na disputa do título.
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E ao rever lances do jogo ontem contra o San Lozenzo, na Argentina, é curioso, para não ficar insistindo na mesma tecla, verificar que dos lances principais e mais perigosos, selecionados para apresentação na TV, a grande maioria eram bolas vindas do lado esquerdo da defesa do Galo.
Só para constar...
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Pelos comentários de ontem, na imprensa, alguns tipos de manifestação são mais bem aceitos que outros.
Nada estranho. Alguns são de gente de bem.
Que não deseja interferir ou prejudicar a vida de ninguém.
No que estamos prontos para, quem sabe, inventar a manifestação de protesto, destinada a não atrair a atenção. Quem sabe até não protestar. Que seria o ideal, quem sabe?
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