Inspirado nos romances policiais lidos ao longo de minha vida, alguns dos quais desenvolvidos a partir de fatos reais, devidamente distorcidos, resolvi criar hoje uma pequena história a respeito do momentoso julgamento do ex-goleiro Bruno Fernandes, acusado pela morte de Eliza Samúdio. Claro está que, para uma publicação, os nomes deverão ser alterados para outros fictícios.
Mas, só a título de se tentar um esboço, digamos que o argumento de minha novela seja mais ou menos o seguinte: em uma festa, Breno é apresentado, se encanta e tem um romance com a modelo Elena. Esperta, a modelo engravida do atleta famoso. A essa altura, casado e já de olho em outras duas ou três modelinhos, Breno recusa-se a aceitar e reconhecer o filho. Ameaça, propõe um aborto, faz pressão...
Elena não admite jogar pela janela o bilhete que lhe assegura um prêmio para o resto da vida.
Em meio a essa confusão, Eliza descobre as relações entre Bruno e seu amigo e fiel escudeiro Luis com o tráfico de drogas. Sem se dar conta da trama que envolve e se desenrola entre Breno (o financiador), Lucas (o gerente) e outros personagens da equipe de acompanhantes do atleta, Eliza resolve usar da chantagem como forma de pressionar o pai de seu filho a conceder-lhe, além de uma pensão, algumas regalias, como uma casa própria, longe do programa Minha Casa, Minha Vida.
Por não se incluir no programa, não vai ganhar nem a casa, e nem a vida.
A ameaça de denunciar todo o esquema à Polícia, mais que fazer o grupo de amigos diminuir a pressão, leva a gangue a perceber que Elena era um arquivo por demais indesejável e que deveria ser queimado.
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Cumpre-se o plano arquitetado de eliminar a modelo. Mas, ela havia deixado gravadas declarações que comprometiam o atleta. Embora relacionadas ao problema da paternidade não reconhecida, o sumiço da moça acabou colocando o atleta sob no centro das atenções.
Agindo rápido, a partir de denúncias anônimas de um possível crime, a polícia descobre que Elena fora sequestrada, com o filho recém nascido. E, embora a moça não voltasse mais a aparecer, nem mesmo sua ossatura ou restos, a criança foi descoberta na casa de pessoas completamente estranhas, exceto pelo fato de serem pessoas das relações da ex-esposa do atleta.
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Feita toda a investigação, descobertas vários indícios de que havia sido cometido um crime, exceto o surgimento do corpo, o atleta é preso, junto com seu amigo Lucas e tem início um sem número de trapalhadas. A começar do advogado constituído para a defesa do jogador que, flagrado, admitiu ser usuário de crack. (Evito o trocadilho, pela seriedade do problema do vício).
Destituído sob o argumento de que estava querendo depenar o patrimônio do atleta, o advogado sai de cena, para frequentar um programa de reabilitação. Mais tarde, irá voltar à cena, como defensor do acusado de ter sido o real executor do homicídio.
O novo advogado de Breno, resolve adotar outra estratégia, que consistia em incriminar Lucas, sob a hipóteses de que tudo não teria passado de um crime passional. Lucas, homossexual não admitia o romance de Breno com Elena, nem que o jogador reconhecesse a paternidade do bebê, morrendo de ciúmes.
Ao advogado pouco importava a lógica, capaz de entender a causa dos ciúmes de Elena, sendo que outras duas namoradas, além da ex-esposa apareceram na trama, e o jogador já era pai de duas meninas.
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Claro que Lucas não admitiu a história e, reagiu, negando ser homossexual, e ter cometido ou participado do crime, se é que teria havido crime, já que o corpo insistia em não aparecer, apesar de todas as buscas realizadas.
E aí, aproveitando que foram enviados ao tribunal do juri, vem outra reviravolta da trama. De forma teatral o jogador destitui o advogado que tentava defendê-lo e, poucas horas depois, contrata um jovem advogado, que havia acabado de postar, nas redes sociais o comentário de que Breno deveria reconhecer ser o mandante do homicídio. E deveria ser apenado em 38 anos.
Ou seja: a estratégia de defesa agora era comandada pelo tráfico. Ao ler a opinião do jovem advogado, o crime organizado resolveu se organizar definitivamente e, deu a ordem para que ele fosse contratado.
Dessa forma, Lucas seria considerado, talvez, apenas cúmplice do crime, da ocultação do cadáver, do sequestro, da formação de quadrilha, pegando uma pena mais leve.
Breno seria condenado aos 38 anos, o que o obrigaria a cumprir, pela legislação penal em vigor, apenas 7 anos em cárcere privado. Considerando que ele já havia passado 3 anos preso e que, para cada dia de trabalho no presídio, sua pena teria o benefício da redução de 1 dia, com mais 2 anos, ele estaria de novo nas ruas.
Ou seja, o crime organizado sairia vitorioso mais uma vez, assegurando pena mais branda para seu gerente e, de quebra, livrando-se para sempre da moça que sabia demais.
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Bom, como não há corpo, pode nem ter havido o homícidio que se imputa ao ex-goleiro.
Mas que a trama serve perfeitamente para servir de suporte a algum enredo de romance policial, e até quem sabe, roteiro para filme, creio que ninguém nega.
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