Enquanto começa a reunião do COPOM, que vai reduzir os juros como determinou ontem, em solenidade, o usurpador temer, aguardamos também a sabatina do plagiador Alexandre de Moraes na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, que deverá ter lugar hoje.
Da reunião dos diretores do Banco Central, responsáveis pela definição da taxa básica de juros de mercado, admito que há pouco a comentar.
Afinal, não há qualquer pessoa com um mínimo de sensatez, especialmente os ligados à area econômica, que não seja favorável à redução das taxas de juros praticados no país, a maior taxa do mundo.
Principalmente quando a inflação dá sinais de estar em firme declínio, fruto especialmente da situação de depressão mais até que recessão, a que a política monetária de juros estratosféricos nos conduziu.
Sim. É verdade que a política de juros elevados contribuiu para a queda da inflação. Mas não foi esse instrumento o responsável pelo êxito obtido na busca da estabilização de preços.
Ao contrário, muitos economistas sempre se mostraram bastante críticos à medida adotada ainda na gestão de Alexandre Tombini, na fase de capitulação da presidente Dilma ao mercado financeiro e aos seus interesses.
Aqui mesmo, em meus pitacos, procurei chamar a atenção para o fato de que, tal qual o doente no hospital, há medicações que permitem baixar a febre (a inflação), não a prescrição do antibiótico fosse a correta, mas tão somente por ter conseguido levar o doente a óbito (recessão econômica).
Também não foram poucos os que argumentavam que as causas da inflação e de sua persistência, nada tinham a ver com uma pressão de demanda, capaz de provocar a escassez de produtos no mercado, e a elevação de preços.
Para esses economistas críticos, a inflação foi provocada pela correção de preços administrados empreendida por Levy, o homem do mercado que Dilma aceitou nomear como seu ministro da Fazenda, e representante do pensamento hegemônico do mercado financeiro e suas vozes conservadoras. Essa política, que buscava o resgate da verdade dos preços de mercado foi que serviu de combustível da fogueira da elevação de preços. No que teve a ajuda de problemas como a crise hídrica e climática que o país viveu no período, provocando elevação de preços de alimentos e produtos componentes da cesta básica. Tudo isso, sem contar a crise política provocada pela irresponsabilidade do presidente do maior partido da oposição, que qual menino mimado - que sempre mostrou ser-, acabou impedindo o país de funcionar e o governo de adotar e aprovar medidas recomendadas até mesmo pelos economistas de seu partido.
***
Mas, se todos são favoráveis à redução da taxa de juros, para evitar os problemas que a taxa elevada acarreta, como a elevação da dívida pública; a geração de déficits cada vez mais elevados, impossíveis de serem acompanhados por elevações de receitas em momento em que os próprios juros altos induzem a redução do nível de atividade e aumento do desemprego; a preferência dos empresários pelas aplicações financeiras ao invés do estímulo ao investimento produtivo, entre outros males, qual a razão de meu comentário nesse pitaco?
A razão é apenas uma. E refere-se à postura de todos os analistas do mercado e da mídia em relação à pressão que o BC sofre para reduzir os juros. Pressão que vem do próprio usurpador, como a declaração mencionada no início, dada por ele em reunião com representantes do setor agropecuário ontem.
***
Honestamente, apenas fico imaginando o que estaria sendo publicado, divulgado, comentado nas redes sociais e quais seriam as análises do mercado financeiro, caso essa pressão pela queda dos juros fosse uma ação de vontade da presidenta Dilma.
Imediatamente criticariam o voluntarismo da presidenta legítima. E não contentes, iriam argumentar de como era necessário transformar-se o Banco Central em órgão independente, para retirá-lo das garras e do assédio oriundo do campo político.
Naquele tempo....
Porque hoje, não é assim, já que o nome do eleito é.... refaçamos a frase, já que interesses escusos conseguiram colocar no posto de presidente, um mero paspalho. Pau mandado de interesses do grande capital, a quem serve de forma subserviente, razão de todo o apoio que recebe de seus patrões.
***
Sem ser melancólico, é forçoso reconhecer que bem ou mal, e talvez mais mal que o contrário, Dilma tentava servir ao povo, eleita que foi. E ainda assim, o traiu, quando optou por capitular aos mercados no início de 2015.
O atual ocupante do cargo, lá levado por golpismo e um por um tipo de caráter prá lá de questionável tem como patrões os interesses de quem adulou seu enorme ego. E o colocou na posição em que se encontra, exatamente por seu caráter pulsilânime.
***
Quanto a Moraes, indicado por temer para permitir blindar e estancar a sangria da Lava Jato, não precisamos comentar mais nada, em acréscimo ao postado ontem.
Vindo de um ex-ministro da Justiça, não há muito como tratar de alguém que pode chegar à Suprema Corte do país, para tratar da defesa do Estado democrático de Direito, conforme expresso em nossa Constituição, e que foi flagrado mentindo no seu currículo, mentindo em relação a seu comportamento frente a solicitação que lhe foi feita por uma governadora, e para concluir, apropriando-se indevidamente de ideias, pensamentos, textos de outros.
Como disse ontem, vai ter assento no STF, ao lado de seus iguais ou pares, gilmar, celso de mello, toffoli, carmens, etc.
O que, devo concordar, torna a casa mais homogênea.
***
E o poder da Globo se esgueira e tenta se impor
Não poderia deixar de comentar o lamentável episódio de Curitiba, protagonizado pelo presidente da Federação Paranaense, que se intrometeu em questão comercial de dois de seus clubes filiados: Atlético Paranaense e Coritiba.
Alvos de verdadeiro desrespeito pela rede Globo, a manipuladora de todo o país, os clubes, em comum acordo, recusaram-se a vender os direitos de transmissão de seus jogos pelo preço de um Madureira, do falido e fracassado campeonato do Rio.
Usando do direito de que são detentores, preferiram fazer a transmissão pelo youtube, com possíveis rendimentos daí auferidos sendo vindo diretamente para os cofres dos clubes. Sem participação da Federação.
***
Talvez como lacaio da Globo, ou como o capataz, que tratava do escravo com mais rigor que o próprio patrão escravagista, o tal presidente, acabou adotando medida destinada a obrigar os clubes a jogarem sem a transmissão via internet.
Altiva e conjuntamente, ambos preferiram não realizar a partida. E saíram de campo, frustrando mais de 20 mil torcedores presentes ao estádio.
O que poderia ter gerado uma reação popular e até uma tragédia, de que o presidente da FPF seria o principal responsável, talvez por achar que agindo com agiu, poderia ter algum benefício futuro, ou presente mesmo da globo.
***
Mais tarde, mentiu tal qual Alexandre de Moraes, sem qualquer constrangimento, em programa da ESPN, para ser desmentido, não por uma governadora, mas pelo quarto árbitro, conforme mostrado pela tv UOL.
***
Que sua mentira tivesse, como as demais, perna curta, é claro e cristalino, a partir do momento que não pode punir e não puniu qualquer das duas agremiações, limitando-se a remarcar o jogo para nova data.
***
A pressão dos interesses do capital privado prossegue
E o Rio, sem qualquer estrutura, nem financeira, nem moral pode deixar de se curvar.
E sua Assembleia, aprova a autorização para a venda da Cedae - Companhia Estadual de Águas e Esgoto, ao menos no nome.
Porque água tratada tem, para atender a classe mais favorecida dos núcleos urbanos. Já esgoto, é uma lástima a proporção de residências atendidas.
E agora vai para as mãos de algum interessado em lucros. E que não irá fazer obras para melhoria das condições de quem não tem como pagar.
***
Jucá e outros políticos
A mera reação de Jucá, ontem no Senado, mostra todo seu desespero.
Pena que com ele, e como os amigos do usurpador, colocado para fazer o papel do rei, a Justiça não age como age com Lula e Dilma.
Mas, aqui é interessante observar que tudo que puder ser feito para evitar Lula em 2018, será feito. Inclusive obter uma condenação dele, alegando que cuspiu na rua, ou urinou em lugar público.
Interessa é retirá-lo da disputa política.
No entanto, não posso deixar de achar curioso que ele e Dilma atrapalharam o andamento de investigações, por ato que não pode se concretizar dada a pressa de gilmar mendes para cassar o direito de todo presidente nomear ministro a quem queira, já que sua prerrogativa.
Não é mesmo, celsinho???
Não foi esse o argumento com o Angorá???
***
Sinal que a justiça dos homens age e é célere em nosso país. O que desmente aqueles que insistem em dizer que aqui é o reino da impunidade e da justiça falha e morosa.
terça-feira, 21 de fevereiro de 2017
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017
Povo que ganha as ruas de volta no carnaval, afastando os desfiles de escolas pasteurizados, não reage às tramóias do poder para estancar a luta contra a corrupção
A proximidade do carnaval, com os blocos já tomando conta das ruas, das praças, dos bairros e das cidades, transforma nossa rotina e nossa vida, já em uma rotina de descompromisso e fantasia.
Um clima que é muito bom para um governo cuja preocupação central é a de tentar de todas as formas se blindar e, por que não?, estancar a sangria da operação Lava-Jato, que atinge em cheio a todos os seus principais colaboradores e apoiadores.
Assim, se os preparativos momescos indicam que o povo resolveu agir para voltar a ter as rédeas da brincadeira que sempre foi sua, e onde sua participação nunca precisou de organização de desfiles ou da existência de escolas para turista ver, a verdade é que o calendário permite também, que esse mesmo povo fique entorpecido, e ganhe novamente o direito de brincar o carnaval, mas vá perdendo a possiblidade de gerir o seu destino.
Ao menos gerir o destino de forma honesta, sem a corrupção que invadiu o Estado, os governos e até o país em todas as suas esferas.
***
Uma observação a respeito do carnaval. Há muito tempo já vinha sendo dominado por um sentimento de que a maior e mais ansiada comemoração popular de nosso país vinha perdendo força. Justamente perdendo sua maior característica: ser popular.
Para isso, contribuía o indiscutível sucesso dos desfiles de escola de samba, cada vez mais sob um formato adequado às transmissões das televisões, com imagens que ganhavam e encantavam o mundo. Mas, cada vez mais dominados por alegorias e fantasias, o que mostra que a festa evoluia no sentido de assumir o formato de um espetáculo teatral, longe, muito longe do espetáculo da vida, da rua, do dia a dia, da representação do povo brasileiro. Dessa forma, até a alegria do povo tornava-se pasteurizada, mesmo quando em poucos momentos e oportunidades os enredos dos desfiles resvalavam mais próximo para o teatro do oprimido.
A pasteurização da festa e dos desfiles levou a que todas as escolas acabassem se tornando uma massa homogênea, uma coisa só, e com o tempo, os shows passassem a se tornar cansativos, repetitivos e tediosos.
Enquanto isso o povo, excetuada a ínfima parcela considerada passista ou integrantes das escolas, ficava como a musa da canção Quem te viu, quem te vê, de Chico Buarque, batendo palma com vontade e fazendo de conta que é .
