quinta-feira, 8 de setembro de 2016

A covardia do golpista e como essa sua característica ajuda a que ele seja a pessoa certa para o lugar de servilismo em que ele foi posto

Dia em que se comemora a Independência do Brasil e data escolhida para a abertura das Paraolimpíadas, esse 7 de setembro foi marcado pelo comportamento do golpista, usurpador, que ocupa o Palácio do Planalto desde a votação do impeachment de Dilma: comportamento covarde, de quem tem medo de enfrentar a verdade e a vida.
Comportamento, aliás, que já havia sido demonstrado quando da data de abertura dos Jogos Olímpicos no Rio, quando ele sorrateiramente entrou no Maracanã e, ali permaneceu, sem que sua presença fosse anunciada pelo sistema de som, para que o usurpador não fosse vítima de vaias.
Vaias que ele não conseguiu evitar, quando teve que, de forma quase inaudível e acanhada, declarar a abertura do evento.
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Acreditava eu que o comportamento do nosso Boris Karlof pudesse se modificar, uma vez empossado no cargo, e alcançado o objetivo com que tanto ele sonhou em toda sua carreira, sempre às sombras, sempre de forma subreptícia, como convém a quem não mostra respeito pelo povo e pela democracia. 
Afinal de contas, nada muito diferente das histórias da Transilvânia onde os verdadeiros, autênticos e até simpáticos Dráculas viviam. Hoje nosso Drácula é tão notável quanto um protozoário, talvez uma ameba. E não fosse pelo golpe iria permanecer assim, insignificante até os dias atuais.
Mas, aqui é que está o problema e o grande perigo. Ao ganhar espaço para agir, nosso protozoário ou ameba ganha o mesmo grau de periculosidade que aqueles do interior do corpo humano. E têm potencial para trazer dores e sofrimentos de mesma intensidade.
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Talvez essa a explicação para mais um de seus ataques de protagonismo, na verdade, apenas mais um faniquito. O terceiro de que tenho memória. Senão vejamos: começou quando ainda golpista envergonhado e na interinidade, bateu à mesa para dizer que conhecia e sabia lidar bem com bandidos. Declaração desnecessária para quem foi presidente do PMDB tanto tempo, e político de bastidores (onde os golpes são tramados e postos em prática). Continuou depois, quando já vitorioso o golpe de que ele e seus asseclas foram partícipes e beneficiários, reuniu seu ministério de machos: afinal, mulher só sendo belas, recatadas e do lar... (e tem mulheres que, na ânsia de defender o golpe, já que no fundo a questão era, seja como fosse possível, tirar o PT do poder publicam referências à presença de Marcela no desfile de 7 de setembro, como para comprovar que o país mudou para melhor. Agora as mulheres sabem se comportar, são bonitas e os maridos sabem falar português, escorreito. E depois ainda reclamam das mulheres estarem sendo tratadas como objeto!). Mas, como eu ia dizendo, reunido o machistério, o golpista disse de forma enérgica que não ia mais tolerar ser chamado de golpista. 
Entendi que chamá-lo de golpista é bulling!
Quanto ao terceiro dos ataques, vem quando promete remeter, indo contra toda a sua base e partidários, uma reforma da previdência ao Congresso, mostrando que, para ajudar a resolver os problemas do governo e do país, não se curva. Faz o que é necessário. Mesmo que impopular. Mesmo que avisado de que não o seu projeto corre o risco de trazer derrotas para seus aliados.
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No entanto, como das outras vezes, esse terceiro faniquito que visa demonstrar seu arroubo e coragem é apenas mais um ato de obediência, mais um ato de vassalagem que ele presta ao PSDB, o partido derrotado nas urnas em 2002, 2006, 2010 e até 2014, justamente por causa de propostas como as que o usurpador agora promete aprovar.
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Sabe-se, e toda a imprensa comenta, que toda a coragem de nosso golpista é tão somente mais uma vez, curvar-se aos interesses poderosos que o PSDB representa, ligados aos grandes grupos de capital financeiro e, no caso específico aos interesses dos planos de previdência privados ou complementares, conisderados, em todo o canto do mundo um dos mais rentáveis negócios do mundo, gerindo valores em quantias exorbitantes. 
