quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A imprensa é que mata o Carnaval de BH?

É impressionante, para dizer o mínimo. Embora muitos foliões, entrevistados por alguns de nossos maiores jornais, insistam em apontar a melhora do carnaval de Belo Horizonte; embora aqueles que tivessem se deslocado até o Boulevard próximo do Conjunto Arquitetônico da Praça da Estação - e o foram aos milhares, elogiassem a qualidade de blocos caricatos (domingo) e de escolas de samba (segunda); embora mais de 8 mil pessoas tenham ido assistir no domingo ao desfile, e um número bem superios a esse tenha ido na segunda feira, qual foi mesmo o espaço dedicado ao carnaval apresentado pela grande imprensa?
Algumas linhas? Uma notinha no site, abordando os desfiles, e não todos, mas o desfile apresentado no máximo por dois ou três blocos? E, para concluir a notícia, a programação dos eventos ou desfiles do dia seguinte?
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De todos os sites que procurei, incluindo O Tempo, O Super notícias, do mesmo grupo d'O Tempo, o Hoje em Dia, e o grande (?) jornal dos mineiros (???), o Estado de Minas,  o único que abordou o desfile dos blocos caricatos foi o Hoje em Dia. Ainda assim, para falar do desfile de garra do bloco de Vila Estrela, tentando credenciar-se para desfilar no grupo de blocos principais.
Diga-se de passagem, que o bloco de Vila Estrela brilhou, em meio à simplicidade e garra. E da maquete estilizada da paisagem da vila.
Pois se ao menos noticiou, o Hoje em Dia cometeu o equívoco de localizar o bloco de Vila Estrela na Serra....
Depois o Hoje falou do bloco da Concórdia, também em avaliação, se não me engano e falou, ligeiramente, dos blocos seguintes, Por Acaso, e Aflitos do Anchieta, se não me falha a memória.
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O Tempo, nada. Exceto uma nota sobre os desfiles das escolas de samba na segunda. Idem, o Super.
O Estado de Minas, estava mais preocupado em falar de Teló em Abaeté, ou de Nova Lima; ou do carnaval de Ouro Preto, de Diamantina.
E, curioso: o desfile dos blocos caricatos teve mais uns quatro blocos, e só terminou depois de 2 e meia da manhã, quando desfilaram os Infiltrados.
Mas, seja porque precisam fechar a edição do dia seguinte, seja pior ainda por puro desinteresse, os jornais consultados noticiaram apenas os 2 ou 3 primeiros blocos, e nada mais disseram dos outros. Nem naquela edição, nem na do dia seguinte, como presume-se deveria ser transmitida uma informação.
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Saindo dos jornais, na televisão, o tratamento não foi diferente. Na Globo, o MG TV mostrou os preparativos para o início dos desfiles, transmitindo imagens ainda da montagem final dos caminhões. Além disso, apenas o desfile de um bloco, o de Vila Estrela. E só.
Mais imagens tratavam do carnaval de Nova Lima, de Ouro Preto (para onde parece ter até deslocado uma equipe de reportagem) e de Macacos, onde nem carnaval havia.
A Band optou por mostrar o carnaval de cavalhada, e a disputa entre mouros e cristãos, tradicional na cidade de Bonfim.
Outros, nada. Nem mesmo a TV Minas.
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As rádios, confesso não ter ouvido. As notícias e o barulho das transmissões do Rio e São Paulo nas grandes redes se superpunham e abafavam as vozes dos comentaristas e carnavalescos de nossa capital.
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Como todo ano, também hoje, dia da apuração dos desfiles de escolas de samba cariocas, a midia televisiva irá optar por transmitir do Sambódromo. Como transmitiram ontem a baixaria protagonizada pelas torcidas das escolas paulistas.
Aliás, a mesma baixaria que parece ter sido a sequência do ocorrido no ano anterior, quando a mesma torcida da Gaviões da Fiel saiu pela marginal promovendo agressões e ameaças.
E baixarias.
Desta feita, foi a Camisa Verde e Branca. Não por acaso as cores do Palmeiras, embora rival da Mancha Verde.
