segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Pitacos em situação de economia paralisada. Por que parece que o Galo não gosta de jogar para a frente. Outros pitacos e a promessa de maior assiduidade

Com a economia brasileira andando de lado, confesso ser invadido por um certo desânimo, toda vez que me bate a vontade de dar alguns pitacos. 
E, parte dessa minha reação explica-se pelo fato de ter o sentimento de que o tambemquerodarpitaco não é e nem pode ser uma obrigação. Mas algo que deve ser feito com prazer, dominado pela inspiração. 
Porque desde o primeiro momento, além de ter a certeza de que não queria -e não quis -  fazer um blog apenas para tratar de questões econômicas, uma outra convicção que trazia e trago comigo é a que não teria nenhum sentido, e estaria apenas abusando da paciência de meus amigos e poucos leitores, se me dispusesse a ficar realizando e postando análises do tipo de elevador. Análises que todos conhecem bem, preocupadas apenas em ficar informando que o PIB ou a receita ou qualquer outra estatística relevante, subiu x ou caiu y, de um mês para o outro. 
Para mim, essa informação estatística, cuja importância é inegável já nos é transmitida pelos órgãos de imprensa, razão até por que como todos nós temos conhecimento, para dar informações econômicas e comentá-las em nossos órgãos de comunicação mais tradicionais, basta que a pessoa que o faça seja jornalista. 
Não há necessidade alguma de ter qualquer conhecimento de economia, das teorias que a embasam, ou basta apenas ter um conhecimento de manual, sem qualquer aprofundamento: quase um senso comum.
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Vide, a esse respeito, as notícias de discussões e desentendimentos entre o professor Samy Dana e alguns jornalistas da Rede Globo, quando da reunião para debater o formato de um novo programa de economia a ser apresentado na GloboNews. 
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Mas, se para se realizar uma análise de evolução, os dados de elevador são importantes, penso que, especialmente em um blog, e nesse, em particular, mais importante é buscar as causas, tentar entender as condições que explicam os eventos e fenômenos, e procurar tentar apresentar os desdobramentos dos eventos, em suas várias (embora não as esgotando, claro!), alternativas.
E, infelizmente, com a economia paralisada, a minha preocupação é não ficar me repetindo, ou pior ainda, fazendo postagens do tipo: " como já estávamos prevendo"; como já tínhamos falado, etc.
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Por que, sem entrar nessa linha de comentários, os que lêem esses pitacos sabem que desde o início do ano, quando as previsões de crescimento do PIB estava apontando para próximo de 3%, eu já postava que não via qualquer motivo para que a economia apresentasse crescimento tão robusto. Quem sabe, no máximo, algo como 1%, um pouco mais de 1%, não ultrapassando 1,5%. 
A razão para meu pessimismo, a proximidade de eleições, o ambiente de incerteza que iria tomar conta de empresários, por um lado. De outro, a trava que o resultado das contas públicas acaba impondo ao gasto do governo em investimentos. 
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Ora, como já nos ensinava Keynes, não basta que os juros sejam baixos para que o cálculo econômico aponte a viabilidade do empreendimento e isso possa vir a estimular o investimento privado. E isso porque esse cálculo leva em consideração e é influenciado pela perspectiva de vendas, ou expectativa de obtenção de lucros por parte do empresário. E, em economia em que a renda está estagnada, e onde o emprego não reage, apenas a adoção de medidas tópicas, ou ad hoc, são capazes de permitir alguma reação, mesmo que mínima. 
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Como já abordado aqui, em outras ocasiões, à economia não basta estar bem comportada, ela precisa de ter um constante estímulo, inclusive para poder gerar o ambiente econômico suficiente para levar o empresário a querer correr riscos, ou melhor, a não se deixar ficar imobilizado por qualquer incerteza futura. 
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Assim, e independente da greve dos caminhoneiros, que ninguém desconhece que trouxe consequências danosas para a economia do país, mas que foi o que poderia ser tratado como o motivo equivalente à ponta do iceberg, a produção começou a mostrar sinais de um crescimento inferior aos 2%. A taxa de desemprego apenas sofreu redução minúscula, por obra e graça da expansão do número de empregados informais, em condições precárias de trabalho e renda. 
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Os 13 milhões de brasileiros sem emprego, afinal, precisam sobreviver e estão dispostos a aceitar qualquer remuneração, fazer qualquer atividade, qualquer bico, para poder, ao menos por comida em casa. 
E, nesse momento, é inegável que grande ajuda adveio da reforma trabalhista, que apenas legalizou o abuso e a exploração do trabalho pelo empregador. Sob a justificativa do contrato particular firmado entre quem tem condições de sobrevivência e de espera, frente àquele que não tem como esperar, para poder continuar sobrevivendo. 
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Mas, de tudo isso já tínhamos falado e vimos falando há muito tempo, e não quero ficar na situação de ficar repetindo: eu te disse, eu te disse...
Apenas devo salientar que, apesar de críticas sempre feitas pelos que acreditam que a economia pode ser tratada como um mecanismo matemático, funcionando à perfeição, quem sabe um "deus ex-machine", e que classificam a todos os que não têm a mesma opinião como sendo keynesianos de quermesse, a verdade é que os poucos resultados positivos obtidos por esse desgoverno Temer, é fruto de medidas tipicamente de estímulo da demanda. 
Se a economia cresceu algo em 2017,  o fez por obra e graça do consumo, alimentado pela liberação de cotas do FGTS, do PIS/PASEP, etc. e não de medidas ortodoxas de contenção de gastos, lembrando aqui, não apenas o efeito multiplicador perverso de corte de gastos públicos para a recuperação econômica, mas o fato de que medidas de corte de gastos devem ser tomadas quando o país está em crescimento, não em queda livre.
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Outros temas

