terça-feira, 13 de setembro de 2016

A queda de Cunha: o primeiro embuste, e a queda do Galo

450 votos puseram fim, no dia de ontem, a uma personagem e a uma das páginas mais tristes de um Congresso que, desde há muito, devemos convir, não prima por um comportamento ético, digno, decente.
Talvez eu até pudesse afirmar, em complemento, não tratar-se de um Congresso digno da representação do povo brasileiro. Mas não!
Queiramos ou não, e por mais que não gostemos, o Congresso é a justa representação do povo que, apesar dos discursos de Miguel Reale Jr, é sim o povo do jeitinho, da malemolência, da gambiarra, do querer levar vantagem em tudo. Um povo que se acha mais esperto que qualquer outro, e que, por tal característica, está sempre acreditando que nasceu para se dar bem, mesmo que às custas de ações espúrias.
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Enganam-se, em minha opinião, os que acreditam que o problema do Congresso é permitir que os analfabetos tenham voz e voto e possam ser representados. Enganam-se os que acreditam que para falar em nome de pessoas humildes, pobres, às vezes sem esperança e perspectivas, é preciso saber, é preciso fazer uso daquele idioma considerado a última flor do Lácio, inculta e bela. Nada disso é necessário, contudo.
Basta conhecer o dialeto do sofrimento, da luta dos oprimidos e explorados, da luta  e do grito dos excluídos.
Não são de bacharéis, de "doutores", de pessoas de alta linhagem e plumagem, que o Congresso precisa, como muitos acreditam, bem intencionados. Mas, como diz o ditado: de boas intenções o infermo está cheio.
E mesmo com boas intenções, as pregações por exigências mínimas de escolaridade, por exemplo, para ocupar um espaço, para ter um assento em nossa Casa Legislativa, não passa de uma forma de manter mais elitizada e menos representativa dos interesses dos menos favorecidos nossa representação política.
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Pior, muito pior, são os doutos, os sábios, os espertos, os Cunhas e seus esquemas de corrupção, conchavos e ameaças e chantagens.
Afinal, quantas pessoas e até mesmo, quantos deputados, com formação superior ou não, têm capacidade para operar em escala internacional, tratando com instrumentos sofisticados e agentes mais sofisticados ainda, como são os trustees.
Ainda ontem, em sua coluna da Folha, Márcia Dessen comentava das dificuldades que pessoas com algum domínio de noções e conhecimentos de aplicações financeiras, enfrentam ao decidir por aplicações alternativas às aplicações em caderneta de poupança, como são os CDBs - Certificados de Depósitos Bancários, ou LCAs ou LCIs, as Letras de Crédito, respectivamente do Agronegócio, ou Imobiliárias.
Ora, explicava a professora de Finanças Pessoais, são tantas as variáveis a serem consideradas, desde a taxa negociada com a instituição financeira, até as taxas cobradas de administração, até o fato de a aplicação contar ou não com isenção de imposto de renda, ou o volume e prazo que o dinheiro fcará aplicado, que não é absurdo que a maioria das pessoas comuns optem por deixar seu dinheiro na poupança.
Que diga-se de passagem, embora a mais simples, é uma aplicação que vem perdendo para a inflação a cada mês.
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Mas Cunha não. Cunha, mesmo não sendo dono de conta no exterior, é o sócio fundador de um trustee que operacionaliza, em nome dele que é o administrador final, recursos cuja origem não tem qualquer explicação plausível, exceto aquele da corrupção, em contas no exterior, mais precisamente, na Suíça.
Não à toa, Cunha foi duas vezes considerado réu pelo Supremo Tribunal,  em processos relacionados à operação Lava Jato, citado que foi em depoimentos de delação premiada.
Nâo à toa, ao saber de sua função e de seu cargo na Telerj, ainda no governo Collor, Itamar quase se descabelou, quase perdeu o topete, promovendo sua saída do cargo, por conhecer seus métodos e comportamento.
E curioso, assim como Renan, o próprio Collor, passado aquele período da nossa República, está de volta no panorama político, e com força, poder e a manutenção dos mesmos métodos de ação de sempre, o senhor Eduardo Cunha.
