terça-feira, 31 de dezembro de 2019

O longo pitaco que tenta uma retrospectiva de um ano que nem deveria ter começado


Atendendo a um pedido especial, o pitaco de hoje procura servir como uma retrospectiva do ano que, felizmente, se encerra hoje.
Ano marcado pela palavra DIFICULDADES, assim mesmo, no plural, conforme pesquisa popular que o Jornal da Cultura difundiu em sua edição de ontem, seguindo tradição trazida do estrangeiro e que já vai se consolidando em nosso país,  que busca selecionar uma expressão para sintetizar o sentimento popular em relação ao ano que se esgota.
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Ano cujo início mostrou total incapacidade ou desinteresse das forças policiais em investigar e identificar os responsáveis pelo crime político de execução da vereadora Marielle Franco e seu motorista Ânderson.
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Letargia, de certa forma compreensível.
 Afinal, Marielle era a expressão, a representação de tudo que o país, a partir do resultado das eleições de outubro de 2018, escolheu demonizar: mulher; negra; homossexual; vereadora de partido de esquerda; originária e moradora da Comunidade da Maré, no Rio.
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Nesses pitacos, sempre nos referimos à execução, aos seus desdobramentos, e à inércia das investigações como algo deliberado. Vergonhoso. Indigno de uma sociedade que se deseja democrática, livre, civilizada.
Marca da vergonha de uma sociedade invadida pela ação das milícias, em substituição à presença PELO VAZIO, do Estado.
Esse mesmo Estado que, nesse ano de 2019, a sociedade resolveu reduzir a suas dimensões mínimas. Liberando espaço para os avanços do crime organizado. Símbolo, talvez, do empreendedorismo que se deseja implantar, na sanha de se eliminar qualquer formalização do trabalho e do trabalhador.
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Não é demais lembrar que, como um todo, o ano foi marcado por ações, projetos e propostas vindas do Executivo, com a finalidade de usurpar os direitos conquistados em anos de lutas, pela classe trabalhadora.
Tudo isso, no afã de reduzir os custos dos empresários. Reduzir os ditos pesados encargos sociais, a maioria direitos sociais.
Tudo para baratear a folha de pagamentos das empresas e permitir aumento das margens de lucro.
Tudo isso disfarçado pelo discurso oficial da “intenção de estimular o empresário a contratar mais trabalhadores”, medida que já se provou falsa desde que a presidenta Dilma tentou substituir a contribuição previdenciária sobre a folha, por um percentual cobrado sobre o faturamento de empresas de uns poucos setores selecionados e responsáveis pela maior geração de empregos.
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Fazendo apenas um parênteses, a medida do governo Dilma acabou sendo expandida, no Congresso para quase todos os setores da indústria nacional, abrindo uma fenda gigantesca nas contas públicas e contribuindo para levar o o país para a crise das finanças públicas que caracterizou o período que se seguiu.
Claro: tudo sem que nenhuma contrapartida por parte dos empresários beneficiados fosse cobrada. Ou seja, sem obter o resultado que se esperava.
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Mas, o ano de 2019 começou com um desastre sócio-cultural: a posse de Bolsonaro. A elevação da “arminha com as mãos” a símbolo de um novo governo.
E como no caso dos terremotos, onde o principal tremor se faz seguir de outros secundários, de menor intensidade, assistimos a um desfile de banalidades e falta de seriedade na posse dos ministros indicados.
Assim, para a Casa Civil, foi empossado Ônix Lorenzoni, sob suspeita aliás confirmada da prática de Caixa 2. O que Moro, outro comparsa de Ministério, tratou de contemporizar, sob a alegação de que o colega já teria vindo a público reconhecer o erro e se desculpar.
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Para o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, a escolha recaiu sobre uma estilista, que chegou já definindo que “menino veste azul, menina veste rosa”. Algo que deve ter deixado a indústria de corantes e têxtil bastante insatisfeita.
Sinal de que ao subir no pau da goiabeira, e enxergar a figura de Cristo a lhe aconselhar, a ministra deve ter perdido o equilíbrio e caído ao solo. Talvez, nunca tenha se recuperado da pancada sofrida na cabeça.
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O mineiro Marcelo Álvaro Antônio, assumiu o Ministério do Turismo, disposto a fazer a plantação de laranjas desbancar o cajueiro como monumento turístico do país.
Como notícias ruins vêm sempre aos borbotões, os nomes indicados, incluindo Moro, o juiz arbitrário e mau intencionado pelo partidarismo com que guiou suas ações nos processos da Lava Jato, formaram todos, uma das piores equipes de ministros de todos os tempos, desde a redemocratização.
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Fenômeno percebido pelo próprio Bolsonaro que já no início de seu mandato se desfez do ministro Gustavo Bebianno, por uma mau contada história que poderia envolver ao próprio presidente, relacionada ao laranjal do PSL do ministro do Turismo.
Apenas um adendo: toda a plantação de laranjas tinha a mulher como a figura a ser explorada, ou sacrificada.
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De ministros da Educação, não é possível falar: tivemos a indicação de dois, e não tivemos nenhum. Tanto que a Educação não fez desenvolver qualquer projeto, salvo aquele que procura cortar verbas das Universidades públicas, estabelecer regras menos democráticas para indicação de reitores, a que procura reduzir o Fies.
Tudo bastante compatível com o ministro ou sinistro liberal desde a época de Pinochet e sua sanguinária ditadura, o posto Ypiranga: Guedes. Ou melhor, no caso, bastante conveniente para sua irmã e o papel por ela exercido junto às entidades de ensino superior privadas.
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Como o ministro das Comunicações efetivo foi Carluxo, o filho, e o das Relações Exteriores, uma composição entre Eduardo, o 03, e o astrólogo Olavo Carvalho, o Brasil, durante o ano beijou o chão pisado por Trump e suas idiossincrasias, para amargar apenas o cheiro e sabor da lama que o americano amassou.
Não fomos recomendados para a OCDE; não melhoramos as relações comerciais com os americanos; estamos sendo constrangidos a não entrar na tecnologia 5G, dominada pela Huawey, chinesa. Para coroar, esse comportamento nos trouxe a ameaça de contratempos com nossos parceiros comerciais árabes e chineses.
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Mas ainda não falamos dos desastres naturais, que tanta dor e sofrimento trouxeram ao país em 2019, como o desastre da barragem da Vale em Brumadinho, em janeiro.
Os desastres do desmatamento que avançava no país, denunciado por órgãos públicos como o INPE e que valeram a crítica de Bolsonaro ao cientista de reconhecimento internacional que presidia o Instituto.
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Acusando o cientista de estar ao lado da esquerda, Bolsonaro o demitiu, como faria com gerente de marketing do Banco do Brasil, por causa de uma propaganda que pregava inclusão social.
Mas o que esperar de quem, como uma das primeiras medidas, cobrou punição para o fiscal do Meio Ambiente que o multou. Alega o presidente que não estava pescando, embora segurasse artefato de pesca. Mas se o presidente não pescava, porque estava com sua embarcação estacionada em lugar que é proibido ao acesso de qualquer tipo de barco?
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Confesso que estou tentando, mas não dá para fazer um texto mais cômico, quando os fatos ao longo do ano vieram se atropelando: fogo na Amazônia, com acusação a Leonardo DiCaprio e desmantelamento da fiscalização das agressões à natureza; avanço da fronteira agrícola junto com a área desmatada na região do Pantanal e da própria Amazônia; avanço de mancha de óleo nas praias do litoral do nordeste.
Tudo isso com a complacência do condenado em São Paulo por crimes ambientais e que não é outro senão o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
E some-se a tais lembranças o genocídio de grupos indígenas, incluindo a destruição de sua cultura, seu estilo de vida, suas terras; o genocídio da raça negra, a mortandade de jovens negros, sua demonização, junto com a das religiões de matriz afros.
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Mas não posso negar ter havido fatos engraçados: a fala do presidente em relação à esposa do presidente francês, Emmanuel Macron (acompanhada por comentário tão jocoso quanto deselegante desse exemplo de modernidade e visão cosmopolita, Guedes); a fala em relação à defensora do meio ambiente, a pirralha Greta Thunberg; o “golden shower” do carnaval; o discurso fake a favor do meio ambiente desde Davos, culminando na ONU.
As respostas grosseiras, ríspidas, homofóbicas, misóginas, aos repórteres postados na passagem do Palácio da Alvorada. As piadinhas com o tamanho do órgão sexual dos japoneses.
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Mas preocupa, e não dá para ficar feliz, o retorno da censura, desde a propaganda do BB, até a crítica ao filme Bruna Surfistinha; à ideia de acabar com a TV Escola, com a ANCINE, a suas escolhas sempre destinadas a colocar em alguma instituição justamente a pessoa capaz de provocar sua destruição, como tem sido na área da Cultura, na Fundação Palmares, na Secretaria de Cultura.
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Para concluir, em 2019, ao menos descobrimos que os Beatles eram espiões comunistas da KGB, infiltrados na cena musical inglesa; que o rock é fábrica e inspiração para abortos; que o governo não teve nenhuma acusação da prática de atos de corrupção. Descobrimos, enfim, que o filé mignon, embora caro, deve ser reservado aos filhos; e que a experiência como ilegal na terra do Tio Sam é suficiente para nos representar, na nova dinâmica que se exige de quem precisa apenas ser capacho de Trump e do Tio Sam.
É isso.

sábado, 21 de dezembro de 2019

Pitacos vários de um ano que já está passando da hora de ir embora: Guedes e a economia dos ricos

Provável Veto de Bolsonaro ao Fundo Partidário

Há muito tempo, assisti a um filme em que, se não me falha a memória, uma moça cega é a vítima de uma tentativa de assassinato.
Depois de tentar fugir sem êxito, ela descobre que seu algoz já estava no interior de  sua residência.
Em desespero, a única ação que lhe ocorre é a de quebrar as lâmpadas,  de forma que a escuridão do ambiente pudesse eliminar a desvantagem de sua escuridão permanente.
Além disso, a ausência de claridade favorecia seu conhecimento do ambiente em que a se travava a luta.
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Cito a cena, porque é sob sua inspiração que encontro motivo para que Bolsonaro, um típico influenciador digital, possa cumprir sua ameaça de vetar a verba aprovada em Orçamento, de 2 bilhões para o financiamento do Fundo Eleidtoral.
Sem  a certeza de ter seu partido aprovado em tempo hábil para participar da distribuição dos recursos, nada melhor que igualar o jogo, ou seja: negar a todas as outras siglas, acesso ao dinheiro para campanha que seu partido pode não ter direito de utilizar.
Nada a favor da sociedade. Nenhuma medida para combater esse comportamento perdulário do Congresso, com dinheiro público, em detrimento de saúde e educação, por exemplo, que atenderiam às demandas da grande maioria da sociedade.
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Guedes e suas teimosias

