Não há muito a falar do jogo de domingo, em que um time entrou para jogar futebol e outro entrou acreditando que ia dar mais um espetáculo. E o que se viu foi exatamente isso, inclusive no resultado. Um time com jogadores como se estivessem famintos em campo, disputando a bola como se fosse o último prato de comida na face da terra.
O outro, insistentemente e irritantemente insistindo em dar ao goleirão Victor, a chance de se destacar na armação de jogadas, nos lançamentos, tão ao estilo da tática do chutão que predominou em 2013, na conquista da Libertadores.
Com a diferença que, naquela oportunidade, mais inspirado, quem fazia o pivô era Jô, que apesar de ser melhor para cumprir esse papel que Lucas Pratto, até pela altura e maior agilidade, estava assistindo a partida do banco.
Então, para não perder o embalo, já antes dos 3 minutos de jogo, Rafael Carioca havia, sozinho e do meio campo, atrasado uma bola em direção de Victor, a primeira de muitas que ele atrasou como se lhe faltasse recursos para tentar outra jogada, e de outras tantas, que seus companheiros imitando-o, também devolveram para o goleiro.
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Já era hora de Levir avisar aos seus comandados que futebol é bola para a frente e que Victor não possui tanta habilidade para fazer lançamentos com sua perna esquerda, rifando a bola na maioria das vezes, já que a regra do futebol impede que o goleiro pegue a bola com suas mãos, caso ela seja atrasada por seus companheiros.
Talvez seja isso, que ainda não foi comunicado ao time do Galo, especialmente ao Carioca: que o goleiro não pode pegar a bola atrasada com as mãos o que sempre o coloca em situação complicada, especialmente quando um atacante adversário avançar contra ele, e ele tiver que se desvencilhar da bola de qualquer jeito.
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Inegável que o time é melhor com Rafael Carioca, que sabe defender e sabe chutar de fora da área, além de ter maior qualidade que o tanque Donizete, que apenas sabe fazer jogadas violentas, para cobrir seu futebol curto, feito apenas de vontade.
Justiça seja feita, garra e vontade não lhe falta, ao Donizete.
E, talvez, até fosse isso que o time estava sentindo falta no jogo contra o Cruzeiro. De alguém que, na base do chutão e da força, mostrasse que o jogo era sério e de campeonato.
Porque enquanto o Cruzeiro mordia, beliscava, incomodava e jogava sério, o time do Atlético parecia querer esbanjar uma qualidade técnica que ainda está longe de poder apresentar.
Ainda mais contra um time que é, nada mais, nada menos, seu principal adversário.
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Pois bem, o que vi em campo foi o time do Galo querendo trocar passes curtos, fazendo triangulações sem qualquer objetividade, e embolando com a bola nos pés, como nos bobinhos que antigamente eram chamados de jogo do peru, que os reservas usam para se aquecerem no intervalo dos jogos.
Basta observar que, sem poder dar mais que um ou dois toques na bola, e com área muito limitada para a troca de passes entre eles, normalmente nesses "bobinhos", há muita embolação, com a bola ficando no meio de um bate-rebate que acaba sempre fazendo com que o time contrário recupere sua posse. Até que nova confusão e embolação reverta, logo em seguida a situação.
Luan, Dátolo, Gustavo Augusto, Patrick, abusaram dessa troca de passes curtos, laterais, sem conseguirem criar qualquer jogada e levar perigo ao gol defendido por Fábio. Ao menos no início do jogo.
Isso, sem falar na dificuldade visível de Dátolo conseguir se virar, consertar o corpo para poder dar sequência a qualquer jogada já que só joga com a canhota.
Até que ele vire o corpo e consiga domínio, dois jogadores ou até mais, contrários, já partiram para cima dele e embolaram o lance.
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A bem da verdade, devo dizer que o Galo foi melhor que o Cruzeiro até que conseguiu marcar seu gol, em jogada muito truncada, como truncado foi todo o jogo.
Dizer que foi pegado é pouco. Achei mais que foi muito cheio de jogadas faltosas, nenhuma delas com tanta violência, o que não retira delas o caráter de faltosa.
Assim, no gol do Galo mesmo, dois choques, em minha opinião que poderiam ter sido penalizados com uma falta aconteceram antes de no sufoco, Luan empurrar para as redes.
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Ah! Muitos irão dizer que o juiz foi muito bom, pois deixou o jogo correr. E que deu sempre, e bem a lei da vantagem. Do que me lembro, em jogada do ataque do Galo, houve duas faltas ao menos que o time levou vantagem. E o juizão corretamente aplicou a lei.
Mas, não deveria depois do lance concluído advertir, ou aplicar cartão no lance, que julgo ter sido de jogada mais ríspida.
