segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A maior emoção do jogo de ontem: Fica Ronaldinho

Reconheço que há coisas que por mais emocionantes que sejam não são capazes de assegurarem a manutenção de nossa conta corrente no azul. Tampouco permitem que a vida seja uma sucessão de festas, recheadas das melhores bebidas e das melhores companhias que o dinheiro é capaz de proporcionar. Ou adquirir.
Mas que o "Fica Ronaldinho" gritado por mais de 15 mil vozes, no início, durante parte do jogo, e por mais de 2 ou 3 minutos ao final do jogo ontem no Independência comove, e deve emocionar mesmo as pedras ou as cadeiras plantadas no cimento frio do estádio, isso não há dúvidas.
Como inegavelmente deve mexer com Ronaldinho, mesmo que após o banho,  já de cabeça fresca e ainda nos vestiários, os cifrões devam voltar a ocupar muito mais espaço e atenção no coração e cérebro do atleta, até por que mais compatível com o próprio ambiente esportivo.
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Do jogo em si, talvez valha mais comentar da presença e da companhia do Pieroni e toda sua imensa capacidade, como bom italiano, de fazer barulho e falar alto, e sofrer de forma apaixonada. Sempre um número extra.
Porque de futebol...Antes do jogo começar, acompanhando a entrada do time do xará goianiense, alguns torcedores ensaiaram o coro que os lembrava da desclassificação e da queda para a segunda divisão, em 2013.
Confesso que, nesse momento, não tive um bom pressentimento, chegando a comentar que não se deve chutar cachorro morto. Afinal, esse time, já desclassificado havia acabado de surpreender o Santos, ostentando ainda a façanha de ter sido um dos poucos times a baterem o campeão Fluminense. Feito difícil de ser obtido, e que iguala o lanterna, ao próprio Galo e ao time 'das Marias'.
Então, o Atlético Goianiense, que já tinha aprontado no jogo do primeiro turno em Goiás arrancando um  empate e um ponto precioso do Galo, e que vinha para jogar como franco atirador não devia ser tratado como um adversário já batido, mesmo que seus jogadores tivessem entrado em campo, como o fizeram de cabeça baixa, entre tímidos e envergonhados.
E não deu outra. Com menos de 5 minutos, já havia descido pela direita com perigo, e aproveitando de falhas de Réver que viu e cantou a jogada, mas que não correu com o adversário, e de Víctor, que devia ter socado a bola ao invés do tapinha que deu, acabou marcando o seu primeiro gol, e jogando uma ducha de água fria em todos os que esperavam uma vitória fácil do Galo.
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Nesse momento é preciso parar um instante para comentar que, no início do jogo, para surpresa de quantos estavam no estádio, Guilherme estava correndo e, parece, mais ligado no jogo. Mas, foi por pouco tempo. Não mais talvez que 20 minutos, quando a torcida o elegeu como um dos culpados do segundo gol, que o time goianiense já havia assinalado.
A partir daí, as vaias da torcida o fizeram voltar a ser o "velho" Guilherme de sempre, frio, apático, desligado do jogo e, como disse um vizinho na torcida, cruzeirense.
Talvez sentindo as vaias, o 10 do Galo desapareceu em campo e nas poucas jogadas de que participou,  pode-se dizer apenas que tudo que tentou, deu errado.
Também é preciso comentar que Cuca continua com o mesmo esquema de jogo. Ronaldinho lança pelo alto para Jô fazer o pivô e não aparecer ninguém a seu lado, desperdiçando a bola. Ou pior, a bola rodando de pé em pé, de Marcos Rocha (talvez o mais lúcido, embora não em 100% dos lances de que participa) para Donizete, que passa para Leonardo Silva, que toca para Marcos Rocha, que tentava Guilherme ou Ronaldinho, e quando nos assustávamos a bola estava sendo atrasada para Pierre ou Donizete e daí até chegar .... à defesa do Galo. Onde Victor ou Réver, ou o próprio Léo Silva davam um chutão, fazendo a ligação direta e inútil com o ataque.
