Sobre tuas cordilheiras
deito meu rio de lavas
e faço-me escorrer para o interior
de suas entranhas
cabo que se projeta no horizonte,
istmo que adentra e fere
por trás dos arrecifes de corais
o contorno suave de sua baía
porto seguro travestido em abrigo
em meio à tempestade,
onde lanço âncora
e cravo a estaca de minha posse
em solo fértil, terra virgem
Pronta ao cultivo da semente
do fruto da insensatez
Trazida na esteira do vento
Ao sol do cair da tarde
Adormeço meu cansaço
Sobre a vegetação espessa
Que recobre os montes
E protege a boca escancarada
Pórtico misterioso
De onde se desvelam as maravilhas e segredos
Da gruta úmida, aquecida.
O anunciar da aurora
faz-me erguer na penumbra o mastro errante
e olhos postos no infinito
alcanço o vulto de dois grandes picos
que se salientam sobre terra firme
À distância de um olhar lascivo
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