quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Golpe: farsa, drama, comédia, tragédia. Nunca a frase de Francelino Pereira tornada música de Renato Russo foi tão apropriada: Que país é esse?

Tem início hoje, a última parte da peça teatral que vem sendo encenada em nosso país, desde o final do ano passado, e que, por kafkiana a situação, poderia ser apenas chamada de O Processo.
Mas, não! Não tendo conseguido nem mesmo definir a classificação da peça, se na categoria drama, tragédia ou farsa, desenrola-se às nossas vistas O Golpe. Ou o Impeachment da Razão.
Ou seja, o impedimento da razão, para não haver possibilidade de alguém acreditar que o impeachment em andamento seja algo razoável.
Não é. É GOLPE! E isso deve ser dito e ficar registrado com todas as letras: GOLPE. Em caixa alta mesmo.
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Golpe tramado por pessoas sem escrúpulos e sem qualquer prurido, desde que derrotado nas urnas pela maioria, não ampla, mas ainda assim maior parcela da população de eleitores do país.
Uma maioria que, aqueles que se sentiram derrotados trataram desde o primeiro momento, tentar depreciar, como sendo ignorantes, incapazes de definirem o que desejam e como o desejam,  para seu futuro. Pessoas que, por terem uma sobrevivência mais difícil e problemas que nem de longe compõem o rol de preocupações da parcela mais privilegiada de nossa população, são depreciadas, desconsideradas, bem como a suas opiniões e direitos.
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Golpe tramado por candidatos e propostas partidárias que, por atenderem apenas aos interesses dos grandes proprietários de capital, principalmente do financeiro, não foram capazes de atrairem a atenção e votos de 54 milhões de brasileiros, cuja vontade, nesse momento, está sendo jogada no lixo.
Na verdade, o que está chegando ao poder, e entrando definitivamente na lata de lixo da história, é o comportamento de aécios, mimados e derrotados apesar de toda sua imagem construída de bom moço, frequentador das melhores praias da moçada de geração doutada, geração saúde do Rio de Janeiro. Moço, já embolorado pelo pó que assenta-lhe como nele se instala do cheiro do velha e arcaica política dos coronéizinhos, dos primeiros tempos de nossa república.
Mas não é tão somente de aécios, pobres coitados, que o país vai se lembrar, quando for revirar os lixões da nossa vida política. Ao seu lado estarão aloysios, lacaios de interesses americanos, alckmins, serras, ronaldos caiados, mesmo sem por baixo da pintura; cunhas limas, padilhas, geddeis, moreiras, francos ou não, temeres.
E não é nunca demais lembrar - para nunca mais correr o risco de permitir levar-lhes a sério no futuro, os gilmares mendes, os ministros do Supremo, os juízes do Olimpo curitibano, as emissoras e seus anões de mivrofone na lapela e opiniões vendidas a troco de migalhas de salários.
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Dizem que não é golpe, por respeitar a Constituição. Sim. No rito. No andamento das etapas do processo. E só.
Desse ponto de vista, não há dúvidas, não é golpe.
O golpe se caracteriza pela ausência de crime de responsabilidade da presidenta, apesar da ignorância de nossa ministra futura presidenta do STF, Carmem Lúcia e das tentativas frustradas de parcela dos golpistas de caracterizarem operações de registro contábil como atos delituosos.
Crime de responsabilidade nunca encontrado e comprovado e, portanto, incapaz de dar sequência a qualquer julgamento sério, não fora seu principal acusador, no Senado, o menino de recados de aécim, o travesso anão (do ponto de vista moral), anastasia.
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E por não haver motivos, como o lembrou uma das integrantes do colégio de jurados do Senado, na verdade, a justificativa para a derrubada da democracia no país é apenas o conjunto da obra.
Obra que essa sim, é de péssima qualidade. E, nesse ponto, não há como não admitir, Dilma fez o tempo todo, ao menos do primeiro ano de seu segundo mandato, o que o corredor de marcha atlética fez em parte do percurso da Olimpíada do Rio.
Mas, ser ruim não é crime. E aproveitar-se disso é ou forma de tutelar o povo, que mostrou convicto que vota mal, ou apenas forma de avançar em direção a uma forma de regime mais próximo da autocracia ou plutocracia.
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Nesse processo tragicômico em curso, o que é mais desagradável é assistir, por um lado, caírem as máscaras de quem, ao menos eu, acreditei que tinha um mínimo de caráter e hombridade. Situa-se nesse caso, um cristovamzinho buarque, tão pequenininho que perde-se encoberto nas planícies do cerrado.
Mas, se isso é ruim por um lado, a descoberta do mal-caráter enrustido é sempre algo positivo. Mesmo que doído.
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Vem aí o golpe e temer já coloca as manguinhas de fora, com o apoio que a tudo ensurdece, dos panelaços que ouvem-se, insistentemente, nas capitais do país.
Já está aí a negociação para concessão ou venda, ou entrega para os seus mais gabaritados donos, do pré-sal; a entrega de nossos programas de saúde públicos para os grandes agentes de saúde privada ou complementar; a entrega do ensino público e gratuito para as financeiras que irão mais tarde acabar atropelando os próprios interesses, e submetendo-os, das escolas privadas.
Razão que faz com que as mantenedoras das escolas privadas se preocupem cada vez menos com a qualidade da educação, substituída pela qualidade das avaliações de suas ações em bolsa.
E ficam ostentando 1,5 milhão de alunos, ou até mais, que, se vierem a obter seu diploma, provavelmente não conseguirão ter desenvolvido o necessário suporte para o desenvolvimento de sua trajetória profissional.
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E pior, avança e ataca instituições como a previdência pública, cada vez mais área de interesse dos planos de previdência e capitalização do mercado.
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Mas, se o processo de tomada do poder, sem motivos, mas dentro dos limites do quadro legal, mostra que o país continua se preocupando mais com as formas que conteúdos, é possível entender então, a razão de, ontem, o Supremo estar discutindo a validade da nova lei aplicável à propaganda eleitoral, integrante da reforma que eduardo cunha impingiu à nação no ano passado.
Vendo o ministro Barroso chamar a atenção para o fato de já estarem sendo prejudicadas candidaturas de cunho mais popular, como a de Erundina em São Paulo, e Freixo no Rio, confesso que, menos que atento ao tema em debate, me peguei dando tratos às ideias, para tentar poder entender a razão de tamanho nonsense.
Afinal, para que discutir-se regras de realização e de comportamento em debates eleitorais para as eleições de prefeitos que se aproximam, se eleições no Brasil não têm qualquer validade?
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Para que ter título de eleitor, ir às urnas, exercer nosso dever cívico e eleger alguém para representar a maioria da população se, não sendo do agrado da minoria esclarecida e bem nascida, o resultado não é para ser levado a sério?
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Pobre país este em que temer, sem proposta e sem qualquer função, nem mesmo decorativa, como ele mesmo concluiu em carta enviada à presidenta Dilma que não tinha capacidade para ocupar, surrupia o poder tal qual um Silvério dos Reis ou um Judas.
Pobre país, em que mais uma vez, em um 25 de agosto, tem sequência um golpe que, tal qual 1964 pode terminar de forma mais autoritária que se acredita.
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Mas a cegueira não está presente apenas na situação política