Guedes não perde a oportunidade de tentar fazer descer goela abaixo da população a aprovação e criação de um imposto cuja operacionalização em nada seria distinta de um retorno da CPMF.
Derrotado já em outras oportunidades, há que elogiar sua insistência, destinada a fazer a nova tributação vencer pelo cansaço.
Apenas que, a cada vez, usa um argumento um pouco mais ou menos palatável.
O argumento da hora é o de que o novo tributo iria incidir apenas sobre as transações financeiras realizadas por meios digitais. A princípio alcançaria o crescente número de operações realizadas por meio de celulares e computadores.
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Ou o ministro gostaria de caminhar em diração contrária à da modernidade e da redução de custos, induzindo a população a frequentar as agências bancárias, abandonando as funcionalidades que se tornariam mais caras, da vida digital, ou então, já que mesmo nas agências, nos caixas, as transações se completam por meio de registros digitais, acabaria a cobrança se generalizando para toda e qualquer transação financeira, por meio bancário.
Sendo assim, que diferença tem o novo tributo, da antiga e malvista CPMF?
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Por outro lado, o ministro não se cansa de evidenciar a quem deve obrigações, quem é seu verdadeiro patrão.
E seguramente seu patrão está longe de ser a população brasileira a quem ele deveria servir.
Senão como entender sua fala de que o mais cruel e perverso imposto ser a cobrança de encargos trabalhistas, que recaem por óbvio sobre os empresários?
Dessa forma, para que o empresário possa ter essa carga reduzida, que se amplie a base e se faça toda a população pagar o valor que o empresário terá de isenção.
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Talvez o ministro não tenha conhecimento ou em conhecendo, não dê valor ao trabalho de Michal Kalecki.
Em seu ensaio onde desenvolveu as Equações Marxistas de Reprodução, o economista polonês conclui, magistralmente, com sua afirmação célebre de que enquanto os trabalhadores gastam o que ganham, os capitalistas ganham o que gastam.
O ministro pode não concordar com o princípio da demanda efetiva, mas afirmar que se reduzidos os custos dos encargos, isso permitiria que salários aumentassem ou que mais trabalhadores fossem contratados, é no mínimo, desconhecer que, a redução de custos pode também aumentar a margem de lucros.
E que talvez seja esse o único resultado da sua política para melhor o ambiente para as classes mais favorecidas de nossa sociedade.
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De mais a mais, também é questionável que a demanda cresça e leve os empresários a desejarem investir no país, se os trabalhadores não têm crescimento de sua remuneração.
Afinal, gastando tudo que ganham, é a partir da expectativa de demanda de consumo dos trabalhadores que os empresários podem desejar correr os riscos de adiantatem dinheiro em circulação, para obterem algum rendimento dessa ação, no futuro.
A ideia contrária a essa tese, do ponto de vista econômico, caracteriza o retorno da lei de Say.
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A lógica de se favorecer o empresário, mantendo o trabalho no estágio em que já se encontra é o retorno da política econômica do Chile de Pinochet. Que parece ser o paradigma do ministro de Bolsonaro.




sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Pitacos de um ano que não tem pressa de ir embora: Crime e Castigo de Queiroz; novas agressões à Educação e Humor, pela porta que quiser entrar

Finalmente Fabrício Queiroz, o personagem mais enigmático e difícil de ser encontrado no Brasil, deu o ar da graça no dia de ontem.
Na verdade, o policial militar aposentado, ex-motorista, ex-assessor legislativo de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio, ex-faz tudo da quadrilha instalada no gabinete do atual senador pelo Rio, não apareceu fisicamente.
Assim, como não se fez presente em situações anteriores, em que não atendeu à convocação do Ministério Público para depor, também ontem, não “deu as caras”.
Como também, em respeito à exatidão, não esteve presente,  ao vivo e a cores em qualquer programa de televisão ou evento público.
O que não impediu de personagem de perfil tão secreto ter sido destaque das manchetes e ocupado a atenção de toda midia e das redes sociais.
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Afinal, depois de decorrido tempo suficientemente longo, o Ministério Público do Rio promoveu, no dia de ontem, uma ação envolvendo busca e apreensão em endereços ligados ao desaparecido famoso, e ao seu ex-patrão, o senador Bolsonaro.
No caso do senador, a ação se estendeu, inclusive aos endereços de irmãos e da ex-mulher do atual presidente da República e pai do senador, todos em tese envolvidos no esquema de desvio de recursos públicos (peculato?) vinculado a funcionários fantasmas e na contumaz prática da “rachadinha”.
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No entanto, de toda a operação, o assunto que mereceu o maior destaque, tendo se tornado uma importante matéria levada ao público pelo Jornal da Globo à noite, foi o conjunto de mensagens de conversas trocadas entre Queiroz e funcionários do gabinete de Flávio.
Mensagens que mostram e ratificam a hipótese de utilização de recursos públicos para pagamento a funcionários fantasmas, como é exemplo a situação de Danielle, ex-mulher do ex-soldado e atual chefe de milícia, o “capitão” Adriano.
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Mensagens que não deixam dúvidas quanto ao conhecimento de Flávio de todo o esquema que tinha seu gabinete como local de execução, e que levaram à preocupação de Queiroz em demitir a fantasma Danielle, substituindo-a pela mãe do miliciano.
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Não há também como fingir que Adriano – que, parece, também recebia valores da devolução do pagamento feito a sua ex – não mantinha relações de grande amizade com o então deputado Bolsonaro, de quem chegou a receber a indicação para ser homenageado pela ALERJ,  por relevantes serviços prestados ao Rio.
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Como, apesar de toda a destruição a que o país está submetido, não conseguiram acabar com alguns ditados tradicionais, nunca é demais lembrar de um que afirmava:  ‘diga-me com quem andas e eu te direi quem és’.
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Agora, confirmada a presença de Flávio em meio a tanta falcatrua, e sua participação em rachadinhas, contratação de fantasmas, lavagem de dinheiro (na loja de chocolate que instalou), espera-se apenas que prossigam as investigações, incluindo os pagamentos de supostos empréstimos feitos envolvendo Jair Bolsonaro, a sua atual esposa e o nosso sumido favorito, o Queiroz.
E que se faça justiça, com as devidas penalizações.
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O que deveria fazer o presidente Ja ir temendo por sua permanência no cargo.
Afinal, como seu outro filho, Carlos,  já tinha postado em mensagem do Twitter, como é possível que alguém que tenha todos os familiares envolvidos em escândalos e ilícitos, possa alegar inocência e não saber de nada???
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Novas agressões à Educação

Enquanto isso, o presidente Jair prossegue sua tática de diversionismo, sempre levantando temas controversos em suas redes sociais e declarações dadas na mais completa sem cerimônia.
A mais recente, risível se não fosse trágica, aquela em que taxou a figura do Patrono da Educação do Brasil, de energúmeno. Ou desequilibrado.
Segundo o presidente paspalhão, o autor de método mundialmente reconhecido de alfabetização como parte integrante da teoria construtivista, apenas tem reconhecimento por suas ligações com a esquerda, de quem é ídolo.
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Pior! O audaz e intrépido 03, o ex-futuro e fracassado representante do Brasil nos EUA, o deputado federal Eduardinho, ainda teima e insiste em questionar o que fez e quem foi Paulo Freire.
Confirmando ser ignorante de pai e mãe, em suas redes sociais se gaba de que o filósofo deles tem presença constante nas redes. O filósofo deles... o astrólogo autoproclamado filósofo, Olavinho...
Pândego! Não há outra forma de tratar da metralhadora giratória de asneiras com que a família nos brinda.
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E de risos e humor
Não vi ao episódio de Porta dos Fundos, sobre A Primeira Tentação de Cristo.
Mas tenho lido e me divertido com as colunas de Duvivier, na Folha, nas quais, com ironia, critica aos que querem censurar a obra, apenas por tratar da sexualidade do filho de Deus.
E tratar tal questão a partir da hipótese de uma experiência, uma iniciação e um relacionamento homofóbico de Cristo.
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Acho improvável que eu fosse ter rasgos de risos e gargalhadas, com tal tema.
Que, como foi objeto de comentários lúcidos de Reinaldo José Lopes e Contardo Calligaris, ambos na Folha, nem é capaz de ser uma novidade.
Já não de pouco tempo, a relação de Jesus com Madalena foi objeto de estudos e análises.
O próprio Código Da Vinci de Dan Brown faz alusão à ligação entre ambos.
Por outro lado, não escapa também a quem tenha um mínimo de leitura, a relação especial que havia entre Jesus e João.
Mas uma coisa é tecer comentários sobre a qualidade do humor, a necessidade de usar de recursos apelativos, de apelar para piadinhas de gosto duvidoso. Outra, diferente, é fazer apologia da censura e pedir, sob a desculpa que for, que uma obra não possa ser divulgada.
Principalmente quando a crítica parte de praticantes de religiões que têm tanto telhado de vidro: religiosos que se aproveitam de sua posição para cometer crimes sexuais; pedofilia; a intolerância, chegando à agressão contra fiés de outras religiões, etc.
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Que a nossa sociedade não ceda a tais artimanhas capazes de instaurarem cada vez mais, uma mentalidade e um estado fundamentalista.
E que o humor possa continuar sendo feito ou sendo tentado por qualquer grupo, que entre pela porta da frente ou dos fundos.
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quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Pitaco de professor estressado, em um país estressado, que se definha - bem como suas relações sociais no desgoverno a que estamos relegados