Mas, isso apenas até ontem.
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Derrotado, depois de um discurso cheio de ameaças veladas e acusações nas entrelinhas, 450 deputados acabaram pondo fim ao reinado de, talvez o último déspota, esse não esclarecido.
Dos 150 ou mais deputados que tinha sob seu controle, ou como se diz popularmente, "tinha em seu bolso" apenas 10 votaram a favor de seu chefe. Outros 9, de forma envergonhada, também votaram a favor de Cunha, abstendo-se de o condenarem explicitamente.
Dentre esses, o deputado delegado Edson Moreira, de Minas Gerais, que em meio a uma série de citações de personagens históricas, que incluiu Júlio César e Brutos, Tiradentes e Silvério dos Reis e o Visconde de Barbacena, e um discurso confuso, declarou que seu voto seria pela abstenção, já que "in dubio pro reu".
Mais que o voto envergonhado, por mostrar que de fato não leu o processo- como Cunha acusou aos deputados em seu discurso -, ou se o fez, não entendeu o que estava lendo, Moreira mostrou a falta total e completa de coerência. O que no caso de alguns deputados, ele inclusive, não é nada de se admirar, já que para Cunha, que admitiu aproveitar do trustee e dos resultados de suas aplicações, cabia a dúvida.
Mas, para Dilma, a presidenta não. Para Dilma, o crime de responsabilidade que nem mesmo os promotores responsáveis admitiram ter existido, não havia a aplicação do benefício da dúvida.
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Sai Cunha acusando Rodrigo Maia, o governo, a rede Globo e o PT, por terem tramado sua cassação.
Se essa figura desprezível tudo fez para adiar seu julgamento ao máximo, a ponto de terem sido abertos os procedimentos que culminaram com sua cassação ontem,  muito antes do processo de Dilma, a rigor um processo necessariamente mais demorado e mais sério! Se o processo mais grave de deposição de uma presidente eleita por 54,5 milhões de pessoas, resolveu-se entre dezembro e agosto, no prazo de 8 meses, enquanto o seu processo, cheio de manobras e manipulações, durou ao menos 11 meses?
Cunha tudo fez para cassar Dilma, na crença que receberia o prêmio de ter dado o governo à oposição golpista e a um vice sem votos e sem legitimidade.
Alegar agora que a data de marcação foi prejudicial a ele, responsabilizando Rodrigo Maia, é dar importância muito grande a quem não tem e nem ocupa essa posição de protagonista.
Afinal, em minha visão, a data foi marcada exatamente para que não houvesse quorum, como o próprio Maia admitiu: que não iria abrir a sessão se o número improvável de mais de 420 deputados não fosse atingido.
Isso, em plena segunda feira, como lembrou Cunha, a uma semana e pouco das eleições.
Era para adiar mais uma vez a votação para depois do pleito municipal. Mas, aí entrou a Globo e seu poder de influência, acertadamente apontado como inimigo por Cunha.
Esqueceu-se o ex-deputado que a Globo tritura a todos que têm poder e que, por tal motivo, podem antepor alguma resistência a suas vontades e desejos.
A Globo não luta por qualquer politico, nem os defende. Foi assim com Collor contra Lula, em 89 e depois, ao abandonar sua criação, em 92. Foi assim com Cunha. A Globo, visando apenas seus interesses e os de seus parceiros, os representantes do grande capital, etc. apenas faz é sugar as pessoas, até que, nada mais havendo para extrair delas, já exauriidas, as lança fora, como bagaço.
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As eleições alteraram o resultado, como alega Cunha?
Provavelmente sim, levando-se em conta o próprio número de deputados - perto de 50, que o deputado cassado afirmou em entrevista, serem candidatos às eleições municipais e, por isso, preocupados com a reação de seus eleitores não votaram de acordo com suas consciências, mas de acordo com interesses políticos.
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Culpar o PT, por ter sido ele o responsável pela sua queda do poder, é no mínimo um contrasenso. O PT tudo fez para anular o golpe do impeachment, além da falta de crime de responsabilidade, pelo vício de origem da abertura do processo: a aceitação por Eduardo Cunha. E apenas por que o PT recusou-se a aceitar a chantagem de Cunha na Comissão de Constituição e Justiça.
