terça-feira, 30 de junho de 2015

Crise econômica e crise moral: aonde pode nos levar esse tipo de delações?

Economistas ditos de esquerda reagem: o país não aguenta o arrocho a que está submetido!
O mercado já prevê uma inflação de 9% para o ano cuja metade já se esgota.
Felizmente, diria o otimista, o ano está passando rápido.
Ao que o pessimista, sempre de plantão, complementaria: também 2016 será um ano de crise econômica. Com as previsões de que a meta de inflação, de 4,5% apenas deverá ser atingida no final do período.
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Que haveria impacto da liberação das contas de energia represadas no primeiro mandato Dilma, todos sabiam.
O próprio Mercadante, ministro hoje da Casa Civil, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo ainda em meados do ano eleitoral de 2014 admitiu que havia alguma correção de preços que deveria ser feita mais à frente, já que, SIM, os preços estavam sendo contidos extra-mercado.
Mas... a correção seria feita, caso Dilma fosse reeleita, em um prazo mais dilatado, para evitar que todo o impacto atingisse a economia brasileira de um só golpe.
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Que a elevação de preços de tarifas de energia elétrica e também do combustível era necessária, então, parece que era admitido tanto fora quanto dentro do governo.
A divergência era em relação a como fazer esse processo de correção de preços. Para evitar que, como elemento integrante e importante da matriz de custos industriais e de outros setores econômicos do país, o reflexo de tais correções não se alastrasse de forma descontrolada.  
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Feita a descompressão como o foi, de uma só vez, o que se viu foi uma reação em cadeia, com repasses sendo feitos para todos os produtos, gerando um fenômeno de dispersão da inflação que passa a obrigar a correção de todos os preços relativos, e nominais.
A boa notícia é que, caso não haja novos choques do lado da oferta, não deve haver muito espaço para continuar alimentando a fogueira da inflação, e os preços podem continuar subindo, embora em velocidade cada vez menor.
Creio que foi a isso que Luiz Carlos Mendonça de Barros se referiu, em sua coluna da Folha de São Paulo da semana passada, ao afirmar que acredita que uma política monetária tão severa quanto a que está em curso no país, seja capaz de acabar não dando margem a qualquer novo movimento de elevação de preços em função de demanda, mais especificamente de demanda de consumo financiada justamente por crédito.
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Bem, com a taxa de juros básica postada no patamar em que se encontra, e já tendo circulado a informação de que deverá subir ainda mais, de forma a obrigar a convergência o mais rápido possível para o centro da meta, realmente seria muito difícil que restasse algum agente, suficientemente corajoso ou louco, para continuar elevando seus gastos, com recursos de empréstimos.
O problema aqui é bem diferente. Nada a ver com a inflação, com excesso de demanda.
Mas ao chegar a sua conclusão, o ex-ministro apenas destacou algo que todos já sabem, embora esqueçam ou ignorem. E, às vezes, o óbvio deve mesmo ser posto a nu.
O que o ex-ministro afirmou é apenas, de forma mais esclarecida, que ao desligar as máquinas que irrigam o organismo do paciente hospitalizado e com febre muito elevada, a febre irá ceder. Assim, como a vida do paciente que irá, ao menos, ter seu sofrimento interrompido.
Essa é a ação da política monetária: equivalente ao corte do oxigênio ou o sangue filtrado para o paciente em agonia.
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Ocorre que outro problema também começa a se manifestar, e esse mais sério. Agentes que se endividaram na época da bonança são obrigados, agora, e em função da combinação perversa de inflação, alta do custo de vida e, talvez perda de emprego, queda de sua renda média, perda de oportunidade de fazer extras, a renegociarem os compromissos financeiros em andamento.
E, se aquelas prestações ou parcelas que foram negociadas em épocas de juros mais decentes já não estão conseguindo ser pagas, já que competem com o aluguel mais caro, o combustível, a energia, os alimentos, as parcelas da escola, a renegociação necessária deve ser feita no pior momento da economia. Quando os juros mais castigam, o que acarreta apenas o desespero do endividado que, sem dinheiro novo, vê apenas expandir-se o prazo de sua dívida.
O que apenas renova o temor de mais lá adiante, a situação volte a ficar crítica.
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Mas, essa questão que afeta a milhares de famílias, não parece afetar muito os analistas de mercado nem os economistas do governo, que continuam pautando suas ações pela ideia de que a credibilidade da instituição que controla a política econômica é mais importante que a situação da população do país.
A política tem que se manter crível e com força, com energia. O povo, esse....
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Enquanto isso, no país das delações

No meio desse caminho por si só bastante sinuoso, assistimos ao verdadeiro carnaval promovido pela midia irresponsável, a partir do combustível da delação premiada do dono da UTC.
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Meu amigo Pieroni, que já criticou outro dia minha postura, e meus pitacos, não vai gostar mas, paciência. Meu respeito por ele não diminui por esse motivo, muito ao contrário.
Mas eu não sabia, e talvez nem ele, é que na delação, Ricardo Pessoa afirma que deu recursos de caixa dois ao PT, à campanha de Lula e de Dilma, ao prefeito Fernando Haddad e até ao ministro Mercadante e Edinho Silva, mas deu mais, muito mais dinheiro à campanha de Aécio e do PSDB.
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Seria risível a hipótese, mas parece que é isso mesmo que os advogados do Fluminense e dos partidos de oposição estão tentando nos convencer: as doações para PSDB e outros partidos - na verdade praticamente todos os maiores - foram todas lícitas. No caso do PSDB, apenas a doação de Aloysio Nunes, o vice de Aécio, veio de forma escusa já que seu nome foi o único que a imprensa deu destaque.
Já para Paulinho do Solidariedade, a alegação é que a doação foi para se ver livre de greves.
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Ora, que é necessário uma faxina em nosso país, isso é mais que certo, mas que estamos vivendo um período muito perigoso, que pode descambar para algo muito pior, mais sério e, seguramente menos democrático, isso não há muita dúvida, infelizmente.
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Ainda ontem, na Folha, Celso Antônio Bandeira de Mello, jurista respeitado e reconhecido, mesmo que não da simpatia da oposição, afirmava do risco de transformação da nossa sociedade em palco para a implantação de um movimento fascista.
Desnecessário dizer que também temo por isso.
Mas, mesmo certo de que a luz do sol é o melhor dos detergentes, e que tudo e todos têm de ser investigados, não há como não admitir que Sérgio Moro, o juiz da Lava-Jato está extrapolando. Cometendo abusos como já foram reconhecidos por ministros do próprio Supremo, ao menos parcialmente, ao simpatizarem e se manifestarem a favor da ideia de que é sim, coação a prisão para obrigar alguém a concordar em fazer a delação.
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Foi a isso que Dilma se referiu ontem nos Estados Unidos e que, infelizmente, Boris Casoy e seu apreço por extratos sociais menos favorecidos da nossa sociedade, que talvez já tenham sido varridos pelos garis para as deslembranças, não entendeu. Ou não quis entender, ao comentar que há diferença entre a delação espontânea e aquela que os torturadores tentaram extrair da presidenta.
O problema que Bóris não quis ver é que a delação sob coação mesmo moral, é tão violenta quanto a outra.
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Precisamos passar o país a limpo, mas não fingindo que apenas há uma parte podre, no cesto que, de longe, exala podridão.
Mas, não há de ser com um juiz que, cada vez mais mostra seu caráter autoritário, messiânico que o país saberá descobrir e punir a todos que o merecem. E depois construir juntos e de forma democrática a sociedade que saberá impedir que tais eventos venham a se repetir.
Sérgio Moro tem um papel importante na nossa necessária operação de faxina. Mas não pode querer ir além do papel que lhe cabe e é tão honroso que já lhe assegura lugar na história, de ter sido que iniciou o processo. E só.
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De mais a mais, não há como tratar de forma desigual quem foi pego com a boca na mesma botija, como a imprensa mais canhestra está fazendo, justo essa imprensa que incensa o juiz Moro.
Mercadante, por exemplo, declarou as doações da UTC, pelo que alega. Nos valores citados pelo delator.
Ora, se eram recursos de caixa 2 e foram declarados ao Tribunal, algo de podre acontece não apenas no reino da política, mas também na imprensa, nos tribunais responsáveis por julgarem as contas, etc. etc.
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A verdade é que não dá para acreditar, apenas.
Afinal, não tem virgem nesse tipo de casa...