Nesse sentido, a formação dos blocos, que ganham as ruas de São Paulo, Rio, Belo Horizonte é a retomada da folia cidadã, participativa, onde todos são como são e representam aquilo que são.
***
Já do ponto de vista da situação política do país, o povo que se lançou às janelas batendo panelas e condenando a corrupção petista, ou que foi às ruas e praças para protestar contra o estado de deterioração que, acreditavam, o país tinha atingido, tem estado, nos últimos dias, inerte. Passivo. Situação que, prefiro acreditar, seja causada pelo entorpecimento causado pelo carnaval.
Porque do ponto de vista da situação real do país e desse (des)governo, a situação está muito pior do que era, especialmente do ponto de vista da corrupção.
O que permite que, deixando de lado o presidente usurpador e golpista, cujo nome aparece em várias ocasiões nas delações a que temos acesso e conhecimento a conta gotas, sempre seletivas, a cada instante, um novo ministro, um novo aliado do governo, um novo partidário da base seja citado.
E, independente disso, o povo a tudo assiste em silêncio, sem esboçar qualquer reação.
A ponto de permitir que arbitrariedades típicas de situações de democracia de fachada sejam praticadas, sem qualquer manifestação.
***
Entre tais arbitrariedades, o apoio a que Botafogo fosse o candidato ungido com as bênçãos do Planalto para a presidência da Câmara, mesmo atropelando a legislação e a Constituição que veta reeleição ao cargo.
A respeito de tal veto, apenas a observação de que a tudo o Supremo, o órgão defensor da Carta Maior é o primeiro a fazer vista grossa e tornar o interesse da lei, letra morta.
O que indica que, como já muitos suspeitavam, embora sem muita convicção, está agora escancarado, em relação ao comportamento dos membros do Supremo. Estão todos em um mesmo barco, representando os mesmos interesses, desde que os seus corporativistas sejam sempre preservados.
E passam ao país o exemplo pior, de que tudo pode e tudo é permitido, especialmente se você tiver flexibilidade e jogo de cintura e, ainda por cima, estiver no exercício do poder e daí dessa posição, puder assegurar que os dignos magistrados tenham cada vez mais vantagens acompanhando suas dignidades.
***
Mas, dizia eu, não bastava Rodrigo Botafogo Maia, para ocupar a cadeira que vai pautar as principais medidas a serem adotadas no país, todas elas, em prejuízo do povo, todas em benefício dos grandes interesses empresariais, já que os interesses de empreendedores e pequenos e microempresários serve apenas como discurso para angariar apoio e desviar o foco do verdadeiro interesse por trás das reformas: ampliar o espaço da atuação, criar mercados e permitir que a classe empresarial de maior relevo e importância possa se fortalecer, recuperar sua hegemonia e voltar obter lucros monumentais.
Isso que os meios de comunicação chamam de recuperação da economia e crescimento. Já diagnosticado há muito tempo por um ditador, como a situação em que a economia vai bem, e o povo vai muito mal...
Tinha ainda que indicar para o Senado outro político denunciado em delações, e para presidir a Comissão de Constituição e Justiça, um terceiro, envolvido junto com seu filho, em atos duvidosos, desde ao menos a época do governo Sarney.
E vai caber à CCJ, e a seu presidente Lobão, sabatinar ao novo indicado para assumir a vaga no STF: o inaceitável Alexandre de Moraes. Cujo histórico de atuação, seja agindo contra movimentos sociais ou mandando agredir professores, seja agindo e MENTINDO, em situaações tão drásticas como os casos ocorridos nos presídios do país, no início do ano, só poderiam ter como complemento as mentiras de seu currículo pessoal, como a existência de cursos não realizados ou o flagrante plágio em suas obras.
Ou seja, Alexandre de Moraes tem estatura apenas para hombrear-se e para dignificar a Casa a que foi indicado, já ela também desmoralizada e repleta de gente capaz de afrontar a ética e a lei e o direito, dependendo dos interesses em jogo (e de seus interesses).
***
Não será surpresa que gilmar mendes consiga adiar o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral, de que é presidente, para dar a chance de duas vagas serem abertas no órgão, e os indicados para ocupar tais postos já virem com a tarefa de punir Dilma e livrar seu companheiro, e principal beneficiário de fazer parte de sua chapa.
Como não será surpresa que, na Segunda Turma, também influenciado por gilmar, mas sob os auspícios de Toffoli (que tanto interesse tem em que a Lava Jato seja estancada), e por esse decano que mais deveria receber a titulação honorífica de desencanto, celso de mello, acabem reconhecendo que o juiz moro não pode ficar mantendo em prisão indeterminada apenas aqueles que não interessam que fiquem mantidos presos. Para ser mais claro, interessa manter Marcelo Odebrecht preso, por seu potencial de delatar maus feitos de Lula e de petistas. Logo: mantenha-se Marcelo preso.
Não interessa a ninguém, nem a temer, nem a Erica ou a juízes, angorás, botafogos ou índios, que Eduardo Cunha - que tanto sabe, seja mantido em condições de ter de, como último recurso, partir para um esquema de delação premiada.
***
Por ter muito a dizer e muita gente graúda a incomodar, melhor liberar Cunha. E, quem sabe, até fazer uma advertência ao juiz amigo do PSDB e de seus líderes, para que evite tais prisões sem prazos.
***
Certo, em nosso país, e antevendo o resultado da sabatina a que Alexandre de Moraes terá seu nome apreciado, especialmente em semana que inicia o Carnaval é que o governo vai tomando a forma do verdadeiro baile de fantasias, como assinalado por Zé Simão.
No executivo, um drácula a temer, no Senado um índio, na presidência da mais alta Corte, Bento Carneiro, o vampiro brasileiro. Com a posse de Alexandre de Moraes, o tio Funéreo. E enquanto o país vive de fantasia e bailes, a realidade se impõe. Nenhum dos citados acima está fantasiado. Eles são assim mesmo. A expressão de nosso descalabro. Em todos os sentidos
Um clima que é muito bom para um governo cuja preocupação central é a de tentar de todas as formas se blindar e, por que não?, estancar a sangria da operação Lava-Jato, que atinge em cheio a todos os seus principais colaboradores e apoiadores.
Assim, se os preparativos momescos indicam que o povo resolveu agir para voltar a ter as rédeas da brincadeira que sempre foi sua, e onde sua participação nunca precisou de organização de desfiles ou da existência de escolas para turista ver, a verdade é que o calendário permite também, que esse mesmo povo fique entorpecido, e ganhe novamente o direito de brincar o carnaval, mas vá perdendo a possiblidade de gerir o seu destino.
Ao menos gerir o destino de forma honesta, sem a corrupção que invadiu o Estado, os governos e até o país em todas as suas esferas.
***
Uma observação a respeito do carnaval. Há muito tempo já vinha sendo dominado por um sentimento de que a maior e mais ansiada comemoração popular de nosso país vinha perdendo força. Justamente perdendo sua maior característica: ser popular.
Para isso, contribuía o indiscutível sucesso dos desfiles de escola de samba, cada vez mais sob um formato adequado às transmissões das televisões, com imagens que ganhavam e encantavam o mundo. Mas, cada vez mais dominados por alegorias e fantasias, o que mostra que a festa evoluia no sentido de assumir o formato de um espetáculo teatral, longe, muito longe do espetáculo da vida, da rua, do dia a dia, da representação do povo brasileiro. Dessa forma, até a alegria do povo tornava-se pasteurizada, mesmo quando em poucos momentos e oportunidades os enredos dos desfiles resvalavam mais próximo para o teatro do oprimido.
A pasteurização da festa e dos desfiles levou a que todas as escolas acabassem se tornando uma massa homogênea, uma coisa só, e com o tempo, os shows passassem a se tornar cansativos, repetitivos e tediosos.
Enquanto isso o povo, excetuada a ínfima parcela considerada passista ou integrantes das escolas, ficava como a musa da canção Quem te viu, quem te vê, de Chico Buarque, batendo palma com vontade e fazendo de conta que é .
Nesse sentido, a formação dos blocos, que ganham as ruas de São Paulo, Rio, Belo Horizonte é a retomada da folia cidadã, participativa, onde todos são como são e representam aquilo que são.
***
Já do ponto de vista da situação política do país, o povo que se lançou às janelas batendo panelas e condenando a corrupção petista, ou que foi às ruas e praças para protestar contra o estado de deterioração que, acreditavam, o país tinha atingido, tem estado, nos últimos dias, inerte. Passivo. Situação que, prefiro acreditar, seja causada pelo entorpecimento causado pelo carnaval.
Porque do ponto de vista da situação real do país e desse (des)governo, a situação está muito pior do que era, especialmente do ponto de vista da corrupção.
O que permite que, deixando de lado o presidente usurpador e golpista, cujo nome aparece em várias ocasiões nas delações a que temos acesso e conhecimento a conta gotas, sempre seletivas, a cada instante, um novo ministro, um novo aliado do governo, um novo partidário da base seja citado.
E, independente disso, o povo a tudo assiste em silêncio, sem esboçar qualquer reação.
A ponto de permitir que arbitrariedades típicas de situações de democracia de fachada sejam praticadas, sem qualquer manifestação.
***
Entre tais arbitrariedades, o apoio a que Botafogo fosse o candidato ungido com as bênçãos do Planalto para a presidência da Câmara, mesmo atropelando a legislação e a Constituição que veta reeleição ao cargo.
A respeito de tal veto, apenas a observação de que a tudo o Supremo, o órgão defensor da Carta Maior é o primeiro a fazer vista grossa e tornar o interesse da lei, letra morta.
O que indica que, como já muitos suspeitavam, embora sem muita convicção, está agora escancarado, em relação ao comportamento dos membros do Supremo. Estão todos em um mesmo barco, representando os mesmos interesses, desde que os seus corporativistas sejam sempre preservados.
E passam ao país o exemplo pior, de que tudo pode e tudo é permitido, especialmente se você tiver flexibilidade e jogo de cintura e, ainda por cima, estiver no exercício do poder e daí dessa posição, puder assegurar que os dignos magistrados tenham cada vez mais vantagens acompanhando suas dignidades.
***
Mas, dizia eu, não bastava Rodrigo Botafogo Maia, para ocupar a cadeira que vai pautar as principais medidas a serem adotadas no país, todas elas, em prejuízo do povo, todas em benefício dos grandes interesses empresariais, já que os interesses de empreendedores e pequenos e microempresários serve apenas como discurso para angariar apoio e desviar o foco do verdadeiro interesse por trás das reformas: ampliar o espaço da atuação, criar mercados e permitir que a classe empresarial de maior relevo e importância possa se fortalecer, recuperar sua hegemonia e voltar obter lucros monumentais.
Isso que os meios de comunicação chamam de recuperação da economia e crescimento. Já diagnosticado há muito tempo por um ditador, como a situação em que a economia vai bem, e o povo vai muito mal...
Tinha ainda que indicar para o Senado outro político denunciado em delações, e para presidir a Comissão de Constituição e Justiça, um terceiro, envolvido junto com seu filho, em atos duvidosos, desde ao menos a época do governo Sarney.