Simples assim.
Dizer que o PT deu o golpe, é no mínimo, uma tota e completa inversão de valores e de fatos históricos.
Mas, de Cunha, um mentiroso contumaz e que se acredita acima de tudo e todos, nada causa mais surpresa.
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Resta agora que perdeu o foro privilegiado aguardarmos para verificar quanto tempo levará para que o juiz Moro vá chamá-lo a depor em Curitiba, se o fizer.
E então para comprovarmos se Cunha irá mesmo contar o que sabe como ameaçou ontem, em livro, ou em mais um dos espetáculos de delação premiada.
Delação que talvez nunca se concretize, assim como o livro, provavelmente sempre nos estágios de provas finais, para servir como a salvo conduto desse político corrupto e desonesto, além de achacador.
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Página virada, infelizmente ainda ouviremos muito desse traste, embpra esperemos que nas notícias e páginas policiais.


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O Vexame do Galo e de Marcelo

Desnecessário alongar-me muito no tema. O placar para um Fluminense com campanha completamente instável, já é suficiente para dar uma dimensão do vexame.
Interessante é que, antes do jogo, comentava com um amigo, o Rodrigo, atleticano doente, que eu estava pessimista. Não estava levando fé no time, cantado em prosa e verso como o melhor, ao menos de elenco, no país.
Em minha opinião, exposta aqui outras vezes, Marcelo está ultrapassado. E como dizem os comentaristas das praças de Rio e São Paulo, ele não tem condições ou não tem mostrado ter-se atualizado para poder comandar um time com tantas estrelas. Assim, parece que pega os medalhões, que não podem ficar de fora até pelo que ganham e coloca tudo junto e misturado. Matando o futebol de uns, pela falta de adequação à posição, ou pela exigência de que cumpram papéis que não têm condições de cumprirem, louvada sua boa vontade.
Faz isso, para que os atletas não fiquem trombando entre si, ocupando os mesmos espaços em campo, em que estão acostumados a jogarem.
De resto, o time não marca ninguém, fica só cercando e recuando. Mesmo com Donizete em campo, ainda assim, não tem que dê o bote, para desarmar o adversário. Fica recuando, recuando, e vendo o ataque contrário ir entrando tabelando, triangulando, trocando passes, até nossa área.
Rafael Carioca, como já afirmei aqui é craque. Mas, de 50 passes que executa, a maioria é lateral, ou então pior, para o goleiro, que várias vezes acaba ficando na fogueira.
Mas, Dátolo, o armador do time, não entra. A opção é por Carlos Eduardo. Na defesa, Edcarlos tem a preferência, como no jogo de ontem.
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Ah! saudades de um tempo em que Marcelo ainda era auxiliar de Levir e que, com a dispensa do treinador, assumiu como interino. E em jogo contra o Fluminense, manteve o ritmo forte de marcação alta do ex-técnico, e fez 3 a zero contra o time carioca.
Dia de jogo marcado pela apresentação de Leão como substituto de Levir, e em que o ego do ex-goleiro levou-o a afirmar que desceu aos vestiários para dar orientações que ajudaram o time na vitória conquistada.
Naquela época Marcelo, ainda não vitorioso, parecia ser um estudioso. Não o acomodado que tem mostrado ser atualmente.
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E muita gente achou que o jogo contra o Vitória foi um jogaço e que o Galo estava no rumo certo.
Olha, para vencer o Vitória, com todo o respeito que o time baiano me merece, ter de passar o sufoco que nós passamos é muito para minha cabeça e meu coração.
Não vi o time merecer ganhar do Vitória  naquele jogo, e ontem, os últimos 20 minutos do primeiro tempo a que pude assistir, me levou a me questionar porque ganhávamos o jogo por um a zero. Placar completamente injusto.
No pouco tempo que pude assistir ao jogo, não vi uma jogada do Galo, nem um ataque, apenas um chutão. E dá-lhe Fluminense, de Levir, o técnico que ainda tem muito a ensinar a Marcelo.
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