Já se aproximando o fim da primeira metade de dezembro, confesso que não sei como outros colegas, professores como eu, estão se comportando para dar conta de toda a correria de final de semestre.
É certo que alguns trabalham em escolas cujo calendário, feito de forma mais racional e humana, já permitiu que eles encerrassem o tumultuado período caracterizado por correção de trabalhos, provas finais, provas de segunda oportunidade e trabalhos de conclusão de curso. 
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Também é certo que vários dos colegas devem ser mais, bem mais organizados do que eu, chegando ao final do período de aulas com toda sua tarefa avaliativa concluída. 
Seja o primeiro caso, do calendário, seja o da organização pessoal, a verdade é que, para mim, é completamente estressante esse período. 
De tal forma que chego a pensar em alguns momentos que não existe nada mais além do mundinho de trabalhos, provas, lançamento de notas, atendimento de reclamações ou apenas de pedidos de alunos por alguma ajuda extra. 
Razão porque, pode o pau estar quebrando no mundo ou no nosso país; nosso governo pode prosseguir em sua sanha avassaladora de desconstrução, destruição, até barbárie, e apenas consigo estar atento aos prazos que me oprimem.
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O que não significa que não há coisas demais acontecendo, que mereceriam mais atenção de minha parte. Quem sabe até mais estudo, análise, comentário ou pitacos. 
Claro que a vida de nosso país não parou e nem a capacidade escandalosa de continuar criando atritos e problemas de nossas autoridades. 
E nem apenas de nossas autoridades. 
Afinal, democraticamente eleito pela maioria dos votos válidos, já que com percentual que não lhe assegura qualquer maioria quando considerado mesmo o número de eleitores, a verdade cristalina é que mais uma vez vigora a máxima: o povo escolhe sempre alguém que ele tem a certeza de que será capaz de representá-lo.
Essa é, afinal, a beleza e o problema do sistema de democracia representativa. 
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Assim, se ao final do ano passado, Bolsonaro foi eleito para presidir o país, apesar de toda sua ignorância, seu comportamento preconceituoso, desrespeitoso, incapaz de aceitar a existência de diferenças e conviver com elas; de seu comportamento homofóbico, misógino, autoritário e, além disso, de toda sua convivência saudável e por anos a fio com pessoas que poderiam ser consideradas  a escória da sociedade humana, como os milicianos, é porque,  grande parte de nossa gente, senão a maioria, se identifica com uma ou algumas dessas facetas desprezíveis. 
E tanto conseguem se identificar que o elevaram ao pedestal dos mitos.
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Pois bem, no exercício do poder e sem qualquer condição ou qualificação para o cargo que ocupa, o presidente apenas se destacou por colocar o país em situações de verdadeiro ridículo no cenário internacional, começando por não apenas correr para bajular e se submeter aos caprichos de Trump, mas chegar ao cúmulo de indicar seu filho 03 para o cargo maior da representação diplomática de nosso país na terra do Tio Sam. 
E olhe que as credenciais de 03 eram tão portentosas quanto ter trabalhado, talvez como ilegal, como chapeiro em lanchonete servindo hambúrgueres. 
O que explica o porquê de, em meio à fumaça da chapa, aos gritos dos colegas e fregueses ou da ditadura das comandas, não conseguiu aprender a língua inglesa. 
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Mas, tratávamos do pai, Bozó,  que para bajular o seu ídolo Trump, talvez sob influência do demente autointitulado filósofo, Olavo de Carvalho ou pior, de Steve Bannon, o manipulador de ultradireita, imediatamente ao assumir rompeu a tradição brasileira de longo período, de manter minimamente de  neutralidade em relação aos conflitos no Oriente Médio. 
O que levou o país a sempre condenar a invasão, a ocupação e o estabelecimento de colônias israelenses em terrenos da Palestina; e a considerar a cidade de Jerusalém, cidade sob regime internacional especial.
E, em sua primeira manifestação sobre aquela região conflagrada do mundo, Bolsonaro anunciou que o Brasil iria reconhecer toda a cidade de Jerusalém como capital de Israel, transferindo para lá sua embaixada. 
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Felizmente, como vários outros assuntos e decisões, Bolsonaro voltou atrás e apenas decidiu instalar um escritório comercial na cidade berço de todas as religiões.
Mas isso não o impediu de continuar manifestando solidariedade total às causas de Trump, seja na guerra comercial contra a China, seja quanto às relações dos Estados Unidos com vizinhos nossos, como a Venezuela, a princípio, ou mais tarde a Bolívia, ambos os países sofrendo tentativas de golpe e execução de golpes para fazer prevalecer os interesses americanos na região. 
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Todo esse comportamento de submissão para que? 
Para ao final, acreditar na promessa de que Trump iria apoiar a entrada do Brasil no conjunto da OCDE, ou de uma relação comercial preferencial entre os dois países.
Ambas com o resultado desastroso e risível para as pretensões do sabujo: a indicação feita para fazer parte da OCDE foi da Argentina (logo quem?) e, agora, a decisão de sobretaxar aço e outros produtos brasileiros pelos Estados Unidos. 
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Ingênuo, por ignorante, o que Bolsonaro não conseguiu perceber foi que política internacional se faz com decisões estratégicas e fundamentadas em cálculo econômico, sob a égide dos interesses nacionais. 
Não com o presidente idiota batendo continência para a bandeira americana. Isso para defender nossa soberania, segundo suas manifestações em redes sociais. 
Política internacional não se faz com o fígado, ou com ideologias que mais se caracterizam como fantasias amalucadas, capazes de enxergarem conspiração comunista em todo lugar. 
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Além disso, para países maduros, sérios e com política externa digna do nome, e representantes qualificados, bem diferentes de nosso chanceler Ernesto Araújo, o comportamento de apoiar, participar, querer interferir e até criticar a eleição de políticos de outra vertente ideológica em nações parceiras e vizinhas é, no mínimo, um equívoco. 
Criando uma situação vergonhosa, capaz de permitir que políticos de mesma linha ideológica que a de Bolsonaro, se vissem em condição de manifestar até mesmo um tipo de censura velada à sua postura.
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Só em questões de política internacional, a lista é longa e exaustiva, razão porque esse pitaco para por aqui, abordando apenas dois últimos pontos: a reação às críticas em relação às queimadas na Amazônia e ao seu desmatamento recorde, e sua reação à crítica da postura do país em relação à não adoção de políticas sustentáveis voltadas para o meio ambiente, que o levou a tentar desmerecer ou diminuir uma ativista adolescente, ainda mais portadora de autismo, como Greta Thunberg, a quem tratou por Pirralha. 
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No cenário interno, as medidas todas favoráveis ao relaxamento da fiscalização e das punições de transgressores de leis protetivas de terras indígenas, somam-se às invasões de terras e práticas de queimadas para fins de expansão da área agrícola cultivada, todas com um mesmo resultado: a violência contra os silvícolas, contra seus direitos às terras e reservas já demarcadas, à sobrevivência de seu "modus vivendi", o respeito a sua cultura. 
Não à toa, as críticas às agressões feitas, indiretamente sob sua responsabilidade por força de sua indiferença, à preservação do meio ambiente e de nossas raízes étnicas, sociais e culturais. 
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Claro, esses pitacos poderiam resvalar para o baixo nível dos representantes de nossa área da Cultura, onde o do diretor de órgão, cujo nome nem merece referência, foi capaz de agredir uma senhora de 90 anos, considerada uma das maiores atrizes de nossas artes cênicas. Ou abordar o infeliz que, escolhido para dirigir a Fundação Palmares, mostra apenas o quanto ser servil, para obter indicação para cargos públicos, pode gerar comentários contra sua própria história e passado.
Ou ainda outro, que acusou Caetano Veloso, autor de um monumento como a composição da música Língua, de favorecer o analfabetismo. 
Isto, para não concluir citando o desprezo ao reconhecimento internacional a Chico Buarque, vencedor de um dos maiores prêmios, senão o maior da Literatura Portuguesa; ou a acusação que agora todos temos condições de verificar, da influência dos festivais de rock na questão do aborto, ou dos comunistas da KGB, que atendiam pelo nome de Beatles. 
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São disparates demais, que poderiam até parecer propositais, para criar uma cortina de fumaça para esconder medidas adotadas muito mais graves, relacionadas à implantação da censura em nosso país. 
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Não podemos ficar calados, ao menos enquanto o golpismo e autoritarismo de Bolsonaro e sua tropa buscam avançar na tentativa de implantação de um regime autoritário, uma ditadura por meio de um golpe, alicerçado em atos e medidas de exceção.
O QUE ESTAMOS VENDO SÃO AS RAÍZES DA CENSURA A TODA FORMA DE MANIFESTAÇÃO POPULAR. 
E é contra isso que temos que lutar.
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Censura, transferência de todo poder da sociedade civil para o aparato policial-militar, propostas de armar a população, proposta de adoção de excludente de ilicitude para ações militares, tudo se adéqua à máxima: atire e mate antes. Interrogue depois. 
Claro, a realização de investigações, nem pensar.
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Situação que explica a liberdade para cometer crimes, sob a proteção do Estado, como o cometido contra o músico, metralhado no Rio, quando transitava com sua família; ou a morte da menina por bala perdida, em razão do policial, alegando estar sob forte comoção, ter atirado contra quem levava algo que nem de longe poderia ser confundido com uma arma.
A situação de desvario e agressão consentida e até estimulada chegou a tal ponto que fica até difícil listar as Ágathas, Ketellens, ou as nove mortes do pancadão de Paraisópolis. 
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E tudo isso acontecendo enquanto o Ministério Público, sob forte apoio da Globo e outras redes de desinformação, dá curso a uma campanha de perseguição e desmoralização pública de Lula e seus familiares, requentando uma investigação iniciada há longa data. 
Enquanto isso, Queiroz continua sumido, comandando a massa e empregando a moça, e continua dando as ordens no terreiro (parafraseando a impagável Aquele Abraço de Gilberto Gil). Os porteiros do condomínio da morada de Bolsonaro revisam suas declarações, Carlos, Flávio e agora o 03, Eduardo, não sofrem qualquer investigação por suas ligações espúrias, declarações e postagens, idem. 
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E Marielle continua uma alma penada, sem descanso, à espera de que se faça a justiça, se cumpra a justiça. Ou no mínimo, que a Polícia investigue. 
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Não há como não atribuir a Bolsonaro, e seus rompantes e pensamentos (se algum!), as práticas instauradas por Witzel ou Dória, de total descompromisso com a vida humana, mesmo que de jovens de periferia, pobres, pretos. 
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Só nesse clima de total individualismo agressivo e destemperado, em que se aplica a lei da selva, do mais forte engolindo o mais fraco, dá para entender a expansão de atos de covardia e desrespeito que geram, desde um aumento do número de vítimas de homicídio por ações policiais até, e pior, uma expansão do número de vítimas de feminicídio.
E não apenas o crescimento do feminicídio. Aumentam também, sob um ambiente de conservadorismo cristão hipócrita, os casos de agressões sexuais, estupros, pedofilia. 
Isso, para não falar nos casos de agressões que terminam em mais mortes. 
O que não significa que não existam outros tipos de abusos e desrespeito, de mesma gravidade, como o comprovam a expansão dos casos de homofobia, ou racismo.
Casos como o do Mineirão, onde atleticanos cometeram o crime de racismo por meio de palavras e atitudes (cusparada) contra um segurança. Justo a torcida do Galo, que logo no início do governo, entoou cânticos homofóbicos, dirigidos à torcida do Cruzeiro, em que usavam o nome do "mito" ! Uma verdadeira vergonha!
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Mas os casos se reproduzem: uma atendente de cozinha agredida em BH; outro motorista de táxi, agredido por uma advogada, que ainda se declarou, orgulhosamente, racista; ou ainda o aluno - filhote de alemão com cruz credo, dado seu fenótipo, estudante de ciências sociais, que se recusou a pegar a prova que sua professora lhe entregou, apenas por ser negra.
Danilo, o nome desse aluno infeliz, merece ser expulso da Faculdade além de ir parar atrás das grades pelo crime que cometeu. 
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Nesse meio tempo, a selvageria invade até a área do lazer e da diversão, com torcedores cruzeirenses, poucos, que não sabem perder, se arvorando em justiceiros e promovendo quebra-quebra em pleno estádio ou arena. 
Como se a agressão e quebradeira fosse capaz de promover a volta do futebol que o time não foi capaz de apresentar ao longo de 38 rodadas.... 
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Em um clima desses, como criticar as escolas que, visando a captação de alunos insatisfeitos nos estabelecimentos concorrentes, e a manutenção das turmas cheias e das receitas em elevação, moldam os calendários aos seus interesses?
Seria irracional o calendário que visa o lucro em princípio, mesmo que entrando dezembro a dentro?
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Como criticar a oportunidade que dou, e que cria parcela importante da minha desorganização e correria de última hora, quando aceito que os alunos entreguem trabalhos fora das datas previstas. 
Afinal, mesmo sabendo estar contribuindo para a formação de profissionais que não saberão respeitar princípios como o da pontualidade, como não optar por essa atitude?
Penso eu que é melhor saber que eles, ao final, tiveram que ler ao menos o material utilizado durante o curso, quando nada para obterem pontos de trabalhos. 
Com isso, não cumpri minha função de ensinar-lhes a aprender? De induzi-los a ler e estudar?
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Quanto à economia brasileira, ela cresce no terceiro trimestre e entusiasma a todos.
Alegra desde o liberal, que em governos anteriores criticava a adoção de medidas populistas destinadas a barateamento e expansão do crédito para alavancar o consumo;  até aqueles que agora, no poder, adotam a liberação de recursos de fundos dos trabalhadores, para que esses mesmos trabalhadores possam consumir.
Com a diferença de que agora a medida não é populista. Ao contrário, apenas dá ao seu verdadeiro dono, o trabalhador, o recurso que era seu e estava indevidamente em um Fundo público.
Como cada um usa a desculpa que mais lhe agrada, não dá para discutir quanto às razões.
Apenas reconhecer que os efeitos são os mesmos...
Populistas ou populares. 
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Se antes o crescimento era um voo de galinha, o país precisa, honestamente, que agora o consumo consiga alavancar um processo de retomada. 
Mesmo que em situações cada vez mais precárias de relações de trabalho e emprego. 
Mesmo com a assimetria que caracteriza, cada vez mais, as medidas adotadas pela equipe econômica, sempre em privilégio dos mais ricos e poderosos,  e em detrimento da maioria e mais desamparada da parcela da população. 
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Razão de nosso país estar há tanto tempo experimentando um processo de recuperação que não deslancha. E,  em contrapartida, batendo recordes no grau de desigualdade e de concentração de renda. 
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É isso. Tomara que esse período de provas termine, ainda enquanto resta o Brasil.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

A velocidade da passagem de 2019 é positiva para impedir que o país seja totalmente desconstruído neste ano

