quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Pitacos diversficados e o que ainda ficou de falar sobre os jogos olímpicos

O primeiro pitaco trata dos jogos olímpicos, encerrados no último domingo, com outra festa bonita, embora com menos significados e conteúdo, em minha opinião, que a festa de abertura.
Confesso que não entendo a razão de tanto ufanismo, especialmente por parte dos órgãos de imprensa, em relação à nossa capacidade de realizarmos os Jogos Olímpicos, na cidade do Rio de Janeiro.
Fico me perguntando se em outros países ficam todos se auto-elogiando pelo fato de terem mostrado um mínimo de organização, planejamento e coordenação necessárias.
Dessa forma, fico pensando não em Londres ou Tóquio, cidades acostumadas a promoverem eventos de grandes dimensões e capazes de reunirem pessoas de todas as origens e distintos países do mundo.
Ok! a organização de um povo e do outro, no caso dos exemplos citados é famosa de longa data.
Ao contrário, no Brasil, impera a ideia de desorganização e bagunça. De falta de planejamento, o que tem muito a ver com outro mito que nossa imprensa gosta de estar sempre repercutindo e destacando: o de sermos o país do jeitinho. Da improvisação. Da gambiarra.
Vá lá, talvez seja isso o nosso complexo de vira-latas. Achamos que somos piores quando todos esperam muito de nós, porque valorizamos muito esse nosso lado de criatividade, versatilidade.
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Lembro-me até hoje de uma anedota que integrava um show do fabuloso Chico Anísio, e que tratava do lançamento de um foguete aeroespacial.
Claro está, até por ter que destacar,  como anedota, de forma caricatural alguns dos traços mais característicos de nosso povo, que o foguete apresentou um defeito de última hora e não conseguiu ser lançado, para frustração da multidão que, provavelmente já tendo rompido o cordão de isolamento, estava ao lado do artefato.
Sem saber qual o defeito apresentado, e se havia o que fazer para que o lançamento pudesse prosseguir, em meio ao público alguém lembrou de que Fulano era bom para consertar essas coisas. Chamado para ver o que podia fazer, o perito logo deu seu veredito: não dá para mexer aqui. Tem que levar para minha oficina. Eu estou com a Kombi aí fora.
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Ora, sempre nos gabamos de ter essa ingenuidade, ignorância, mas esse desejo de ajudar, que se reveste de uma curiosidade e de uma ausência de medo de ver o que podemos fazer.
Aliás, daí o lema Fazemos qualquer negócio. Muito difundido em que negócio não tinha, ainda tão evidenciado o sentido de negociata.
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E como buscamos mostrar nossa genialidade, em geral, acabamos construindo a ficção de sermos completamente imprevisíveis, inventivos, irresponsáveis e de resultados sempre frustrantes. Pífios.
O que não é, nem de longe, verdadeiro.
Não temos, é verdade, a preocupação em seguir normas e regras e orientações em todas as nossas atividades e horas do dia. A rigor, é bom lembrar, nem gostamos de ler manuais.
A esse respeito, tendo trabalhado em atividades do serviço privado e também do serviço público, que exigiam o registro de alguma memória, ou manualização, o que sempre percebi é que ao tentar registrar algum processo ou procedimento, a maior parte das vezes, ao invés de meramente reproduzir, toda a equipe alterava, nem sempre com resultados muito melhores, as práticas adotadas.
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Mas, ao contrário da imagem que gostamos de projetar e que eleva nossa auto-estima, dado o brilho do gênio da raça, somos sim, um povo organizado.
Não detalhista, mas uma organizaçao que revela sim, um grau de responsabilidade em cumprir e entregar nossas tarefas e obrigações conforme contratado.
Dizem que o que é combinado não é caro. E existem vários exemplos de que, para cumprir nosso trato, nos desdobramos, mesmo que, em alguns momentos, na base da pressão, do abafa, por termos sido menos capazes de elaborarmos e cumprirmos um simples cronograma.
Traço, aliás, que já vem da escola, onde alunos ao invés de estudarem um pouco a cada dia, preferem e nada os faz mudar a postura, estudar todo o conteúdo de uma vez só, justo na véspera da prova.
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Somos um país que temos uma engenharia de qualidade, o que pode ser comprovado por nossas obras, algumas faraônicas, desnecessariamente gigantescas, sem maior racionalidade. Estão aí a Ponte Rio-Niteroi,  o complexo estonteante e magnifíco de Itaipú. Além de tantas outras obras de grande envergadura, seja na área de transportes, seja na área de eletricidade.
Temos uma Arquitetura, elogiada e premiada em todo o mundo. Temos uma medicina que, apesar de todas as suas agruras, é capaz de gerar médicos do porte de um Dr. Zerbini, de nosso primeiro transplante cardíaco. Ou do nível de um Dr. Ivo Pitanguy. Isso para citar apenas dois, já que temos tradição e reconhecimento em outras especialidades como é o caso, para citar apenas mais uma, da oftalmologia.
Temos uma universidade, como a USP, sempre presente nos rankings das melhores universidades do mundo, ou a UFMG, com cientistas que integram grupos de pesquisas de reconhecida competência e projetos interdisciplinares de vulto internacional.
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Ora, claro que temos condições de realizarmos uma Olimpíada e uma Copa do Mundo, sem problemas mais graves ou mesmo com um mínimo de senões. O que, convenhamos não deveria causar tanto autoelogio. Já que apenas cumprimos nossa obrigação.
Não fizemos nada mais que o que devíamos ter feito. E nem é pelo espírito de nosso povo, já que alguns comportamentos, isolados, mas ainda assim, registrados, mostram que não é característica do POVO, ser bom, agradável, hospitaleiro. Dentro desse povo, conjunto de pessoas, com vidas e interesses e preocupações e problemas distintos, tem muita gente que não é simpática, nem faz questão alguma de sê-lo. Tem gente que não tem educação. Tem gente que tem xenofobia, etc. etc.
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Mas o complexo de vira-latas talvez fosse tão grande,  nossa imagem de sermos sempre um povo a perambular sem destino, e sem noção do que desejamos como projeto de sociedade e de nação, e o que de fato nos importa, fosse tão cultivado, que é mais fácil  que antecipássemos uma série de desastres.
Talvez, do ponto de vista psicológico, estaríamos nos protegendo, antecipando desacertos e frustrações, para poder, reduzir o impacto de qualquer falha, acaso existente.
Ou seja; para não termos de suportar o reconhecimento da dor, da falha, nos antecipamos e já ficamos contando com as falhas, que se vierem já terão sido parcialmente trabalhadas. O que facilita que suuperemos tais situações adversas.
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Assim, se ao contrário, mostramos que não somos derrotados antes de  chegarmos ao final de nossas atividades, e apenas cumprimos o que se espera de nós, com mais acertos que deficiências, temos de comemorar, e fazer festas, e buscar auto-elogios.
Para mim, isso mostra apenas como ainda somos um povo carente. Ou como a mídia prefere vender uma imagem, para nosso próprio consumo de como somos carentes.
Engana-se a mídia, em achar que somos tão pobres de espírito como parte daqueles que a integram e que desejam ditar regras de comportamento para ela, e para todo o povo.
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Excelente a observação destinada a calar a boca de alguns poucos que, por se sentirem incapazes e necessitarem de tutela, de preferência da Autoridade Militar, feita por um professor de nossa PUC-MG, cujo nome, infelizmente não gravei, de que dizer que os nossos atletas medalhistas são do Exército, por terem patrocínio daquela força, é o mesmo que chamar de bancários os que têm patrocínio do Banco do Brasil.
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Os infelizes que se acham necessitados de tutela, e pedem que o Exército venha defnir o tipo de vida que eles podem ter, dada a maior segurança e limitação porporcionada por esse tipo de vida que aquela outra desorganizada, confusa de uma sociedade que está viva, dinãmica e tem e debate opiniões antagônicas, democraticamente, merecem apenas nosso sentimento de tristeza. E respeito. Afinal, ninguém pode ser obrigado a achar que é dono de sua própria vida e suas decisões.
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Mas que eles tentaram forçar a barra ao apresentar o plano de apoio ao Esporte do governo Lula, apenas destinado a que as Forças Armadas pudessem aproveitar de atletas já formados e em alto nível, como algo que mostra a competência de nossas Forças é fato.
E mais uma vez, uma mentira. Ou ilusão.
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Vazamentos de delações

