quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Agosto, mês do desgosto... de golpes, do golpe mais recente... só está faltando outro 7 a 1...

Embora o título da postagem faça referência à fama de agosto, considerado mês aziago, em primeiro lugar é importante destacar que os 7 x 1 do título foram em julho e sua lembrança nesse pitaco é apenas para introduzir a questão dos Jogos Olímpicos, cujo início já é hoje, com o futebol feminino, embora a abertura oficial das competições e a festa que marca o evento seja apenas na próxima sexta feira, dia 5.
Situação que, para muitos mesmo em nosso Brasil, seja inexplicável.
O que é uma tolice e não deveria provocar espanto a ninguém,  principalmente no Brasil, onde a tradição é a de inauguração de obras, sem que a obra esteja sequer concluída.
Afinal, está lá no dicionário:
"inauguração -  substantivo feminino -  cerimônia por meio da qual se entrega ao público uma nova obra.
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A bem da verdade, é preciso dizer que no caso do futebol, que muita gente boa critica estar presente aos jogos por não ser um esporte olímpico tradicional,  essa situação esdrúxula, se manifesta em todos os países. Menos mal.
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Pior é a questão mesmo da realização dos jogos, e todo o entorpecimento que esse tipo de evento provoca na população em geral, especialmente quando as emissoras de televisão propositadamente fazerm dos jogos um oba oba com a finalidade, entre outras, de desviar a atenção de todos.
E enquanto o foco todo está centrado na competição, o povo, principalmente aquele integrante das classes menos privilegiadas da sociedade, acaba sofrendo sem que o perceba, derrotas tão ou mais significativas que aquela do placar elástico da Copa do Mundo.
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Porque nunca é demais recordar que está em curso um golpe político, justamente contra a vontade popular, expressa em eleições democráticas realizadas em 2014. Eleições realizadas em dois turnos, para deixar muito clara a opção pelo candidato que obteve a maioria dos votos.
No caso uma candidata. E até para sermos justos, uma candidata que, depois de vitoriosa, jogou todas as promessas no ralo, e curvou-se, percebe-se hoje que tardiamente, aos interesses dos mais privilegiados que são aqueles que estão por trás da ruptura democrática.
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Pode-se falar o que quiser que não será nunca capaz de encobrir a realidade: seja sob a famosa acusação (a única, talvez!) do conjunto da obra, seja pela acusação falsa de pedaladas ou decretos orçamentários irregulares, o que estamos vendo é o desenrolar de um golpe perpretado pelos interesses econômicos e financeiros dominantes, e seus empregadinhos de ocasião como essa múmia que é o usurpador mor, o temer.
Muitas vezes se fala que o funcionário público número 1 e, portanto, o empregado primeiro da sociedade, é o chefe do Poder Executivo.
No caso de temer, esse anão político, ele consegue apenas me passar a impressão de ser um empregadinho, daqueles de extraídos de histórias de ficção, de baixíssima postura moral. Alguém que me ocorre agora, lembra algo de Uriah Heep, de David Copperfield.
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Pois bem, é esse usurpador que agora, pedindo ao presidente do Senado que dê agilidade ao julgamento do processo conduzido sob cartas marcadas, da presidenta Dilma Roussef, deseja aproveitar esse período de jogos para que o Senado possa aprovar a vergonhosa peça de teatro que tem Anastasia, o menino de recados de Aécio, no papel de protagonista.
Interessante, depois de seu relatório, seria se examinar quantas das acusações que ele aceitou contra Dilma, não poderiam ser alegadas contra ele no período em que ocupou o governo do Estado.
No caso dele, em alguns casos até agindo de forma mais condenável, por estar, como seu antecessor, escamoteando e falseando dados e valores que deveriam ter sido efetuados conforme preceito constitucional, e que não o foram.
Pior: em geral, com gastos que deveriam ser realizados em benefício da população mais carente.
Mas, como Maria Antonieta, melhor ficar com os brioches, e com aquela parcela da população apta a frequentar os palácios europeus.
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Mas essa é uma característica de agosto, desde 1954, quando o golpe urdido pela UDN original levou ao suicídio de Getúlio, depois de uma fantasia de atentado que até hoje, ninguém sabe exatamente sob o comando de quem, e contra que alvo.
Algo assim como o golpe que foi tentado pelos Estados Unidos, e agora todo o mundo já se deu conta disso, mercê da participação de general americano na trama, contra o governo turco.
Governo que, curiosamente, era aliado da luta conduzida pelos Estados Unidos contra o terrorismo.
Pois, passado o golpe e a reação de Erdogan, o que se assiste agora, senão seu fortalecimento a nível tal que não seria mais legítimo classificar seu governo como de não autoritário.
O que nos leva a questionar se não seria justamente essa a ideia por trás da tentativa (fracassada) do golpe: dar maior poder a esse autoritário ditador da Turquia.
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Deixemos a Turquia de lado e voltemos ao outro golpe tramado por Jânio, outro udenista, contra a ordem constituída, na tentativa teatral de fazer o povo sair às ruas e pedir que ele passasse a reinar absoluto, após o fechamento do Congresso.
Golpe que é bom sempre lembrar, teve como uma das peças mais importantes para levá-lo ao malogro, a figura e esperteza de Tancredo Neves, avô desse menino do Rio, candidato que não conseguiu até hoje se recuparer da derrota eleitoral que lhe foi imposta por Dilma em 2014, e que no fundo é apenas a cópia mal ajambrada dos udenistas autênticos e originais.