E vai caber à CCJ, e a seu presidente Lobão, sabatinar ao novo indicado para assumir a vaga no STF: o inaceitável Alexandre de Moraes. Cujo histórico de atuação, seja agindo contra movimentos sociais ou mandando agredir professores, seja agindo e MENTINDO, em situaações tão drásticas como os casos ocorridos nos presídios do país, no início do ano, só poderiam ter como complemento as mentiras de seu currículo pessoal, como a existência de cursos não realizados ou o flagrante plágio em suas obras.
Ou seja, Alexandre de Moraes tem estatura apenas para hombrear-se e para dignificar a Casa a que foi indicado, já ela também desmoralizada e repleta de gente capaz de afrontar a ética e a lei e o direito, dependendo dos interesses em jogo (e de seus interesses).
***
Não será surpresa que gilmar mendes consiga adiar o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral, de que é presidente, para dar a chance de duas vagas serem abertas no órgão, e os indicados para ocupar tais postos já virem com a tarefa de punir Dilma e livrar seu companheiro, e principal beneficiário de fazer parte de sua chapa.
Como não será surpresa que, na Segunda Turma, também influenciado por gilmar, mas sob os auspícios de Toffoli (que tanto interesse tem em que a Lava Jato seja estancada), e por esse decano que mais deveria receber a titulação honorífica de desencanto, celso de mello, acabem reconhecendo que o juiz moro não pode ficar mantendo em prisão indeterminada apenas aqueles que não interessam que fiquem mantidos presos. Para ser mais claro, interessa manter Marcelo Odebrecht preso, por seu potencial de delatar maus feitos de Lula e de petistas. Logo: mantenha-se Marcelo preso.
Não interessa a ninguém, nem a temer, nem a Erica ou a juízes, angorás, botafogos ou índios, que Eduardo Cunha - que tanto sabe, seja mantido em condições de ter de, como último recurso, partir para um esquema de delação premiada.
***
Por ter muito a dizer e muita gente graúda a incomodar, melhor liberar Cunha. E, quem sabe, até fazer uma advertência ao juiz amigo do PSDB e de seus líderes, para que evite tais prisões sem prazos.
***
Certo, em nosso país, e antevendo o resultado da sabatina a que Alexandre de Moraes terá seu nome apreciado, especialmente em semana que inicia o Carnaval é que o governo vai tomando a forma do verdadeiro baile de fantasias, como assinalado por Zé Simão.
No executivo, um drácula a temer, no Senado um índio, na presidência da mais alta Corte, Bento Carneiro, o vampiro brasileiro. Com a posse de Alexandre de Moraes, o tio Funéreo. E enquanto o país vive de fantasia e bailes, a realidade se impõe. Nenhum dos citados acima está fantasiado. Eles são assim mesmo. A expressão de nosso descalabro. Em todos os sentidos
terça-feira, 14 de fevereiro de 2017
Angorá com foro privilegiado não surpreende mais ninguém. Surpresa é o resultado do Barça
Alguma dúvida de que o amigo do
usurpador, e ministro decano (de canto? Talvez sombrio) do Supremo, Celso de
Mello, iria decidir de forma diferente, mantendo não apenas o Angorá como
ministro, mas ainda lhe assegurando o foro privilegiado que o governante ilegítimo
correu para lhe garantir?
É verdade que o impoluto
magistrado chama a atenção para o fato de que ter foro privilegiado não exime
ninguém de qualquer punição, até a prisão. E só faltou acrescentar que tal
situação apenas atravanca a vida de quem dela se beneficia. Afinal, como
lembrado por algum dos ministros seus colegas de Corte, uma vez que o Supremo é
quem julga os beneficiários do privilégio, a eles é praticamente restringido o
uso de recursos de apelação. Não há corte maior a quem atrelar. Dura a vida dos
protegidos por tal instituto!
Tão dura que é provável de, em
breve, assistirmos a Moreira Franco, do alto de sua altivez e espírito ético
elevado, resolver pedir exoneração do cargo, para poder enfrentar como qualquer
cidadão brasileiro normal, o juiz de 1ª instância.
Para ter o direito, como os
demais cidadãos, a qualquer recurso eventualmente necessário. E, de quebra, aproveitar que o juiz ainda
responsável pelo caso é ninguém mais ou menos que Moro. Salvo se Moreira não estiver
muito convencido de que Moro está interessado em cassar apenas os filiados do
PT. Como de fato não está, o que pode ser comprovado por suas sentenças
condenatórias de gente ligada ao PP, por exemplo.
Mas talvez o medo maior do Angorá
seja o de não ser filiado ao PSDB. Senão poderíamos inferir, por todo seu
passado limpo e honrado, que tomaria a atitude de abrir mão, senão do cargo, ao
menos do foro.
***
Em relação à afirmação de Celso
de Mello de que não há impunidade assegurada ao detentor do privilégio, já que,
se necessário, pode e será julgado pelo Supremo, podendo receber punições
severas, nada a rebater. Ao contrário, é necessário admitir que essa situação
realmente é o que temos visto.
Apenas que, segundo o ritmo de
funcionamento do Supremo, o detentor do benefício pode levar mais tempo para
ser julgado do que exigiria o exercício da justiça. O que significa que um
político como Moreira pode levar alguns anos para ter sua situação analisada
pela Corte. Tempo que pode levar a que o analisado consiga se safar de qualquer
punição, seja pela prescrição, seja por atingir o limite de idade para iniciar
o início de sua pena, como é exemplo a situação de Walfrido Mares Guia, ou
ainda a possível situação de Eduardo Azeredo.
Será Celso de Mello quem irá dar
agilidade a qualquer processo de políticos blindados pelo governo de seu amigo
usurpador?
Difícil acreditar em tamanha
eficiência, ainda mais para quem pretende ser meticuloso para ser um imparcial produtor
da justiça.
***
Embora o Supremo não se
caracteriza por ser portador de um pensamento homogêneo, nem deveria se preocupar em manter um
pensamento uniforme, fruto de sua constituição como um colegiado, o fato de que
Celso de Mello argumenta que o ato de temer não deve merecer censura por ser um
ato legítimo (mesmo de um ilegítimo), choca-se com a interpretação do seu
colega que viu sim, motivos para anular ato de autoridade de outro poder do
Estado.
Mas, irão dizer os mais
conhecedores do direito. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. A
Dilma e a Lula, tudo era negado. A temer, boneco de ventríloco dos
representantes do poder econômico, tudo é permitido.
Inclusive expor ou deixar expostas nudes ou
melhor, a nudez de sua ação política encoberta apenas pelo mar de lama, que é, ao
mesmo tempo, sua proteção.
***
Para encerrar o assunto, apenas um
comentário adicional, em relação ao conflito que a decisão do decano transmite
e traduz, quando confrontada com a decisão de gilmar mendes no caso da nomeação
de Lula como ministro.
O que nos mostra que o Supremo
acaba sim, adotando posições que no fundo prestam-se a u m mesmo fim.
***
Ah, sim. Por justiça, deve ser dito que gilmar mendes,
embora considerando que há nuances nos casos de Lula e Angorá, e elogiando seu
colega, manifestou que o caso deve ser levado ao pleno da Corte para decisão
final.
***
E já que as coisas andam completamente favoráveis ao governo
e aos interesses que ele tem ou representa, um momento de total sinceridade do
ministro eliseu padilha ao admitir que também o governo temer cedeu cargos para
comprar o apoio de partidos políticos a suas manobras.
No caso, o ministro da Saúde, e defensor outrora do fim do
Sistema público de Saúde, considerado ineficiente, logo por quem elegeu-se
apoiado pela doação de recursos de planos de saúde privados.
***
Em outros momentos isso seria considerado parte do mensalão,
talvez.
E a tese do domínio do fato poderia ser arguida contra o
ministro Chefe da Casa Civil.
Ops. Falha minha. Isso já foi feito e José Dirceu já está
até preso.
Já padilha não. Como dizia Antônio Carlos Magalhães ao se
referir ao atual ocupante do cargo, Eliseu Quadrilha não pode ser o único bode
expiatório.
***
Enquanto isso, Moro permanece intimidando uns, ameaçando
outros, desrespeitando a advogados de defesa e induzindo o comportamento de alguns
depoentes, enquanto trata com mesuras algumas testemunhas, até subserviência. E
nada faz em relação àqueles que são seus amigos de confidências, fotos e
sorrisos em solenidades a que comparece. Mesmo que esses amigos sejam os mais
citados em delações de crimes de corrupção e até em ocorrência de crimes que
geram muito pó. Pó que se acama com o passar do tempo. E se esquece. Só.
E nem vou falar de nosso paladino da moralidade e sua
curiosa relação com o caso Banestado e o doleiro Youssef.
***
E o Barça, hein?
Com Messi, Suárez e Neymar, os primeiros anulados pela
defesa do time francês. E sem Di Maria, que insistia em jogar – e bem, pelo
Paris Saint Germain.
Coisas que fazem o futebol uma “caixinha de surpresas”.
Pitacos vários: saques do FGTS; queda das vendas no comércio; temer e a censura à liberdade da imprensa...
A semana começa sob a influência de várias expectativas, seja no campo econômico, seja no campo político.
No campo econômico, aguarda-se a divulgação pela Caixa Econômica Federal, do cronograma de saques permitidos aos proprietários das contas inativas do Fundo de Garantia, já antecipada no dia de ontem, segunda 13, em linhas gerais.
Cálculos iniciais davam conta de que tal medida, decidida ao final do ano passado em um esforço de estímulo à recuperação da economia, iria ser responsável pela injeção de um valor próximo de 30 bilhões de reais.
Refeitos esses cálculos, hoje, o valor atinge a cifra de 43 bilhões, dos quais o governo espera que 34 bilhões sejam sacados, o que se explica talvez pela desinformação, pelo desconhecimento, pela inércia de uma parcela do povo brasileiro, que acaba deixando de receber valores que lhe são devidos, muitas vezes por ignorância.
***
Os valores, elevados, foram responsáveis, inclusive por críticas à medida provenientes da indústria da construção civil, temerosa de possíveis reduções dos recursos destinados ao financiamento de novos empreendimentos. Dessa forma, os órgãos representativos do setor pressionaram para a exclusão da medida do pacote anunciado pelo governo e, já derrotado em suas reivindicações, pressionou ainda para que o governo estabelecesse um valor limite para as retiradas.
Ambas as sugestões foram rechaçadas sob a alegação de que os valores de retirada por trabalhador são, em sua maioria, limitados.
Conforme noticiado no globo.com de hoje, mais da metade dos trabalhadores poderão sacar, no máximo R$ 500,00. Outros 24%, totalizando cerca de três quartos do total, não ultrapassam situam-se entre esse valor e os R$ 1500,00.