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Pitacos sobre aspectos da crise econômica

Relatório do Banco Central, divulgado no dia de ontem, 23, dá conta de que o estoque de crédito atingiu a cifra de R$ 3,08 trilhões, correspondendo a 54,5% do PIB.
O mesmo documento revela que a inadimplência caiu no período de um ano, tendo como referência o mês de maio, de 5,7% para 5,4%, em se tratando de pessoas físicas.
A inadimplência maior, e crescente, atingindo 4% é observada nas operações para empresas, quadro mais problemático, até porque dificuldades das empresas em honrar suas dívidas podem ser indício do risco de uma quebradeira, com os efeitos daí decorrentes, como o desemprego.
A previsão para o ano é que haja um aumento das operações de crédito de aproximadamente 9%, embora menor que o resultado de 2014.
A explicação para a previsão para baixo encontra-se no crédito com recursos oficiais, em especial, o financiamento imobiliário para pessoas físicas que deve crescer 14%, contra um avanço de 24% no ano anterior.
A queda prevista tem como causas a queda no volume de recursos da poupança, o aumento de juros e maiores dificuldades na concessão do crédito determinados pela CEF. Apenas em relação a abril, maio apresenta queda na modalidade de 29%.
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O relatório informa ainda, algumas das taxas de juros praticadas pelo sistema financeiro, como a taxa do cheque especial, que alcançou 232% ao ano, contra 171,7% há 12 meses atrás, e a taxa média do rotativo do cartão de crédito, de 360%.
Para o crédito ao consumo, o valor atingiu 57,3% ao ano, o que é, no mínimo, curioso, já que a Selic, parâmetro para o custo do dinheiro é de 13,75%.
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Claro que os bancos irão alegar que há um risco maior de crédito a ser incorporado nas taxas praticadas, embora a inadimplência esteja em queda.
Também deverão alegar maiores custos administrativos, embora esses sejam cobertos em grande medida, pelas tarifas cobradas pelos bancos e, como se sabe, subiram muito em verdadeiro tarifação já nesse início de ano.
Há justificativas vinculadas ao custo do dinheiro mantido no compulsório e outras do tipo mas, ainda assim, somente o fato de o setor ser fortemente oligopolizado, fortemente concentrado pode ajudar a entender diferenças tão significativas entre a taxa paga a título de "funding" e a cobrada na concessão do crédito.
Afinal, 232% no cheque especial, em tese, aquele recurso que o banco coloca à disposição de seus clientes mais bem avaliados, mais fiéis, com maiores operações junto ao estabelecimento, etc. etc. é muito elevado. E os bancos nem poderiam alegar que trata-se de um dinheiro que envolve outros riscos maiores, como o de liquidez, já que não têm condições de prever quem e quando ou quanto será utilizado.
Ora, se a política de concessão de crédito é séria e bem cumprida e fiscalizada, não deveria haver tanto aumento de risco na concessão potencial de recursos para clientes cujo perfil o banco já conhece, às vezes, mais que o próprio tomador do crédito.
Ou não?
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E ainda tem gente que insiste em continuar comprando valores elevados, e parcelando, muitas vezes o valor dos pagamentos no cartão de crédito, sem ter condições de liquidarem a fatura toda no dia da cobrança. Única forma de não deixar o crédito no cartão virar uma bola de neve.
E tem gente que não consegue sair do cheque especial, mesmo sabendo que o consignado, se possível o acesso a ele, ou o resgate de qualquer aplicação, caso existente, são opções muito melhores e saudáveis para quem não consegue viver dentro dos limites dos rendimentos mensais.
Essa sim, a receita para o sucesso.
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Enquanto isso, no ajuste fiscal...

Comparada à arrecadação de 2003, a desse ano está muito mais difícil, alega o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid.
Embora os dados de arrecadação não tenham sido ainda divulgados, as expectativas são negativas, o que mostra e reforça a expectativa de que a meta do superávit primário não será alcançada, como prometida.

Mas a meta da inflação pode ter alterações

Para 2017 a meta pode ser mantida em 4,5%, mas com redução do limite de tolerância em torno da meta. Ou até ser reduzida, visando transmitir ao mercado a noção de maior rigor e permitir maior credibilidade à política adotada pelo Banco Central.
O que levaria, conforme alguns analistas, a uma convergência mais rápida da expectativa dos preços em direção à meta, com efeitos benéficos sobre a fixação de preços e salários já em 2016.
Tudo de acordo com o figurino do modelo das expectativas adaptativas ou racionais, a diferença pouco importa, não fosse o fato de que os agentes econômicos não se comportam com a racionalidade e sabedoria e conhecimento que lhes são imputados.
O trabalhador raciocina menos no sentido de criar expectativas para o futuro, do que no de recompor as perdas já sentidas na própria carne ou no bolso.
Assim, a indexação ainda tem mais força e age com mais vigor que a noção de que, o que passou, passou e o melhor é reconhecer as perdas e tocar o barco (no caso, a vida) para a frente.
Exceto que, como os apologistas da teoria não admitem, não haja espaço para qualquer negociação de fixação de salários e o poder do capital imponha sua vontade, determinando o valor que está disposto a pagar para manter a taxa de desemprego próximo a sua taxa natural...
O que, se não quisermos ser taxados de inocentes, é o que deve acontecer, na maior parte das ocasiões, para o que a elevação que assistimos da taxa de desemprego tem uma função muito estratégica.
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E a previdência...

Muito interessante as matérias sobre a Previdência e sua trajetória, publicada pela Folha no domingo último, mesmo depois da mudança das regras de aposentadoria, com a introdução do fator 85/95.
Ainda não consegui entender é a razão da manutenção da diferença entre as idades para mulheres e homens, antecipando que não tenho nada contra.
Como diria o macaco, é que eu só queria entender...

terça-feira, 23 de junho de 2015

Inflação e política monetária de asfixia: contradições de analistas do mercado.