Para nossa felicidade, o ano de 2019 vai chegando, rapidamente, ao seu final.
Velocidade que deve ser comemorada por representar, ao menos, que o governo Bolsonaro não irá conseguir alcançar seu objetivo maior, o de desconstruir ou, mais radicalmente, destruir o Brasil.
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Da desconstrução em curso, já tivemos a oportunidade de tratar aqui, em variados pitacos sobre assuntos os mais diversos. 
Foi assim que observamos as declarações, as ações, as medidas adotadas pelo governo Bolsonaro em relação ao desmatamento, à paralisação das ações de fiscalização, à proibição de queima de implementos agrícolas utilizados pelos criminosos ambientais, em relação ao questionamento dos dados de áreas desmatadas e de extensão de queimadas.
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Foi essa sua intenção ao criticar a divulgação de dados de áreas desmatadas e da extensão de queimadas, pelo INPE, Instituto de reconhecimento internacional. 
Foi esse o padrão subjacente a cada declaração sua, sempre emitindo sinais de que não iria impedir ou limitar a expansão dos grandes negócios ligados ao setor agropecuário.
Permitindo, senão incentivando, ainda que veladamente, a continuidade das ações predatórias dos empresários vinculados ao agronegócio. 
Importa observar que tal atitude significa fazer vistas grossas à prática,  não só de crimes ambientais (o desmatamento ilegal, a extração madeireira, a promoção intencional de queimadas para limpeza de pasto), mas de crimes contra a raça humana, como o de genocídio de índios;  ou ainda os crimes de invasões às suas propriedades, em flagrante desrespeito à demarcação das reservas, reguladas e protegidas por instrumentos legais. 
A expulsão de indígenas, por grileiros, por grandes mineradoras, por garimpeiros são crimes cometidos e tolerados. 
Capazes de porem em risco a própria continuidade da Amazônia e seu ecossistema. 
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Afinal, em discurso a garimpeiros, foi o próprio Bolsonaro, esse exemplo de dignitário que serve de paradigma para o comportamento ético, de educação e elegância primorosas,  que afirmou que o "interesse na Amazônia não é no índio nem na porra da árvore", como forma de se defender, passando ao ataque, das críticas de interesses estrangeiros, em defesa de nossa floresta (de que também são donos).
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Também foi o próprio capitão que, em inúmeras ocasiões, mostrou interesse em promover a total e radical integração do índio em nossa sociedade, o que caracterizaria uma forma de genocídio particular: o final de um grupo étnico e racial, por sua completa aculturação.
Para tanto, seu argumento é de que o índio é quem teria vantagens com a exploração permitida de riquezas em suas terras, por mais predatória e destrutiva fossem tais atividades. 
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Para o capitão, um dia convidado a se retirar do Exército, nada disso deveria nos causar espanto. 
Afinal, junto com seus filhos, atuando em vários níveis do Parlamento (federal, estadual e municipal) dá demonstração clara de desapreço pela manutenção da ordem democrática, sempre dando declarações com gritante conteúdo de intenções golpistas. 
Nessa postura de desrespeito à lei, à ordem constituída, incluem-se as homenagens que prestaram, em várias oportunidades, a verdadeiros criminosos, a milicianos -  bandidos comuns que se distinguem de outros tantos, apenas por serem todos ex-policiais ou vinculados ao aparato repressivo legal. 
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Bolsonaro não apenas mantém relações com milicianos, um dos quais seu vizinho de condomínio, como mantém relações estreitas de compadrio com elementos destituídos de qualquer reputação, como o Queiroz, de quem empregou familiares e cuja intimidade chega ao ponto de fazer operações de empréstimos pessoais. Esse mesmo Queiroz que prossegue intermediando cargos na Câmara e que continua sumido, ao menos de nossa atenta, vigilante e interessada Polícia.
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Interessado na destruição da ordem democrática vigente, não se acanhou de elogiar torturadores, de nefasta memória.
Mas foi mais além, alimentando sempre que pode, pelo incentivo ou pelo silêncio, as postagens de seus filhos que atentam contra a manutenção do Estado democrático de Direito, algumas de conteúdo claramente autoritário e golpista, que vão desde a de que bastariam um cabo e um soldado para fechar o Supremo, até a do vídeo onde hienas (representando alguma das organizações democráticas que se opõem ou criticam o "mito", o Supremo entre elas, mais uma vez), cercam e desejam atacar sua majestade o leão, o rei dos animais, representando ele... o mitológico animal do Planalto. 
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Aqui, um parênteses: Jô Soares, ironizando o vídeo, escreveu divertido texto na Folha, reconhecendo Bolsonaro como o que ele mesmo se declarou: um animal. Se quem foi rei não perde a majestade, é outra questão! 
O engraçado foi ver leitores na coluna de Cartas, xingando Jô, por ter chamado de animais 57 milhões de eleitores, do autodenominado rei Leão...
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Destruindo, desconstruindo a passos ligeiros nossa realidade, o que o animal que reina conseguiu até o presente momento foi: recorde de desmatamento (salto de 29%), desta vez, medido conforme o mais adequado sistema de aferição, considerado acima de qualquer suspeita; recomendação de clientes americanos para evitarem a compra (até de insumos do tradicional hambúrguer), além de compradores de outras nações, de produtos do Brasil. 
Todos agindo de forma a retaliar o governo e sua inoperância, em relação a medidas de apoio ao meio ambiente. 
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Agora, de saída de seu Partido, o PSL

Não bastassem as atitudes e comportamentos já listados, Bolsonaro investe agora na destruição do partido que lhe deu legenda: o PSL. 
E parte em direção à criação de um novo, uma Aliança pelo Brasil, formado por seus seguidores mais fiéis, e sob a orientação do prestidigitador Olavo de Carvalho, o astrólogo e filósofo autodidata que guia e ilumina a família do presidente. 
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A decisão de deixar o PSL que lhe permitiu chegar ao Planalto não deveria causar surpresa, no entanto. 
Afinal, faz parte de quem não preza pela democracia, se vincular a qualquer agremiação que lhe dê o direito de concorrer a vagas eletivas, independente de suas ideias e propostas serem antagônicas aos princípios, à linha ideológica daquela agremiação, conforme descritos em seu programa. Faz parte não tomar conhecimento e, por isso, desrespeitar seu estatuto e as normas internas quanto ao seu funcionamento, administração, patrimônio.  
Desconhecendo o programa do partido, o político que assim se comporta nega os objetivos políticos que norteiam a atuação do partido. 
Por seu lado, a sigla se transforma em mera sigla de aluguel, contribuindo para que aqueles que não  prezam pela organização política consciente e representativa se estabeleçam na sociedade. Dessa forma, o partido deixa de contribuir para o aprimoramento do funcionamento da sociedade. 
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Curioso, mas que reforça a ruptura com seu partido, é observar que o programa de um partido não pode contrariar o regime democrático, e deve respeitar a soberania nacional, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais da pessoa humana.
Tais exigências, mais que declarações vazias de conteúdo e feitas por mera formalidade, servem no caso de Bolsonaro, para entender o seu interesse em não permanecer em uma agremiação contrária a seu projeto pessoal de poder autoritário. 
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Digno de interesse é observar como o programa do novo partido irá dissimular suas verdadeiras intenções golpistas e de busca pela formação e aperfeiçoamento de uma sociedade que só respeita os iguais, em comportamento e forma de pensar e agir. 
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E em se tratando de direitos e respeito...

Cada vez mais chocados vemos a barbárie tomar conta de nosso convívio social. 
E pior! Mais que o desrespeito, a agressão gratuita, a falta de diálogo, o que vemos sendo plantado é a semente da intolerância, da discórdia.
Só assim para entender como que, no dia da Consciência Negra, um grupo reduzido de fiéis de católicos ultraconservadores invadisse uma igreja, com a intenção de impedir a celebração de um culto em homenagem à data e à raça negra que,  ecumenicamente, incluiria alguns ritos sagrados das religiões afros.
Reduzidos em número, mas completamente afastados do intuito maior da religião e da fé que alegavam defender, que é o amor ao próximo, os invasores passaram a rezar em latim, tentaram tomar o microfone das mãos do celebrante, além de provocarem e tentarem agredir alguns dos presentes. 
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Na Câmara, um imbecil que já tinha se notabilizado pela quebra de uma placa de rua em homenagem à vereadora carioca Marielle Franco, ocupou a tribuna para defender a atitude ignorante, de censura, de um colega, que havia quebrado uma obra de arte em exposição no local, apenas por não concordar com a mensagem da obra.
O imbecil assumiu a tribuna, mas mais que a defesa de seu colega, patrocinou foi uma grande quantidade de ataques e ofensas a todos os pretos, negros, esses heroicos trabalhadores e não reconhecidos responsáveis por nossa formação social. 
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Quanto ao outro deputado,o da agressão a uma obra de arte, ex-militar, seu comportamento nem tem vínculo necessário com uma atitude racista, contrária à raça negra.
Embora a obra retratasse um negro (talvez jovem), aparentemente sem qualquer instrumento de defesa, abatido por um policial militar que abandona a cena com a arma ainda fumegando, em minha opinião, o que o deixou o deputado revoltado foi a acusação implícita na gravura: um policial que mata a qualquer pretexto, antes de interrogar ou investigar.
Cena que é tão patética e realisticamente atual que as autoridades até pensam em criar a figura do excludente de ilicitude, por atos de policiais sujeitos a violenta comoção ou pressão emocional.
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No caso do ex-militar, se de todo o gesto é intolerável, não parece ter racismo como fundamento. 
Mas condenável, independente de outros juízos, é esse autonomeado censor da exposição pedir que fizessem fotos de sua ação de vandalismo. 
Fotos que sua excelência fez questão de postar em suas redes sociais quase que imediatamente. 
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O que nos leva a perceber que Bolsonaro está no caminho certo na sua jornada de esgarçar a já frágil tessitura social existente nesse nosso país TÃO NEGRO na alma e no físico, tão diverso, mas tão desigual. 
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É isso. Que bom que o ano está passando ligeiro e que não deverá ter tempo para destruições muito maiores.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Novembro de ameaças de golpes (AI 5), golpes (o pacotaço de Guedes), contragolpes (a Constituição acatada) e o medo pânico de Lula