Bernard, pouco lançado, nas poucas vezes que foi acionado, passou pelo marcador e levou perigo, cruzando a bola para o meio da área. Mas, foi só. Não vi um chute da entrada da área, não vi uma jogada de troca de passes veloz entre os jogadores.
Aliás, MINTO. Vi sim. Vimos Pieroni, eu e todos os nossos amigos que acompanham o jogo a nosso lado, numa corrente positiva. O xará fez exatamente isso, e levou perigo em algumas ocasiões, embora não arrematasse as jogadas.
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No esquema de Cuca, Marcos Rocha é mais ala que marcador, o que é correto, para aproveitar a sua característica de passar bem, ter boa visão de jogo, correr bastante. Mas, se no início do campeonato, Danilinho tinha pulmão para voltar e ajudar a cobertura, e Pierre ficava quase plantado na posição de lateral direito, agora compete a Pierre fazer a cobertura, e Léo Silva é que tem de sair da área para tentar interceptar a jogada adversária, o que deixa buracos no meio da área e a defesa meio manca. Ou completamente manca.
E é por ali que nascem gols como o segundo do time rubro negro de Goiás, em que o jogador desceu em velocidade, Marcos Rocha não estava guardando o local - reconheça-se que é difícil para ele subir e voltar todo o tempo, já que ninguém tem pique para isso, ainda mais que às vezes, ele nem na direita se encontra, já que tenta entrar pelo meio para surpreender a defesa contrária. Mas, sobrou para Guilherme a cobertura que ele não dá conta de fazer e ele não acompanhou o jogador contrário, que avançou livre.
Falha de Marcos Rocha ou de Cuca e o esquema, e de Guilherme ou de Cuca e a insistência em colocar Guilherme.
Logo em seguida, para se redimir da falha, Réver subiu para a área com a garra que lhe é característica e marcou um bonito gol para o Galo.
E daí para a frente foi ver o Galo martelando jogadas aéreas, e nada.
Ou ao contrário: 5 bolas na trave. O que significa que além de tudo falta ao time pontaria. Ou então que o time tem pontaria em excesso. Afinal, com tanta distância entre as traves, para marcar a distância do gol. Tanto espaço de linha de fundo, de cada lado, acertar os poucos centímetros do poste é coisa difícil de entender.
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Quanto ao segundo tempo, apenas uma observação e uma frase já dita. O time goiano tramava melhor as jogadas, embora não levando real perigo ao gol do Galo. E a entrada de Berola só veio mostrar aquilo que todos sabem de longo tempo. Ele é um jogador esforçado. E só. Além de um tremendo cai-cai que prejudica os nossos ataques toda vez que a bola lhe é lançada e que, parece que sem preparo físico adequado para correr, ele se projeta, tentando cavar alguma falta.
Mas, pegar no pé dele, xingando-o em coro como fez a torcida é exagero. A culpa não é dele, pelo fato de ter menos futebol que alguns acreditavam que ele tivesse, inclusive Cuca. Berola não é culpado de ser escalado e de ser um cara que dá sorte, às vezes e corre muito, inutilmente, a maioria delas.
Bem, não fosse o gol salvador de Ronaldinho ao final, teríamos amargado um resultado ruim e que nos afastaria da possibilidade de sermos vice-campeões.
Mas cada vez mais vai ficando evidente que: mesmo ajudado pelos juízes (ontem, já sem necessidade de ajuda, até os penaltis de Gum voltaram a ser marcados), ou pela CBF, ou pela sorte, o Fluminense foi campeão por sua competência. E nós perdemos de nossa incompetência e nossas falhas.
O que sinaliza que ainda há muito o que fazer para 2013. Se é que o Galo almeja mesmo conquistas no ano que vem aí.

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