Que o sistema de metas de inflação eleja como principal, para não dizer único instrumento de combate à inflação o uso das taxas de juros, não passa despercebido a ninguém.
Que desde sua implantação, às vezes até desnecessariamente já que a inflação estava abaixo da meta, as taxas de juros no Brasil foram mantidas muito mais elevadas do que seria o necessário ou o recomendável, gerando críticas de vários setores e analistas da economia, também é do conhecimento público, mesmo que a memória coletiva do país já vá se definhando a esse respeito.
Apenas para reavivar a memória, vide governo Lula e a política monetária de Henrique Meirelles, à frente do Banco Central.
Também não é fato desconhecido, ao menos dos que atuam nos mercados,  que a manutenção de taxas de juros estratosféricas teve colaboração decisiva na transformação do nosso país na Meca dos capitais estrangeiros, que visavam obter a remuneração recorde aqui prometida, situação que remonta, ao menos à época de implantação do Plano Real e, portanto, anterior à utilização do sistema de metas de inflação.
Por outro lado, a consequência natural de fluxos de capitais desregulamentados, câmbio flutuante e taxas de juros recordistas, como os manuais de economia insistem em apontar é a apreciação da moeda nacional, com todos os efeitos deletérios que isso acarreta. Em especial no tocante aos reflexos sobre nossa indústria e nossa competitividade.
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Ainda assim, quando em agosto de 2011, ao voltar de reunião do grupo dos países mais ricos extremamente preocupado com o teor das informações que circulavam a respeito da possibilidade de agravamento da crise de depressão que varria o mundo, ainda como resultado da crise financeira de 2008,  o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini começou a liderar uma queda inusitada das taxas de juros, não foram poucos os que passaram a acusá-lo de estar na direção contrária da política recomendada apenas para agradar a "patroa", a presidenta Dilma.
Os analistas e consultores dos mercados, normalmente identificados com os interesses dos capitais financeiros que eram também os que mais perderiam com a queda das remunerações dos títulos financeiros (em especial, públicos), aproveitaram a oportunidade para torpedearem a queda de juros sem a menor consideração dos efeitos positivos que isso poderia provocar para a economia do país, em especial para interromper o processo de sucateamento de nossa indústria. 
Alegando que a inflação estava saindo de controle, não foram poucos os que, com a colaboração do discurso oficial, passaram a assistir e anunciar o que chamaram de abandono dos fundamentos macroeconômicos da nossa economia, substituído por uma nova matriz macroeconômica. 
Para os críticos, tratava de abandonar o sistema de metas de inflação que tanto benefícios (?) havia gerado, o câmbio flutuante, já que o Banco Central começou a atuar mais fortemente no mercado futuro do câmbio, com operações de swap, e o rigor fiscal, medidas que compunham o tripé da boa economia.
Note-se que, para os críticos, o abandono do sistema de metas seria dar margem ao retorno de uma inflação que começava a mostrar seus dentes, muito em função de problemas climáticos, que afetavam os alimentos e seus preços.
No entanto, para os analistas de mercado consultados, a grande responsabilidade da retomada da inflação era o populismo de Dilma Roussef e sua política de elevação real dos salários, já que trabalhador naquele momento, como sempre não pode ser o protagonista nem o principal beneficiário das políticas econômicas, de cunho distributivista. 
Contribuía para a sustentabilidade da inflação a leniência do Banco Central em relação à política monetária, o que não seria necessário enfatizar, apenas se dava por força da prática de política monetária mais frouxa.  De juros menores. 
Nem importava se as políticas macroprudenciais adotadas pelo Banco serviam para, de certa forma, atenuar a redução promovida dos juros.
Nada disso era considerado. Nem mesmo o fato de que foi Tombini, quando esteve à frente do equivalente à Diretoria de Política Econômica do BC quem elaborou o projeto do sistema de metas, que agora era acusado de estar desmontando.
Tudo para agradar à chefa.
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Pois bem, hoje sabemos que o país não respondeu, as classes empresariais não responderam como se esperava a todo o arsenal de medidas com que o governo, até afoitamente, procurou estimular a retomada do crescimento econômico. 
Os empresários não investiram, e o governo continuou lhes concedendo benesses sem justificativa em função do não retorno, o que colocou a própria situação de caixa do governo em situação debilitada.
Mas, pouco se comenta de uma questão que é tão crucial para o modelo teórico que fundamenta as críticas que é a macroeconomia novo-clássica: a questão da transparência do mercado. Da fluidez das informações que circulam e permitem aos agentes otimizadores, tomarem decisões e/ou se anteciparem a qualquer decisão de política econômica do governo, o que torna tais políticas inócuas.
Refiro-me ao fato de que com tanta análise e tanta opinião dos analistas de mercado contrárias à política adotada pelo Banco Central, de redução dos juros, todas elas criticando a medida como inflacionária, não é de se estranhar que todos os agentes começaram a incorporar tal expectativa de elevação de preços em suas projeções. Mesmo nas projeções mais precárias. 
E, também isso ajudou a que os empresários não se sentissem estimulados a investirem. E pior: ajudou a que todos começassem a se preocupar em se defender da alta de preços, antecipando os repasses de seus preços de forma a não ficar atrás na corrida que o mercado divulgava já estar em pleno desenvolvimento.
Não deveria trazer estranheza o fato de que houve, como alguns estudos mostraram, dispersão de preços ou seja, os preços começaram a se elevar em vários setores, o que demonstra que o movimento de resistência da inflação se disseminava.
Mas ninguém lembrou-se de imputar às informações transparentes do mercado e suficientemente difundidas qualquer responsabilidade por estarem agindo como indutoras e não como difusoras do comportamento. 
O que, de resto, é muito difícil se mensurar.
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Mas, Dilma conquista o segundo mandato e muda toda a política econômica. De uma penada apenas, altera o comando da economia, trazendo para a frente da batalha um liberal, ou neo-liberal, Joaquim Levy. 
Com isso, ganha força e tem ânimo para reagir a porção Tombini mais liberal, e o Banco Central que já vinha praticando uma política atendendo aos reclamos dos mercados, de elevação dos juros, assume a postura dele exigida, e passa a evitar a leniência, com uma desmedida agressividade na política monetária. 
E, em função do sistema de Metas, e de sua cobrança pelo mercado, os juros começaram a subir até atingir alturas não imagináveis há quatro anos. E, pior, carregando a inflação de carona.
Mais sobem os juros, mais a inflação responde. 
Mais sobem os juros, mais a demanda cai, mais os empresários que têm poder de formação de preços elevam suas margens, compensando a queda nas vendas. Ou então: mais sobem os juros, mais a disseminação da inflação provoca a necessária correção de preços por parte dos agentes formadores de preços, antecipando-se e fazendo realizar aquilo que era apenas uma profecia.
Ou ainda: mais sobem os juros, mais se elevam os custos financeiros, o que faz com que caia a demanda agregada, a produção, a renda, a receita do governo, se reduza a possibilidade do superávit primário prometido, se eleve a necessidade de colocação de títulos públicos para financiamento do governo, e mais sobem os juros, mais capitais externos são atraídos, e mais o real se valoriza e mais a indústria se desmorona. 
O desemprego aumenta, como os gastos do governo com seguro desemprego, e liberação de FGTS, e mais o mercado atemorizado pela deterioração da dívida pública ou de sua relação com o PIB, acusa do governo de...
Bem, a inflação não cede, mesmo assim.
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Mas o mercado acusa o governo de... estar praticando política monetária muito rigorosa em meio a um ajuste fiscal que necessita ser agressivo.
É isso que se depreende de entrevistas que os jornais têm trazido com economistas como José Roberto Mendonça de Barros, que acusa o Banco Central de estar exagerando a dose, elevando os juros mais que a capacidade de nossa economia é capaz de suportar, já que o BC encontra-se em uma armadilha. 
Para o economista, a armadilha é que o BC se comprometeu e divulgou que iria elevar os juros até que a previsão dos analistas de mercado convergisse para a meta de 4,5% ao final de 2016. Como a pergunta que não quer calar não foi feita, se os analistas de mercado querem mesmo que a meta convirja para o centro ao final de 2016, resta a dúvida se eles estão satisfeitos com a remuneração que estão obtendo, enquanto os juros sobem por não haver a tal convergência. 
Diz Mendonça de Barros que o BC agora não pode voltar atrás e deverá continuar praticando a política que está   asfixiando nossa economia. Como quem quisesse eliminar a leniência de três anos em um. 
Faça-me o favor, não é a alma do regime de metas, que também Mendonça de Barros cobrava ter continuidade, a utilização dos juros, sob o risco de a política monetária ficar desacreditada?
Ou o professor esqueceu-se de que o uso da política monetária, tão somente, acarreta mesmo o óbito do paciente, que estava internado apenas para obter a redução da febre e mal estar que o acometia?
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Ao menos Henrique Meirelles tem mais coerência, ao admitir em sua coluna da Folha de São Paulo que, mesmo com a economia sofrendo da recessão que se aprofunda em função da política monetária apertada, esse é o único caminho.
Eu posso não concordar, mas que é melhor ouvir quem não muda de opinião ao sabor das circunstâncias, já que tais mudanças podem apenas esconder questões políticas (mais até que ideológicas)  por trás de toda a análise isso lá é verdade. 
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Enquanto isso, o mercado continua estimando queda do PIB que não deve ficar diferente de 2%, queda de receitas,  superávit não cumprido, chegando à metade da promessa. Em compensação, a dívida pública em relação ao PIB irá crescer, e o desemprego junto. 
E a inflação, hein... que surpresa, provocada ainda e sempre pelo aumento das tarifas de energia, resquício ainda de Dilma I. 
Pergunto-me quando o fantasma de Dilma I não puder mais ser utilizado como justificativa de tudo de ruim que ocorre na nossa economia, o que será usado como seu substituto?
A ver. 

segunda-feira, 22 de junho de 2015

O caso Neymar e a ideia de que a punição é boa, desde que não prejudique a todos nós. A disputa pelo Planalto e a dianteira de Aécio

Alguns pitacos para reflexão, mesmo que tardia.
Sobre a Seleção brasileira e seu capitão destemperado: Neymar.
Que Neymar Jr. é um jogador diferenciado, ninguém duvida nem questiona.
Que dentro em pouco receberá a consagração sob a forma da escolha de melhor do mundo, no ano, igualando-se a Romário, Rivaldo, Ronaldinho, o gaúcho e o dito fenômeno, além de Cacá, é questão de saber aguardar.
Mas daí a transformá-lo em capitão, logo ele, tão moleque, tão sujeito a traquinagens e atitudes em campo, algumas apenas com o intuito de zombar do adversário, beirando o desrespeito, vai uma distância muito grande.
Afinal, não sei se o título em si, de longa tradição militar, já não nos leva a criar a expectativa de que a posição é para uma personalidade mais austera, mais experiente, mais capaz de chamar a atenção e incentivar, ambas na mesma medida.
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Foi esse o caso de Iniesta, companheiro de time e que criticou ao atacante brasileiro, pela jogada apenas infantil, debochada de Neymar em jogo contra o Atlético de Madri, na disputa de um dos títulos, senão me engano o de campeão espanhol.
Como disse em entrevista o capitão do time de Neymar, uma coisa é fazer esse tipo de jogada ao início do jogo, quando as equipes estavam ainda aguerridas, disputando cada palmo, cada jogada em campo, com gana.
Nessa hora, ninguém faz, nem mesmo Neymar, uma jogada de firula apenas destinada a buscar humilhar o adversário.
Mas, depois que o placar já está a seu favor, quando a partida já encontra-se nos descontos e a disposição guerreira dos jogadores foi toda consumida, em vão, fazer uma jogada com essa intenção é, no mínimo, falta de esportiva, falta de "fair play". E Neymar deveria receber mais que uma crítica, uma pesada descompostura.
Afinal, são eles mesmos os jogadores que sempre comentam que chega a um momento no jogo, que o desgaste fala mais alto, e mais ninguém, mesmo em campo, espera que vá sair alguma jogada capaz de alterar o placar.
Em geral, é a hora da cera técnica, de levar a bola para a linha de fundo e ficar ali, perto da bandeira de escanteio, segurando a bola, esperando o combate, nunca muito duro, do atleta do time em situação desfavorável no placar.
Pois nessa hora, tentar aplicar uma jogada, seja a carretilha, seja o que for, apenas para menosprezar, mostra apenas um Neymar, que não sabe, ainda, ganhar.
Que é mais difícil que saber perder.
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E foi esse o jogador que Dunga achou para passar a ele a responsabilidade de comandar os companheiros em campo...
E deu no que deu: profundo e lamentável destempero.
E expulsão, mesmo achando que o cartão amarelo não foi justo, devendo ser interpretado muito mais como um lance puramente casual, ou no máximo como reflexo, a título de proteção do rosto.
Seja como for, a impaciência, o nervosismo de Neymar foi a tônica de um jogo, onde ele deveria fazer a função de esfriar o ânimo de seus companheiros...
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Ao final do jogo, o papelão, merecedor de cartão e de punição dura. Se não acontecesse ainda, o que as câmaras não flagraram dos ataques - verbais que sejam ao juiz da partida, já no vestiário.
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Mas, longe de sacrificar Neymar, esse pitaco gostaria de discutir outra questão mais interessante que observei no episódio, o que justifica ter feito toda essa descrição.
É que observei em alguns comentários feitos por nossa imprensa esportiva uma certa indignação, como se a punição ao craque e capitão do time tivesse sido, senão injusta, exagerada.
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Talvez quem tenha até expressado essa opinião, mesmo que não verbalmente, seja daqueles que lamentam a nossa Casa Bandida do Futebol continuar sobre a influência de tantos quanto fizeram dela, não a nossa CBF, mas a Casa da Mãe Joana. Um antro igual e tão podre quanto o da Fifa, cuja podridão apenas agora começa a se tornar pública, apesar dos indícios e, ainda assim, por conta da intervenção do FBI.
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E o curioso é que, justamente os que pedem punições rigorosas para os cartolas, como parte do fim da impunidade em todo nosso país, parece que acham exagerada uma punição, tão somente porque pode atrapalhar nossa seleção rumo ao título da Copa América.
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A impressão que me deu, ouvindo alguns comentários é que, todos querem e lutam pelo fim da impunidade, seja através da redução da maioridade penal ou não. Seja através de penas mais duras, de quem sabe até a pena capital, e muitos querem mais vingança que reparação.
E lembro-me de alguns repórteres do jornalismo dito sério do SBT ou da Veja, etc, para não dizer que falei de forma muito geral, então há jornalistas do tipo de uma Raquel do SBT, que mesmo não concordando pessoalmente, não são contra o que deseja uma "maioria da população".
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Mas, há uma exceção, sempre. Se for para nos punir, ou se for em prejuízo nosso, nosso senso de justiça manda que façamos críticas veladas, e apoiemos quem foi punido merecidamente, desclassificando a punição e os responsáveis pela condenação.
Ou seja, para livrar-nos do peso da derrota, caso ela aconteça, e para nos dar a oportunidade de continuar contando em campo com nosso principal jogador, vale reduzir a punição a Neymar. Vale fazer tudo que estiver a nosso alcance, para que seja provado ao fim de toda história que foi o corpo de Armeiro quem se projetou no espaço contra a bola chutada por Neymar, em gesto de explosão de raiva.
Vale até mostrar que foi o juiz que falou mal do nosso jogador principal, e que, se punição tivesse de haver, deveria ser como Neymar mesmo declarou ao juiz fraco que puseram para apitar o jogo.
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Ainda da imprensa esportiva

