Relatório do Banco Central, divulgado no dia de ontem, 23, dá conta de que o estoque de crédito atingiu a cifra de R$ 3,08 trilhões, correspondendo a 54,5% do PIB.
O mesmo documento revela que a inadimplência caiu no período de um ano, tendo como referência o mês de maio, de 5,7% para 5,4%, em se tratando de pessoas físicas.
A inadimplência maior, e crescente, atingindo 4% é observada nas operações para empresas, quadro mais problemático, até porque dificuldades das empresas em honrar suas dívidas podem ser indício do risco de uma quebradeira, com os efeitos daí decorrentes, como o desemprego.
A previsão para o ano é que haja um aumento das operações de crédito de aproximadamente 9%, embora menor que o resultado de 2014.
A explicação para a previsão para baixo encontra-se no crédito com recursos oficiais, em especial, o financiamento imobiliário para pessoas físicas que deve crescer 14%, contra um avanço de 24% no ano anterior.
A queda prevista tem como causas a queda no volume de recursos da poupança, o aumento de juros e maiores dificuldades na concessão do crédito determinados pela CEF. Apenas em relação a abril, maio apresenta queda na modalidade de 29%.
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O relatório informa ainda, algumas das taxas de juros praticadas pelo sistema financeiro, como a taxa do cheque especial, que alcançou 232% ao ano, contra 171,7% há 12 meses atrás, e a taxa média do rotativo do cartão de crédito, de 360%.
Para o crédito ao consumo, o valor atingiu 57,3% ao ano, o que é, no mínimo, curioso, já que a Selic, parâmetro para o custo do dinheiro é de 13,75%.
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Claro que os bancos irão alegar que há um risco maior de crédito a ser incorporado nas taxas praticadas, embora a inadimplência esteja em queda.
Também deverão alegar maiores custos administrativos, embora esses sejam cobertos em grande medida, pelas tarifas cobradas pelos bancos e, como se sabe, subiram muito em verdadeiro tarifação já nesse início de ano.
Há justificativas vinculadas ao custo do dinheiro mantido no compulsório e outras do tipo mas, ainda assim, somente o fato de o setor ser fortemente oligopolizado, fortemente concentrado pode ajudar a entender diferenças tão significativas entre a taxa paga a título de "funding" e a cobrada na concessão do crédito.
Afinal, 232% no cheque especial, em tese, aquele recurso que o banco coloca à disposição de seus clientes mais bem avaliados, mais fiéis, com maiores operações junto ao estabelecimento, etc. etc. é muito elevado. E os bancos nem poderiam alegar que trata-se de um dinheiro que envolve outros riscos maiores, como o de liquidez, já que não têm condições de prever quem e quando ou quanto será utilizado.
Ora, se a política de concessão de crédito é séria e bem cumprida e fiscalizada, não deveria haver tanto aumento de risco na concessão potencial de recursos para clientes cujo perfil o banco já conhece, às vezes, mais que o próprio tomador do crédito.
Ou não?
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E ainda tem gente que insiste em continuar comprando valores elevados, e parcelando, muitas vezes o valor dos pagamentos no cartão de crédito, sem ter condições de liquidarem a fatura toda no dia da cobrança. Única forma de não deixar o crédito no cartão virar uma bola de neve.
E tem gente que não consegue sair do cheque especial, mesmo sabendo que o consignado, se possível o acesso a ele, ou o resgate de qualquer aplicação, caso existente, são opções muito melhores e saudáveis para quem não consegue viver dentro dos limites dos rendimentos mensais.
Essa sim, a receita para o sucesso.
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Enquanto isso, no ajuste fiscal...
Comparada à arrecadação de 2003, a desse ano está muito mais difícil, alega o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid.
Embora os dados de arrecadação não tenham sido ainda divulgados, as expectativas são negativas, o que mostra e reforça a expectativa de que a meta do superávit primário não será alcançada, como prometida.
Mas a meta da inflação pode ter alterações
Para 2017 a meta pode ser mantida em 4,5%, mas com redução do limite de tolerância em torno da meta. Ou até ser reduzida, visando transmitir ao mercado a noção de maior rigor e permitir maior credibilidade à política adotada pelo Banco Central.
O que levaria, conforme alguns analistas, a uma convergência mais rápida da expectativa dos preços em direção à meta, com efeitos benéficos sobre a fixação de preços e salários já em 2016.
Tudo de acordo com o figurino do modelo das expectativas adaptativas ou racionais, a diferença pouco importa, não fosse o fato de que os agentes econômicos não se comportam com a racionalidade e sabedoria e conhecimento que lhes são imputados.
O trabalhador raciocina menos no sentido de criar expectativas para o futuro, do que no de recompor as perdas já sentidas na própria carne ou no bolso.
Assim, a indexação ainda tem mais força e age com mais vigor que a noção de que, o que passou, passou e o melhor é reconhecer as perdas e tocar o barco (no caso, a vida) para a frente.
Exceto que, como os apologistas da teoria não admitem, não haja espaço para qualquer negociação de fixação de salários e o poder do capital imponha sua vontade, determinando o valor que está disposto a pagar para manter a taxa de desemprego próximo a sua taxa natural...
O que, se não quisermos ser taxados de inocentes, é o que deve acontecer, na maior parte das ocasiões, para o que a elevação que assistimos da taxa de desemprego tem uma função muito estratégica.
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E a previdência...
Muito interessante as matérias sobre a Previdência e sua trajetória, publicada pela Folha no domingo último, mesmo depois da mudança das regras de aposentadoria, com a introdução do fator 85/95.
Ainda não consegui entender é a razão da manutenção da diferença entre as idades para mulheres e homens, antecipando que não tenho nada contra.
Como diria o macaco, é que eu só queria entender...
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