terça-feira, 9 de agosto de 2016

Galo chegando, futebol, Olimpíada, e o golpe em curso. Brasil medalha de ouro em golpe contra a democracia

E aos poucos o Galo vai chegando, afastada, pelo menos por enquanto, a fixação de Marcelo com o polivalente Patric.
Confesso que ainda tenho algumas desconfianças em relação ao comportamento do time, talvez uma reação natural de um atleticano já por demais sofrido e calejado, um instrumento de defesa contra possíveis novas frustrações.
Afinal, já acompanhava, embora de longe, pela televisão por estar fora da cidade, a final do campeonato brasileiro de 1977, disputada no início de 1978, disputada entre o time do Galo e o São Paulo.
Um campeonato em que o time do Galo sobrou de tal maneira, que foi derrotado apenas na cobrança de penalties, terminando na curiosa posição de vice-campeão invicto, onze pontos à frente do adversário.
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Também trago na memória o triste espetáculo, talvez uma das maiores manchas do futebol brasileiro em todos os tempos: o jogo decisivo contra o Flamengo, no Serra Dourada, em 1981, em que José Roberto "Rato" Wright fez o serviço pesado para o time carioca, eliminando o Galo.
A vergonha em relação àquele jogo é tamanha, que nem vale a pena fazer comentários adicionais. Apenas iria revolver feridas profundas. Antigas.
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Mas, para não ficar apenas no passado, houve mais recentemente a dura disputa pelo títuluo, que não veio, contra a chamada coligação CBFlu, em 2012, em que tudo que justificava anulação de gols, punição, expulsão, etc. para o time do Atlético, não merecia o mesmo tratamento em relação aos jogadores do time da cbf.
E, citado ontem pelo Mauro Cezar, no programa Linha de Passe, da ESPN, teve também um conjunto de erros absurdos contra o time do Galo e outros favoráveis ao Corínthians.
O que levou o time paulista a disparar na frente da competição.
E, justiça seja feita, embora o Corínthias tivesse sido ajudado vergonhosamente, não há dúvida que era o time, se não melhor, mais estável ao longo da competição.
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Então, prefiro manter o pé atrás, principalmente quando a crônica toda de fora de Minas começa a destacar demais o time do Atlético, tratando-o como o adversário a ser batido.
Porque se a crõnica fala em termos futebolísticos, há pessoas mal intencionadas na cbf que encaram esse ser batido como meta a ser conquistada a qualquer custo.
E há, também a possibilidade de contusões acontecerem, como no início da disputa, e a possibilidade de alguns conflitos de egos dentro do elenco, o que se não bem administrado, poderá trazer sempre algum fragilidade para o Galão.
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Independente desse temor, o time começa a mostrar estar na direção correta, embora longe da perfeição, especialmente quando se leva em conta que o meio campo que deveria ser cascudo (afinal, qual outra justificativa poderia ser dada para a presença de Leandro Donizete?), não consegue impedir que os ataques adversários penetrem com alguma facilidade na zaga atleticana, não dando a proteção que se esperava para a dupla de área, pesada e lenta, com Léo Silva e Erazo.
Ora, se o ataque adversário é formado de jogadores leves, ágeis e velozes, bons dribladores, é sempre um sufoco na área de Victor que tem que se desdobrar para fazer os milagres que apenas vão aumentando sua fama.
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Mas, se tem dificuldades na contenção de jogadas, o que dizer da armação ou da saída de bola do time do Galo, onde Donizete não acerta nenhum passe em condições normais de jogo, e Rafael Carioca, capaz de acertar praticamente a maioria, só o faz porque não realiza a saída de bola. Ao contrário, a maior parte dos passes de Carioca é para trás, para Victor, alguns dos quais no fogo e colocando o gol do Galão em permanente risco.
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Do meio para a frente, à base do chutão, principalmente de Victor, que não é lá muito bom nesse fundamento, o time flui bem, mais ao estilo do Galo Doido, tão comentado pela crítica, e dependente na maior parte do tempo, da habilidade de seus jogadores, todos de primeiríssima grandeza.
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Quem acompamha meus pitacos sabe que sempre fui de opinião que apenas Marcos Rocha tem a qualidade de passe e a visão para tentar sair com a bola da defesa para o ataque, o que o deixa muitas vezes vendido, e sem forças e pernas para ficar voltando para fechar a lateral.
E, claro, além de Marcos Rocha, no estaleiro, também Cazares apareceu muito bem na função de armar as jogadas de frente, embora também esteja no Departamento médico.
Aliás, juntos a Dátolo, outro jogador que poderia exercer essa função.
O que é sinal de esperança e de que o Galo, com a possibilidade de contar com essas peças ainda poderá crescer de produção e, enfim, virar mesmo um time, um conjunto capaz de manter a mesma força durante os noventa minutos de jogo.
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Antes de encerrar o pitaco, apenas comentar a recuperação tão desejada por todos nós mineiros, do futebol que o América havia perdido no início do campeonato, capaz de permitir ao Coelho engrenar com dois empates, onde foi melhor que o adversário e uma vitória categórica contra o Santos.
E comentar de mais uma ajuda especial que o Corínthians teve ontem, no Pacaembu, do juizão da partida contra o Cruzeiro, ao deixar de dar um pênalte claro, ainda no início do jogo.
Aliás, o que não é novidade, em se tratando de jogos do Corínthians, mesmo nesse campeonato, já que contra o Figueirense, houve lance que se não era de penalidade máxima, era para redundar em expulsão do goleiro Cássio, assim como o lance de ontem.
Infelizmente, no entanto, mais uma vez, o Corínthians, sabe-se lá porque razões, parece ser o time a ser ajudado. Quem sabe até o título...
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Olimpíadas