É lugar comum dizer que há 200 milhões de técnicos no Brasil. Afinal, somos antes de mais nada, o país do futebol.
Vai daí que assistindo a um programa desses de mesa redonda, na ESPN, deparo-me com os doutores da bola comentando a rodada de futebol do brasileirão, que teria sequência no sábado e domingo.
Até chegar o momento dos palpites dos iluminados:
Flamengo e Atlético no Maracanã - três dos conhecedores do jogo de futebol indicam vitória do time carioca, alguns arriscando um placar de 3 gols para o time da casa.
Vasco e Sport? Quase goleada do Sport.
Atletiba? Vitória do Atlético Paranaense, afinal, muito superior ao time de Nei Franco, na competição. Esqueceram-se apenas de se tratar de um clássico regional, daqueles que como disse um dia um jogador do Inter, como reza a lenda, clássico e clássico e vice-versa. Ou seja, pode dar qualquer coisa. Até um empate.
E continuaram disparando suas tolices, apenas para mostrar que de futebol, entendem tanto quanto de física quântica, ou do valor absoluto do zero, em nossos programas esportivos.
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Mas, não satisfeito, fui perder meu tempo, acompanhando os comentários de Roger Flores, logo quem, no jogo entre o Flamengo e o Galão da massa.
E vendo tanta torcida e tanta asneira, já que o Flamengo estava melhor em campo que o Galo desde o início do jogo, segundo nosso analista, tive ao menos uma ideia, que nem nova é, mas deve ser mais engraçada: porque não colocam, em lugar de comentaristas, torcedores comuns, de ambos os times, a cada jogo, para que eles omitam sua opinião, essas sim, com razão para paixão?
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Pesquisa DATAFOLHA dá liderança a Aécio

Com 35% dos votos, a pesquisa Datafolha indica que, hoje, Aécio lidera a corrida à presidência da República, nas eleições de 2018.
Dada a fragilidade demonstrada desde o início de seu segundo mandato por Dilma, e as traições que todos a acusam de ter feito a seus eleitores, o que lhe retira o apoio de quem ela mais depende, não é muito estranho que Aécio seja o líder da corrida.
Isso, lembrando ainda que o político mineiro das areias de Copacabana é o presidente do maior partido de oposição, ao menos em número de cadeiras no Congresso, já que o maior partido de oposição é, também o maior partido da base aliada e do governo, o PMDB, de Cunha e Renan.
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Ora, apenas o recall das eleições já seria suficiente para indicar, no restante do país, que Aécio sai na frente. Mesmo levando em consideração que ele perdeu pontos, não tanto quanto Dilma, mas que perdeu, já que no segundo turno, chegou próximo aos 50%.
Ok. Nas eleições não plebiscitárias não teve tantos votos, já que teve que disputá-los com Marina.
Mas, bem feitas as contas, Aécio começa a dar sinais de fadiga de imagem.
E o governador paulista tem vitrine suficiente para chegar a 2018 com mais bala na agulha.
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Surpreendente, é que Lula apareça em segundo lugar, com 25% dos votos, ele que vem sendo tão acusado por parte da mídia. Ele que é do partido que, como cão danado, todos tentam cair batendo.
O que mostra que a divisão da sociedade brasileira é mais profunda que alguns são capazes de aceitar.
E é da democracia lidar com essa divisão, mesmo que isso tenha consequências nem sempre agradáveis.


quinta-feira, 18 de junho de 2015

Pedaladas, TCU e Previdência e a crise que se anuncia

Intrigante esse nosso país, o Brasil.
Tão curioso que João Augusto Nardes, ex-vereador pela Arena e ex-deputado do PDS que a sucedeu, ambos de triste e vergonhosa memória, e agora, mais recentemente, ex-deputado federal do PP, o partido que mostrou maior capacidade de progredir sobre as propinas geradas pela operação Lava-Jato, torna-se o paladino da moralidade e da defesa dos cofres e do interesse público.
Nomeado por Lula para o TCU, depois de eleito por seus pares, em eleições que todos que já ouvimos alguma espécie de comentário nutrimos, ao menos, algumas restrições quanto à seriedade, Nardes protagonizou ontem um interessante episódio, inédito na história de nossa República.
Pela primeira vez, um ministro relator do processo de julgamento das contas de um governo, pede diretamente  ao governante, explicações sobre atos considerados irregulares, ligados ao cumprimento do orçamento.
Para deixar bem claro: não há qualquer questão de desvio de recursos ou roubo, ou corrupção. Trata-se de questão de menor capacidade de criar escândalos, nem por isso de menor gravidade ou importância.
Nardes, agora paladino da moralidade, solicitou que a presidenta Dilma forneça explicações para decisões que envolveram 13 de 31 atos considerados irregulares, na prestação de contas de 2014.
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Antes de mais nada, é necessário deixar claro, nesse pitaco, que não estou trazendo a luz a folha de serviços do relator apenas para criticar seu comportamento.
Longe disso, é importante frisar que, finalmente, parece, o TCU resolveu cumprir com zelo sua missão e sua finalidade principal, em nome de toda a sociedade brasileira. O que só merece elogios e aplausos.
Ou não?
Afinal, embora nada justifique o que é errado ou ilegal por natureza, é no mínimo curioso que apenas agora, no instante em que a sociedade passa por uma turbulência importante, fruto da última disputa eleitoral que tanto exacerbou os ânimos, a medida inédita seja tomada.
Mais curioso ainda, é que tal imbroglio tem lugar justo no instante em que o Procurador Geral da União, indica uma lista de políticos, alguns ligados ao PP, para que seja instaurado contra eles, processo de investigação em decorrência do escândalo do Petrolão.
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Ora, se o próprio TCU dá a entender, e Nardes contribuiu para isso com seu voto na tarde de ontem, que normalmente o tribunal apenas constatava irregularidades e as comunicava ao Congresso, como ressalvas, sem maiores consequências, é correto, mas suspeito que agora, justo agora, ele queira dar um basta nessa política que já se arrasta há anos.
Pior ainda é que ele tenha dado o prazo para que a presidenta se explique, apenas para evitar a judicialização da questão, com o governo recorrendo ao Supremo, sob a alegação de não ter tido direito à ampla defesa.
Porque pelo que a midia publica no dia de hoje, ele deixou claro que não irá mudar sua opinião e que seu voto não irá se alterar. Ou seja, há um reconhecimento de que não adianta qualquer que seja a defesa, se há de fato condições para que a defesa apresente algo a seu favor: o julgamento já foi feito. Certo ou errado, o governo será condenado da mesma forma.
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Pior. Que o relator que com tanto afinco e dedicação debruçou-se sobre as contas de Dilma e suas pedaladas aponte e não concorde com as irregularidades, vá lá. Mas, as consequências de tal comportamento é que são mais difíceis de engolir.
Afinal, por mais respeito que eu possa ter por qualquer jornalista, e a opinião expressa por tal profissional, quem é mesmo Vera Magalhães, nesse caso específico das contas públicas, para já ter condenado Dilma, a ponto de em coluna assinada na Folha de hoje (caderno A, p. A2) concluir dizendo que o TCU não tem outro caminho, senão recomendar a rejeição das contas, sob o risco de se desmoralizar.
Ora, o que a jornalista tem de informações e está tão bem informada quanto aos documentos, números, justificativas, etc, para poder já sair condenando, exceto talvez, o fato de que, como outros tantos, não conseguiram aceitar a derrota que lhe foi imposta em outubro do ano passado pela presidenta reeleita?
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Insisto: não estou defendendo Dilma. Acho que as pedaladas podem mesmo ter sido irregulares e como tal, acredito que deveria haver algum tipo de punição para quem as determinou. Se foi Dilma, que se instaure contra ela os procedimentos que o crime de responsabilidade que caracteriza esse caso, enseja.
Mas, que o TCU, como todos os demais tribunais de contas que são mais tribunais de faz de contas, é um órgão que se caracteriza por fazer julgamentos políticos e, como tal, as questões de interesses políticos é que dão o tom dos julgamentos, não há como negar.
Tanto que, jamais, até agora, presidente algum havia sido interpelado diretamente. Tanto que o próprio Nardes declara ontem que o Tribunal tem de dar um basta nesse seu comportamento de faz de conta.
Afinal, como o próprio governo já deu a entender, também FHC em seu governo adotou as mesmas medidas, como também o presidente Lula.
Ora, se um mal feito não justifica o outro, e se não há mais como punir aos ex-presidentes, especialmente FHC, que pela idade, não teria mais qualquer interesse futuro na política, isso não deve isentar Dilma de um processo, e até punição.
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Mas, que o episódio deve servir não apenas para mostrar mais uma vez a cisão que o governo petista deixou em nossa sociedade, tão somente porque resolveu afrontar aos senhores donos do poder, ou parte deles, para dar algumas migalhas para os menos afortunados, isso é inegável.
Porque mostra a verdadeira causa da reação contrária ao governo de Dilma e do avanço do conservadorismo que vem infestando e infelizmente se alastrando em nossa sociedade. Travestida, como não poderia deixar de ser de um moralismo falso, que usa do discurso anti-corrupção, etc.
Senão porque as indicações de simples ressalvas para as contas anteriores?
E, mais grave, porque desde 2002 nenhuma conta examinada pelo Congresso, nenhum exame dos relatórios e das recomendações do TCU foram objeto de votação, essa mesma votação que, parece, irá agora acontecer, independente de se respeitar a ordem dos governos e dos relatórios.
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Não fosse o governo vítima de tanta fragilidade, nesse momento, no Congresso, e não fosse Cunha na Câmara e Renan no Senado, também indicados como passíveis de investigação pela Lava-Jato, ambos apenas esperando as oportunidades que o PT e o próprio governo não se cansam em lhes proporcionar para que eles continuem fazendo sangrar o governo.
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Confesso que gostaria de ver punições serem aplicadas, especialmente em função de desrespeito à coisa pública, aos recursos públicos, ao nosso dinheirinho.
Mas que a mim não passa despercebido que esse comportamento do TCU indica mais um fato esporádico que uma mudança de postura como a prometida pelo relator Nardes, isso não há como negar.
O que é uma pena. Mas revela o nosso país e suas idiossincrasias.
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Regra 85/95 vetada