Começo atribulado do mês de novembro, sob o impacto da entrevista "balão de ensaio" de Eduardo Bolsonaro à jornalista Leda Nagle em seu programa do Youtube, em que uma pretensa radicalização da esquerda no Brasil poderia dar ensejo à edição de um novo AI-5.
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Reações imediatas da sociedade mostraram à família imperial, hoje no controle do poder, que os 21 anos de obscurantismo que culminaram em 1985 e a experiência posterior, de 34 anos de governos democráticos, não foram em vão.
Isso, apesar de os governos democráticos que experimentamos, talvez com a exceção do curto período de Itamar Franco, terem sido objeto de todo tipo de acusação, a principal delas, a de estarem longe de patrocinar operações republicanas.
Ou seja: negócios sob a inspiração - do respeito - da coisa pública (a res).
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Para não tomar tempo dos raros leitores com recordações, de resto já tratadas em vários livros de história, já o governo Sarney foi acusado de ser um governo de vergonhosas barganhas, grande parte delas, rondando a instalação e discussão da Assembleia Constituinte, mais tarde identificada com a Constituição Cidadã.
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Do plano heterodoxo de congelamento de preços do Cruzado ao estelionato eleitoral que marcou as eleições de 1986, em que o partido no poder varreu os adversários de norte a sul do país, passando pela formação do Centrão nos embates da Constituinte, não foram poucas as vezes em que ficou no ar o cheiro de corrupção e prevalência de interesses particulares, escusos.
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Curiosamente, apesar do Centrão, de Robertão (o deputado federal paulista Roberto Cardoso Alves) e sua interpretação malandra da oração de São Francisco, especialmente no trecho que afirma que é dando que se recebe, a maior acusação a Sarney e ao jogo de corrupção pesada foi, em minha opinião, fruto de  uma injustiça.
Na oportunidade, muitos acusavam Sarney de vender a alma ao diabo para obter mais um ano de mandato. Ao contrário, ao ser eleito indiretamente na chapa de Tancredo Neves, como vice do mineiro, a quem acabou sucedendo, Sarney tornou-se herdeiro de um mandato de 6 anos.
Sua luta foi para não reduzir seu mandato em 2 anos, como desejava a oposição, depois de ele já ter aceito a redução em um ano.
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Mas passou para a história as negociações do dando que se recebe, que moldou a nossa Carta, onde todas as demandas foram privilegiadas, de todos os grupamentos sociais, tendo em vista a falta de um projeto de país e nação, responsável por orientar um debate capaz de impedir a ocorrência de incongruências nítidas.
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Gostaria de afirmar que me lembro, do período, que a Constituição se caracterizava por total abertura e liberdade, o que privilegiou, por exemplo, a formação de novos municípios, desde que as populações das localidades se expressassem majoritariamente nesse sentido, por meio de eleições.
Ainda no quesito da municipalização, a Constituição preocupou-se em aumentar paulatinamente a parcela de participação nos Fundos Constitucionais de Estados e Municípios, os FPEs e FPMs.
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Apenas que à ideia de mais Brasil à mais Brasília, agora resgatada, mas nem um pouco inovadora, e em face de pressão de prefeitos e governadores, a Carta não foi responsável por desconcentração semelhante de encargos e custos de programas, de importância ímpar, mantidos sob a responsabilidade da União.
O que levou Sarney a ter que negociar, sabe-se lá de que forma, a alteração da desconcentração de receitas.
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Mas queria frisar: a Constituição tentava resgatar nosso passado e nossas dívidas com parcela importante da nossa Sociedade Civil. E mais ainda, se preocupou em melhorar as condições de vida de todos os cidadãos do país, privilegiando a formação de uma sociedade justa e digna.
Nesse contexto, como se preocupar com gerações futuras, senão pelo tratamento de certas questões como a previdenciária, através da solidariedade intergeracional.
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Essa mesma rede de proteção social que agora o liberal Guedes se propõe a destruir para olhar mais pela sobrevivência de nossas gerações futuras.
Os cidadãos que ainda não nasceram, filhos de outros que poderão não ter condições, sequer de tê-los.
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No que se refere à balbúrdia de municípios criados, alguns sem qualquer viabilidade financeira desde sua criação, é no mínimo interessante que o governo atual se esqueça de que foram decisões majoritárias, democráticas de populações inteiras.
Populações que podem ter se arrependido e, talvez a solução fosse nova eleição para decidir se gostariam de voltar atrás na decisão anterior.
Por opção e escolha própria. Livre.
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Não esse arremedo de liberalismo brasileiro, que ao invés de punir prefeituras insolventes - porque não alterar a lei e permitir a decretação de falência de municípios e estados, com a reprodução de todo o rigor da legislação atual de falências de instituições privadas?? - ao invés de, por meio de uma penada, suprimir municípios a partir de um critério ou alguns critérios técnicos.
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Do impeachment de Collor, acusado de corrupção por seu próprio irmão e até pelo motorista Eriberto, até as decisões de confisco da poupança, um estelionato na condição de pecado original, até as aberturas de "torneirinhas", destinadas a liberação de recursos confiscados, em casos estipulados, a corrupção e roubalheira teve espaço para se desenvolver sem travas.
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E nem preciso de me referir ao tesoureiro mor, Paulo César Farias, o PC, cuja trajetória e até morte são todas carregadas pelas tintas dos negócios escusos.
Ou de Cláudio Humberto, o secretário de comunicação que imprimiu o famoso bateu, levou.
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O mesmo bateu, levou que os príncipes herdeiros do nosso pretenso imperados, seguem à risca, apenas que agora, turbinados pelos avanços da tecnologia, da internet, das redes sociais.
Mas não são apenas os filhos não, o próprio capitãozinho, parece que sem muito o que fazer, também prefere gastar seu tempo ocioso, produzindo "lives".
Isso quando não está ameaçando liberdades democráticas, ou tentando resgatar a censura no país, ou pior ainda, corroendo a integridade - se alguma!! - de seu ministrozinho da Justiça, o  menino de recados Moro, sempre disposto a se escusar.
Mas, o bateu, levou na forma apresentada por Guedes em sua entrevista à Folha de São Paulo, essa ninguém comentou. Afinal, o ministro tem a pecha de liberal, mesmo com toda sua experiência no Chile de Pinochet.
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Esse mesmo Chile que hoje arde em chamas e tenta discutir uma nova Constituição, reabilitando tudo que Guedes tem como principal meta.
No Chile, não funcionou. Nem Pinochet matou todos os adversários, nem os pobres foram varridos da sociedade!!
Nada que não impeça Guedes de continuar acreditando e tentando...
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O governo FHC, da privataria, da compra de voto do Ronivon, em prol da reeleição, da decisão (que se mostrou acertada depois) que foi tomada na hora mais curiosa, do Proer (logo quando o Banco de sua então nora tinha decretada sua liquidação, em um fim de semana!!).
Isso para não falar de corrupção na participação de feiras internacionais, como a de Hanoover, nem no estelionato eleitoral de 1998, e a quebra do país em 99. E depois em 2002.
Fernando Henrique, herói da estabilização, imagem que usurpou de Itamar, o verdadeiro presidente do Plano Real.
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Fernando Henrique, o fazendeiro de Buritis, e como tratado respeitosamente por Zé Simão da Folha, nossa Maria Antonieta...
Aliás, hoje em dura disputa com Barroso, o Ministro do Supremo, outro candidato forte a ocupar o posto da rainha da França em ruínas.
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Aí veio Lula. E o estelionato praticado sob sua benção, por Palocci, o que tornou o médico de Ribeirão Preto, o queridinho do sistema financeiro.
Mas a política de Lula, em seu primeiro mandato foi uma decepção para quem votou nele, para que começasse uma verdadeira redistribuição - necessária - de renda no país.
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Com Lula, houve ganhos para os mais pobres: aumento real do salário mínimo e das remunerações da previdência; universalização do programa de Bolsa Família; abertura para a educação para os mais necessitados, são algumas das várias realizações do petista.
Mas houve problemas: o mensalão, é um deles. Nem de longe o pior. Pior foi ter se compactuado com banqueiros e grandes empresários.
O que permitiu que criássemos uma jabuticaba: enquanto pobres ganhavam, os ricos ganhavam mais ainda. Aumentando a diferença entre os estratos de renda mais elevada e os de renda menores.
Lula ainda nos deixou Dilma, uma escolha equivocada, até por ela ser, originariamente, pedetista, brizolista. Portanto, com dificuldades até mesmo no PT.
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O escândalo da corrupção da Petrobras, desnudado pela Lava Jato, só é compatível com o próprio escândalo da operação, toda viciada e com claros sinais de perseguição pessoal e política.
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De volta a esse novembro de trepidação

Em meio a tanta balbúrdia, que a própria imprensa não se cansa de citar, dado que o governo consegue ocupar função dupla de governo e oposição, simultaneamente,
houve um ato, um gesto digno de elogio.
Não sou advogado, mas se a Constituição diz que presume-se inocência até o trânsito em julgado, porque prender alguém antes de todos os possíveis níveis de discussão e até revisão da pena?
Não digo por Lula.
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O problema ser transformado na liberdade APENAS de Lula, por mais carismático seja o líder petista, é sinal de como o Brasil anda indigente de políticos e homens de responsabilidade e respeito.
Porque a Constituição prevê, bem como a legislação infra, as possibilidades de prisão antecipada, em flagrante, ou preventiva, quando risco à sociedade estiver manifesto, na própria conduta do infrator.
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Mas, discutir a liberação de Lula, por ter sido decidido respeitar a vontade originária do legislador, do constituinte, é o que desperta a comoção e a atenção de todos.
Embora muitos ministros do Supremo que foram contra a Constituição que juraram defender, tenham se utilizado do argumento oportunista de que só pobres seriam os punidos. Os ricos iriam até o último recurso, a última instância, a prescrição.
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Ninguém seriamente decide discutir e analisar o que deve ser feito para dar celeridade aos processos.
Aliás, a legislação atual, já prevê e pune a litigância de má fé, aquela que apenas procrastina as decisões.
Mas quem aplica as medidas previstas?
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Porque não se altera a legislação não para revogar uma cláusula pétrea e, como diria o Magri, imexível, mas para criar prazos rigorosos para que recursos sejam examinados? De forma a que, quando o prazo estivesse próximo de ser atingido, aquele processo teria total preferência, até de exame por mutirão.
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O problema maior de nossa Segurança e nosso sistema de punições, a prisão de milhares de pessoas, mantidas em cárcere, por anos até, sem qualquer processo legal em andamento, esses casos parecem não comover Luis Barroso algum ou Fux.
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A sociedade parece querer vingança. Não, Justiça.
Vingança por um pobre, nordestino, parcialmente analfabeto (aliás, Lula esqueceu todos os esses do plural na sala onde esteve preso!), ter chegado muito mais distante que outros tantos, bem nascidos, educados, com formação até no exterior. Em um país, em que as elites e o poder sempre se reproduziram como siameses, aguentar um trabalhador de Garanhuns é uma agressão.
Assistir às festas juninas de quadrilhas, de São João, e caipiras pulando fogueira nos Palácios do Poder é algo extremamente fora do contexto.
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Pior, Lula é, também para os pobres, uma ameaça e uma violência, por representar muitas vezes o que eles sonham, mas não têm a oportunidade de alcançar. Até por falta de sorte, dada sua vida severina.
Assim, se somos iguais ou comparáveis em nossa origem e processo de desenvolvimento, porque ele conseguiu e ... outros não?
Ah! só pode estar roubando. Só pode estar nos traindo, e às suas origens. Vendeu sua alma ao diabo (aqui mais corretamente, ao deus mercado).
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Lula solto é mais uma das questões desse novembro conturbado.
E as reações de Bolsonaro, e de seu lambe-botas, Moro, bem como de sua família.
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Queiroz solto há mais tempo, a ninguém incomoda. Há mais tempo.
Outros políticos de expressão que nem sequer chegaram a ser presos, por força muitas vezes de prescrição dos crimes que cometeram, e da solidariedade silenciosa dos mecanismos judiciais de nosso país, a ninguém incomoda.
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Incomoda mais esse pacote de Guedes, que rouba nosso presente, preocupado com uma geração futura que nem sabe se haverá condições de a população atual, massacrada, poder se reproduzir, para formar alguma geração futura.
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Unir Saúde e Educação, em um percentual único de gastos, como a PEC de Guedes, já que dá liberdade para os gestores atenderem às demandas prioritárias das populações que representam, é um sofisma.
Todos sabem que o envelhecimento populacional, inegável, inexorável, irá levar a um aumento de gastos com saúde da terceira idade, em especial, que irá restringir qualquer gasto, de longe considerados como os fundamentais ou estruturantes de um país: educação, formação e qualificação de trabalhadores e, também ligado à saúde, PREVENÇÃO.
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No fundo, o que Guedes deseja é reduzir os gastos sociais, garantidos pela Constituição. E age para tal fim, da mesma forma que deseja eliminar, senão direitos, a possibilidade de quem os tiver feridos, recorrer à Justiça.
Afinal, causas justas apenas poderão ser decididas depois de provada a existência de origem do recurso para seu pagamento.
Ou seja: você rouba, não paga direitos, e depois, se o reclamante ganha, fica o juiz que lhe deu ganho de causa, responsável por dizer onde estão os dinheiros para tal correção de injustiças.
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Ah! esse Guedes não me engana.
Pena que engana a todos que, não pertencendo aos mercados financeiros, se deixam iludir por uma realidade apresentada de forma deturpada. Onde milicianos são considerados acima de qualquer suspeita.
Políticos já no ocaso da vida são vendidos como o elixir da juventude e da renovação política.
E a imprensa, no morde-assopra com autoritários, é democrática em questões sociais e comportamentais. Mas liberal ou sem qualquer respeito por minorias e populações carentes, no aspecto da sobrevivência humana.
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O que explica que 13,5 milhões de conterrâneos nossos possam viver com renda mensal de 145 reais ao MÊS.
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É isso.

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Tempos dolorosos. De luto. De lutas. E os Bolsonaros nos brindando com interrogações de toda espécie

Luto

Chegamos ao final desse mês de outubro, marcado por uma das perdas mais significativas que o desenrolar natural da vida nos proporciona: a passagem da minha mãe, no dia dos professores.
A data é ela mesma curiosa, em razão da origem profissional de minha mãe, normalista do Instituto de Educação e professora do ensino estadual.
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Anos depois, tendo se bacharelado em Biblioteconomia, passou a trabalhar na biblioteca do Instituto de Educação, e transferiu-se para a Secretaria de Administração, onde veio a ocupar o cargo de Diretora, até sua aposentadoria.
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De forma breve, devo fazer referência ao seu trabalho de conclusão do curso de Biblioteconomia, cujo conteúdo identificava, listava e apresentava a ficha catalográfica de todos os discursos da carreira de homem público do ex-presidente Juscelino Kubitschek.
Monografia que, tendo em vista o período autoritário de ditadura militar que caracterizava o país, não mereceu a atenção devida, exceto junto à Biblioteca do Congresso americano e, aqui em nossa terra, de Serafim Jardim, o incansável guardião da memória de JK.
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Vale assinalar que, em razão de dificuldades de toda ordem encontradas na tarefa de datilografia dos originais de seu TCC (trabalho de conclusão de curso), que por pouco não implicavam na temível perda de prazos, se propôs a datilografar trabalhos para amigos, colegas, e todos que lhe procuravam.
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Além de alguma remuneração, isso lhe valeu várias noites sentadas à frente da IBM elétrica, muitos novos saberes e conhecimentos e contatos pessoais, como o mantido com o professor Washington Peluso Albino de Souza, pioneiro do Direito Empresarial no Brasil, e autor de livros sobre o tema.
Um dos livros traz o agradecimento à Maria Coeli Machado, responsável pela datilografia dos originais da obra.
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De temperamento alegre, nem o Alzheimer que a acometeu nos últimos 9 anos de vida, conseguiu lhe tirar o sorriso discreto do rosto, que um tio classificou certa feita como, o sorriso enigmático de Monalisa.
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Ao longo de toda sua doença, minha mãe foi partindo dessa vida, culminando agora com sua partida física.
Mas está presente, como sempre esteve, na vida de todos nós, que tivemos o prazer e a honra de com ela termos convivido.
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Enquanto isso...