Se a economia está inerte, porque não falar de futebol, atleticano que sou, convicto e doente?
Porque estou chegando à conclusão de que nada entendo desse esporte.
O que explica porque há alguns anos, não consegui entender a profundidade da frase de Parreira, de que o gol era apenas um detalhe.
Ora, em um esporte cuja origem é a Inglaterra, e onde goal é nada mais nada menos que o vocábulo para objetivo, inverte-se completamente a lógica do futebol, e aí a genialidade de Parreira, colocar o objetivo como mero detalhe. 
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Vá lá. Dizer que o gol pode sair por acaso, e em geral são os gols mais bonitos, e defender que haja toda uma série de táticas, jogadas ensaiadas, etc, que podem levar com mais frequência ao gol, é uma frase que não dá para criticar. 
Mas daí dizer que o gol é detalhe...
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E porque estou tratando dessa situação? Porque toda a crítica e toda análise indicam, por exemplo, que o Atlético jogou mal na Bahia, e mereceu até perder - sendo uma conquista ter saído de Salvador com um empate, porque deu azar. Afinal, levou o gol de empate no último segundo do jogo. 
Mas, para mim, a história foi outra. 
O Atlético começou correndo e jogando em cima, deixando de respeitar os minutos iniciais de estudos do adversário. 
Dessa forma, com 4 minutos já tinha marcado um gol, em jogada que releva a qualidade e a inteligência de Chará, o colombiano. 
E daí para a frente o que o Atlético fez?
Quis jogar com a posse da bola, seja lá o que se entenda hoje por isso. 
E o que se viu?
Um repeteco: bola para o lateral, que volta para o volante, que atrasa para o zagueiro, que devolve para o lateral que passa para o meio... Em lugar de viradas de jogo, para pegar a defesa adversária desorganizada, a bola volta da direita para o meio, que rola mais atrás para o armador, que joga para o lateral esquerdo já mais avançado, que então lança o ponta esquerda, ou ala, depois de toda a defesa contrária perceber a manobra e se proteger ou reforçar a marcação. 
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Pior é quando - e o Atlético irrita de tanto adotar esse comportamento - o jogador pela esquerda percebe que a defesa está já toda fechada, e rola para o armador, que joga para o meia na intermediária, que recua para o volante, daí para o lateral, e para a zaga. 
E tal suplício pode se tornar ainda pior, quando é recuada a bola, lá da intermediária para que Victor saia jogando com os pés. 
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Alguém ainda quer que um time que gosta da bola como esse, mas que não gosta de partir para a definição, para o jogo, vença?
Só lembrando, contra o Paraná, o Galo finalizou pela primeira vez, aos 38 minutos do primeiro tempo, por sorte, no lance de gol de Leonardo Silva. Convenhamos que é muito pouco.
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O que me intriga entretanto, é que o Galo pode e tem qualidade para partir para cima e tentar definir o jogo. Se contra o Bahia (e também contra o Paraná) de tanto ficar enrolando acabou tomando um sufoco, no caso do time baiano isso causou o gol de empate. Que era mais que justo para o time da casa. 
E o que aconteceu,  a partir de então?
Foi apenas então que o time voltou a correr, jogar para frente, com velocidade e, não custou muito, em 4 ou 5 ataques, voltou a marcar, em jogada de Ricardo Oliveira. 
Como a injustiça com o time da casa seria muito grande, no segundo final, a defesa deixou a bola pererecar sem que nenhum beque se aproximasse e o Bahia fez o gol do empate final. 
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Ou seja: quando os jogadores desejam, partem para cima, jogam com garra e vontade, e definem. 
Na maior parte do tempo, parece que acham que é muito importante ficar fazendo troca de passes cujo objetivo final é tão somente, ficar trocando mais passes.
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Neymar

Eu deveria falar da propaganda absurda e ridícula em que Neymar, pela fábula que ganhou da Gillete, veio se justificar pelo seu  comportamento inadequado na Copa. 
Tanto e tantos já falaram do menino mimado, e do produto, que já não dá espaço para a existência de um ser humano comum por trás (ou por dentro) do invólucro, que não vou falar mais nada. 
Apenas registrar. 


Crimes

E os crimes contra mulheres continuam acontecendo, em um país em que Marielle continua sem ter seu brutal assassinato solucionado. 


E ainda teria que comentar da discussão sobre a descriminalização do aborto e das audiências que estão se realizando no Supremo; ou da atitude contra Márcio Lacerda, semelhante àquela adotada contra Paulinho Brant, pelo mesmo Lacerda, mostrando que o feitiço vira sim, contra o feiticeiro. 
E ainda tem a discussão das chapas que estão se formando para as eleições. 
Mas isso fica para amanhã ou para outra postagem essa semana. 
O que assegura assunto para nosso retorno. 

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