Assistia ontem a parte da sessão da Câmara, justamente aquela que tratava da desoneração de PIS/Cofins sobre o diesel.
Minha primeira impressão ao ver o comportamento de certos deputados é que, quem tem uma Câmara composta de pessoas capazes do tipo de comportamento que eles demonstravam, não pode esperar muita coisa séria daquela Casa.
Mas em meio a toda a discussão e ataques trocados entre o líder do PT, José Guimarães e um deputado do PSDB, e da intervenção de, entre outros, Espiridião Amin, que culminou com a desoneração contrabandeada em medida que nada tinha a ver com aquele assunto dos caminhoneiros, subiu à tribuna Arnaldo Faria de Sá.
E subiu para conclamar á vitória todos que sejam contrários ao tratamento que Dilma insiste em dar, e que penaliza aos aposentados do país.
E, informando ter conhecimento de que nova Medida Provisória sairia do Planalto, junto ao veto à aprovação da regra de aposentadoria pelo critério 85/95, com a introdução de alteração desses valores à medida que a expectativa de vida fosse aumentando, conclamava a todos que votassem pela derrubada do veto.
Em sua fala, uma parte merece meu destaque. Disse ele que o governo ameaça com o fato de que, em 2060, a regra do 85/95 iria provocar uma necessidade de recursos da ordem de 3,2 trilhões de reais, o que de fato tem sido anunciado pela imprensa.
Mas, embora nenhum número tivesse sido apresentado, é fato que apenas elevar a regra para 86/96, no ano seguinte, ou 87/97, até chegar à regra de 95/100, como deseja o governo iria apenas protelar mais uns dois ou três anos, aquela necessidade de recursos tão vultosa.
Ou seja, se a regra vai sofrer reajustes, e ganhar talvez algum prazo, isso apenas irá adiar por mais alguns anos, o surgimento daquele rombo.
Ora, se não resolve de vez o problema, então a nova regra do governo é tão ruim quanto a aprovada pela Câmara e, sendo assim, ruim por ruim, porque não manter aquela regra que a própria Dilma prometeu introduzir na legislação, quando da campanha eleitoral?
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De minha parte, sem maiores estudos, confesso que não há como dar uma opinião séria.
Mas, que é cada vez mais necessário que todos nós, da sociedade, nos debrucemos sobre os reais problemas que afligem a nossa Previdência, isso não há dúvidas.
Mas, que tal discussão pudesse ser desenvolvida com todos admitindo que o que é bem comum deveria prevalecer sobre interesses particulares mais imediatistas. O que, embora quimérico, significa que todos deveríamos ter informações completas e corretas, e analisarmos tais dados, sabendo que esse é o tipo de acordo em que todos devem estar dispostos a abrir mão de alguma coisa.
Ou seja: trata-se de discutir o que estamos dispostos a perder. Porque todos iremos ter de sacrificar alguma coisa, em prol da sobrevivência desse importante colchão de proteção social.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

A marcha do conservadorismo e os projetos e ambições de Cunha, o líder dessa aventura

Depois de mais uma escaramuça entre o presidente da Câmara Eduardo Cunha e o PT de Aloísio Mercadante, com mais uma ameaça de ruptura e implosão da base de sustentação do governo Dilma, os líderes da base aliada acertaram as condições de votação da última medida do ajuste fiscal, aquela que trata da questão das desonerações da folha de pagamentos à Previdência Social.
Pelo acordo feito, alguns poucos setores - seis no total, incluindo empresas de call center,  transporte de passageiros e de comunicação, - que optarem por continuar recolhendo a contribuição previdenciária incidente sobre o faturamento terão aumentos menores nas alíquotas, mantendo em parte o incentivo concedido para a manutenção do nível de emprego.
Para os demais setores que se aproveitaram da expansão dos benefícios, as alíquotas sobem mais de 100%, o que irá fazer com que muitas empresas optem por voltar a contribuir pela sistemática antiga, cuja base era o valor da folha de pagamento.
O governo acredita em economia de mais de 12 bilhões de reais com a alteração que, negociada pelo articulador político Temer, deve ir a votação ainda nessa semana.
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Interessante, e mais que isso, bastante preocupante são algumas das imposições da "base aliada", para manter a medida do ministro da Fazenda, Levy. Pelo que nos informa a Folha de São Paulo, o Planalto se compromete a não vetar emendas de interesse de aliados de Cunha, que foram incluídas na Medida Provisória que elevou a tributação de importados.
As medidas "contrabandeadas" pelas emendas dos amigos de Cunha, e que o Planalto concorda em não vetar, incluem a anistia de multas aplicadas a igrejas evangélicas pela Receita Federal, além de ficar assegurado que não será vetada a emenda que permite a construção do shopping da Câmara. aquele espaço que transforma a Câmara naquilo que todos sempre acreditaram que fosse aquele espaço: um amplo local de comércio. Ou balcão de negócios.
Em minha avaliação, pior é que o perdão para as igrejas evangélicas fortalece ainda mais ao deputado Cunha, além de fortalecer às igrejas, o que contribui para o cada vez maior fortalecimento do conservadorismo que vem se alastrando por todos os segmentos da vida social de nosso país.
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Por outro lado, mostra também ou dá a entender a que projeto Cunha se dedica, deixando claro que não há no projeto do presidente da Câmara, nenhuma preocupação com o país e a melhoria das condições de vida da população que a Casa diz representar.
O projeto de Cunha é tão somente pessoal, o que lhe permite tornar-se cada vez mais forte para pleitear, em 2018, a indicação pelo seu partido para a disputa à presidência da República. Com o apoio de todos os setores de maior conservadorismo e representantes do maior obscurantismo que pode ser imaginado.
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Nesse meio tempo, o incansável Cunha promove acordo com o PSDB e leva à  Câmara, provavelmente nessa quarta feira o projeto que visa reduzir a maioridade penal, de 18 para 16 anos, que passaria a valer apenas para os casos de crimes hediondos, entre os quais os de estupro e latrocínio, ou seja, o roubo seguido de morte.
Interessante que, em minha opinião, mais uma vez às pressas, como que para dar uma satisfação apenas parcial à sociedade, a Câmara corre para reduzir a maioridade penal sem qualquer discussão mais ampla e mais séria de alternativas e condições objetivas para que a medida surta os efeitos desejados.
E quando falo em condições objetivas, refiro-me ao caso do adolescente acusado logo no primeiro instante de ser um dos autores do homicídio do médico que pedalava pela Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, há poucas semanas.
Pois bem, sabe-se hoje que, ao contrário do que afirmava com toda a convicção nossa Polícia, o adolescente, o primeiro, não participou do crime, sendo acusado injustamente. Tudo bem que a Polícia se redimiu e, parece, já prendeu os dois verdadeiros autores, também menores.
Mas, em um país em que a Polícia sempre opta por prender em primeiro lugar, os jovens negros, adolescentes, moradores da periferia de nossas metrópoles, sejam eles culpados ou não, será mesmo que estaríamos preparados para a redução da idade penal?
E, ao reduzir a idade, porque apenas para crimes com requintes de crueldade? Será que o crime menos violento, ao menos do ponto de vista físico, não seria tanto crime, e tão prejudicial à vítima quanto o outro?
Porque e, na verdade, qual a diferença há entre um estuprador adolescente e outro adolescente que, invade a privacidade de alguma menina ou jovem, e expõe na internet fotos que podem comprometer toda a vida da vítima?
Não seria uma espécie de estupro tal invasão de privacidade? Tal ação que os autores sabem tão bem o mal que estão fazendo, que muitas vezes agem exatamente por vingança, vaidade pessoal ferida, apenas pelo prazer de difamar e expor as vítimas?
Ora, se o menor sabe avaliar as consequências de seus atos, deve saber tais efeitos em qualquer circunstância. mesmo naquelas em que as vítimas vão carregar o peso da agressão, de forma que poucos irão se dar conta que a agressão deixou marcas, pelo resto da vida.
Não à toa, várias meninas, vítimas de exposição na internet de fotos comprometedoras, acabam optando por colocarem um fim em suas vidas.
E, nesse caso, como ficam os responsáveis, os que divulgaram as fotos, muitas vezes filhinhos de papai, bem educados e nascidos em famílias de bem?
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E quantas vezes, as vítimas de simples roubos, não dão depoimentos que deixam perceber que se sentiram invadidas, humilhadas, mesmo que apenas pela agressão de terem levado parte daquilo que conquistaram com o esforço e sacrifício de muito de suas vidas?
Ora, se as vítimas sentem-se invadidas, humilhadas, algumas desenvolvem síndromes de pânico, entram em depressão, isso não faz do autor do crime alguém tão responsável e tão merecedor de punição quanto aqueles dos crimes "mais" hediondos?
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Mas, o que a sociedade discutiu que poderia fazer ou deveria fazer para lidar objetivamente com a questão de que, ao reduzir a maioridade, o risco que passamos a correr é o de os grupos de criminosos passem a introduzir na vida criminosa meninos ainda com menos idade, reduzindo o recrutamento desses menores de 16 para 14 anos, por exemplo.
E, o que a sociedade discutiu ou criou para evitar que esses menores de 15, 14 anos ou até menos, possam ficar livres do assédio dos criminosos mais velhos, que lhes oferecem, prestígio, segurança, proteção, grana, visibilidade que se confunde com respeito, imposto pelo medo, mas ainda assim, respeito?
Como a sociedade vai se antepor ao que até aqui tem sido a tônica, do abandono de tais menores, do desamparo a suas famílias, da falta da presença do Estado, para trazer respeito e fazer respeitar as regras de convívio nas comunidades em que eles são criados?
E como fazer esses menores deixarem de ser apenas os pivetes dos sinais, sem nome, sem identidade, sem reconhecimento e tratados sem qualquer respeito, com não seres?
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Mas vá lá. Isso pouco importa a Cunha e a seu projeto de poder. Isso importa pouco ao pensamento que ele capitaneia, cada vez mais conservador e repressor.
O que é uma pena.
Mas, revelador de um país que sempre foi autoritário, e que vende bom humor e alegria, forjada, falsa, apenas nas propagandas de tevês, que deixa de ser uma abstração apenas no Carnaval.
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Capaz de tratar um jornalista que é e tem sido um dos expoentes do conservadorismo esclarecido, como Jô Soares, da forma que o tratou apenas por ter entrevistado, de forma educada e sem querer criar um ambiente de confronto, à presidenta Dilma.
Isso porque quando a entrevista era com outros presidentes, FHC, inclusive, tudo era tolerado e permitido.
Afinal, foi Dilma e o PT que incomodou sobremaneira a esse grupo de zés ninguéns que, por terem maior condição financeira, acreditam que eles são os únicos que merecem ter direito aos privilégios dos reinos da terra.
Quanto ao acesso ao reino dos céus, isso são outros quinhentos. São outras vidas...

