sexta-feira, 27 de junho de 2014

Os interesses do mercado financeiro internacional e o apoio a Aécio, seu candidato

Transcrevo o conteúdo publicado no dia de ontem, na insuspeita Folha de São Paulo, na coluna assinada por Nelson de Sá, intitulada Pra Gringo Ver.

" Na torcida
Executivo do banco americano Morgan Stanley, Ruchir Sharma escreve no "Times of India" e no "Quartz" que a Copa "vai semar a mudança de regime" no Brasil. Ele vê " raízes socialistas" na política econômica de Dilma Roussef e diz que Aécio Neves "parece Modi", oposicionista recém-eleito na Índia. No "Financial Times", Jorge Mariscal, do suíço UBS, diz que, "se você está torcendo pela seleção do Brasil, não está torcendo pelo mercado financeiro", que cairia com uma vitória brasileira porque ela ajudaria a reeleger Dilma. Na CNBC, Tony Volpon, do japonês Nomura, diz que a "eleição propriamente começa após a Copa, e penso que há uma probabilidade de a oposição vencer". Seria "uma revolução", pois Aécio "deixou bastante claro que reverterá essas políticas". O canal acrescenta que o americano Citigroup acaba de soltar nota na mesma linha. "

Curiosamente, ainda no dia de ontem conversava com o colunista Carlos Plácido do Diário do Comércio, a respeito de cenários para a economia brasileira nesse segundo semestre e o comportamento dos empresários ligados ao comércio, ao setor industrial e aos mercados financeiros quando, inevitavelmente, a conversa tomou o rumo das eleições presidenciais de outubro próximo, tendo ele me questionado a que tipo de interesse empresarial Aécio estaria mais vinculado, ou que classe empresarial teria, em minha avaliação maiores benefícios com uma eventual vitória do senador mineiro.
Diz-lhe, na oportunidade, que embora havia uma expectativa de que os grupos empresariais teriam mais a ganhar em um governo do peessedebista, com uma inflexão na política econômica e social que o Brasil experimentou nos últimos doze anos, razão do apoio das classes empresariais a Aécio, inegavelmente, por uma série de circunstâncias, o maior beneficiário seria o setor financeiro.
Tanto por uma tradição do PSDB, desde os tempos do governo FHC e sua política de juros elevados, quanto por ser um dos nomes mais cotados para integrar um possível governo Aécio, como ministro da Fazenda, Armínio Fraga, reconhecidamente um homem vinculado ao mercado financeiro.
Além desses indicativos, o discurso de Aécio ou os acenos que faz, favoráveis à adoção de uma política mais dura de combate à inflação, especialmente no tocante à política monetária, são sinais de que o sistema financeiro é o que mais tem a ganhar, se adotadas políticas de contenção da demanda e de taxas de juros elevadas.
Ainda observei que havia uma ligação mais estreita, até histórica, do candidato mineiro com os setores de capital financeiro internacional, situação que, do ponto de vista do empresariado industrial, por exemplo, poderia significar que um apoio a Aécio poderia ter o resultado de um tiro no pé.
Pois bem, não havia então, lido ainda a coluna de Nelson de Sá, que apenas vem ratificar minhas considerações e reforçar minhas suspeitas.
Esta, a razão de transcrever os comentários de todos os homens do mercado financeiro que vêm se manifestando a respeito de nossas eleições, indicando qual o candidato que mais representa seus interesses.
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Nessa oportunidade, não poderia deixar de comentar a vinculação feita, mesmo em nível internacional, do resultado da Copa do Mundo com as expectativas eleitorais, com as quais não concordo.
Não creio que o resultado obtido por nosso selecionado tenha a influência que estão enxergando nas eleições de outubro. Ou talvez não queira crer nessa influência, o que é uma hipótese plausível. 
Afinal, em minha avaliação e sem qualquer visão de políticas de ranço socialista na gestão de Dilma, acredito muito mais que as eleições representarão sim, um embate entre uma classe média alta, que se sente prejudicada pelas políticas mais voltadas para os interesses mais populares adotadas pelos governos petistas, e essas classes menos privilegiadas, beneficiárias dos programas de distribuição de renda que, apesar dos pesares têm nos dado o reconhecimento internacional.
Como já comentei anteriormente, é minha opinião que o PT no poder, longe de fazer uma distribuição de renda mais justa, apenas promoveu uma redistribuição de salários, reduzindo os ganhos daqueles situados nas classes de salários mais elevados, em prol daqueles que viviam com salários que os faziam situar abaixo da linha da miséria. 
Claro que uma redistribuição como essa, no interior de um tipo de renda funcional específico, não atinge a questão de o PT continuar privilegiando os beneficiários dos rendimentos do capital, mas traz um desgaste muito grande do partido junto à uma camada das chamadas classes médias, que não aceita ser quem paga a conta ao final. 
A questão que se apresenta é que as classes que estão se beneficiando são compostas por maior número de pessoas e de votos que aquelas que estão reagindo, insatisfeitas. 

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Inflação do IGP-M, em queda

Mais que estar em declínio, o número da chamada inflação do aluguel, calculado e divulgado pela FGV nessa sexta feira, indica que no mês de junho, repetindo o que já havia acontecido em maio, o índice apresentou queda de 0,74%. 
Sinal de deflação. E de que as elevações da taxa Selic postas em marcha pelo Banco Central, ao contrário do que as previsões mais pessimistas dos analistas de mercado estão sim, surtindo efeitos. Embora com uma ligeira defasagem temporal, o que não deveria surpreender a ninguém.
Importante destacar que esse resultado não é, entretanto, suficiente para que as previsões e projeções dos mercados continuem apostando na criação de um ambiente catastrofista, interessados em influir nos rumos da corrida eleitoral.



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