Assim, poucas são as pessoas que teriam recursos em maior quantidade que, uma vez sacado, poderiam ser transferidos para aplicações do setor financeiro, o que era um temor de alguns críticos da medida. O medo era que esse dinheiro não fosse dirigido para a chamada economia real, não alavancando gastos, sob a hipótese de que o trabalhador que tem quantias mais expressivas, deve ter também uma situação econômico-financeira mais controlada.
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Em tudo isso, a assinalar uma curiosidade: o número de trabalhadores que serão beneficiados com a medida. Para o site globo.com, algo como 30 milhões, para o portal UOL, cerca de 10 milhões de trabalhadores, o que é uma discrepância bastante significativa.
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Mas o que nos interessa aqui é mais a questão: os saques de contas inativas, por mais que façam justiça aos proprietários dos recursos que são seus, e pelos quais sempre receberam muito pouco, perdendo várias vezes para a inflação, utilizarão esses recursos para elevar seus gastos e como consequência, elevar a demanda agregada?
Em assim sendo, poderemos assistir a uma retomada do processo de produção e elevação do nível de contratações na economia?
Vejam que não me referi a queda do desemprego, devido a sua menor velocidade de recuperação, por vários motivos, tratados pela teoria econômica.
Entre alguns desses motivos, o fato de que ao perceber a recuperação no nível de demanda de trabalhadores pelas empresas, trabalhadores que estavam fora do mercado, por desalento, voltam ao mercado para se oferecerem, o que faz que a oferta de trabalho cresça mais que a demanda, por exemplo.
Outro motivo é o tempo de espera que as empresas adotam, para verificarem se o aumento da demanda é sustentável e não mero fogo de palha. Nesse caso, preferem trabalhar com a mesma força de trabalho, em jornadas ampliadas, ou turnos extras.
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Mas deixando de lado a questão da reação dos níveis de emprego, por mais importante que sejam, o que gostaria de tratar aqui é a hipótese de que os trabalhadores que tiverem valores a sacar irão elevar seus gastos.
A princípio, e os números vêm insistemente mostrando essa situação, as vendas têm apresentado quedas constantes, como divulgado pelo IBGE nessa manhã, mostrando o pior resultado em 15 anos, para o comércio. Em 2016, a queda das vendas no comércio atingiram 6,2% no ano passado.
Mais sério ainda, em dezembro, mês do Natal, as vendas caíram 2,1% comparado a novembro. Se comparado ao dezembro de 2015, a queda alcança 4,9%, sinal de que a economia deteriorou, e não o contrário, depois do golpe.
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Por tipo de atividade, a redução foi geral, destacando supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com 3,1% de queda. Destaque não pelo número ruim, mas pelo que o setor representa: queda de consumo mais essencial ou básico da população.
Ao contrário, as estatísticas indicam que o grau de inadimplência está se reduzindo. Ou seja, as famílias têm feito grande esforço para liquidar suas dívidas, fugindo de juros estratosféricos e todas as consequências nefastas de ficar com restrições em seu crédito.
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De todo esse quadro, é uma hipótese bastante plausível esperar-se que os recursos sacados do fundo voltaram sim, ao mercado financeiro, não como aplicações, mas como pagamento de débitos anteriores. Ou total ou parcial.
Suponhamos que seja total o pagamento das dívidas acumuladas, o que é a melhor hipótese para as intenções da equipe do governo.
Nesse caso, seria razoável supor que, uma vez com o nome limpo, as famílias voltariam a se endividar, tornando a se encalacrar em uma situação experimentada recentemente, e da qual custaram a se ver livres? Ou seria melhor acreditar que as famílias aprendem com a experiência, e ao menos em um primeiro momento, iriam fazer o maior esforço para não se endividarem, gastando apenas o que puderem.
Até é bom lembrar aqui, que os que estão desempregados, por força de falta de comprovação de renda, nem mesmo poderão efetuar compras a crédito.
Logo, a reação será mais de usar os recursos para liquidar dívidas e limpar o nome, e não a de ampliar o gasto.
Mantido o gasto em consumo nos limites determinados pela influência da renda ( a boa e velha propensão a consumir), e com a renda em queda, não há porque estar otimista, esperando uma recuperação das vendas, ao menos no primeiro momento. Ou nos próximos dois trimestres, por hipótese.
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Assim, os setores da construção civil deverão pressionar o governo para que crie estímulos para os bancos privados passem a financiar suas atividades que, como sabemos, por ser baseada em financiamentos de longo prazo, costumam criar a situação de mercados incompletos, essa falha de mercado que explica porque bancos públicos sejam os principais agentes financeiros do setor.
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No campo político, a expectativa é em relação à decisão do ministro Celso de Mello, tido como amigo de temer, o golpista.
Com a decisão de ontem de temer, o ilegítimo, ele mesmo várias vezes delatado na Lava Jato, de demitir qualquer ministro transformado em réu na lava-jato, o decano do STF pode agora manter o Angorá como ministro. Ao menos por mais um período, o que seria uma vitória eivada de simbologia.
Afinal, Lula não pode. Mas com temer tudo é permitido.
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Até censura.
Como a Justiça determinou a censura às matérias sobre o hacker do celular de Marcela. E não que o problema fosse a existência ou não de fotos íntimas, nudes, o que quer que seja, relativo à privacidade da moça linda, recatada e do lar.
Embora antigamente as moças recatadas e do lar não fizessem nudes. Talvez por não existirem os celulares nem os aplicativos.
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No caso, em minha opinião, a questão real, como os jornais censurados (Folha e Globo) mostraram, é o áudio de Marcela e seu irmão, com conteúdo que poderia jogar o nome do usurpador na lama.
Pois bem, esse aúdio que sumiu do processo, junto com outros arquivos, por tratar de questões políticas, marqueteiros, etc. Por tratar de questões políticas, muito embora o personagem presente na conversa fosse marido e cunhado dos participantes, não pode o conteúdo ser tratado como questão de privacidade.
Em minha opinião, não se aplica aqui, ao aúdio, a lei Caroline Dieckmann.
Aplica-se mais apropriadamente, o que disse moro, em outra ocasião.
Conforme o InfoMoney: " o interesse público e o interesse constitucional de publicidade dos processos impedem a imposião da continuidade de sigilo sobre os autos."
Ok. Ele se referia na ocasião à gravação ilegal que fez de Lula e aí tudo era válido. Mas, vai que a regra de que pau que dá em Chico deve dar em Francisco comece a vigorar???
***
Por falar em Lula, o UOL traz hoje a informação de que Lula foi contrário à demissão da médica "Dra. Jekyll" que divulgou exames de Marisa Letícia. Segundo Mônica Bergamo, o ex-presidente apenas sugeriu que ela passasse por um curso ética profissional.
Muito mais sensato, portanto.
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E, para terminar: não acompanhei a violência no Espírito Santo, de perto.
Soube que os noticiários anunciavam o aumento de mortes a cada dia, conforme informação da associação de policiais civis, já que havia a informação de que os números oficiais não poderiam ser checados.
Então, pelo anúncio, ocorreram mais de cem mortes, nos dias de tumulto provocado pelas famílias dos militares capixabas.
Bem, não houve qualquer notícia de morte de políticos ou autoridades. Também não vi qualquer menção a mortes de grandes empresários, mega empresários, grandes capitalistas, ou pessoas de maior dimensão, a ponto de criar comoção, no estado ou fora dele.
Sendo assim, e se verdadeiro o número de mortes anunciado, só se mataram pessoas comuns. Do povão. Quem sabe até aqueles pobres, moradores de rua, mendigos, ou meninos pretos da periferia da capital.
Ou pequenos bandidos, pequenos meliantes.
Ou pequenos bandidos, pequenos meliantes.
Ou seja, tudo cheira mais a uma ação de "limpeza urbana" por mais que o nome possa chocar.
Limpeza das cidades, com a eliminação de pessoas menos privilegiadas, junto a saques cometidos pela população, independente de suas classes sociais.
O que mostra que, nos saques, somos uma sociedade capaz de nos unirmos.
E nos clamores por justiça, também...
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017
Dos Juros e do Debate em relação a sua eficácia no combate à inflação, provocado por Lara Resende
Desde que li, na Gazeta Mercantil em 1984, um artigo que tratava da criação de uma moeda indexada em nosso país, como uma das possíveis propostas de um plano visando combater a inflação no Brasil, passei a ter o maior respeito por seus autores: André Lara Resende e Pérsio Arida.
Não à toa, os dois economistas vieram a assumir, nos anos posteriores, papel de destaque em nosso panorama econômico, tanto na experiência heterodoxa de 1986, do Plano Cruzado, quanto anos mais tarde, no planejamento e implantação do exitoso Plano Real.
Antes, um comentário sobre o Plano Cruzado, cujo fracasso passou a ser objeto de críticas e ironias destiladas por economistas de todos os matizes.
No entanto, foi o Plano Cruzado que trouxe para o centro do debate, se não trouxe nenhum outro benefício extra, o tema da indexação da economia brasileira, via aplicação de tablitas e que tais, além da importante alteração na institucionalidade de nossa política monetária, ao eliminar a conta movimento do Banco do Brasil, que permitia àquela instituição financeira atuar como autêntica autoridade monetária, muitas vezes, em conflito com o Banco Central.
***
Em relação ao Plano Real, de 1993/94, com destaque para a importante fase da criação e implantação da URV, uma autêntica moeda indexada, não é necessário falar, tamanho o êxito obtido no controle dos preços e estabilidade da moeda.
Apenas, para ser justo, assinalo que, de meu ponto de vista, o Plano teve entre seus vários acertos, um que me parece mais significativo. O Plano tratou a inflação como ela deveria ser tratada, longe das discussões estéreis de causalidade da processo inflacionário que dominava o debate nacional, e que apontava como causas ora a emissão monetária, ora a elevação de custos via choques estruturais.
O Plano tratou a inflação como ela deve ser tratada, como um fenômeno que, depois de iniciado, passa a ter várias causas: de custos, de demanda, de excesso de moeda, de choques externos, de conflito distributivo, de inércia, etc.
***
Bem, Lara Resende inicia o ano, publicando no Jornal Valor Econômico, dois artigos que têm ocupado mentes e atenções de todos os principais economistas do país e até mesmo daqueles que apenas se acham pertencendo a esse patamar. Independente disso, tem chamado a atenção de todos os estudiosos de questões monetárias e econômicas.
O que valeu ao autor, cuja intenção é, como ele mesmo declarou em seus artigos, a de provocar a ampliação do debate, para ver se da discussão resultante é possível nascer a luz, traduzida em aperfeiçoamento do conhecimento sobre o assunto, as maiores críticas e um patrulhamento típico dos tempos esquisitos que a sociedade brasileira experencia.
***
O tema dos artigos é a taxa de juros, e mais especificamente, a importância da definição e utilização da taxa de juros como principal, se não o único instrumento da política monetária, dentro do sistema de metas inflacionárias, adotado nas principais economias desenvolvidas do mundo, e também aqui no Brasil.
A questão central é: porque em todos os principais países desenvolvidos, a taxa de juros nominal tem se mantido próxima de zero ou até negativa, sem que isso tenha contribuído, como o previa a teoria econômica tradicional, para a elevação da inflação?