Embora tenha começado o pitaco falando de futebol, não há muito o que falar de futebol  em relação às Olimpíadas.
Mesmo reconhecendo que os jogadores têm se esforçado e estão correndo, e não fazendo o corpo mole que, a julgar pelo pedido da torcida por raça pode parecer estar acontecendo.
Não é falta de raça. É falta de disposição. De esquema de jogo e alguma qualidade técnica, perdida quando cada um, de técnica apurada, decide que vai resolver tudo sozinho.
Nesse ponto, embora não desmerecendo sua importãncia e seu prestígio e qualidade superior, creio que o problema maior passa pela presença em campo de Neymar, nosso maior jogador, e sua investidura em capitão da equipe.
Por que, por mais que Pelé fosse o maior jogador do país e do mundo, foi Bellini primeiro, que tinha a função de capitão, depois foi Carlos Alberto Torres, em 70.
Ou seja, para ser capitão não precisa ser o melhor, basta ter mais autoridade e liderança. Características que, em minha opinião, em geral, o atleta que deve brilhar e deve ser irresponsável, no sentido de tentar ser o que desmonta estruturas, não pode ter.
O craque precisa de ter alegria e certa dose de irresponsabilidade, no sentido de arriscar. O líder precisa ser o jogador da regularidade e da manutenção do equilíbrio. Ou, um desequilibra, o outro é o seu oposto.
Neymar está no primeiro caso. E acho um erro que ele venha a ser escalado para ser, ao mesmo tempo, o seu contrário.
Por isso, a seleção não funciona, não encontra liga, e assistimos a espetáculos de pirraça e falta de assumir as responsabilidades como as que Neymar nos brindou ao final do jogo contra o Iraque.
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Iraque que se não foi melhor, mostrou mais conjunto e melhor estrutura que o Brasil.

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Ao contrário das meninas do futebol, das meninas do handebol, e de tantos outros atletas, como a nossa medalhista de ouro no judô, Rafaela, a quem devemos render homenagens pela superação.

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Mas, por baixo da disputa olímpica...

A grande imprensa não dá qualquer destaque às delações que envolvem, agora, temer e seu ministro das relações exteriores, José Serra.
Antes que me cobrem posicionamento, aqui uso o José Serra em maiúsculo, em respeito ao professor. Inclusive ao candidato que foi merecedor de minha simpatia, em eleição contra Lula.
Mas daqui em diante, o político do governo de usurpação será citado como devem ser citados os golpistas, corruptos e sem moral: com minúsculas.
Pois bem, serra, temer, o partido do psdb, todos estão nas listas bomba de Odebrecht, divulgadas justo no instante em que o Brasil loga ginásios para competições que, sem dúvida, merecem destaque.
E aqui o problema maior, e a razão de temer, o usurpador, desejar que a situação do impeachment de Dilma, a presidenta eleita seja decidida às pressas, em meio à realização dos jogos.
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Os jogos servem, assim, para esconder, disfarçar, tirar a atenção do golpe que, em primeiro lugar fere ao desejo do povo brasileiro e ao eleitor. Fere à democracia, o que é um crime inominável.
E os jornais, até por interesse na situação, não repercutem com a mesma intensidade as not´cias do grupo que se dispôs a jogar sua biografia na lata de lixo da história, assumindo a capa de golpistas.
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A quantos fora dos quadros políticos que apóiam essa movimentação golpista, muitos bem intencionados e apenas ingênuos, apenas devemos trazer à lembrança que foi mais ou menos essa mesma reação, da classe média que se sentia prejudicada, de intelectuais contaminados pela propaganda e pela habitual forma de a imprensa manipular a opinião pública, e finalmente e pior, das classes mais ricas e influentes, as grandes corporações, que Hitler conseguiu chegar ao poder, na Alemanha nazista.
E foi da mesma forma que camadas de nossa pequena e medíocre burguesia - aquela que continua falando mal e crticando o comunismo, o socialismo, sem nunca sequer ter lido e ter procurado pesquisar de que se tratam esses conceitos e seus movimentos - que a Alemanha tornou-se o que ela virou nas décadas de 30 e 40 do século passado.
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Os medíocres bem intencionados, pois os julgo assim, ignorantes, mas repito, bem intencionados, correm, aqui como lá, o risco de estarem alimentando um processo de retomada do que há de pior em termos de convívio social: a discriminação, a segregação, a falta de interesse em discutir respeitando as ideias contrárias, ou seja, a postura conservadora, egoística. e de classe que mostra apenas que o homem não aprendeu nada.
Razão para que Trump passe a ser não uma anedota, mas até uma opção real.

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No Senado

Tem início hoje, mais uma parte da pantomima no Senado, destinada a sepultar nossa democracia, com o pronunciamento da presidenta eleita, Dilma Roussef.
Sem sombra de dúvidas, uma das piores gestoras com que o país teve de conviver.
Ainda assim, com menos crimes e responsabilidades que as de seus algozes, se é que essas aves de rapina já conseguiram mesmo, descobrir e comprovar algum crime da presidenta eleita.
Mas, isso é o Brasil.
Lugar onde organizar deteriora, literalmente.

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