quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Golpe. Vox Populi. Infelizmente juizes boquirrotos, manifestando sua ignorância linguística e algumas referências

Há muito tempo, em nosso país, a voz do povo deixou de expressar a voz de Deus, como dizia o antigo ditado latino (Vox Populi, Vox Dei).
Por mais que possamos questionar que parcela importante da voz do povo, volta e meia, possa querer fazer uma releitura do ambiente e de sua própria vida, arrependendo-se de suas eleições ou decisões anteriores.
O que, convenhamos, não traz qualquer problema. Afinal, nenhuma pessoa é obrigada, em nome de uma pretensa coerência, a manter qualquer posição anteriormente adotada, podendo alterar comportamentos, escolhas, e principalmente ideias. Antes dizer que melhor a mudança, que a teimosia, como já dizia Raul Seixas em sua Metamorfose Ambulante.
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Mas, questão completamente diversa é a da pessoa que, por ter mudado ideias, interesses, interpretações da realidade, e até convicções, querer impor a outros, as suas novas opiniões. Em flagrante desrespeito à opinião do outro, como se só sua opinião fosse válida e devesse ser adotada.
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Infelizmente, é uma situação análoga a essa, embora longe de ser semelhante ou idêntica, que temos assistido se desenrolar perante nossos  olhos arregalados. 
Porque, a julgar pelo resultado das eleições havidas em 2014, e que mostraram uma profunda divisão existente "no seio" da população brasileira,  sem qualquer constestação digna de respeito, a maioria optou por um partido, uma candidata, um projeto político. 
Independente de qualquer consideração outra que possamos fazer nesse pitaco, em relação ao partido, ao projeto político sufragado e ao que se seguiu à eleição, caracterizado como um estelionato eleitoral,  a verdade é que - e essa é a ideia por trás de um segundo turno- a vencedora do pleito foi a candidata à reeleição Dilma Roussef.
Sim. Por uma margem muito reduzida, pela primeira depois de 12 anos de PT no poder.
Sim. Como demonstração de uma cisão profunda entre a população. 
Sim. Como uma clara demonstração de que o Brasil saía dividido entre os interesses dos mais e dos menos privilegiados, dos mais ou menos ricos, daqueles portadores de maior ou menor grau de escolaridade, ou ainda de uma divisão entre habitantes das regiões mais atendidas e beneficiadas, do Sul/Sudeste frente aos nordestinos, e à população do Norte do país.
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Então, embora a vitória ficasse determinada pela maioria dos eleitores, como convém a qualquer democracia estabelecida, pouco menos da metade da população ficara do outro lado, derrotada.
O que deixa claro que não houve uma mudança de ideias, convicções, pensamentos, interesses, capaz de justificar que parcela da povo tenha agora mudado de opinião sobre o governo ou a governante. 
O que fica claro é que justamente aquela parcela da população que perdeu, que teve seus interesses não aprovados, é que não conseguiu suportar a derrota.
E, de forma autoritária, como é de sua formação, aliou-se aos interesses dos setores mais bem organizados e com maior poder econômico, financeiro e político do país, para tramar o golpe.
Situação que não dependeu de qualquer ação ou inação do grupo democraticamente eleito, já que a tentativa de derrubar o governo, o Estado de direito, a democracia brasileira ainda de curta longevidade, teve início já no dia posterior à proclamação do resultado das urnas.
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À frente o menino mimado, deslumbrado e derrotado, Aécio. Golpista de primeira hora, negando toda a trajetória de vida de seu avô (embora bem ao feitio do comportamento do partido de seu pai). A acompanhá-lo, os companheiros de partido, o PSDB, cuja atuação nunca foi capaz de esconder a imagem que vendem de serem os políticos mais preparados, mais cultos, mais adequados para dar cumprimento à missão que lhes foi incumbida por força de sua origem, tradição, quem sabe até, por vontade divina?
A dar-lhes o suporte devido e necessário, os empresários da Fiesp, que não queriam pagar o pato, especialmente por nunca terem visto com bons olhos a obrigação de pagarem impostos.
A midia, rede globo à frente e Estadão à frente, mas seguida por outros órgãos, de mesma dimensão e importância na tarefa de fazer a cabeça, manipular a população, como a Folha de São Paulo, ou de menor importância, como a Bandeirantes, e seus pobres empregadinhos, meros bonecos de ventríloquo, cuja posição dá mais pena que raiva. 
Gente como William Waack, deselegante com seus próprios colegas de trabalho, Boris Casoy, deselegante com os garis e trabalhadores de igual importância e despretígio na sociedade, ou Alexandre Garcia, para citar apenas alguns.
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Então, não há no momento em que vivemos, a justificativa de que só não mudam os que não evoluem, não reconhecem os erros, os que têm seus olhos fechados. 
Em nosso país, os que já estavam em uma posição apenas continuaram na posição, e o que mudou é tentarem impor, a qualquer custo, a sua visão a toda uma sociedade. 
Para isso, não interessa nem que estejam jogando no lixo a máxima de que Vox Populi, Vox Dei. 
Afinal, talvez pelo tipo de vida que foram capazes de atingir, consideram-se os filhos privilegiados de Deus, senão a expressão da vontade do próprio Deus.
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Coitados. São apenas golpistas chinfrins. Limitados e medíocres!