Porque o "quantitative ease", derramamento de dinheiro abundante no mercado americano após a crise dos mercados de 2008, com a finalidade de estimular a demanda agregada e tirar o país da situação de estagnação não gerou uma elevação da inflação que, ao contrário, permaneceu estável, negando a famosa fórmula da teoria quantitativa da moeda, e sua fórmula que diz que M (quantidade de moeda) multiplicada pelo giro da moeda V, ao ser trocada quando da realização dos gastos ou financiamento de compras (velocidade da moeda) deve, em situação de equilíbrio da economia, equivaler à quantidade de bens e serviços que um país consegue gerar (renda Y) multiplicada pelos preços desses bens produzidos, P.
Ou seja, MV = PY, o que, pelas hipóteses trabalhadas permite concluir, como seu divulgador, Fisher que, dadas as hipóteses, de que V e Y sendo mantidas constantes, a quantidade de moeda é que determina o comportamento dos preços.
***
Importante destacar que, dadas as hipóteses do modelo, a equação passa a representar nada mais que um truísmo. O que equivale a dizer que, dadas 3 das variáveis, a quarta, qualquer que ela possa ser, terá seu valor determinado automaticamente, supondo-se sempre, o equilíbrio.
***
Ainda no dia de hoje, no mesmo Valor Econômico, uma articulista - a joranlista Maria Clara R. M. do Prado, retorna à equação para mostrar, entre outras coisas, que ela não deixou de funcionar, apenas destacando que o que houve, na experiência americana, foi uma redução brutal do valor de V, não mantido constante, conforme as hipóteses da teoria em sua visão mais tradicional.
Desnecessário dizer que Lara Resende também tratou dessa questão, ao fazer menção à ideia keynesiana da armadilha da liquidez, no caso, representada pela formação de uma poça de liquidez ou dinheiro não utilizado pelas famílias, temerosas em relação à duração do processo deflacionário em curso.
***
A questão é interessante também por trazer a oportunidade de se trazer à discussão, ainda mais uma vez, a curva de Philips, que tem como um de seus pilares a ideia de que, juros baixos estimulam as compras de consumo e os gastos de investimento, expandindo a demanda agregada, e estimulando o crescimento da produção, até que tal crescimento, mantendo níveis de desemprego em queda ou baixos, começe a gerar efeitos inflacionários.
***
Bem, não é essa a questão levantada por Lara Resende, que prefere argumentar dentro dos limites teóricos da escola de expectativas racionais, dominada pela importante e recente discussão da questão de existência de uma dominância fiscal, que se relaciona à teoria fiscal do nível de preços.
Por essa ótica, de autores vários, todos devidamente citados por Lara Resende, ao projetar níveis de taxas de juros nominais, que incluem uma parcela de juros reais da economia e uma previsão da inflação pelo Banco Central, a expectativa inflacionária, a autoridade monetária acaba sinalizando aos agentes econômicos, o que se espera seja a inflação futura.
O que explica porque no Brasil, ao contrário do que seria de esperar pelo pensamento conservador, juros altos não são capazes de reduzirem, mas realimentam a inflação.
Lara Resende, em seu artigo, menciona que a elevação de juros exerce sim, efeitos no curto prazo, mas no longo prazo acaba pondo mais lenha na fogueira da elevação de preços.
O que ele aponta como uma das dificuldades das ideias que vêm sendo apresentadas pelos teóricos que expõem esse ponto de vista.
***
Devo admitir que toda a discussão feita acima é reducionista e simplificadora dos textos de Lara Resende ou de Maria Clara, já que meu intuito era apenas apresentar uma síntese do que está sendo objeto de discussões acaloradas.
Confesso que não li os artigos citados por Lara Resende, nem as várias manifestações do pensamento convencional tupiniquim, representados por Samuel Pessoa, Marcos Lisboa, Alexandre Schartzman.
Li algo, a respeito, que contou com a parceria do professor Belluzzo, e hoje, na Folha da excelente Laura Carvalho.
Nos que li, especialmente no texto da professora, destaca-se sempre a importância de se discutir o assunto das taxas de juros e sua eficácia no combate à inflação, sem posições definidas aprioristicamente. Sem que as paixões impeçam a discussão por, antecipadamente, desvalorizar o argumento contrário.
***
Não me sentindo suficientemente confortável para entrar em discussão tão elevada, apenas gostaria de apresentar algumas ideias nesse pitaco, algumas das quais coincidentes com as da professora Laura.
A primeira delas, que lembra que os juros, como preço que são dos serviços financeiros ou bancários - o preço do dinheiro, envolvem, como não poderia deixar de ser, interesses especialmente importantes.
***
Além disso, e já citei aqui em muitas outras ocasiões, os juros elevados em nosso país, desde o início do Plano Real tiveram, em minha opinião, muito mais em conta a intenção de atrair recursos de capital externo, de forma a dar estabilidade à nossa âncora cambial, que de fato combater a inflação, embora tenham contribuído para reduzir a demanda logo nos primeiros meses de sua implantação.
De lá para cá, vários estudos mostram que, a inflação comportou-se muito mais em função de variações do câmbio, que de questões fiscais. Vide o governo Lula e o a atuação de Meirelles, como presidente do Banco Central, mantendo taxas de juros muito elevadas, mesmo com a inflação abaixo da meta.
A questão é que dadas as medidas de estímulo à concorrência, que o Real trouxe, e que Ciro Gomes se orgulha de ter sido o principal executor, a queda de barreiras permitiu que tívessemos acesso, tanto as famílias quanto as empresas, a produtos, insumos etc, estrangeiros, mais baratos e de maior qualidade.
Junto à entrada abundante de fluxos de capital atraídos pelos juros mais elevados do planeta, e a redução do valor do dólar e valorização do real, as importações se tornaram ainda mais baratas em termos relativos, o que provocou verdadeira desnacionalização de nossa produção industrial. No mínimo, pela substituição de insumos nacionais por seus concorrentes, o que explica a desindustrialização que nosso país vivenciou.
***
Bem, a elevação do valor do dólar, em qualquer circunstância, e principalmente no caso de política de juros voltada para sua redução, iria provocar, em cadeia, saída de capitais, desvalorização do real, aumento dos custos industriais (insumos importados) e, finalmente, inflação mais elevada.
Nada com aumento da demanda, como Laura Carvalho faz referência, e nada com aquilo que as taxas de juros, mesmo na visão convencional da política monetária se mostram importantes para alcançar.
A inflação em nosso país, deveu-se, como lembra a professora, e seu recrudescimento, à correção de preços admininistrados (com atraso e, digamos, volúpia); à elevação da insegurança política e fuga de aplicadores, e até mesmo a choques provenientes de causas naturais (crise hidríca, etc.)
***
Mas mão podemos nos esquecer que, é verdade que a dívida pública se amplia, quando os juros são cada vez maiores, dado o fato de que a maior parte dos títulos representativos dessa dívida serem indexados ao valor pago de juros pelo Tesouro.
Aqui, é verdadeira a afirmação de que, para pagar os juros de uma dívida que cresce exponencialmente, os superávits primários necessários tornar-se-iam excessivos e impossíveis de serem gerados.
Assim, juros mais elevados não ajudariam a consecução de um ajuste de contas públicas ou alcance de um equilíbrio fiscal e até fragilizariam as contas públicas.
Com juros altos e demanda em queda, pelos efeitos deletérios dos juros sobre a atividade econômica, e queda consequente da arrecadação, a questão fiscal torna-se mais fundamental. Daí, talvez, a questão da dominância fiscal tornar a redução de juros, em nosso país, a mais adequada política monetária a ser adotada.
***
Uma observação adicional, para concluir esse pitaco, já suficientemente e não intencionalmente longo: já de há muito a teoria econômica trata o dinheiro ou moeda, como um dos mais importantes meios de produção a ser utilizado pelas empresas, já que em sua forma líquida e mais abstrata, pode se transformar em qualquer recurso produtivo que seja necessário.
Assim da mesma forma que ao se elevarem os preços de insumos como matérias primas, ou recursos humanos, ao se elevarem os salários, também são impactados os custos de produção das empresas. Considerando-se a formação de preços, baseada nos custos de produção mais uma margem, conclui-se que os preços serão elevados.
O mesmo se dá, se o aumento do custo é aquele relativo ao dinheiro.
Por outro lado, o custo de obtenção de capital de terceiros também é um fator que encarece a estrutura de capital das empresas.
Ou seja, a administração financeira indica-nos que os preços devem reagir na eventualidade de um aumento de juros ou custos financeiros não com queda de preços e da inflação. Mas como elevação da inflação, como a ideia de Lara Resende parece indicar, embora por outras razões e motivos.
***
Nesse sentido, juros elevados impactam mais a produção, levando a sua redução ou queda.
Quanto aos seus efeitos no comportamento dos preços, acredito como os autores referenciados - Lara Resende, Belluzzo, Maria Clara e Laura Carvalho,- que a discussão merece ser feita de forma a mais ampla possível.
É isso.
***
Os artigos de Lara Resende foram publicados no Valor Econômico de 13 e 27 de janeiro de 2017. O artigo de Maria Clara, é do Valor de hoje, 9 de fevereiro, mesma data do artigo de Laura Carvalho na Folha.
Não à toa, os dois economistas vieram a assumir, nos anos posteriores, papel de destaque em nosso panorama econômico, tanto na experiência heterodoxa de 1986, do Plano Cruzado, quanto anos mais tarde, no planejamento e implantação do exitoso Plano Real.
Antes, um comentário sobre o Plano Cruzado, cujo fracasso passou a ser objeto de críticas e ironias destiladas por economistas de todos os matizes.
No entanto, foi o Plano Cruzado que trouxe para o centro do debate, se não trouxe nenhum outro benefício extra, o tema da indexação da economia brasileira, via aplicação de tablitas e que tais, além da importante alteração na institucionalidade de nossa política monetária, ao eliminar a conta movimento do Banco do Brasil, que permitia àquela instituição financeira atuar como autêntica autoridade monetária, muitas vezes, em conflito com o Banco Central.
***
Em relação ao Plano Real, de 1993/94, com destaque para a importante fase da criação e implantação da URV, uma autêntica moeda indexada, não é necessário falar, tamanho o êxito obtido no controle dos preços e estabilidade da moeda.
Apenas, para ser justo, assinalo que, de meu ponto de vista, o Plano teve entre seus vários acertos, um que me parece mais significativo. O Plano tratou a inflação como ela deveria ser tratada, longe das discussões estéreis de causalidade da processo inflacionário que dominava o debate nacional, e que apontava como causas ora a emissão monetária, ora a elevação de custos via choques estruturais.
O Plano tratou a inflação como ela deve ser tratada, como um fenômeno que, depois de iniciado, passa a ter várias causas: de custos, de demanda, de excesso de moeda, de choques externos, de conflito distributivo, de inércia, etc.