Um jovem esquizofrênico, com recente passagem policial vinculada ao tráfico, usuário de crack e ao que parece, sem fazer uso correto do medicamento recomendado por profissional da área médica, atacou e assassinou a golpes de faca uma menina inocente, de 5 anos de idade, que chegava para a aula na manhã de ontem, dia 30, em Betim.
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O fato trágico, deplorável, traz à memória outro, semelhante, acontecido no interior da Livraria Cultura em São Paulo, onde um rapaz foi golpeado com um taco de baseball, vindo a falecer em razão do golpe desferido também por um rapaz desequilibrado mental.
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A comoção que tais notícias geram, em especial, no caso de Betim, por se tratar de uma criança e por seu algoz ser um rapaz recém liberado da prisão, ainda em uso de tornozeleira eletrônica, justificam o tratamento de destaque dado pela mídia.
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Reconhecer a selvageria do ato e as circunstâncias que o cercam não deve, contudo, transformar o fato em um espetáculo, nem dar espaço para reações - naturais, a princípio - de cobrança, revolta, vingança.
Digo isso, porque não é a cadeia o lugar para pessoas portadoras de transtorno mental, o que não dá direito a que se lembre que "nossas leis não mantêm afastados do convívio social" aqueles que representam um problema potencial.
Identificado o transtorno, o correto seria o Estado ter condições de proporcionar o jovem recolhimento, do tipo de medida de segurança,  a um lugar adequado para tratamento, com acompanhamento especializado.
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Favorável que sempre fui, à luta antimanicomial, há que se debater de forma séria, e em foro apropriado, o tratamento a ser dispensado a tais pacientes, de maneira a resguardar a segurança e integridade das potenciais vítimas, que na maioria das vezes, nem conheciam ou mantinham relacionamento com os portadores dos transtornos.
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Fica meu respeito à menina, e meus sentimentos à família, e minha preocupação com o tratamento a ser dado ao jovem doente.
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Observação: o tema é delicado e merece tanto meu respeito que, apesar de tratá-lo, antecipo meus pedidos de desculpas se o tratei ou usei expressões ou externei opiniões, completamente leigas.


Mas em um país dominado por um ataque de loucura total

Volto para o tema da vez, Bolsonaro.
Para comentar o ridículo de sua viagem e seu comportamento, que nos envergonha a todos, exceto aos que creditam a um eterno mimimi o fato de um mínimo de compostura, respeito à dignidade do cargo, às tradições do país e nossa cultura, serem cobrados de nosso representante máximo no exterior.
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Amigo de miliciano ou não, participante de rachadinhas ou não, aproveitador de verbas públicas em proveito próprio ou empregador de funcionários fantasmas ou não, o mito para todos aqueles que mostram serem portadores de imenso recalque ou falta de intelecto, ou serem mal intencionados mesmo, Bolsonaro foi eleito para ser presidente do Brasil.
Presidente macunaímico, como nossa realidade. Que não precisa a cada instante ficar nos lembrando de como somos cidadãos inviáveis, de segunda categoria...
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Ao aparecer em redes sociais comendo uma espécie de macarrão instantâneo, o nosso miojo no Japão, comentando não se adaptar ao cardápio da recepção oficial, ou ao dar declarações de que estava em visita a um país capitalista, referindo-se à China, Bolsonaro joga no lixo toda nossa tradição de diplomacia e cortesia.
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A tais comportamentos, e na mesma linha, estão as inúmeras manifestações agressivas ao povo argentino, ou ao povo chileno, o primeiro por eleger alguém de oposição ao seu corte ideológico, o segundo por protestar legitimamente contra a usurpação de seus direitos.
Diga-se de passagem que a mesma usurpação de direitos que seu posto Ipiranga, o liberalzinho Paulo Guedes, tem como receita de bolo ou proposta para adotar em nossa economia.
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Não contente com tantas aberrações de comportamento, o presidente ainda, e mais uma vez, ofende as mulheres. Mas não é apenas misoginia. Ofende a trabalhadoras, jornalistas, obrigadas a cobrirem o show de insensatez que ele protagoniza, com comentários de que todas as mulheres, em especial as ali presentes a trabalho, assinale-se, estariam dispostas a fazer tudo para poderem estar a sós com um príncipe árabe.
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O mesmo príncipe com que ele diz ter tanta afinidade quanto com um irmão, apesar das suspeitas de que tal príncipe foi quem mandou executar o jornalista crítico ao governo árabe, em prédio de embaixada do país no exterior.
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Diga-me com quem tu andas...
Bolsonaro depois não gosta quando recaem sobre ele, suspeitas de suas ligações temerárias, para não dizer mais nada, com seus vizinhos milicianos, os queirozes da vida, e outras pessoas de mesmo tipo de comportamento suspeito.
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O que me dá uma saudade de quando o país era representado por um Lula, falastrão, tolo e ingênuo, talvez em alguns momentos até inebriado pela conquista pessoal e consagradora obtida, em especial, considerando sua origem.
Que saudade dá quando Lula era o cara. Sem precisar bajular e falar gracejos infelizes a respeito daqueles com quem tinha encontros agendados.
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Que saudade quando os irmãos de Lula eram do tipo de Vavá e não do tipo de um sheik sob suspeição.
Que saudade dá quando a quadrilha do Torto em Brasília, patrocinada por D. Marisa, era apenas a reunião de caipiras em festas de São João, não a quadrilha que infesta as cercanias da residência de Bolsonaro.
Não a gangue de filhos herdeiros de Bozó.
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Hoje, temos de ver o ex-futuro e fracassado indicado para embaixada nos EUA, postando retrato ao lado do filho do presidente argentino eleito, o nosso herdeiro com macho, com fuzil no colo.
Aliás, a fixação de Eduardo por fuzil e armas, pistolas, sempre em sua mão, são mais interessantes e, quem sabe, reveladoras de seus instintos, que o comportamento de seu irmão Carlucho.
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E a vergonha de estar se expondo ao lado de alguém que, independente de qualquer outra postura, é capaz de se assumir, como o filho de Fernadez.
Rapaz cuja resposta sábia e alto astral mostra que, de filhos e educação, temos muito a aprender com nossos hermanos e vizinhos.
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Isso tudo, depois de, da tribuna da Câmara, Eduardo ter feito um discurso de que, se as manifestações orquestradas pela esquerda internacional que hoje assolam o Chile, chegarem ao nosso país, tais movimentos serão repelidos como machos: à força de tropas militares.
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Para concluir a lista de comentários de desatinos, Bolsonaro já estando ciente há mais dias, até semanas de que houve quebra de sigilo por parte do governador do Rio, ao ser informado que fora citado no processo de investigação da morte de Marielle, preferiu se calar por que razão?
Afinal, se foi informado, como garantiu em seu discurso raivoso em rede social, não houve ali, já naquele instante a descoberta de que Witzel cometeu uma irregularidade?
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Ou Bolsonaro preferiu se calar para ter tempo para buscar, ou no limite, fosse outra pessoa, até forjar provas e documentos que pudessem lhe fornecer um álibi?
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Ora, o tal livro existe de fato ou não, com a letra do porteiro?
O que ganharia o porteiro ao citar, por engano, em mais de uma oportunidade, algo que em tese consta no livro?
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Porque Carlos conseguiu acesso à fita de áudio, que a Polícia parece não ter encontrado, ou visto, ou analisado?
Ok, em se tratando da Polícia do Rio, que não consegue encontrar e interrogar Queiroz. Aquele da fita de áudio com empregos e muita grana, junto à Câmara.
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Se foi enviado à Procuradoria Geral, porque, baseado em que documentação oficial, o Procurador mandou arquivar o processo com a citação do porteiro como improcedente?
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Vivemos, como diz o Ministro Marco Aurélio, tempos difíceis, malucos. Diria, tempos bicudos...
A Globo e parte da imprensa ameaçada, acovardada, os Tribunais como Juízos de Exceção, também acovardados.
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A PF, ao que parece agindo apenas sob ordens de Bolsonaro e seu moro predileto.
O Coaf sendo impedido de fazer seu papel, que cumpriu sem interferências em todo o período em que fomos governados por corruptos petistas, e agora, sob censura, a pedido do filho e interesses daquele que foi eleito para combater a corrupção...
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Nesse meio tempo, nossas praias têm mais óleo, piche, etc.
E na Esplanada em Brasília, nossos ministros têm mais ligações com laranjais, embora façam turismo em praias, uns; enquanto outros passeiam sua ignorância contra o Meio Ambiente, que deveriam preservar.
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Tempos de fato, dolorosos. De luto. De lutas




terça-feira, 15 de outubro de 2019

Homenagem aos professores, esses mestres da provocação em um país em que a Lei da Mordaça tenta voltar nas Escolas, sem partido

Terça feira, 15 de outubro, dia do professor.