Se antes, em todas as delações premiadas, houve vazamentos, alguns com prejuízos evidentes, em especial para certos membros de um partido exclusivo, o PT; se antes as delações vazadas ainda serviram para que novas medidas fossem adotadas do ponto de vista judicial, para investigação de alguns políticos de mais alta graduação; se antes as delações foram aceiitas, mesmo sem provas, mesmo sem maiores detalhes ou chance de defesa, interferindo até em processos de natureza tão grave para o país como o do impeachment, porque só agora, a delação não poderá ser acatada, por ter sido tornada de conhecimento público?
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Não vou pelo caminho mais fácil: não é por ter havido qualquer menção de algum juiz ou Ministro do STF. Ao contrário, acho que dessa vez, a delação não atende aos interesses de derrubar um partido e uma forma de exercício de poder, que contraria os interesses econõmicos mais poderosos e que, agora, voltam a recuperar a hegemonia, que nunca perderam.
Como a ideia não era a de fazer justiça, mas resgatar o poder para a classe poderosa. Resgatar a hegemonia abalada por força de análises equivocadas dos membros de nossa canhestra elite, não há interesse em que uma delação com elevado poder de destruição de pessoas,  partidos, outros políticos sabujos dos senhores do poder, conitnue sendo negociada.
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Assim as novas evidências delatadas não poderão ser mais aceitas, embora as antigas se mantenham. E fico pensando como isso pode prejudicar ao delator, Léo Pinheiro da OAS, cuja pena, por culpa de outros não poderá mais ser reduzida.
Ou ele não será prejudicado, por não ter sido o responsável por um vazamento que na verdade, sabe-se muito bem a que interesses serve?

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