Esse menino, Aécio, embora jovem,  já completamente tomado pela ação da poeira do tempo, e sem competência nem brilho para se enfileirar ao lado de outros golpistas de nossa história.
Razão porque apenas conseguiu ficar como papagaio de pirata de temer, o que dá uma dimensão de sua pequenez no espectro político.
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Jânio tentou e não conseguiu dar o golpe e se tornar ditador. Em um dia 25 de agosto, e temer deve em um 29 de agosto, a julgar pela data combinada entre Renan e Lewandowsky, tentar consolidar o golpe.
Com apoio de todos os corruptos que sempre frequentaram os meandros do poder e agora frequentam, vários deles, as acusações da Lava Jato.
Embora a midia não lhes dê o mesmo destaque dado a alguns petistas que incomodam muito mais o poder econômico constituído, nem o juiz Moro, atue contra eles com a mesma diligência adotada contra outros políticos.
Aqui, pelo menos há uma explicação: Moro não é um juiz apenas, acha-se acima própria lei. Acha-se, talvez, a própria representação da Justiça, aquela que segura a balança e que tem uma venda.
No caso de Moro, escolhido como principal paladino por parte da camada privilegiada de nossa sociedade, e por aquela parte de gente que apenas consegue mostrar toda a mediocridade que cerca as pessoas que integram a chamada pequena burguesia (capatazes dos domínios do grande capital), não é demais lembrar sua importância. Mesmo que parcial e incompleta, está prestando um grande favor ao Brasil.
Ao menos está mostrando que há sim como punir corruptos e criminosos de terno e gravata, em nosso país.
A lamentar apenas o fato de que ele, muito ocupado em correr atrás dos que são mais representativos, acaba não tendo condições de correr atrás e punir a todos.
O que permite que ele deixe de perseguir aos que frequentam seus círculos de amizade.
A esse respeito, apenas uma lembrança, de um ditado: diga-me com quem andas... e dir-te-ei ...
A mesóclise, completamente desnecessária, é apenas para homenagear o usurpador.
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O interessante é que sabe-se ou pode-se esperar uma sonora vaia para temer, embora não chegarão a chamá-lo pelos nomes que a mulher presidenta Dilma recebeu na abertura da Copa, em 2014.
Filho da p... ele não será chamado, já que a educação melhorou muito em nosso país, da Copa para cá.
Muito influenciado pelas medidas de temer a favor da educação, com destaque para aquela medida que teve ampla repercussão na grande imprensa: ele buscando seu filho, Michelzinho, na escola.
Mas, vem sendo organizado pelas redes sociais, por pessoas que representam os chamados Bart Simpsons de nossa sociedade, aqueles que assistem e acreditam e são dominados pela Globo, os Bonners  e seus noticiários um movimento que visa colocar todos os presentes saudando o nome de Moro.
O que seria cômico não fosse tão trágico.
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E no meio dessa gente tem sempre aqueles que, como seu ídolo e tentando fazer justiça com as próprias mãos, aplaudem as agressões a uma mulher, atriz, apenas por ser de opinião contrária, como foi o caso de Letícia Sabatella. Embora aqui se entenda o espírito machista por trás das agressões verbais, já que a artista embora bela não seja considerada nem recatada, nem do lar...
Ou que aplaudem agressões a um ex-senador, já septuagenário, e político que nunca teve qualquer acusação, exceto elogio a sua postura, como Eduardo Suplicy.
Ou aplaudem as opiniões de outro ídolo, Bolsonaro, o gentleman que prega que mulher bonita pode ser objeto de estuupro, já que a deputada sua colega não merecia tal destino, por ser feia.
Ou aplaudem bossais e ignorantes como Danilo Gentili, Roger e toda sua reconhecida e autoproclamada inutilidade, ou o nosso conselheiro educacional: Frota.
Pessoas que são tão pobres de mentalidade e espírito que até dói ouvi-las e a seus pronunciamentos e postagens em redes sociais.
Mas que respeitamos democraticamente, reconhecendo seu direito de quererem expor sua completa e total ignorância e insensatez.
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Pessoas às quais, para minha surpresa embora cada vez mais compreensível, vem se juntar aquele a quem eu nutria ainda alguma simpatia, como o senador Cristóvam Buarque, cada vez mais decrépito e traindo ideais que o fizeram chegar à posição que conseguiu alçar.
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Felizmente, ao contrário, há pessoas da estatura e da capacidade de pensar o país e nossa realidade, como Vladimir Safatle cuja última coluna publicada na sexta feira dia 29 de julho, na Folha, é para ser guardada e lida por todos que queiram entender a quem serve e qual o objetivo do  Estado mínimo enxuto e com as contas equilibradas.
Ou porque Lula recorrer a órgãos internacionais em defesa de direitos que julga estar sendo feridos deve ser motivo de completa condenação, mas banqueiros e outros grandes empresários e os políticos que são seus subordinados podem recorrer sempre a instâncias como o CARF, usando, para tanto, de todos os meios e dinheiros que tiverem a sua disposição.
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Encerro esse pitaco por aqui, confesso que com medo de que no que conta para valer, nossa sociedade, já estejamos perdendo por placar mais dilatado que o da derrota contra a Alemanha. E ainda não passamos dos primeiros quinze minutos do primeiro tempo.

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