Embora derrotado nas urnas, o PSDB escamoteia a realidade para poder chegar à conclusão de que a Previdência Pública está condenada a desaparecer, e se nada for feito, os déficits crescentes com que se defronta, irão se tornar impagáveis.
Fazendo cálculos onde considera apenas as diferenças entre benefícios pagos e contribuições recolhidas, mostra que já de muito tempo, o governo tem posto dinheiro dos impostos pagos por toda a população para saldar os compromissos com apenas a parcela, hoje relativamente menor, de aposentados e pensionistas.
Invertem pois, a questão, já que se fosse para obedecer a Constituição de 88, as fontes de financiamento da Seguridade Social seriam compostas de uma série de tributos que, não sendo destinadas para sua finalidade primeira, acaba apenas fazendo caixa para o governo e permitindo que o governo pague juros da dívida pública exorbitantes. Ou pior: conceda incentivos, subsídios, ou conceda desonerações para empresários se locupletarem.
E, para não ser injusto, essa situação das contas que não são apresentadas de forma correta não é de agora, vindo já desde Dilma pelo menos, já que o presidente Lula, em certo instante de seu mandato, chegou a afirmar que todo problema da Previdência não era rombo, mas um problema de encontro de contas,ou correto registro.
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Mas, sem muita delonga, será que nesse déficit da conta do governo, que não é a forma que a Constituição manda efetuar o cálculo, será que as sonegações da contribuições de empregados e patrões estão consideradas?
Por que estudo do IPEA recente, conforme publicação da revista Carta Capital da última semana de agosto último, mostra que não apenas a FIESP não quer pagar o pato. Ela nunca gostou de pagar. E creio que pouco pagou em toda sua história. 
Afinal, só de dívida ativa, informa a revista, são 1,4 trilhão de reais. Supondo-se que a maioria da população brasileira não tem renda para tanto, já que apenas 71 mil pessoas, alcançam renda mensal de 4 milhões ( o que permitiria sonegação em alto montante), o que representa no conjunto 8,5% da renda familiar, é de se supor que, pelos dados apresentados pela revista, os 99,95% do resto não teria renda suficiente para tamanha sonegação.
Assim, é justo acreditar que são empresas, não as pequenas, as que mais devem ao governo. E, dessa dívida, 252 bilhões de reais são já transitadas em julgado. Ou seja, basta o governo mandar seus fiscais ou coletores para levantarem essa quantia. Sem qualquer problema.
Exceto um: o de ter que ir cobrar e receberr de seus financiadores, dos seus patrões, de seus amigos, em se tratando do PSDB que, por isso mesmo, escamoteia os números e a situação previdênciária.
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Sempre disse que é necessário sim, discutir-se medidas na Previdência, afetada pelo aumento da longevidade e da preocupante, em nosso país, alteração da pirâmide populacional por faixa etária.
Mas não assim, como querem o PSDB, para poder arrecadar mais, gastar menos, a curto prazo, e ter mais recursos no governo para assegurar o pagamento de juros da dívida pública, cujos titulares são os amigos do PSDB.
Vá lá: os bancos e interesses financeiros são amigos também de Lula, Dilma e do PT. Mas aqui há que se reconhecer que esses ex-presidentes e sua turma têm também alguns amigos em outras classes sociais. 
O que justifica toda a ação engendrada para tirá-los do poder, com seus 54,5 milhões de votos, para colocar quem apenas consegue ser amigo da turma da banca ou do dinheiro. 
Ou seja: os donos do poder, como já disse antes, e repito, cansaram de ter que dar migalhas aos demais grupos de interesses financeiros e resolveram recuperar sua hegemonia, colocando lá um boneco de cera. 
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Nesse sentido, quanto menos o boneco tiver coragem melhor para ser manipulado.
É o caso de nosso golpista que chega de carro fechado na Parada de Sete de Setembro, entrando no palanque de forma despercebida, por medo de vaias. 
Vaias que mesmo nas Paraolimpiadas e onde o golpista for, não serão evitadas.
É isso.

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