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Inflação, obras de infraestrutura e novo vexame do Galo, em casa!

É certo que há notícias econômicas que poderiam ser o assunto inicial de nosso pitaco. Por exemplo, há o anúncio, suficientemente alardeado pela mídia, de que o IPCA, o índice de preços que é o balizador do regime de metas de inflação, alcançou 0,74% em maio, acumulando uma alta de 8,47%, no espaço de 12 meses.
Certo que para o regime de metas deve ser considerado tão somente o período de 12 meses que se estende de janeiro a dezembro do ano civil. Mas, no presente caso, mesmo que a inflação ficasse bem comportadinha nos sete meses que restam, de junho até dezembro, seria uma aposta muito arriscada, independente de ser completamente fora da realidade, contar com uma taxa de inflação situada dentro dos limites da meta, de 4,5% mais dois pontos percentuais.
Afinal, até o mês de maio o índice acumula já 5,34%, superior ao valor do centro da meta em quase 1%.
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O número, que parece ter surpreendido às pitonisas do mercado, já traz como uma de suas consequências, a revisão, para maior, da expectativa de inflação para o ano, pelo mercado, esse nosso deus supremo.
E já tem assessorias e analistas apostando em 9% no ano.
Previsão que deve alimentar nova rodada de cobranças para que o Copom eleve as taxas de juros básicos da economia, superando a taxa atual, pelo visto ainda ineficaz de 13,75%.
Curiosa é a lista de vilões da puxada de preços: mais uma vez o tomate, a cebola, tarifa de energia elétrica e, pasme, jogos de azar.
O que nos fornece um retrato no mínimo curioso desse país em que o Banco Central eleva as taxas de juros; a demanda agregada, que vinha se alimentando das despesas das famílias em consumo, grande parte delas sustentada pelo crediário, despenca. A indústria super-estocada paralisa a produção e demite, e as famílias sem uma fonte de renda assegurada correm para as loterias, para tentarem as sorte grande.
E, em face da elevação de preços das apostas da Caixa, para obter mais recursos para ajudar no esforço fiscal, a inflação sobe.
E retomamos a ciranda: nova reunião do Copom, nova subida de juros, nova queda de vendas, novas demissões, e mais jogos, que é para ver se a sorte muda...
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Ao contrário do que víamos acontecer durante a gestão do ministro trapalhão Mantega (trapalhão aos olhos da imprensa e do sacrossanto mercado, a que ele não se curvava sem resistências), a grande imprensa aceita, agora, a responsabilidade da questão climática nos preços de produtos como tomate, já o principal vilão da inflação dos alimentos em 2013.
Apenas que, como é curioso, mas verdadeiro, desta vez não foi a crise hídrica a responsável pelos problemas da safra. Ao contrário, dessa vez foi a chuva e, pela primeira vez, vejo o jornal (no caso específico à Folha - edição do dia de hoje, 11 de junho, página A 19) dar espaço à explicação da coordenadora do IBGE, para quem as chuvas aumentam a umidade, o que propicia o surgimento de pragas, cujo custo para combatê-las é muito elevado.
Daí o problema com o tomate, esse sim, preferência nacional, e com a cebola.
Além da explicação climática, um outro problema surge da elevação do preço do dólar, que encarece produtos como o pão de sal, dependente da farinha de trigo importada.
Na mesma direção entende-se porque da cebola argentina, que começou a frequentar as bancas das feiras e sacolões há poucas semanas, não é capaz de promover a queda do preço da nossa cebola.
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Mais uma vez a energia, também vinculada ao clima, no caso e contrariamente à questão da seca no Nordeste, tem grande parcela da responsabilidade, na alta de preços, afetando mais a região Nordeste. E afetando também Vitória, mas aqui, mais uma vez, em função do esforço fiscal do governo, ou seja, devido ao aumento do PIS/Cofins, incidente sobre a energia elétrica.
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Ou seja, à ciranda dos juros, podemos acrescentar outra justificativa; visando acertar as contas públicas, sobem os impostos, o governo corta despesas, muitas das quais fundamentais como o Fies, etc. e com isso cai a demanda agregada, e cai a produção, e cai o nível de atividade e emprego, e o governo perde receita. E, com os juros mais elevados, o déficit fiscal se eleva ainda mais, e o governo deve elevar novamente as receitas, que pressionarão os preços, exigindo elevação dos juros, que levarão a nova elevação do déficit nominal...
E eu me pergunto até quando o ministro Levy continuará sendo poupado pelo mercado, e a culpa de políticas econômicas que já mostraram em outras ocasiões não serem capazes de resolver os problemas, principalmente da inflação, continuará sendo despejada em Mantega.
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Mas, não há razão para maiores problemas. Afinal, em meio a tantas tesouradas nos gastos públicos, gerando o que Marcos Pestana, o deputado peesedebista de Minas, deu a entender que seria o final melancólico do PAC, empacado conforme discurso por ele proferido na tribuna da Câmara no dia de ontem, o governo lança um grande programa de concessões para obras de infraestrutura.
Para o deputado mineiro, uma atitude merecedora de festas e grande alegria, por marcar o reconhecimento definitivo pelo PT, das vantagens e benefícios da privatização, e a entrada daquele partido, outrora tão crítico, no espírito maior da unanimidade burra do neoliberalismo.
Em minha opinião, nada de novo sob o sol, já que o programa prevê a realização de investimentos de 198 bilhões de reais, dos quais perto de 70 bilhões ainda no mandato de Dilma, isso caso o setor privado resolva gastar nos projetos apresentados, o que depende, antes de mais nada, de boa vontade dos empresários e de obtenção de recursos.
Como lembra em sua coluna Jânio de Freitas, no Brasil, seriam as grandes empreiteiras, todas envolvidas no escândalo da Lava Jato, que teriam condições, talvez, e interesse em tais concessões. Isso se lhes for facultado o direito de continuarem participando de licitações e concorrências para fornecimento de serviços ao governo.
Mas, o escândalo apenas, já levou várias delas a situações bastante críticas do ponto de vista financeiro, o que as levaria a depender de financiamentos. A essa taxa de juros que estamos praticando no país, às taxas de juros de mercado, já que agora nem o BNDES poderá mais ficar fazendo empréstimos mais semelhantes a doações de pai para filhos, à taxa de juros da TJLP?
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Como disse Jânio, cheira mesmo a expediente para atrair capitais estrangeiros, empresas de engenharia internacionais, alicerçadas e alimentadas por dinheiro a custo quase zero, do capital financeiro internacional que Levy dá demonstrações de estar tão preocupado em representar e defender.
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Mas, não há problema! Internamente muita gente irá ficar satisfeita se nossos serviços de engenharia forem derrotados pela concorrência, o que evitará, para todo o sempre, que possamos participar de construção de obras tão importantes como o porto de Cuba. Aquela ilha comunista que cada vez mais os nossos setores conservadores querem ver longe, e por isso, mais ela se aproxima e estreita laços com aquele outro grande país comunista, os Estados Unidos...
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Só para lembrar, grande parte do tal programa de concessões é, conforme a Folha de ontem, uma versão reciclada de outro anunciado em 2012.
Cujo modelo na época foi criticado pela presidenta, por ser oneroso para o usuário. Mas, agora, com Levy à frente, não, já que agora o povo é quem menos importa.
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Chegou a hora de parar de ficar bajulando e exigir mais futebol