Para hoje, no Rio, espera-se um comportamento um pouco mais ... contido.
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Quanto à apuração em BH, vai ser difícil até ver alguma linha noticiando os vencedores da disputa. Quem sabe alguma inserção em alguma rádio. E só.
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Dito tudo isso, pode-se perguntar: porque tanta referência aos desfiles de blocos caricatos, e tão pouca cobrança em relação ao tratamento dispensado às escolas de samba?
Para mim, por um motivo simples. O que tem o carnaval de BH de característico são os blocos caricatos, os desfiles de blocos fantasiados que ocupavam e divertiam a Afonso Pena, inclusive com carros fantasiados; e o carnaval dos clubes.
Ora, se é verdade que sempre tivemos escolas importantes, como a Cidade Jardim, a Unidos Guarani e a Canto da Alvorada, o que merece ser avaliado é que, em termos de Escolas de Samba, vai ser sempre muito difícil que nosso carnaval se iguale à tradição apresentada pelas Escolas do Rio ou pelo poder da grana, que conseguiu colocar o carnaval de São Paulo no noticiário.
Sem a tradição ou a grana, será que valeria a pena apostar em nossas Escolas?
Isso sem contar que o carnaval de Escolas de Samba, seja no Rio ou em São Paulo acabou por se transformar de uma festa popular, para o povo participar, em um show - CARO - para turista ver. Razão porque ninguém aguenta mais a mesmice que domina o desfile das escolas. E que justifica o fato de que a Record, com seus programas religiosos e até seu Rei David, conseguiu superar a audiência da Band e SBT e suas transmissões do carnaval baiano e pernambucano. E até mesmo, no caso da série do Rei, o início do desfile carioca pela Globo.
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Também não é surpresa que o carnaval esteja passando por uma mudança, mesmo no Rio, com o surgimento de um sem número de blocos onde predominam as marchinhas, as brincadeiras e o desfile de alegria e fantasias do povo. Ou do povão.
Por isso acho que o carnaval de BH teria que dar maior atenção com a formação dos blocos e a qualidade do desfile desse tipo de agremiação que é nossa tradição. Desde os tempos em que cada bairro de BH tinha o seu bloco, quando não tinha mais de um.
Apenas para recordar: Bocas Brancas da Floresta, Imigrantes da Abissínia, os Ritmistas do Centro, os Cacarecos, os Aflitos, os Invasores, o bloco de que tenho orgulho de participar, os Bacharéis do Samba, e tantos outros...
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Fora os blocos, e até para manter a tradição, as escolas, mesmo com menos pompa e circunstância que as congêneres de Rio e São Paulo, deveríamos nos esforçar para patrocinar nas esquinas de cada um de nossos bairros, os carnavais infantis, protegidos por cordões isolantes e pela polícia, com bandinhas tocando as músicas que fazem o carnaval, para as crianças se divertirem junto a seus pais. Seria uma forma de permitir que participassem do carnaval pra pular, ou popular, aqueles que não têm condições de pertencerem a qualquer clube.
E retomar a tradição antiga do Corso, com os carros fantasiados, e grupos de jovens fantasiados, fazendo brincadeiras e, como qualquer bloco (Banda Mole, Trema na Linguiça, ou Santo Bando, ou outros) poder passar e se divertir nas ruas centrais ou nas quadras centrais da capital.
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Quem sabe, assim, o nosso carnaval não iria resistir à insensibilidade e incapacidade de nossa imprensa, muito apta a bajular Rio e São Paulo e muito pouco disposta a fazer nosso carnaval surgir das cinzas, que sempre sopraram em nossa direção?

Um comentário:

Anônimo disse...

Assino em baixo. (parabéns pelo comentário)

Acredito que deve existir um acordo entre à imprensa em geral boicotando o nosso carnaval, pois, realmente não da pra entender essa falta de consideração. O pior, (não sei se esse é o termo correto) é que vou continuar insistindo e acreditando no nosso carnaval.

Abs.

Fernando - Reco