***
Bem, Lara Resende inicia o ano, publicando no Jornal Valor Econômico, dois artigos que têm ocupado mentes e atenções de todos os principais economistas do país e até mesmo daqueles que apenas se acham pertencendo a esse patamar. Independente disso, tem chamado a atenção de todos os estudiosos de questões monetárias e econômicas.
O que valeu ao autor, cuja intenção é, como ele mesmo declarou em seus artigos, a de provocar a ampliação do debate, para ver se da discussão resultante é possível nascer a luz, traduzida em aperfeiçoamento do conhecimento sobre o assunto, as maiores críticas e um patrulhamento típico dos tempos esquisitos que a sociedade brasileira experencia.
***
O tema dos artigos é a taxa de juros, e mais especificamente, a importância da definição e utilização da taxa de juros como principal, se não o único instrumento da política monetária, dentro do sistema de metas inflacionárias, adotado nas principais economias desenvolvidas do mundo, e também aqui no Brasil.
A questão central é: porque em todos os principais países desenvolvidos, a taxa de juros nominal tem se mantido próxima de zero ou até negativa, sem que isso tenha contribuído, como o previa a teoria econômica tradicional, para a elevação da inflação?
Porque o "quantitative ease", derramamento de dinheiro abundante no mercado americano após a crise dos mercados de 2008, com a finalidade de estimular a demanda agregada e tirar o país da situação de estagnação não gerou uma elevação da inflação que, ao contrário, permaneceu estável, negando a famosa fórmula da teoria quantitativa da moeda, e sua fórmula que diz que M (quantidade de moeda) multiplicada pelo giro da moeda V, ao ser trocada quando da realização dos gastos ou financiamento de compras (velocidade da moeda) deve, em situação de equilíbrio da economia, equivaler à quantidade de bens e serviços que um país consegue gerar (renda Y) multiplicada pelos preços desses bens produzidos, P.
Ou seja, MV = PY, o que, pelas hipóteses trabalhadas permite concluir, como seu divulgador, Fisher que, dadas as hipóteses, de que V e Y sendo mantidas constantes, a quantidade de moeda é que determina o comportamento dos preços.
***
Importante destacar que, dadas as hipóteses do modelo, a equação passa a representar nada mais que um truísmo. O que equivale a dizer que, dadas 3 das variáveis, a quarta, qualquer que ela possa ser, terá seu valor determinado automaticamente, supondo-se sempre, o equilíbrio.
***
Ainda no dia de hoje, no mesmo Valor Econômico, uma articulista - a joranlista Maria Clara R. M. do Prado, retorna à equação para mostrar, entre outras coisas, que ela não deixou de funcionar, apenas destacando que o que houve, na experiência americana, foi uma redução brutal do valor de V, não mantido constante, conforme as hipóteses da teoria em sua visão mais tradicional.
Desnecessário dizer que Lara Resende também tratou dessa questão, ao fazer menção à ideia keynesiana da armadilha da liquidez, no caso, representada pela formação de uma poça de liquidez ou dinheiro não utilizado pelas famílias, temerosas em relação à duração do processo deflacionário em curso.
***
A questão é interessante também por trazer a oportunidade de se trazer à discussão, ainda mais uma vez, a curva de Philips, que tem como um de seus pilares a ideia de que, juros baixos estimulam as compras de consumo e os gastos de investimento, expandindo a demanda agregada, e estimulando o crescimento da produção, até que tal crescimento, mantendo níveis de desemprego em queda ou baixos, começe a gerar efeitos inflacionários.
***
Bem, não é essa a questão levantada por Lara Resende, que prefere argumentar dentro dos limites teóricos da escola de expectativas racionais, dominada pela importante e recente discussão da questão de existência de uma dominância fiscal, que se relaciona à teoria fiscal do nível de preços.
Por essa ótica, de autores vários, todos devidamente citados por Lara Resende, ao projetar níveis de taxas de juros nominais, que incluem uma parcela de juros reais da economia e uma previsão da inflação pelo Banco Central, a expectativa inflacionária, a autoridade monetária acaba sinalizando aos agentes econômicos, o que se espera seja a inflação futura.
O que explica porque no Brasil, ao contrário do que seria de esperar pelo pensamento conservador, juros altos não são capazes de reduzirem, mas realimentam a inflação.
Lara Resende, em seu artigo, menciona que a elevação de juros exerce sim, efeitos no curto prazo, mas no longo prazo acaba pondo mais lenha na fogueira da elevação de preços.
O que ele aponta como uma das dificuldades das ideias que vêm sendo apresentadas pelos teóricos que expõem esse ponto de vista.
***
Devo admitir que toda a discussão feita acima é reducionista e simplificadora dos textos de Lara Resende ou de Maria Clara, já que meu intuito era apenas apresentar uma síntese do que está sendo objeto de discussões acaloradas.
Confesso que não li os artigos citados por Lara Resende, nem as várias manifestações do pensamento convencional tupiniquim, representados por Samuel Pessoa, Marcos Lisboa, Alexandre Schartzman.
Li algo, a respeito, que contou com a parceria do professor Belluzzo, e hoje, na Folha da excelente Laura Carvalho.
Nos que li, especialmente no texto da professora, destaca-se sempre a importância de se discutir o assunto das taxas de juros e sua eficácia no combate à inflação, sem posições definidas aprioristicamente. Sem que as paixões impeçam a discussão por, antecipadamente, desvalorizar o argumento contrário.
***
Não me sentindo suficientemente confortável para entrar em discussão tão elevada, apenas gostaria de apresentar algumas ideias nesse pitaco, algumas das quais coincidentes com as da professora Laura.
A primeira delas, que lembra que os juros, como preço que são dos serviços financeiros ou bancários - o preço do dinheiro, envolvem, como não poderia deixar de ser, interesses especialmente importantes.
***
Além disso, e já citei aqui em muitas outras ocasiões, os juros elevados em nosso país, desde o início do Plano Real tiveram, em minha opinião, muito mais em conta a intenção de atrair recursos de capital externo, de forma a dar estabilidade à nossa âncora cambial, que de fato combater a inflação, embora tenham contribuído para reduzir a demanda logo nos primeiros meses de sua implantação.
De lá para cá, vários estudos mostram que, a inflação comportou-se muito mais em função de variações do câmbio, que de questões fiscais. Vide o governo Lula e o a atuação de Meirelles, como presidente do Banco Central, mantendo taxas de juros muito elevadas, mesmo com a inflação abaixo da meta.
A questão é que dadas as medidas de estímulo à concorrência, que o Real trouxe, e que Ciro Gomes se orgulha de ter sido o principal executor, a queda de barreiras permitiu que tívessemos acesso, tanto as famílias quanto as empresas, a produtos, insumos etc, estrangeiros, mais baratos e de maior qualidade.
Junto à entrada abundante de fluxos de capital atraídos pelos juros mais elevados do planeta, e a redução do valor do dólar e valorização do real, as importações se tornaram ainda mais baratas em termos relativos, o que provocou verdadeira desnacionalização de nossa produção industrial. No mínimo, pela substituição de insumos nacionais por seus concorrentes, o que explica a desindustrialização que nosso país vivenciou.
***
Bem, a elevação do valor do dólar, em qualquer circunstância, e principalmente no caso de política de juros voltada para sua redução, iria provocar, em cadeia, saída de capitais, desvalorização do real, aumento dos custos industriais (insumos importados) e, finalmente, inflação mais elevada.
Nada com aumento da demanda, como Laura Carvalho faz referência, e nada com aquilo que as taxas de juros, mesmo na visão convencional da política monetária se mostram importantes para alcançar.
A inflação em nosso país, deveu-se, como lembra a professora, e seu recrudescimento, à correção de preços admininistrados (com atraso e, digamos, volúpia); à elevação da insegurança política e fuga de aplicadores, e até mesmo a choques provenientes de causas naturais (crise hidríca, etc.)
***
Mas mão podemos nos esquecer que, é verdade que a dívida pública se amplia, quando os juros são cada vez maiores, dado o fato de que a maior parte dos títulos representativos dessa dívida serem indexados ao valor pago de juros pelo Tesouro.
Aqui, é verdadeira a afirmação de que, para pagar os juros de uma dívida que cresce exponencialmente, os superávits primários necessários tornar-se-iam excessivos e impossíveis de serem gerados.
Assim, juros mais elevados não ajudariam a consecução de um ajuste de contas públicas ou alcance de um equilíbrio fiscal e até fragilizariam as contas públicas.
Com juros altos e demanda em queda, pelos efeitos deletérios dos juros sobre a atividade econômica, e queda consequente da arrecadação, a questão fiscal torna-se mais fundamental. Daí, talvez, a questão da dominância fiscal tornar a redução de juros, em nosso país, a mais adequada política monetária a ser adotada.
***
Uma observação adicional, para concluir esse pitaco, já suficientemente e não intencionalmente longo: já de há muito a teoria econômica trata o dinheiro ou moeda, como um dos mais importantes meios de produção a ser utilizado pelas empresas, já que em sua forma líquida e mais abstrata, pode se transformar em qualquer recurso produtivo que seja necessário.
Assim da mesma forma que ao se elevarem os preços de insumos como matérias primas, ou recursos humanos, ao se elevarem os salários, também são impactados os custos de produção das empresas. Considerando-se a formação de preços, baseada nos custos de produção mais uma margem, conclui-se que os preços serão elevados.
O mesmo se dá, se o aumento do custo é aquele relativo ao dinheiro.
Por outro lado, o custo de obtenção de capital de terceiros também é um fator que encarece a estrutura de capital das empresas.
Ou seja, a administração financeira indica-nos que os preços devem reagir na eventualidade de um aumento de juros ou custos financeiros não com queda de preços e da inflação. Mas como elevação da inflação, como a ideia de Lara Resende parece indicar, embora por outras razões e motivos.
***
Nesse sentido, juros elevados impactam mais a produção, levando a sua redução ou queda.
Quanto aos seus efeitos no comportamento dos preços, acredito como os autores referenciados - Lara Resende, Belluzzo, Maria Clara e Laura Carvalho,- que a discussão merece ser feita de forma a mais ampla possível.
É isso.
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Os artigos de Lara Resende foram publicados no Valor Econômico de 13 e 27 de janeiro de 2017. O artigo de Maria Clara, é do Valor de hoje, 9 de fevereiro, mesma data do artigo de Laura Carvalho na Folha.
terça-feira, 7 de fevereiro de 2017
Indicação para o Supremo apequena a Corte. E mudanças no programa Minha Casa, MInha Vida
As informações que tenho de Alexandre de Moraes, se alguma, advém de sua passagem pela Secretaria de Segurança Pública do governo do Estado de São Paulo, caracterizada pela violência excessiva com que agiu, frente a atos de reivindicações sociais e protestos políticos.
Posteriormente, indicado pelo usurpador temer para integrar seu ministério, ocupou a pasta da Justiça, notabilizando-se por uma gestão marcada pela controvérsia, a começar da anúncio antecipado feito em evento de campanha do PSDB de que participava, quanto à deflagração de nova etapa da Operação Lava Jato, que culminou com a prisão de Palocci, até o bate boca que travou com a governadora de Roraima, para sua desmoralização.