Não vi o jogo todo do Galo ontem, apenas trechos do primeiro tempo.
Mas vi um comentarista da rádio Itatiaia, que reconheceu que foi um dos que acreditaram e difundiram a ideia de favoritismo do Atlético para a conquista do Brasileiro, e continua acreditando nisso, dizer que acendeu-se uma luzinha de preocupação.
Para o tal comentarista, ao golear, Fluminense, Vasco, Avaí, o Galo mostrou linhas compactas, velozes, ultrapassagens, triangulações, que o credenciam a ser considerado o melhor ou um dos melhores times na disputa.
Mas, nas duas últimas partidas, contra Cruzeiro e Santos, ontem, essas jogadas em velocidade, mas sincronizadas, etc. etc, não aconteceram. E, para ele, está na hora de o Galo verificar o que está acontecendo, para não perder o senso do coletivo.
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Paro aqui. Em minha opinião, o tal comentarista, independente de torcer ou não para o Glorioso, acaba fazendo mais mal que bem para o time.
Falar de partidas contra autênticas galinhas mortas, como o Fluminense do início do campeonato, e Vasco e Avaí, candidatos fortíssimos a caírem, mais o carioca que o catarinense, é brincadeira.
Pior, o Galo jogou contra aqueles times já mostrando que estava de salto alto. Marcava um, dois gols e já se sentia vitorioso, começando a se poupar, quando os adversários se fossem respeitados, deveriam levar 7, 8 gols, já que eram forma para isso.
***
É isso que atrapalha o Galo. Esses comentaristas de araque, que não vêem um palmo à frente do nariz e acham que o time está às mil maravilhas, quando percebe-se a existência de falhas cada vez mais grotescas.
Afinal, entrar de primeira como Léo Silva foi na jogada de Ricardo Oliveira no primeiro gol do Santos, é brincadeira. Colocar apenas Léo Silva, já com mais idade, para disputar na corrida com o avante do Santos, é outra brincadeira.
Há muito tempo venho falando que a defesa do Galo fica muito desguarnecida. Não que eu seja contrário ao uso de apenas um volante, já que sempre critiquei a incapacidade de Donizete sair jogando e trocando passes que sempre acabam nos pés do adversário e em lances de perigo de gol contra o arco de Victor.
Mas, para jogar com um só volante, como Carioca, há que se manter um esquema que impeça que fique apenas um único jogador no mano a mano, como aconteceu ontem.
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Felizmente não vi o segundo tempo, por compromissos profissionais.
Mas, que está faltando ao Galo mais que apenas um espírito coletivo, isso fica cada vez mais claro. Está faltando, na verdade, é futebol. E raça, muita raça e vontade de vencer.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Mais uma vez falta futebol e vontade ao Galo, especialmente vontade, que sobrou no Cruzeiro. E a entrevista de Delfim Netto na Folha

Não há muito a falar do jogo de domingo, em que um time entrou para jogar futebol e outro entrou acreditando que ia dar mais um espetáculo. E o que se viu foi exatamente isso, inclusive no resultado. Um time com jogadores como se estivessem famintos em campo, disputando a bola como se fosse o último prato de comida na face da terra.
O outro, insistentemente e irritantemente insistindo em dar ao goleirão Victor, a chance de se destacar na armação de jogadas, nos lançamentos, tão ao estilo da tática do chutão que predominou em 2013, na conquista da Libertadores.
Com a diferença que, naquela oportunidade, mais inspirado, quem fazia o pivô era Jô, que apesar de ser melhor para cumprir esse papel que Lucas Pratto, até pela altura e maior agilidade, estava assistindo a partida do banco.
Então, para não perder o embalo, já antes dos 3 minutos de jogo, Rafael Carioca havia, sozinho e do meio campo, atrasado uma bola em direção de Victor, a primeira de muitas que ele atrasou como se lhe faltasse recursos para tentar outra jogada, e de outras tantas, que seus companheiros imitando-o, também devolveram para o goleiro.
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Já era hora de Levir avisar aos seus comandados que futebol é bola para a frente e que Victor não possui tanta habilidade para fazer lançamentos com sua perna esquerda, rifando a bola na maioria das vezes, já que a regra do futebol impede que o goleiro pegue a bola com suas mãos, caso ela seja atrasada por seus companheiros.
Talvez seja isso, que ainda não foi comunicado ao time do Galo, especialmente ao Carioca: que o goleiro não pode pegar a bola atrasada com as mãos o que sempre o coloca em situação complicada, especialmente quando um atacante adversário avançar contra ele, e ele tiver que se desvencilhar da bola de qualquer jeito.
***
Inegável que o time é melhor com Rafael Carioca, que sabe defender e sabe chutar de fora da área, além de ter maior qualidade que o tanque Donizete, que apenas sabe fazer jogadas violentas, para cobrir seu futebol curto, feito apenas de vontade.
Justiça seja feita, garra e vontade não lhe falta, ao Donizete.
E, talvez, até fosse isso que o time estava sentindo falta no jogo contra o Cruzeiro. De alguém que, na base do chutão e da força, mostrasse que o jogo era sério e de campeonato.
Porque enquanto o Cruzeiro mordia, beliscava, incomodava e jogava sério, o time do Atlético parecia querer esbanjar uma qualidade técnica que ainda está longe de poder apresentar.
Ainda mais contra um time que é, nada mais, nada menos, seu principal adversário.
***
Pois bem, o que vi em campo foi o time do Galo querendo trocar passes curtos, fazendo triangulações sem qualquer objetividade, e embolando com a bola nos pés, como nos bobinhos que antigamente eram chamados de jogo do peru, que os reservas usam para se aquecerem no intervalo dos jogos.
Basta observar que, sem poder dar mais que um ou dois toques na bola, e com área muito limitada para a troca de passes entre eles, normalmente nesses "bobinhos", há muita embolação, com a bola ficando no meio de um bate-rebate que acaba sempre fazendo com que o time contrário recupere sua posse. Até que nova confusão e embolação reverta, logo em seguida a situação.
Luan, Dátolo, Gustavo Augusto, Patrick, abusaram dessa troca de passes curtos, laterais, sem conseguirem criar qualquer jogada e levar perigo ao gol defendido por Fábio. Ao menos no início do jogo.
Isso, sem falar na dificuldade visível de Dátolo conseguir se virar, consertar o corpo para poder dar sequência a qualquer jogada já que só joga com a canhota.
Até que ele vire o corpo e consiga domínio, dois jogadores ou até mais, contrários, já partiram para cima dele e embolaram o lance.
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A bem da verdade, devo dizer que o Galo foi melhor que o Cruzeiro até que conseguiu marcar seu gol, em jogada muito truncada, como truncado foi todo o jogo.
Dizer que foi pegado é pouco. Achei mais que foi muito cheio de jogadas faltosas, nenhuma delas com tanta violência, o que não retira delas o caráter de faltosa.
Assim, no gol do Galo mesmo, dois choques, em minha opinião que poderiam ter sido penalizados com uma falta aconteceram antes de no sufoco, Luan empurrar para as redes.
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Ah! Muitos irão dizer que o juiz foi muito bom, pois deixou o jogo correr. E que deu sempre, e bem a lei da vantagem. Do que me lembro, em jogada do ataque do Galo, houve duas faltas ao menos que o time levou vantagem. E o juizão corretamente aplicou a lei.
Mas, não deveria depois do lance concluído advertir, ou aplicar cartão no lance, que julgo ter sido de jogada mais ríspida.
E para não falar que estou apenas chorando, a verdade é que Douglas Santos mereceu cartão, e nada em lance que foi vergonhoso.
E não apenas ele, no segundo tempo. Ainda no primeiro tempo também houve falta feita no meio campo do Galo, que deveria ter sido punido com mais que apenas uma sinalização manual.
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Não gostei do juiz, e acho que ele usou de dois pesos e duas medidas. Para o Cruzeiro, marcou um número muito maior de faltas que para o Galo, inclusive na jogada que deu origem ao terceiro gol do time adversário, que houve falta no lance, com um puxão de camisa do jogador do Galo.
O que não altera o fato de que o Cruzeiro foi melhor. Jogou com vontade e infelizmente, Luxemburgo pode começar, novamente, a assumir sua atitude arrogante e de falastrão genial de sempre.
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Quanto a Levir, acho que falhou desde a escalação. Afinal, embora não goste de Thiago Ribeiro, ele andou entrando e se constituindo além de goleador, no melhor jogador do time. Então, porque tirá-lo justo no jogo contra nosso maior rival?
E porque não mudar o time já aos 30 ou 35 minutos do primeiro tempo, quando o Cruzeiro mandava em campo e quem estava lá via que só dava Cruzeiro?
Vá lá que Carlos, para não perder o costume teve duas oportunidades de gol claras, que ele atrasou para Fábio, talvez até por treinar tanto atrasar bola para Victor....
E que se tivesse  havido a marcação do gol, outro teria sido o final da história.
Ou não.
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Dátolo já estava mal desde o início e, para a bola ficar sendo chutada para a frente para Pratto escorar, era melhor ter posto Jô em campo.
A defesa estava bem, mais segura, até que teve a infelicidade de marcar o gol contra, em jogada que William chutou para a lateral.
Acho que Victor falhou no gol do Cruzeiro, o segundo, talvez assustado com a falha de Patrick, tanto ao tentar sair brincando e driblando naquele lugar, quanto por ter levado o drible que levou infantilmente.
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E só para terminar, acho que foi errado entrar com Guilherme, que a torcida pedia.
Deve ser lembrado que o jogador, embora craque, estava voltando de uma contusão, com muitas partidas sem jogar, sem ritmo e sem condições, em minha opinião, de entrar em jogo tão pesado e tão disputado.
Mas, para não ser taxado de burro, e tendo em vista as falhas consecutivas que Gustavo Augusto começou a cometer, Levir mexeu. Mais uma vez, mal, em minha avaliação.
Pois bem. Perdemos e foi merecido.
Que ao menos mostre aos jogadores do Galo que um time bom, com técnica, não pode esquecer que raça, vontade, disposição e luta ainda são importantes requisitos de qualquer time.
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E para não dizer que não falei de Economia