Não poderia deixar de usar esse espaço para prestar minhas homenagens a todos os colegas que, dentro de sala de aula, nas bibliotecas, nos corredores, nos pátios, em qualquer espaço disponível nas escolas, colégios, faculdades, nos materiais e laboratórios da Educação à Distância, atendem à sugestão de Rubem Alves que atribui ao professor o papel de criar a alegria de pensar.
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Ser professor de espantos, mais que das matérias tradicionais em que o ensino se apresenta por motivações didáticas.
E atender àquilo que o Padre Geraldo Magela Teixeira, ex-reitor da PUC-MG e do Centro Universitário UNA, costumava afirmar, de forma a evitar que se perdesse o foco: nas escolas, até as paredes ensinam.
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É verdade. E, por ser verdade, importa destacar que se as coisas já estão todas à nossa volta, à nossa disposição, na Internet ou nas paredes das escolas, em todos os lugares, ou nos livros. o papel do educador é o de se tornar um provocador.
Não o dono das soluções acabadas e da palavra final. Mas aquele que provoca. Que aguça. Que estimula a curiosidade. Que questiona as verdades estabelecidas. E que ensina a pensar.
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Papel e comportamento bastante diferentes do que está sendo proposto hoje, em nosso país e em algumas de nossas instituições de ensino, para ser o padrão de comportamento do professor, e que atende pelo eufemístico nome de Escola sem partido.
Projeto que, aprovado em primeira votação na Câmara Municipal de Belo Horizonte, na data de ontem, procura, na verdade, servir como um tipo de censura. Feita justamente na intenção de não permitir que a apresentação de conteúdos de ensino deem espaço a questionamentos, contrapontos, debates, opiniões divergentes.
E eliminando aquilo que o senso comum e a sabedoria popular sempre destacaram, a ponto de transformar em um provérbio: Da discussão nasce a luz.
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O problema é que tal tipo de escola, capaz de levar a pensar, capaz de respeitar a divergência, capaz de entender a importância da provocação para aguçar o interesse do ser humano em aprender cria um cidadão mais consciente. Mais difícil de ser ludibriado. Mais difícil de ser manipulado.
E tal tipo de pessoa não se satisfaz com qualquer tipo de explicação simplista para os problemas e as dificuldades rotineiras da vida.
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Dessa forma, esse objetivo de criação do homem por inteiro, completo, íntegro, não combina com uma proposta de educação e transmissão do conhecimento que se pretende doutrinária. Dogmática.
Daí a proposição de que o professor em sala de aula seja apenas um conteudista, transmissor impassível e inerte de "verdades" que já existem e são apresentadas de forma muito mais divertida, muito mais agradável, muito mais fácil até, nas redes sociais, nos sites da internet.
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No fundo, a proposta de transformar o professor em um robô segue apenas a lógica de utilização dos programas de disparo automático de mensagens, de uso já bastante difundido, para entupir, entulhar, caixas de mensagem e correio eletrônico com material de interesse de grupos que buscam a dominação autoritária.
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Ao procurar limitar qualquer manifestação do professor, exceto a narrativa do conteúdo incluído nos livros, apostilas e outros materiais, impede que o conhecimento aproveite, para ser útil e se tornar uma ferramenta de desenvolvimento pessoal e social, a realidade de cada aluno. Impossibilita que cada aprendiz possa ter sua atenção despertada para a relação que existe entre aquilo que é o objeto de conhecimento e sua realidade. Dificulta que o aprendizado possa se tornar útil para sua vida e, como tal, venha a despertar-lhe a curiosidade e o desejo genuíno de aprender e questionar e aprofundar em sua busca de saber.
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A questão é que, para chegar a esse nível de estimulação, de vinculação do conteúdo com a realidade experimentada por aluno, a escola teria que ter espaço para discutir as realidades e os ambientes sociais completamente distintos. e as carências e necessidades e demandas totalmente estranhas de cada aluno individualmente. E de cada grupo social em que o aluno estivesse inserido.
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No fundo, isso seria despertar justo o tipo de discussão, de viés social, culturalmente marxista, que os defensores da Escola sem partido desejam evitar a qualquer custo. Por que isso significaria tocar o dedo na ferida. Identificar as raízes da desigualdade vergonhosa que deveria nos envergonhar e que  assombra a todo o mundo. Significa questionar as razões de tanta diferença de tratamento entre os mais privilegiados e os desfavorecidos, em um país pródigo em riquezas de toda espécie.
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Talvez manter toda essa questão debaixo do tapete seja o mais importante, em uma sociedade em que políticos que nunca fizeram absolutamente nada pela sociedade, além de discursos de ódio e desrespeito possam se passar por mitos.
Uma sociedade que abusa dos privilégios e que não quer perder nenhuma fatia de qualquer um deles.
Afinal, perder direitos significa cada vez mais desgarrar-se do pelotão que vai à frente, aproximando-se perigosamente do grupo que segue na traseira.
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Entende-se por isso, a luta de pais de um Colégio tradicional, de classe média alta, como o Loyola de Belo Horizonte, para impedir que qualquer material que leve a questionar seu mito e todo o status quo possa ser utilizado em sala de aula, ou como material para questão de prova.
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Pouco importa que as tradições do Colégio e da Companhia de Jesus que o mantém se proponham a formar o ser humano compassivo, humanista, democrático, solidário. Pouco importa que o texto se encaixasse à perfeição no conteúdo sendo tratado naquele instante, a saber, a estrutura e a forma de apresentação do texto de HUMOR.
Seria trágico, não fosse cômico, se já não houvesse em nossa literatura toda a discussão do temor que a possível existência de um livro sobre a Comédia,  de Aristóteles tivesse de fato existido.
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Embora, mais uma vez, o texto do blog acabe ficando longo, não resisti a citar trecho de artigo de Sérgio Medeiros, sobre a teoria do riso, do filósofo grego.
Porque, segundo o artigo, "para Aristóteles, segundo seus historiadores, o riso seria "próprio do homem", sinal de racionalidade humana, a necessária ligação do homem com os deuses através das ideias que elevam o espírito - (teoria da felicidade)..." (Teoria do Riso - o livro perdido de Aristóteles, por Sérgio Medeiros - da internet).
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Pois bem, para os críticos do filósofo, o riso rebaixava o homem, destruía a solenidade ou quebrava o dogma da fé e do respeito devido à.... divindade.
Razão porque Jesus não ria.
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O que temos então é um grupo de pais que não podem ver qualquer texto caricaturizando seu mito. Ainda e mais uma vez, dentro da concepção do fundamentalismo e do sagrado, que torna um texto de Duvivier profano.
Independente de tal texto servir para discutir questão de colocação pronomial e estrutura de textos de humor.
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Os pais e famílias do Loyola que se insurgiram contra o texto, e censuraram a sua utilização, tanto quanto a direção do Colégio que anulou a prova, submetido à vontade de tal grupo de pais apenas revelam que a censura está de volta. Velada. Mas íntegra.
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Mas, lembrando texto que li outro dia, de uma brasileira que mora na Suécia, a respeito de Greta Thunberg, visando demonstrar o que é uma sociedade mais igualitária, e as razões para tanto, quando comparada com uma sociedade em que cada um pensa apenas em seu próprio interesse, como a brasileira.
Dizia o texto que a professora pediu que os alunos fizessem experiência com um bambolê, para ver quantos poderiam caber no interior de um.
Ao final da experiência, as crianças perceberam que, se abraçadas, poderiam muitas delas caberem em um jogado no chão.
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Abraço de afeto, de solidariedade. De sensação de sermos todos um só.
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Diferente de nosso sinistro da Educação, que nem em Português tem dado demonstrações de saber se expressar, talvez por não ter estudo no Loyola.
Também ele favorável à Escola sem Partido, a nova forma de fazer valer a  Lei da Mordaça.
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Isso para não falar de Eduardo, o chapeiro de hamburguer, ex-futuro e, tomara, fracassado representante de nosso país no Trumpistão e seu evento ou Convenção de Direita no Brasil, realizado no último fim-de-semana, em São Paulo.
Onde teve a oportunidade de mais uma vez, mostrar total desprezo por democracia e respeito e dignidade, ao vestir a camiseta com ironias à sigla LGBT, traduzida para Liberdade, Guns de Armas, Bolsonaro e Trump.
Como as redes sociais perceberam, esqueceu-se do Q, de Queiroz.
Mas esse é assunto para outro pitaco.
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É isso.

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Hoje é dia de aniversário. São 9 anos de pitacos

7 de outubro. Completam-se, hoje, 9 anos deste blog, que eu gostaria fosse um espaço para registro de um pouco da história que vínhamos construindo, em conjunto com toda nossa sociedade, segundo minha ótica.
Criado com a proposta de permitir que comentássemos a situação econômica de nosso país, esse blog, desde seu primeiro pitaco, se propunha também a trazer alguma abordagem relativa à situação política, social, de artes, curiosidades, futebol, discursos, referências bibliográficas e até alguns poemas que costumo arriscar a deixar fluir.
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Se esse 7 de outubro é uma data festiva desse ponto de vista, é necessário comentar que tem ficado cada vez mais difícil fazer qualquer postagem.
Afinal, nossa economia, presa em  uma armadilha de falta de crescimento, apenas fica patinando.
As propostas de nossas autoridades econômicas, sempre privilegiando o corte de gastos, ao contrário do que a propaganda oficial difunde, serve apenas para aprofundar o corte de demanda, em nossa opinião, a principal variável para levar a uma melhoria das expectativas empresariais. Sem perspectiva de poder vender sua produção, o empresário não produz.
Corretamente do ponto de vista da racionalidade do capital, prefere utilizar seu capital monetário na aquisição de títulos e instrumentos financeiros, mais que na compra de insumos, matérias primas, força de trabalho.
Insumos, matérias primas, quando não se deterioram nos estoques, representam sempre um custo além de seu tradicional preço. Para sua manutenção, é necessário pagar seguros, há o custo de estocagem, de vigilância, etc.
Utilizá-los para produzir, sem a confiança em conseguir vender a produção, ou até pior, com o medo de vendê-la para depois não receber o valor da operação, não compensa a ninguém o risco que, nos mercados financeiros, embora semelhantes, trazem sempre a possibilidade de retorno maior.
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Sem utilizar seu capital no processo de produção, o empresário opta por desligar suas máquinas e não gerar emprego.
Assim, não admira que o número de desempregados se amplie, embora como o IBGE o demonstra, cresce o número de trabalhadores na informalidade.
Se positivo o fato de que o povo esteja começando a tentar "se virar" por conta própria, começando a empreender e sem ficar esperando a ajuda do Estado ou de alguma outra instituição de apoio, é importante também tratar do outro lado da história: afinal, o problema talvez não seja de empreender, mas de sobreviver, custe o que custar, seja no exercício de atividades degradantes, seja em atividades à margem da lei.
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No entanto, o governo só menciona políticas e medidas de cortes de gastos, o que deteriora a própria capacidade futura de geração de receitas tributárias. Como não escapa a ninguém, o corte de gastos da máquina pública prejudica, principalmente às classes sociais que mais dependem de funcionamento dos serviços públicos, seja na educação, seja na saúde.
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Assim, enquanto esperam a reforma da previdência, que atenta contra todos os direitos de trabalhadores em nosso país, e que transformou-se na reforma mãe de todas as reformas nos planos do governo, os trabalhadores perdem a qualidade de serviços e vêem agravar as condições de sua reprodução, até mesmo econômica.
O que talvez não seja um problema muito sério: afinal, a revolução tecnológica, da indústria 5.0 já vai dificultar a reprodução dessa mão de obra, em especial, quando desqualificada e sem educação básica, o que dirá da cientifica e tecnológica.
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Se no campo econômico a situação então rasteja, no campo político, temos um desgoverno cuja única preocupação é beneficiar os familiares, prejudicar e perseguir aqueles que têm opiniões divergentes, e apoiar medidas destinadas a ampliar o poder de matar por parte de todos os agentes do Estado, desde que fardados.
Difícil falar de política, quando o governo é de desconstrução, e o presidente, mesmo que suspeito de corrupção ainda é encarado como mito.
O que persiste, por força da manutenção de moro, esse ministro que mostra a cada dia mais, o tamanho de seu caráter, agora invisível até sob as lentes de microscópios eletrônicos de última geração.
Agindo sem respeito às leis, que deveria fazer cumprir, moro é o retrato acabado de um governo de farsantes.
Que continuam enganando parte importante da população por força de seu discurso sempre conservador e falso.
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Bolsonaro, Guedes, Ônyx, agora Marcelo Álvaro Antônio, são todos suspeitos de crimes, são todos investigados, assim como o Queiroz e Flávio, o filho, e os amigos e companheiros da família do presidente, os milicianos, os matadores de aluguel.
Mas as falas e discursos do presidente, completamente descabidas, falaciosas e tolas, além de chulas, prestam-se a criar uma cortina de fumaça, que a tudo esconde.
E permite que a Polícia Federal de seu moro, fique apenas na penumbra.
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De futebol, está difícil falar, dado que o Galo está quase chegando ao nível do Cruzeiro.
Não fosse o América, o futebol mineiro poderia estar em completo ostracismo.
Embora os dirigentes, como os do nosso rival, continuem agindo para não deixar o nome do Clube sair das páginas de jornal. Ao menos as policiais.
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Ou seja, o país mudou nesses últimos 9 anos.
E está trazendo desânimo ver a direção da mudança, o que se reflete no menor número de pitacos que temos postado.
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Mas estamos aí.
E como tomamos a decisão de não desistir, vamos tentar seguir em frente.
Quem sabe, assim procedendo, não contribuamos para que a racionalidade volte a prevalecer em nosso país, e não possamos voltar a ter uma sociedade com mais positivas fatos a serem comentados.
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É isso.
Que venham outros 9 anos.