Falastrão, arrogante, o ministro foi acusado por ex-ministros do Supremo de ter sido parte do problema a que o país assistiu estarrecido, no início do ano, e que desnudou a grave situação do sistema carcerário.
Dono de vaidade expressiva, cometeu ontem, em minha opinião, outro deslize, indicativo de sua inabilidade e total incompatibilidade com a postura discreta que se exige dos ocupantes do cargo para o qual foi, finalmente, indicado. Afinal, como a imprensa destaca hoje, antes mesmo de sua indicação oficial, já emitia mensagens pelo aplicativo whatsapp, comunicando sua indicação à vaga de Teori Zavascki no Supremo.
No mínimo, como disse, uma deselegância, ao "furar", para usar o jargão jornalístico, o anúncio a ser feito não apenas por uma autoridade, mas seu amigo.
***
O que revela o caráter da indicação de seu nome por temer.
Sem entrar no mérito de suas qualidades como jurista, ele que é doutor em Direito do Estado além de autor de várias obras, a verdade é que sua indicação revela apenas a pequena estatura do responsável por sua indicação, o que também não é de se esperar de figura capaz de adotar o comportamento de traição e oportunismo de temer.
***
Lamento apenas que ao indicá-lo para substituir o ministro Teori, cujo comportamento sempre se notabilizou justamente por sua correção e discreção, o ministro recém-falecido deve estar, a essa altura, revirando de desgosto em seu túmulo.
De fato, a indicação do ministro da Justiça não homenageia o ex-ministro. Ao contrário, reduz sua passagem na Corte e sua memória.
***
Quanto à sua carreira como advogado, em defesa de membros do PCC e até de Cunha, não há muito o que criticar.
Aprendi quando fazia o curso de Direito que, no Estado de Direito, todos têm o direito de defesa e de constituírem advogado para tanto.
Talvez por isso não concluí aquele curso: por minha incapacidade de adotar um comportamento com o qual intimamente não concordava, mesmo que sabendo que tal comportamento era direito de outrem.
***
Não iria, pois, ser leviano de acreditar que a indicação de Moraes ao STF representaria uma etapa no processo de institucionalização e assunção ao poder, do crime organizado.
Também não há que antecipar qualquer preocupação com possíveis interferências que Moraes pode vir a adotar em relação a julgamentos e discussões da Operação Lava Jato no Supremo, inclusive de agir para tentar paralisar ou estancar a sangria que ela representa.
Sinceramente, acho que antes de que ele tivesse a oportunidade de adotar qualquer atitude nessa direção, os Moro e Dallagnol da vida iriam tomar essa decisão, bastando para isso que suas provas que pudessem colher em relação aos quadros de políticos do PMDB ou PSDB, não tivessem a força das convicções que nutriam em relação, por exemplo, a Lula.
***
De mais a mais, sempre Alexandre de Moraes pode declarar-se impedido, ele que em sua tese de doutoramento criticou a escolha, pelo chefe do Executivo, de algum membro do governo para ocupar o cargo de Ministro do Supremo.
E quem sou eu para ir contra sua opinião, de que tal indicação iria parecer a manifestação de um agradecimento ou simples troca de favores.
***
Mas, mesmo duvidando da ocorrência de outra hipótese, a verdade é que ainda resta a possibilidade de o Senado vetar a indicação, não dando-lhe o respaldo exigido por lei.
Nesse sentido já falaram senadores como Cristovam Buarque, o que também não recomenda nada e ninguém.
***
E para concluir o tema: já comentei antes que toda ação política deve ser melhor julgada a partir da identificação de quem pode se beneficiar com seus resultados. No caso, sem dúvida, a morte de Zavascki e a indicação de Moraes para substituí-lo pode beneficiar aos delatados da lista da Odebrecht. Onde se destacam temer, jucá, o índio Eunício, Renan, o Angorá Moreira foro privilegiado Franco, os peessedebistas aecim, o santo Alckmin, e tantos outros a quem o novo indicado tanto tem a agradecer.
De resto, há ainda que se considerar o peso dos avalistas do nome de Alexandre de Moraes, principalmente gilmar mendes.
O presidente do Tribunal Superior em que ainda deverá ser julgada a chapa Dilma-temer por irregularidades na campanha eleitoral de 2014 e que, por esse motivo mesmo, e para garantir a imparcialidade da decisão daquela Corte, transformou-se no principal conselheiro de temer.
***
E há quem ainda acredite mesmo que esse é um país que vai para a frente. E que isso se consegue com ordem e progresso.
Triste Brasil.
***
Minha Casa Minha Vida
Não há como questionar a importância, sempre reconhecida, de políticas destinadas a estimular o setor da construção civil. Por sua capacidade de gerar demanda derivada e impulsionar outros setores da indústria, a área da construção tem condições de tirar o país da recessão. De quebra, tem a condição de estimular a geração de emprego e renda.
Ainda assim, e sabendo que as construtoras têm enfrentado dificuldades para desovarem os estoques de imóveis que se acumularam, a mudança anunciada ontem, alterando os limites máxiimos de financiamento e de renda exigida dos potenciais interessados em se inscreverem no Programa traz à lembrança a trajetória do antigo Sistema Financeiro da Habitação e do BNH.
Afinal, de programa de construção de moradias populares, destinado a tentar sanar o vergonhoso déficit habitacional no pais, o BNH transformou-se em um instrumento de financiamento de imóveis de luxo e alto padrão para setores privilegiados da nossa sociedade.
***
A permissão agora, de que pessoas com até 9 mil reais de renda familiar mensal, ou seja, classificadas na chamada classe média, possam participar do programa, mesmo que seja medida que consiga atingir seu objetivo de ampliar o emprego, é um primeiro sinal de mudança também no público alvo a que o programa foi destinado.
Que o Minha Casa Minha Vida não derrape pelo caminho e se transforme em outro fracasso retumbante na tentativa de solução do problema habitacional para famílias de baixa renda como foi o BNH nos idos de 60/70.
***
Entretanto, meu temor existe e devo mencioná-lo. Tantas vezes e com a mesma ênfase que temer citou ontem os entendimentos que ele manteve com os dirigentes do setor de construção de nosso país e da forte manifestação de apoio que neles encontrou.
Não citou, sequer uma vez o setor de trabalhadores, ou sem teto, etc. Mas, reconheço, isso também seria pedir demais.
Posteriormente, indicado pelo usurpador temer para integrar seu ministério, ocupou a pasta da Justiça, notabilizando-se por uma gestão marcada pela controvérsia, a começar da anúncio antecipado feito em evento de campanha do PSDB de que participava, quanto à deflagração de nova etapa da Operação Lava Jato, que culminou com a prisão de Palocci, até o bate boca que travou com a governadora de Roraima, para sua desmoralização.
Falastrão, arrogante, o ministro foi acusado por ex-ministros do Supremo de ter sido parte do problema a que o país assistiu estarrecido, no início do ano, e que desnudou a grave situação do sistema carcerário.
Dono de vaidade expressiva, cometeu ontem, em minha opinião, outro deslize, indicativo de sua inabilidade e total incompatibilidade com a postura discreta que se exige dos ocupantes do cargo para o qual foi, finalmente, indicado. Afinal, como a imprensa destaca hoje, antes mesmo de sua indicação oficial, já emitia mensagens pelo aplicativo whatsapp, comunicando sua indicação à vaga de Teori Zavascki no Supremo.
No mínimo, como disse, uma deselegância, ao "furar", para usar o jargão jornalístico, o anúncio a ser feito não apenas por uma autoridade, mas seu amigo.
***
O que revela o caráter da indicação de seu nome por temer.
Sem entrar no mérito de suas qualidades como jurista, ele que é doutor em Direito do Estado além de autor de várias obras, a verdade é que sua indicação revela apenas a pequena estatura do responsável por sua indicação, o que também não é de se esperar de figura capaz de adotar o comportamento de traição e oportunismo de temer.
***
Lamento apenas que ao indicá-lo para substituir o ministro Teori, cujo comportamento sempre se notabilizou justamente por sua correção e discreção, o ministro recém-falecido deve estar, a essa altura, revirando de desgosto em seu túmulo.
De fato, a indicação do ministro da Justiça não homenageia o ex-ministro. Ao contrário, reduz sua passagem na Corte e sua memória.
***
Quanto à sua carreira como advogado, em defesa de membros do PCC e até de Cunha, não há muito o que criticar.
Aprendi quando fazia o curso de Direito que, no Estado de Direito, todos têm o direito de defesa e de constituírem advogado para tanto.
Talvez por isso não concluí aquele curso: por minha incapacidade de adotar um comportamento com o qual intimamente não concordava, mesmo que sabendo que tal comportamento era direito de outrem.
***
Não iria, pois, ser leviano de acreditar que a indicação de Moraes ao STF representaria uma etapa no processo de institucionalização e assunção ao poder, do crime organizado.
Também não há que antecipar qualquer preocupação com possíveis interferências que Moraes pode vir a adotar em relação a julgamentos e discussões da Operação Lava Jato no Supremo, inclusive de agir para tentar paralisar ou estancar a sangria que ela representa.
Sinceramente, acho que antes de que ele tivesse a oportunidade de adotar qualquer atitude nessa direção, os Moro e Dallagnol da vida iriam tomar essa decisão, bastando para isso que suas provas que pudessem colher em relação aos quadros de políticos do PMDB ou PSDB, não tivessem a força das convicções que nutriam em relação, por exemplo, a Lula.
***
De mais a mais, sempre Alexandre de Moraes pode declarar-se impedido, ele que em sua tese de doutoramento criticou a escolha, pelo chefe do Executivo, de algum membro do governo para ocupar o cargo de Ministro do Supremo.
E quem sou eu para ir contra sua opinião, de que tal indicação iria parecer a manifestação de um agradecimento ou simples troca de favores.
***
Mas, mesmo duvidando da ocorrência de outra hipótese, a verdade é que ainda resta a possibilidade de o Senado vetar a indicação, não dando-lhe o respaldo exigido por lei.
Nesse sentido já falaram senadores como Cristovam Buarque, o que também não recomenda nada e ninguém.
***
E para concluir o tema: já comentei antes que toda ação política deve ser melhor julgada a partir da identificação de quem pode se beneficiar com seus resultados. No caso, sem dúvida, a morte de Zavascki e a indicação de Moraes para substituí-lo pode beneficiar aos delatados da lista da Odebrecht. Onde se destacam temer, jucá, o índio Eunício, Renan, o Angorá Moreira foro privilegiado Franco, os peessedebistas aecim, o santo Alckmin, e tantos outros a quem o novo indicado tanto tem a agradecer.
De resto, há ainda que se considerar o peso dos avalistas do nome de Alexandre de Moraes, principalmente gilmar mendes.
