A caneta risca
o papel limpo
imaculado
sem o pecado
de meu atrevimento
louco poeta.
Já não falo de morte
não descrevo a vida
descrente
perdida
poluída
Perdi a temática
a sistemática
a linha lógica
o falar real
a exatidão
a expressão
coerente.
Não escrevo da fome
não me revolta
a injustiça
a lei postiça
que se retira
quando é entrave
Perdi o socialismo
o romantismo
idealismo tolo
Só lanço em desespero
um grito egoísta
tentando me achar
A caneta risca
fere o papel a fundo
e não me deixa escrever
perdido
em meu próprio mundo.
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