E para não falar que estou apenas chorando, a verdade é que Douglas Santos mereceu cartão, e nada em lance que foi vergonhoso.
E não apenas ele, no segundo tempo. Ainda no primeiro tempo também houve falta feita no meio campo do Galo, que deveria ter sido punido com mais que apenas uma sinalização manual.
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Não gostei do juiz, e acho que ele usou de dois pesos e duas medidas. Para o Cruzeiro, marcou um número muito maior de faltas que para o Galo, inclusive na jogada que deu origem ao terceiro gol do time adversário, que houve falta no lance, com um puxão de camisa do jogador do Galo.
O que não altera o fato de que o Cruzeiro foi melhor. Jogou com vontade e infelizmente, Luxemburgo pode começar, novamente, a assumir sua atitude arrogante e de falastrão genial de sempre.
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Quanto a Levir, acho que falhou desde a escalação. Afinal, embora não goste de Thiago Ribeiro, ele andou entrando e se constituindo além de goleador, no melhor jogador do time. Então, porque tirá-lo justo no jogo contra nosso maior rival?
E porque não mudar o time já aos 30 ou 35 minutos do primeiro tempo, quando o Cruzeiro mandava em campo e quem estava lá via que só dava Cruzeiro?
Vá lá que Carlos, para não perder o costume teve duas oportunidades de gol claras, que ele atrasou para Fábio, talvez até por treinar tanto atrasar bola para Victor....
E que se tivesse havido a marcação do gol, outro teria sido o final da história.
Ou não.
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Dátolo já estava mal desde o início e, para a bola ficar sendo chutada para a frente para Pratto escorar, era melhor ter posto Jô em campo.
A defesa estava bem, mais segura, até que teve a infelicidade de marcar o gol contra, em jogada que William chutou para a lateral.
Acho que Victor falhou no gol do Cruzeiro, o segundo, talvez assustado com a falha de Patrick, tanto ao tentar sair brincando e driblando naquele lugar, quanto por ter levado o drible que levou infantilmente.
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E só para terminar, acho que foi errado entrar com Guilherme, que a torcida pedia.
Deve ser lembrado que o jogador, embora craque, estava voltando de uma contusão, com muitas partidas sem jogar, sem ritmo e sem condições, em minha opinião, de entrar em jogo tão pesado e tão disputado.
Mas, para não ser taxado de burro, e tendo em vista as falhas consecutivas que Gustavo Augusto começou a cometer, Levir mexeu. Mais uma vez, mal, em minha avaliação.
Pois bem. Perdemos e foi merecido.
Que ao menos mostre aos jogadores do Galo que um time bom, com técnica, não pode esquecer que raça, vontade, disposição e luta ainda são importantes requisitos de qualquer time.
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E para não dizer que não falei de Economia
Não apenas, mais uma vez, na quarta feira tivemos nova elevação dos juros, fazendo a taxa Selic bater um recorde não visto há mais de 6 anos, como ainda vimos a admissão, pelo ministro Levy, de que o ajuste será mais recessivo, e talvez mais duradouro que ele acreditava.
Mas, acredito que, mais importante que esses fatos, inclusive com a admissão de alguns setores que a queda do PIB pode alcançar os 2% no ano de 2015, o que me chamou a atenção nesse feriadão prolongado, foi a entrevista de Delfim Netto ao jornal da Folha de São Paulo, no último domingo.
Como sempre, mesmo não gostando do ex-ministro dos governos militares, há que se reconhecer que ele tem o que falar.
Especialmente quando diz que já está passando da hora de Dilma reassumir o governo que ela, na opinião do professor deixou de lado, envergonhada talvez por estar traindo todo o discurso de campanha, em estelionato que Delfim não nega ter havido.
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Um detalhe, além de elogiar a política de equilíbrio fiscal, que era mais que necessária, em sua opinião, Delfim destaca que a política era tão necessária, que para fazer justiça, as medidas mais importantes até agora tomadas foram idealizadas ou sugeridas por Mantega.
Até agora, do que vimos de Levy, e o professor deixa no ar, apenas aumento de receita. Cortes de gastos muito poucos.
E visando o crescimento, até aqui nada. O que leva o ex-ministro a cobrar do ministro do Planejamento que comece a agir, junto a outros de seus colegas, para que tenha um projeto para o país, depois que o ajuste fiscal for todo aprovado e o protagonismo de Levy já não tiver mais o que oferecer.
É isso, o professor mais uma vez mostrando que não basta boa intenção e a adoção de um modo de pensar que é dominado pelo pensamento único. Mesmo que o pensamento único agrade tanto aos mercados.
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