VOX POPULI

Mas, não é apenas a voz de Deus das urnas que está sob ameaça e fogo cerrado. 
Outra Vox Populi, a empresa de reconhecida projeção até internacional, na área de pesquisa eleitoral e pesquisa de mercado, com algo próximo a 30 anos de existência e experiência também está, agora, sob a mira dos invejosos e incompetentes de sempre. 
O que, confesso não me causa qualquer surpresa.
Afinal, nas últimas eleições, a empresa foi contratada e trabalhou para o partido que todos transformaram em vilão número 1 do país.
Como empresa que é, poderia ter sido contratada por qualquer das inúmeras siglas que fazem de nossas eleições curiosa sopa de letrinhas, mas foi contratada pelo partido que todos os bons cidadãos, cultos e puros, passou, democraticamente, a execrar.
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Da história da Vox Populi, e de seus dirigentes, conheço pouco, confesso. 
Mas conheço o suficiente para lembrar, nesse pitaco, que por ocasião das eleições de 1989, a empresa foi vítima de partidários do .... PT, que insatisfeitos com os resultados das pesquisas que a empresa realizava e que davam vantagem a Collor, resolveram mudar os rumos da vontade popular, quebrando a sede da Vox.
Vá lá, um dos diretores, renomado professor de Ciências Políticas era filho de um cunhado do candidato que viria a ser eleito.
E, se trago o assunto à baila, é tão somente para manifestar minha opinião que, do ponto de vista empresarial, e mesmo em outras dimensões da vida, não há como ficar dispensando clientes ou fregueses, principalmente quando as relações entre contratantes e contratados se dá por regras contratuais estabelecidas. 
Foi assim, quando a empresa foi contratada para fazer pesquisas para Collor, como foi assim que foram contratados para fazer pesquisas em outros países como na África, ou ainda em países sul-americanos e agora, para trabalhar para o PT. 
E, se a invasão protagonizada por simpatizantes petistas, há tanto tempo, era condenável, a sua transformação em objeto de investigações agora, motivada por delações sem a apresentação de provas, é de mesma natureza, condenável.
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Pior não é estar sob o crivo de investigações da Polícia Federal, situação a que toda e qualquer empresa pode estar sujeita ao longo de sua trajetória. 
Ainda agora mesmo, vimos e todos discutimos a questão dos conflitos entre a Justiça brasileira e a empresa detentora da propriedade do aplicativo Whatsapp. 
Ou seja, todas as empresas passam por situações que podem envolver o exame e análise de sua documentação. 
O que não é aceitável é o estardalhaço que se faz e se fez no caso da Vox Populi e de seus diretores, o que só se justifica pelo momento de autoritarismo e em que os fins andam, pesarosamente, justificando os meios, como aliás, Sérgio Moro, o magistrado que personaliza a nossa Justiça hoje, mostrou que é um caminho válido, em recente palestra na Câmara.
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Supor como a imprensa já supôs, julgou e condenou a empresa, sem provas e documentos, de que ela tenha participado de contratos de fachada apenas para servirem como lavanderias destinadas a esquentar dinheiro de caixa dois de empresas e de contribuições desonestas de campanhas políticas é, não apenas um absurdo, mas a demonstração cabal de que o país atravessa um período de crise moral que está muito longe de ter seu único culpado no Partido dos Trabalhadores.
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A todos que integram o corpo de auxiliares da empresa de pesquisas e a seus dirigentes, minha solidariedade, e apoio. 
Mas, que não seria cinismo revelar que, não sei porque, não me surpreende que agora a caça a bruxas tenha se voltado em sua direção não me causa surpresa, é apenas o reconhecimento de um fato: porque não me surpreende que isso esteja acontecendo???/

