quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Inflação, fritura de ministro, contas públicas ainda desarranjadas, e uma panelaço surdo, incorporado ao ruído da rotina de nosso dia a dia

Enquanto o ribombar das panelas não dá tréguas aqui na proximidade de minha casa...
Como??? Não há qualquer panelaço??? Logo quando as panelas perderam completamente sua função principal, fruto da elevação de preços dos alimentos???
Afinal, a inflação volta a se elevar, atingindo os 0,52% no mês de julho, e totalizando 8,74% no período acumulado de 12 meses, puxada pelo peso dos alimentos, com destaque para o leite, de maior peso e aumento de próximo a 17% no período, e do feijão, com aumento superior a 45%, mas menor peso no cômputo geral.
Uma inflação de 8,74% para uma meta que, não podemos esquecer é de 4,5% com a tolerância de 2 pontos para mais, o que perfaz um limite superior de 6,5%.
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Mas não é só. Além da inflação, no cenário econômico vemos o dólar voltar a se desvalorizar, o que é ótima notícia para ajudar a política de combate inflacionário, mas que tem efeitos arrasadores para o setor industrial, que vinha sendo estimulado pela demanda externa e arpesentando crescimento, depois de muitos trimestres em que foi induzido a um encolhimento, justo como resultado da adoção de uma política cambial voltada justo para a valorização do real.
Claro, a mídia comemora o fato de nossa moeda mostrar-se mais valorizada, como se isso representasse de forma automática que nossa economia estaria mais forte, mais equilibrada.
Bem, em relação às contas externas, que vinham se tornando positivas, pode haver agora uma reversão, e levando a novo déficit na conta de transações.
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Só para lembrar, do ponto de vista do nível de emprego, a interrupção da recuperação do setor industrial deverá gerar mais transtornos àqueles com que já vêm se defrontando os trabalhadores do país.
Do ponto de vista fiscal, o governo de usurpação apenas fez até agora o oposto do que era considerado necessário, sob o beneplácito de todos que o apoiaram para adotar as medidas de corte de gastos em áreas sociais, de preferência.
O que significa elevação de gastos públicos que, somados à continuidade da queda de arrecadação, fruto do menor nível de atividade econômica, apenas consegue, mês a mês, repetir monotonamente os dados de déficit primário, ampliando o déficit anual e a necessidade de expansão da dívida pública.
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Como a última ata de reunião do COPOM nos alerta, enquanto a política fiscal não conseguir entregar os resultados dela esperados, e a inflação continuar apresentando resiliência à queda, a taxa de juros básica da economia não deverá sofrer alteração, mantendo-se no esdrúxulo patamar de 14,25%, uma das mais elevadas do planeta.
E, lembremos, taxas de juros elevadas apenas prolongam a queda do ritmo de atividade econômica, alimentando e agravando a recessão, além de ser responsável pela elevação de gastos com pagamento de juros da divida pública, elevando a razão dívida pública/PIB a níveis cada vez mais preocupantes.
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Tudo isso, quando um jornal como a Folha traz estampada em sua sessão Mercado de hoje, dia 11, a notícia de que o Planalto culpa a Fazenda por erro político. No caso, um erro vinculado à renegociação das dívidas dos estados e às contrapartidas exigidas pelo ministro Meirelles para aprovação da medida. Mais especificamente, a intenção de Meirelles de aproveitar a fenda já aberta na promessa de ajuste fiscal, para já assegurar que o funcionalismo público estadual torne-se um dos primeiros, se não o principal, a pagar o pato que os empresários da Fiesp se recusam a pagar.
Aliás, recusam-se a pagar o pato e qualquer imposto devido, como mostra a lista de maiores sonegadores do país...
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Talvez entorpecidos pelo alarido ensurdecedor e contínuo das panelas, já a ele nos acostumamos. Quem sabe nossos ouvidos e nosso cérebro já não estejam entorpecidos, e já não consigamos mais divisar o ruído normal da vida diuturna com o que sobe da indignação das pessoas de bem.
Afinal, as pessoas que lutavam contra a corrupção, contra o aparelhamento do Estado por um partido, contra a prática política do é dando que se recebe, contra o loteamento de cargos e a existência de porteiras fechadas nos ministérios devem estar incomodadas com o que o triste espetáculo a que estão assistindo.
Pior ainda, agora, sabendo que o espetáculo contou com a sua colaboração ingênua e tola, já que não posso entender que a grande maioria dos que desejavam a moralização no trato da coisa pública, tinham no fundo apenas um interesse: derrubar um partido que, apesar de todos os equívocos que cometeu, e até roubalheiras e outros desmandos, conseguiu ao menos colocar em prática, ainda que minimamente, um programa de recuperação do nível de renda dos menos privilegiados.
Feito que rendeu a inserção de quase uma população da França ao mercado de consumo do país.
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Antes que eu seja mal interpretado: não estou dizendo que sou favorável ao rouba mas faz. Nem que o PT tenha feito uma política não sujeita a críticas. Apenas estou dizendo que suas políticas permitiram tirar quase 46 milhões de pessoas do nível de uma vida miserável. O que não significa que tenha feito distribuição de renda como se entende por tal conceito, nem como propagam os simpatizantes petistas.
Não podemos nunca esquecer que houve um ganho e aumento da participação no bolo da renda nacional, das classes financeiramente mais poderosas, que os bancos nunca lucraram tanto, que a distribuição foi intraclasse de renda, de salários mais elevados para os mais baixos, sem distribuir de fato as rendas de propriedades, que sequer foram tocadas.
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Ora, mas houve melhora e muita gente dita de classe média sentiu-se empobrecida, pela diminuição da distância que perceberam ter ocorrido entre sua situação e a situação dos emergentes sociais.
Muitas famílias passaram a não conseguir mais manter e sustentar dois empregados ou empregadas domésticas, tendo de se contentar em ficar reduzidos a apenas um.
E, como se sabe, piorou muito o fluxo de veículos nas ruas e nas estradas, com a quantidade de pessoas que tiveram a oportunidade de comprar seu primeiro carro a prestação, como é verdade que as filas passaram a fazer parte da paisagem dos aeroportos.
Tudo isso incomoda a quem antes tinha o conforto de serem os únicos com acesso a um  mundo materialmente mais acessível.
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Antes que me esqueça, os que lutaram, repito, ingenuamente, para que pudesse ter curso o golpe contral a democracia brasileira. E que temer e seus colegas de suspeição nas delações pudessem chegar ao poder.
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Claro, a midia envolvida com os jogos olímpicos - em que o Brasil e sua política de saúde, educação,  lazer e esportes insistem em dar vexame, apesar dos esforços individuais de todos os seus atletas, que deve sempre ser reconhecido-, não dá o devido destaque a tais delações que envolvem os pedidos de recursos a empreiteiras feitas diretamente por temer, ou os 23 milhões de recursos destinados a campanha de José Serra, ou as denúncias nunca investigadas em relação a Aloísio Nunes, ou Aécio Neves, esse que já torna-se o principal nome para protagonizar aquele que deverá se tornar sucesso editorial,  "Onde está WallAécio?".
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Não seria surpresa, como não foi, que o relatório do menino de recados de Aécio fosse aprovado, o relatório do suspeito de ter sido favorecido por ser sócio de empreendimento em cujo terreno foi erguida a vergonhosa Cidade Administrativa do governo do menino do Rio e golpista Aécim, pessoa cujo brilho o pó esconde...
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Surpresa foi verficar que senadores que chegaram a ministros de Dilma mudaram de lado, depois de premiados com cargos no governo do usurpador, em manobra que tantos que bateram panelas demonizavam.
Surpresa foi descobrir a pequenez moral de um senador como cristóvam buarque que jogou na lata de lixo toda a sua trajetória pretérita, como defensor de valores que... o vento levou.
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As panelas hoje nem são batidas, nem dão lugar a alimentos, esses últimos transformados em vilões de uma inflação cuja responsabilidade Miriam Leitão, da golpista Globo, fez questão de salientar hoje cedo, é do descalabro do governo Dilma.
Se choveu e a inundação prejudicou o plantio, a culpa é de Diilma. Se na ocasião em que a produção de feijão estava germinando veio a geada no Paraná, estado maior produtor da leguminosa, e com isso houve frustração de safra, a culpa é de Dilma.
Se em outros produtos agrícolas a culpa foi do inverno de chuvas escassas, a culpa é de Dilma.
Se o povo tem de se alimentar e, infelizmente, o prato de resistência na mesa do brasileiro é o arroz com feijão, a culpa é do desgoverno Dilma.
Enfim, se como dizia a música da novela global de tempos atrás, Feijão Maravilha, cantada pelas Frenéticas, dez entre dez brasileiros preferem feijão, a culpa só pode ser da Dilma.
Porque essa é a únca forma de uma Miriam Leitão, não ter que parar de dizer amém a seus patrões, e passar a analisar o que tem sido esse governo usurpador, de um homem que não tem a menor hombridade para, investido em cargo que ele reconhece que está além de sua estatura, não respeita nem a dignidade do cargo que usurpou. Comportamento a que assistimos, patéticos, na abertura dos jogos olímpicos.
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Ah! está na Folha, e faço questão de mencionar: a boa notícia para o governo é que o seu plano de ajuste de contas públicas começou a avançar no Congresso. O que é bom, já que o vaivém desse governo mina a confiança em temer.
Entretanto, nada há a preocupar: o teste decisivo virá após o impeachment, quando o golpe terá se concluído e quem sabe, até, Cunha e suas ameaças já não venham a constituir mais qualquer ameaça.
Embora eu duvide, particularmente, que Cunha será cassado, ao menos nesse ano, antes das eleições municipais.
Pela única razão de Cunha ser uma bomba ambulante. E sua delação poderia colocar em risco o governante das mesóclises, única coisa que seu pedantismo produziu de fato, até agora.
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Nas Olimpíadas