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

A solução contra a tentativa de destruição do Estado de Direito é pegar em armas com cada um lutando com as armas que possui. Não é possível aceitar passivamente que nosso "Custer" nos conduza para o abismo

Em meio às repercussões e perplexidades provocadas pelo discurso proferido por Bolsonaro na abertura da Assembleia-Geral da ONU, objeto de destaque em todos os meios de comunicação do país e do mundo, a coluna de Hélio Schwartsman, publicada na Folha de São Paulo de ontem, optou por tratar de tema, em minha opinião, menos constrangedor, mas nem por isso menos importante.
***
Antes, é necessário deixar claro minha compreensão com a preocupação do colunista:  talvez a coluna já estivesse pronta antes do discurso. Talvez a opção tenha sido propositadamente a de esperar algum tempo, suficiente para que, distante do calor do momento em que foram proferidas,  as palavras e a mensagem de Bolsonaro pudessem ser filtradas e analisadas, levando em conta a forma como foram recebidas e interpretadas.
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Ainda assim, devo dizer que concordo com a opção de Schwartsman em focar a decisão da "sinistra" Damares, de solicitar a abertura de processo das autoras de reportagem sobre o aborto, publicadas na revista AzMina, sob o argumento de apologia à prática de um crime.
Inclusive sou capaz de afirmar que acredito tratar-se de uma questão mais importante que a do discurso feito na ONU.
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Primeiro, pelo comportamento de alguém que ocupa cargo de expressão no governo federal, mesmo sem merecê-lo, liderar mais uma vez, um ataque à Constituição Federal, especialmente no que diz respeito à agressão ao direito de liberdade de expressão, à liberdade à imprensa e, por fim, ao próprio estado democrático de direito.
Segundo porque, como já divulgado, a matéria sobre o tema que tanto causa temor à sinistra, e que, a princípio só deveria dizer respeito à mulher e ao inalienável direito sobre o que fazer com seu próprio corpo, apenas reproduz material de ampla divulgação internacional, elaborado pela Organização Mundial da Saúde, com recomendações relativas à questão de saúde públicas vinculadas ao aborto seguro.
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Corretamente Schwartsman aborda a questão como sendo, no fundo, a da criação de um novo crime, não previsto anteriormente em lei: o crime de tradução de documentos internacionais. Por mais corretos e científicos que sejam os argumentos apresentados.
Ou seja: no fundo, trata-se tão somente da prática de censura. Mais uma. Ou mera intimidação covarde, com vistas a gerar um clima de pânico e insegurança, capaz de levar a sociedade à adoção de procedimentos de auto-censura - a pior forma de prática deste crime contra a liberdade.
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Embora já suficientemente percebido e comentado, vale a pena deixar o meu registro quanto a como é curioso que um governo que apresenta-se como tão liberal, do ponto de vista de questões econômicas pode, concomitantemente, ser tão invasivo, tão controlador, tão impositivamente conservador em questões ligadas a comportamentos e aos costumes sociais.
O que nos leva a refletir que a linha central desse (des)governo não seja, de fato, uma filosofia liberal, individualista, senão seu inverso.
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O governo do ex-capitão se bate e se guia pela lógica da ordem unida da qual ninguém pode se afastar. Conservadora. Tosca. Terraplanista. Anticientífica. Obtusa.
Pior: fascista. Antinatural e contrária ao Homem e seu desenvolvimento e evolução.
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Dentro de tal norma de comportamento, como parte integrante de tal princípio de governo, a Economia e seu ministério passa a impressão de que é muito menos liberal do ponto de vista da lógica do funcionamento, ainda que questionável, dos mercados.
Cheira muito mais à adoção de medidas intencionalmente destinadas a ampliarem o fosso entre o povo, a população e seus valores pessoais, individuais e interesses, muito vezes classificados como muito permissivos, lascivos, repulsivos, e uma classe de pessoas de elite.
Uma elite branca, rica, parasitária, e cujo comportamento se guia por uma falsa moral, um discurso aético que se traduz em fazer o contrário do que prega para os demais.
Onde a liberdade só existe para os integrantes dessa raça superior, de iguais nos abusos que prática, no ódio que destila e na exploração que patrocinam.
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Schwartsman conclui sua coluna com a observação de que se esse desgoverno que está instalado no país além de desprezar informações científicas para a elaboração de políticas públicas passar a censurá-las, caberá apenas que nós, a parte da sociedade que deseja viver em regimes democráticos, "pegar em armas contra o obscurantismo deste governo."
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O articulista não menciona em sua coluna, mas enquanto a sinistra se preocupava em acionar sua equipe para ocupar inutilmente o Ministério Público com solicitações com tal conteúdo de mesquinharia e autoritarismo, a menina AGATHA, de apenas 8 anos de idade era fuzilada no Rio.
Por uma Polícia que em nada honra as tradições de outras épocas, em que seu comandante chefe não ficava pulando e dando socos no ar, para comemorar a morte de um bandido, na verdade um pobre coitado desajustado, portador de problemas mentais, levado ao ato insano por pressões do ambiente que o cerca.
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No caso da menina, o governador em solenidade na mesma data, dizia que a população de seu estado não concordava mais em conviver com aqueles personagens que levavam insegurança, e atiravam aleatoriamente, atentando contra a vida de cada um de nós.
Esses, tinham que ser tratados, segundo a linha de pensamento do governador, em conformidade com a lei do abate.
Mereciam ser mortos antes de colocarem em risco a vida de quem quer que fosse.
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Para cumprir fielmente as ordens do governador do Rio, ele deveria ser o primeiro a levar o tiro disparado pela parte de sua polícia formada por sádicos e monstros.
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Entretanto, tanto o comportamento desse capacho que é o ex-juiz Witzel, governador do Rio, quanto o de Damares, ou de Paulo Guedes, ou dos ministros menos cotados do Meio Ambiente ou da Educação, apenas reforçam a lógica que o governo Bolsonaro persegue e deseja implantar, como mostrado em seu discurso na ONU.
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Como se percebe, a lista de ministros acima não contém o nome de Sérgio Moro, o ex-juiz cujo comportamento cada vez mais se comprova apartado da lei e, desse ponto de vista mais amplo, criminoso.
Moro pode ser herói, como mencionado por Bolsonaro, para que tem o capitão como mito. Hoje em dia, a julgar por recente pesquisa IBOPE, quase ninguém. Ou muito pouca gente.
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Mas o ex-juiz, patrocinador da licença para matar por parte da Polícia, travestida da proposta de excludente de ilicitude para mortes provocada por policiais em ambiente e circunstâncias sob efeito de forte emoção ou temor não merece nem entrar na lista de puxa-sacos, lambe-botas de seu patrão, reproduzindo o comportamento de seu mito em relação a Trump.
E não merece porque não consegue manter nem mesmo a dignidade pessoal que se exige minimamente de qualquer pessoa vítima da fritura a que o presidente o submeteu publicamente.
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Mais uma vez vale a pena lembrar que moro, essa figura que se prestou tanto a se deixar diminuir que as minúsculas se agigantam para tratar dele, também era o autor da ideia de se aceitar e considerar provas obtidas mesmo que por meios ilícitos.
Que agora ele rechaça.
Prova de que o feitiço volta, sim, contra o feiticeiro.
***
Já Guedes, o suspeito de comportamentos ilícitos no trato com fundos de investimentos, ou de proximidade espúria com interesses vinculados à educação privada e as instituições privadas que comercializam diplomas, esse mantém ao menos o nariz empinado.
Talvez por saber que se concordar em baixar a cabeça como o fez moro, poderá sentir náuseas do cheiro que subir do local onde estava postado.
***
Chegamos então ao discurso de Bolsonaro na ONU.
Discurso que parece redigido pelo guru dessa lástima de governante - infelizmente eleito, democraticamente, ressalve-se, que é Olavo Carvalho.
O pensador que pensa, em nada de útil, senão que seja a reencarnação de Deus.
***
Não vou abordar a quantidade de fakenews, de dados falsos ou meias verdades ditas por Bolsonaro.
Nem tampouco o tom patriótico de sua mensagem.
Afinal, como já foi dito pelo inglês Samuel Johnson, o patriotismo é o último refúgio do canalha.
Claro, a frase aceita plural: canalhas.
O que Bolsonaro fez foi criar uma atmosfera belicosa, rancorosa, quase paranoica, de alguém que reage com agressividade a injusta agressão. Agressão inexistente, fantasiosa.
Feita de encomenda para que a questão da soberania possa ser levantada como bandeira e um patriotismo tosco possa ser insuflado no povo que, mesmo sendo o grupo de pessoas que mais tem a perder com as medidas desse governo, é quem mais facilmente pode servir de massa de manobra.
Sem contar que, de longe é o maior contingente de pessoas da sociedade.
***
Povo que pode perfeitamente servir de Exército Urbano de Reserva, já que há muito não tem mais emprego para ser denominado de Exército Industrial.
***
O discurso de Bolsonaro foi isso. Coerente com a falta de qualquer ação política destinada a melhorar a forma de convívio social. Coerente com tudo que o presidente já falou, em campanha, ou depois de eleito. Ele que não tem qualquer conteúdo para expressar que faça ou tenha significado.
Daí trazer de volta a questão da guerra fria.
Ele que mostra claramente completa falta de sintonia com os tempos modernos.
***
Por isso ele reabilita a figura mitômana e midiática do General Custer.
E agride os índios, mentindo sobre o número de agressões, invasões e mortes de que os nativos são vítimas.
O que serve também para transmitir o recado de que ações desse tipo, contra as tribos ainda existentes, serão toleradas. E não serão objeto de mensuração, não farão parte de estatísticas, nem mereceram qualquer punição.
***
O Custer brasileiro quer matar os índios não por ataques traiçoeiros, aproveitando a saída dos guerreiros machos do acampamento, em busca de caça.
Nosso Custer quer instilar nos povos indígenas a ideia da cobiça, do consumo, da riqueza, para que eles possam aceitar se submeterem à exploração predatória das riquezas contidas no território que lhes foi assegurado pela Constituição.
Reconhecimento ao direito dos donos primitivos.
***
Mais uma vez, a pílula é dourada mas nem de ouro, nem doce.
Aceita pela sociedade a proposta de exploração pelos índios dos recursos naturais de suas terras,  e convencidos os povos nativos que tal atividade econômica lhes permitirá obter a fonte de poder e riquezas que lhes permitirão ter uma vida de conforto e maior prazer material, os índios irão amargar um processo de aculturação sem precedentes.
A consequência a prazo não muito longo será seu desaparecimento como povo, como cultura, o desaparecimento de suas tradições sob a ação livre de mercado dominada pela especulação em torno das terras que, mais cedo do que pensam, estará na mão dos grandes grupos de interesses econômicos.
***
A sociedade não pode permitir que nossos índios desapareçam, sob pena de sacrificar sua própria história.
E sob pena de amanhã a vítima ser os trabalhadores urbanos, a pequena burguesia que compõe a classe média e até mesmo profissionais liberais, de classes mais elevadas de poder aquisitivo.
***
Por esse motivo o discurso de ódio às manifestações, classificadas equivocadamente como colonialistas, em defesa de nossa floresta.
Ora, é sabido que, quando for a hora e se for o caso, se a sobrevivência dos Estados Unidos ou outros povos aliados e ricos estiver ameaçada pela questão do aquecimento global e pela destruição de nosso grande ecosistema capaz de por em risco a preservação da própria água doce no planeta, não haverá aliados ou amigos que impeçam de a Amazônia ser invadida e dominada à força.
Exemplos disso já foram dados na invasão do Iraque em função de armas químicas nunca encontradas, mas de um petróleo que continua jorrando na região.
***
Mas, além da questão indígena que atormenta nosso Custer, ou da questão do desmatamento para gerar a expansão das atividades do capital de exploração predatória predominantemente de cunho primário, com destaque para as atividades do agronegócio e da pecuária, resta a postura de guardião dos valores da moral e dos costumes.
Postura de defensor da liberdade religiosa, da crença cristã, mero eufemismo para ganhar pontos com as igrejas evangélicas que o apoiam e que têm entre parte de seus rebanhos, grupos prontos a não aceitarem o convívio com outros tipos de credos e crenças.
***
O trecho que prega contra a perseguição religiosa, então, não pode ser levada em consideração, exceto como um grito falso, suspenso no ar, contra ataques terroristas, de fundamentalistas que, felizmente, ainda não têm ocorrido em nosso país.
Não por culpa de nossa segurança ou de nossa cultura democrática de aceitação e respeito à tudo que vai contra o que pensamos e acreditamos, como o comprova Damares.
***o
Se não existe terrorismo no nosso país, o que é uma falácia, é porque o terrorismo aqui é patrocinado pelo próprio Estado, que estabelece o monopólio do terror, como o comprova Witzel e as propostas de moro.
***
Daí a solução é mesmo aquela proposta por Schwartzman: a de pegar em armas.
Concretamente, sem perceber a existência de condições objetivas para se deflagrar um movimento nas ruas e praças e comunidades do nosso país, que leve a manifestações populares de maior expressão e peso, interpretando o pegar em armas, da forma de cada um cidadão consciente lutar com as armas que possui, contra o autoritarismo e alguns borrões de fascismo que podem ser percebidos em nossa sociedade.
Por uma minoria esclarecida, fazendo uso de uma maioria manipulável.
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Que possamos em nossa luta diária pela sobrevivência, encontrarmos e criarmos sempre oportunidades para lutar pelos ideais de liberdade e respeito.
Eu continuarei a luta. Em sala de aula, com minha arma de ideias e palavras.
É isso.