Não apenas, mais uma vez, na quarta feira tivemos nova elevação dos juros, fazendo a taxa Selic bater um recorde não visto há mais de 6 anos, como ainda vimos a admissão, pelo ministro Levy, de que o ajuste será mais recessivo, e talvez mais duradouro que ele acreditava.
Mas, acredito que, mais importante que esses fatos, inclusive com a admissão de alguns setores que a queda do PIB pode alcançar os 2% no ano de 2015, o que me chamou a atenção nesse feriadão prolongado, foi a entrevista de Delfim Netto ao jornal da Folha de São Paulo, no último domingo.
Como sempre, mesmo não gostando do ex-ministro dos governos militares, há que se reconhecer que ele tem o que falar.
Especialmente quando diz que já está passando da hora de Dilma reassumir o governo que ela, na opinião do professor deixou de lado, envergonhada talvez por estar traindo todo o discurso de campanha, em estelionato que Delfim não nega ter havido.
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Um detalhe, além de elogiar a política de equilíbrio fiscal, que era mais que necessária, em sua opinião, Delfim destaca que a política era tão necessária, que para fazer justiça, as medidas mais importantes até agora tomadas foram idealizadas ou sugeridas por Mantega.
Até agora, do que vimos de Levy, e o professor deixa no ar, apenas aumento de receita. Cortes de gastos muito poucos.
E visando o crescimento, até aqui nada. O que leva o ex-ministro a cobrar do ministro do Planejamento que comece a agir, junto a outros de seus colegas, para que tenha um projeto para o país, depois que o ajuste fiscal for todo aprovado e o protagonismo de Levy já não tiver mais o que oferecer.
É isso, o professor mais uma vez mostrando que não basta boa intenção e a adoção de um modo de pensar que é dominado pelo pensamento único. Mesmo que o pensamento único agrade tanto aos mercados.

terça-feira, 2 de junho de 2015

O Galo e o futebol carioca. Enquanto isso, na Europa, os grandes quando podem ganham de 6, 7 gols

Mais uma rodada do campeonato brasileiro no último fim de semana. Mais uma partida do Galo contra time carioca e mais uma vez, como já tinha acontecido contra o Fluminense, mais um jogo em que o Atlético podia ter disparado uma goleada impiedosa e ..... nada.
Até ameaçou. Até que parecia que dessa vez ia, mas ficou apenas na ameaça.
E em um futebol de alta velocidade no primeiro tempo, de constante troca de posições entre os jogadores de frente, que desnortearam a defesa vascaína e deram a impressão de que o time sairia com uma goleada inesquecível.
Mas, diferente dos grandes times de futebol europeus, como Barcelona, Real Madri ou Bayern, que ao jogarem contra times de nenhuma expressão ou força aplicam sonoras goleadas, até em respeito ao futebol, ao time adversário, aos torcedores, o Atlético acomodou-se, como é comum acontecer no futebol brasileiro.
E o que poderia ter sido um massacre, foi um jogo vibrante no início e morno na etapa final.
Está certo que Lucas Pratto perdeu ao menos uns dois gols praticamente feitos, mas o ritmo do jogo caiu demais.
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A ponto de começar a sobrar em campo, mais pela disposição, pela garra, pela vontade, o futebol de Patric. 
Não que ele não tenha feito uma bela partida. Aliás, que não venha fazendo bons jogos, indo ao ataque, trocando sempre de posição com Luan, colaborando em jogadas muitas vezes capazes de levarem grande perigo à defesa do time oponente.
Patric tem evoluído, é necessário reconhecer. 
Mas, se merece elogios por suas atuações recentes, independente do feio drible que tomou de Nikão, contra o xará do Paraná, que resultou em gol do time líder do campeonato, é forçoso reconhecer que ele mais apareceu para o jogo, e foi o protagonista de jogadas de efeito, inclusive um drible em que passou no meio de dois vascaínos, já no segundo tempo, quando o Galo já não queria mais nada com a bola e o Vasco... mostrou que é apenas mais um time carioca, de futebol tão ruim quanto todos os demais que jogam apenas nas manchetes de jornais.
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A esse respeito, é bom que seja registrado, mais uma vez, o que sempre foi o pensamento nosso e de  mais uma série de profissionais da área da imprensa esportiva, sérios: o futebol carioca iria morrer de tanto oba, oba. De tanta comemoração e elogios, a maioria falsos. A maioria mais visando a tapar o sol com a peneira, iludir os torcedores dos grandes times e fingir que estava tudo bem. Quando o retrato do futebol praticado no Rio é outro. E é digno de pena.
E, apenas a título de alerta, a julgar pelo que ando acompanhando em relação ao comportamento da imprensa e de alguns comentaristas de futebol de São Paulo, a mesma situação está prestes a acontecer em Sampa. Vide aí o "Barcelona das Américas", o Corínthians, aquele que foi apontado como o único time nacional em condições de disputar e até vencer uma Champions League. 
E tudo isso apenas por ser um time popular, que precisava de ser endeusado até para que a imprensa desse sua colaboração na criação de um ambiente mais festivo, mais de circo, já que o pão.... esse, há muito já não estaria sendo oferecido.
Pois bem. E o Corínthians, tão cantado em verso e prosa mostrou ao que veio, ao ser eliminado da Libertadores, de forma trágica, e agora, ao desmontar seu time, e começar a descer a ladeira do Brasileirão.
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Mas, esse pitaco não é para ficar falando do mal que a imprensa pode causar quando deixa de ser séria, para ser apenas mais uma peça do espetáculo de prestidigitação.
E, antes que isso venha a acontecer com o Galo em Minas, vamos deixar claro. O time só jogou muito bem e ganhou, contra os times do Rio. 
Sustentou um empate com o Palmeiras, com o time recheado de jogadores que não estão jogando sempre, mas poderia ter aplicado uma goleada e parou de jogar no meio do segundo tempo, satisfeito com o placar. 
Já comentei esse jogo aqui. Por parar de jogar satisfeitos, antes do jogo ter terminado, tomamos o castigo do empate.
Depois perdemos para o xará do Paraná, jogando bem, mas sem qualquer objetividade no ataque. Sinal de que não basta ficar mais tempo, ou muito tempo trocando bola na intermediária. Tem que saber chegar lá na frente e não apenas isso, mas saber definir o lance.
Nem vou falar de Fluminense e Vasco, porque sinceramente não contam. E por isso não fui ao Independência no último domingo. 
Tinha a convicção de que, se não ganhasse de seis ou mais, não teria valido a pena. E, não deu outra. Ao chegar a três, o time parou.
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Ainda a respeito do jogo, em que também Dátolo se destacou, e Thiago Ribeiro, gostaria de fazer um último comentário. Pelo amor de Deus, ou como dizia o Sílvio Luiz, pelo amor de meus filhinhos, não escala mais o Donizete, não Levir!
Até contra o inexistente time carioca, Donizete não conseguiu acertar nada. E mais uma vez, o que conseguiu foi perder passes na frente da defesa, levando perigo ao gol que ele devia estar protegendo.
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Vão falar, claro, que o time se poupou, já que tem uma semana cheia, inclusive com o clássico contra o Cruzeiro.
Mas na verdade, o que o time fez foi evitar de treinar com mais afinco. Porque não tinha adversário para dizer que estava disputando uma partida difícil.



Econômicas

E começa hoje nova reunião do COPOM, para decidir, mais uma vez, o que fazer com a taxa de juros.
Não por acaso, o boletim Focus, que pauta a conduta do Banco Central já mostrou que as expectativas do mercado continuam sinalizando alta da inflação. Agora de 8,39%.
E queda do PIB, e queda da receita de impostos, e .... bem e Levy vai fazendo seu trabalho. Aos poucos. 
Quebrando as empresas, reduzindo a renda dos menos favorecidos e melhorando as contas... não as públicas, pelo visto. 
Mas as dos bancos.
Começa hoje mais uma reunião do COPOM, em que o mercado já determinou mais um aumento da taxa básica de juros. 
Deve vir mais 0,25% por aí.