Muito interessante a preocupação de algumas pessoas em ficar postando nas redes sociais o fato mais que sabido, de que Wu, o medalhista de prata no tiro, ser do Exército, asism como Rafaela Silva ser das Forças Armadas.
Como se isso fosse sinal de que as Forças Armadas são a instituição mais talhada para assumir a direção do país, como assumiu o apoio a esportistas.
Ora, no mínimo são pessoas de pouca memória ou pouco conhecimento, já que Pelé já jogou pelo Exército, as Olimpíadas do Exército, em plena época da ditadura militar, de 1972, mostra que não é de hoje que as Forças Armadas incentivam a prática esportiva no país, como também atividades culturais ligadas a música, etc.
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Ainda bem que, como em outros países, as forças armadas se preocupam em agir para mostrar que mente sã, decorre de corpo são. E que para um corpo são, a prática esportiva é um requisito indispensável.
Talvez a preocupação de quem  posta tais mensagens nas redes, desejando no fundo a volta dos militares à arena politica apenas revele que seus autores sejam vítimas do mal da vida moderna, o sedentarismo. Que lhes retira a capacidade de manter a saúde física e embota suas mentes. Que mostram-se cada vez mais acanhadas.
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De resto há Phelps, maior medalhista de todos os Jogos, e há os atletas que, independente de qualquer apoio, lutam para atender à máxima de que mais vale competir.

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