Fugindo do tema político, não é possível que estejam todos com a visão embaçada a ponto de não perceber que, já desde algum tempo, e posso precisar de forma mais concreta, referindo-me ao jogo na Vila Belmiro contra o Santos, que o time do Atlético está jogando um futebolzinho de categoria muito abaixo daquela que pode-se esperar de plantel individual tão elogiado.
Está certo que, nesse meio tempo, venceu por um gol de ocasião, o Atlético Paranaense, seu xará.
Mas convenhamos que a vitória e o salto na tabela para a segunda colocação, embora motivos para comemoração, servem também para encobrir o fraco desempenho coletivo da equipe.
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Sempre fui favorável à vinda de Marcelo para dirigir o time, já que reconheço sua capacidade. Mas, lembro-me que também queria que Tite fosse o técnico do time em 2005, ano em que, sem forças ou caráter, ele nos abandonou já com o time em franca rota para o descenso.
Marcelo precisa mostrar e dizer a que veio, porque não dá para chegar onde pretende, se não mostrar estrutura de jogo, jogadas ensaiadas, esquema tático, etc.
O time não pode depender de lampejos e brilhos individuais, de atletas que todos reconhecem, são consagrados.
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Ontem, contra a Ponte Preta, mais uma vez o time foi muito mal. E empatou por sorte e em momento em que não estava bem no jogo.
Mas, pode ser que o time tocando bola, para trás e sem qualquer objetividade tenha deixado satisfeito algum torcedor desavisado, deslumbrado com o time deter 60, ou 70% da posse de bola.
De nada adianta reter a bola, para movimentar o goleiro ou a defesa, sempre com bolas que podem, a qualquer descuido, trazer perigo ao nosso gol.
Foi o que aconteceu ontem.
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Além disso, eu gostaria de que alguém me falasse o que Pratto estava fazendo no primeiro tempo em campo, complemente apagado, já que não lançado. E Carlos, que se notabilizou por bater cabeça, literalmente, em campo? E porque tirar Otero, o melhor jogador e mais lúcido no meio?
E como um treinador, já obrigado a fazer uma substituição no primeiro tempo de jogo, queima as suas substituições, para por em campo Clayton, e assistir ao time terminar com apenas dez jogadores, por contusão?
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Muita coisa está parecendo precisar ser ajustada no Galo.
E isso me preocupa bastante.


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