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Judiciário pobre e Supremo superado

Não bastasse as diversas manifestações político-partidárias, sempre evidentes no comportamento e nas falas e pronunciamentos de gilmar mendes, aquele ministro que confirma que os integrantes do Supremo não se acham ungido por Deus, mas crêem serem a manifestação inequívoca de sua presença em nosso país, assistimos recentemente a outro momento infeliz protagonizado por membro da Corte. 
Agora, infelizmente, por uma "membra", a ministra Carmem Lúcia, que foi capaz de, em poucas palavras, mostrar não apenas ter sido mal aluna, se é que frequentou mesmo os bancos escolares, como a  mulher capaz de fazer regredir em muito, as conquistas obtidas por mulheres brasileiras, como as empreendiidas pela PRESIDENTA Dilma. 
Pena que a ministra, que será a próxima ocupante da presidência da maior Corte do país, tenha, nesse momento em que se comemora dez anos de aprovação da Lei Maria da Penha, e uma renovada demonstração da importância da mulher na nossa sociedade, tenha adotado atitude tão machista. 
E digo machista para não incorrer na outra definição para tamanha deselegância da magistrada: a adoção de atitude política-partidária evidente. 
O que é uma tragédia para nossas insituições, já não bastasse, a presença de pessoas como gilmar, o supremo.
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Ninguém se ilude que, como humanos que são, embora não o admitam, os juízes têm preferências partidárias, e outras, e sabemos que não é por isso que suas opiniões e votos não devem ser acatados e cumpridos. 
Mas, é inegável que juízes da Suprema Corte deveriam evitar de se pronunciar quanto a certas situações e temas, mesmo que quando cutucados a título de uma simples brincadeira. 
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Para mostrar toda a ignorância da ministra, temos hoje a coluna de Pasquale Cipro Neto, na Folha, que vem se somar à opinião do ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, e a outros nomes menos importantes, como de Machado de Assis, e vários dicionaristas que consagram a utilização do termo presidenta.
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Pena que em nosso país há pessoas que sejam é mesmo "ignorantas": a essas a gente desculpa, claro, desde que decidam aprender. 
Outras há, contudo, que são é mal-intencionadas.  Mas essas, apenas a distância pode nos trazer alguma defesa.
Bem vinda à presidência do STF, ministra. E que a senhora se limite a ser a magistrada que o país e a corte precisam e não a professora de Língua Pátria que pouco sabe do conteúdo a ser transmitido.

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Referências

Excelente a coluna de segunda feira última, de Celso Rocha de Barros, na Folha, mostrando que, felizmente, voltou a imperar em nossa sociedade, o benefício da dúvida, depois de defenestrado o PT do poder, partido que foi condenado, bem como a seus simpatizantes, sem qualquer sombra de dúvidas.
Com base apenas em delações criticáveis, principalmente pela forma em que foram obtidas. 
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Com relação a essa questão, da dúvida, que bom é saber, em relação às denúncias contra Cunha, o PSDB, Aécio, Alckmin, José Serra, o pastor e puro Magno Malta, e outros menos cotados, que as delações precisam ser mais investigadas, para que não dê margens a acusações infundadas.
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Da mesma forma é questionável a razão de, ao se referir à necessidade de uma reforma na Previdência, incluindo a definição de uma idade mínima para aposentadoria, e a de convergência de regimes entre funcionários públicos e privados, os jornais não informam que já existe ambas as soluções já foram adotadas, ao menos como preceitos legais.
Ou muito me engano ou na lei que criou a regra 85/95, esses limites de idade irão, automaticamente, se elevar até 2020, quando a idade para aposentadoria, estará próxima dos 67 anos?
E na Emenda aprovada por Lula em 2003 não foi aprovado que, para novos concursados no serviço público ao menos federal, as regras que passam a valer são equivalentes às da Previdência voltada para o setor privado?
Curioso o silêncio.
Mas nada estranho, considerado os interesses envolvidos...

Um comentário:

Anônimo disse...

Mais uma vez, texto brilhante caro PC. Parabéns.

Élcio