O presidente do Tribunal Superior em que ainda deverá ser julgada a chapa Dilma-temer por irregularidades na campanha eleitoral de 2014 e que, por esse motivo mesmo, e para garantir a imparcialidade da decisão daquela Corte, transformou-se no principal conselheiro de temer.
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E há quem ainda acredite mesmo que esse é um país que vai para a frente. E que isso se consegue com ordem e progresso.
Triste Brasil.
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Minha Casa Minha Vida
Não há como questionar a importância, sempre reconhecida, de políticas destinadas a estimular o setor da construção civil. Por sua capacidade de gerar demanda derivada e impulsionar outros setores da indústria, a área da construção tem condições de tirar o país da recessão. De quebra, tem a condição de estimular a geração de emprego e renda.
Ainda assim, e sabendo que as construtoras têm enfrentado dificuldades para desovarem os estoques de imóveis que se acumularam, a mudança anunciada ontem, alterando os limites máxiimos de financiamento e de renda exigida dos potenciais interessados em se inscreverem no Programa traz à lembrança a trajetória do antigo Sistema Financeiro da Habitação e do BNH.
Afinal, de programa de construção de moradias populares, destinado a tentar sanar o vergonhoso déficit habitacional no pais, o BNH transformou-se em um instrumento de financiamento de imóveis de luxo e alto padrão para setores privilegiados da nossa sociedade.
***
A permissão agora, de que pessoas com até 9 mil reais de renda familiar mensal, ou seja, classificadas na chamada classe média, possam participar do programa, mesmo que seja medida que consiga atingir seu objetivo de ampliar o emprego, é um primeiro sinal de mudança também no público alvo a que o programa foi destinado.
Que o Minha Casa Minha Vida não derrape pelo caminho e se transforme em outro fracasso retumbante na tentativa de solução do problema habitacional para famílias de baixa renda como foi o BNH nos idos de 60/70.
***
Entretanto, meu temor existe e devo mencioná-lo. Tantas vezes e com a mesma ênfase que temer citou ontem os entendimentos que ele manteve com os dirigentes do setor de construção de nosso país e da forte manifestação de apoio que neles encontrou.
Não citou, sequer uma vez o setor de trabalhadores, ou sem teto, etc. Mas, reconheço, isso também seria pedir demais.
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017
A respeito de toda a comoção despertada pela morte de Dona Marisa. E o foro privilegiado de Moreira
Ia começar o pitaco de hoje manifestando minha repulsa integral a todos os (vários) comentários postados nas redes sociais tendo como referência o falecimento de Dona Marisa Letícia.
Claro que houve várias postagens de solidariedade, de transmissão de palavras de força e fé à família, marido e filhos, como seria o mais natural a se esperar nessas horas, de dor e sofrimento.
E isso, independente de a família enlutada ser a família de um político e mais ainda, de um político de projeção, de alta popularidade e enfrentando momentos de questionamento, inclusive sobre sua conduta e honestidade.
Mas, se houve mensagens sóbrias e de esperança, como o momento impunha, para minha completa surpresa houve algum tipo de manifestações que mostram, no mínimo, que nossa sociedade encontra-se profundamente doente.
***
E era esse o tema que eu ia abordar logo no início desse pitaco: o fato de, em minha opinião, e a julgar por certos comportamentos demonstrados por pessoas, ditas cultas e de bem, em nossas redes sociais, a nossa sociedade padece de um mal de extrema gravidade.
E, pensando a respeito de que enfoque dar ao texto, percebi estar enganado.
Primeiro porque a maioria, dita silenciosa, de nossa sociedade preferiu agir com um comportamento que se poderia classificar como, no mínimo, de respeito.
Atendendo à recomendação que as redes compartilhavam e reproduziriam, como supostamente feita por Karnal, a maioria preferiu, em nada tendo a falar de positivo ou de bom, não se manifestar.
Em segundo lugar, em verdade foram muitos poucos, proporcionalmente, os frequentadores dessas redes, que puderam expor toda a pequenez de suas vidas miseráveis. Ao menos explicitamente, foi muito pequena a quantidade daqueles que manifestaram um comportamento doentio, digno de serem classificados como uma frase que também circulava nas redes, tendo a figura do Papa Francisco como fundo. Dizia ela que aqueles capazes de comemorar a morte de um semelhante é porque no fundo, morreram primeiro.
Ao menos morreram para uma vida saudável, digna de ser vivida.
***
Então me dei conta de que, não é de agora, do tempo caracterizado pela utilização intensiva das redes sociais que os idiotas, doentes, imbecis, mesquinhos e infelizes que compõem a ralé ou a escória de nossa raça, existem e até se manifestam.
Apenas que antes do advento da internet e das redes, o público que elas conseguiam atingir com sua infâmia era muito restrito. E, dado que a rede mundial por sua dimensão acaba por não permitir muitas vezes a identificação cabal de cada participante, as pessoas encontram condições para poder manifestarem sua pobreza de espírito sem o medo de se sentirem cobrados, ou questionados ou criticados.
***
Embora há que se admitir que há ainda seres humanos tão abjetos, e rasteiros, que são capazes de se manifestarem desabridamente, como o procurador Rômulo Paiva, ou os médicos que quebrando o juramento que fizeram ao se formarem, foram capazes apenas de destilar ódio e insensatez.
Bem, os médcos foram já punidos, embora a punição maior devesse ser a da cassação de seu registro junto ao Conselho de Medicina. Quanto ao procurador, parece que já foi aberto processo de investigação junto à Corregedoria do órgão a que está vinculado.
E, no caso do procurador, talvez a ficha tenha caído, e raciocinando de forma muito favorável a ele, talvez ele tenha percebido que sua "brincadeira" não gerou as risadas e piadinhas que ele esperava provocar. Apenas provocaram asco.
***
Bem, estava pronto até a escrever pela primeira vez o nome de Temer com maiúscula, já que sua atitude de comparecer ao Hospital e mais tarde declarar luto oficial de três dias, embora fosse a medida padrão a ser tomada, não sendo em nada medida excepcional, ainda assim mostrou que, em momentos de dor, mesmo adversários podem mostrar um mínimo de comportamento altivo e honradez.
Tal qual o comportamento também mostrado por Fernando Henrique Cardoso, cuja imagem abraçado a Lula, cumprimentando-o ensina mais que muito discurso.
Então, o ex-presidente FHC e Temer, o ocupante atual do Planalto mesmo que protocolarmente cumpriram o papel que deles se esperava.
E como eles, outros políticos, como foi noticiado na mídia.
***
Mas, isso não impede que aqueles poucos que sempre se sentiram superiores e donos do país e de sua cultura tivessem a oportunidade de continuarem destilando fel em todas as oportunidades que lhes surgissem, embora sem o mesmo tom raivoso e agressivo dos mencionados acima.
O que não é nenhum motivo para espanto, já que nosso país e parte de sua população que se considera elite, embora saiba-se lá por que tipo de classificação, por mais que tente mostrar um comportamento mais maduro, sofisticado e civilizado, ainda não conseguiu romper os grilhões que os mantêm eternamente prisioneiros à nossa formação de cunho escravagista e patrimonial.
***
Daí porque parte das manifestações ainda revelam apenas o ranço daqueles que continuam vivendo no Brasil pré Abolição, quando sua vontade impunha-se a todos e a tudo, e os demais mortais deviam apenas submeter-se e comportar-se como determinado por essa casta dominante.
Embora já passados mais de 120 anos do fim da escravidão, há ainda uma casta que continua achando o restante da população do país tem a finalidade apenas de atender a seus anseios, e submeter-se aos seus caprichos, como convém aqueles cuja vida apenas é respeitada na medida que são capazes de criar condições de vida, cada vez melhores para os donos da pátria.
***
Entre esses, estão aqueles, inclusive jornalistas que criticaram até mesmo o discurso de despedida de Lula para sua Galega, dita em momento de emoção e revolta.
Mesmo que não pudesse culpar a quem quer que fosse, por um problema de saúde já identificado há mais tempo, a situação de pressão a que foi levada dona Marisa, por força de alegações e ações contra ela desfechadas, muitas vezes apenas para instabilizar ao seu marido e sua casa, não há como querer que Lula, ao lado de seu caixão, não procurasse arranjar responsáveis para justificar sua perda.
Tal comportamento não apenas seria natural e esperado, como também é o comportamento que qualquer pessoa teria ao ver alguém a quem ama, morrer sem poder se defender das acusações que lhes foram dirigidas.
Lula não fez um discurso político mas um discurso de um marido emocionado e que promete fazer tudo à sua disposição para que o nome de sua mulher não seja enxovalhado.
O fato de ser político, é que dá ao discurso a conotação que muitos quiseram atribuir ao discurso de despedida, chegando ao limite, alguns, de quererem dar lições de comportamento que Lula deveria ter adotado.
***
Embora alguns sejam jornalistas, nada entendem da alma humana e nem de cultura, que muitos insistem em tentar transmitir, até como atributo de sua profissão.
Afinal, que classificação ou interpretação dariam, por exemplo, ao discurso de Marco Antônio, no enterro de Júlio César, na brilhante peça de Shakespeare?
Político? Inadequado?
***
Bem nossa sociedade, como todas as outras, não está doente, como eu ia começar dizendo em meu pitaco hoje. Felizmente.
Mas há que se reconhecer que há, como em todas as demais, pessoas que por mais que se julguem acima de todas as coisas, apenas conseguem refletir o chão que é a altura a que conseguem alcançar em seus melhores momentos.
***
E dê-lhe imparcialidade
O pitaco aqui é apenas um registro de como reage nossa sociedade - indo às ruas e batendo panelas a ponto de amassá-las - para combater a nomeação de Moreira Franco para o cargo de ministro de um ministério criado apenas para assegurar ao Angorá, a obtenção de foro privilegiado.
Foro que foi dado por Lula ao então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que permitisse ao presidente da Autoridade Monetária escapar de processos administrativos instaurados pelo próprio Banco Central.
Mais tarde, vimos a reação de todos contra a indicação de Lula, por Dilma, sob a alegação de que estava havendo desvio de finalidade. Lula estaria sendo nomeado apenas para que fosse blindado e não pudesse ser preso.
***
Somente agora, com Moreira é que não há essa intenção na criação de um novo ministério, nem na nomeação do amigo do usurpador. Afinal, Moreira já estava no governo. Como Lula já estava no PT e participando de conversas e entendimentos com a classe política, visando, na ocasião, a desarmar a farsa em andamento, do impeachment.
***
Moreira. Eis aí a figura ideal de ministro, para um governo ilegítimo como o de temer.
Mesmo que a sociedade esteja menos preocupada com tais questões, agora que toda a corrupção já foi extirpada do país, e assuntos mais prioritários como os relativos aos trajes a utilizar nas festas de carnaval sejam a preocupação dominante.
Afinal, nada melhor em nosso país, que discutir a próxima fantasia a usar.
Claro que houve várias postagens de solidariedade, de transmissão de palavras de força e fé à família, marido e filhos, como seria o mais natural a se esperar nessas horas, de dor e sofrimento.
E isso, independente de a família enlutada ser a família de um político e mais ainda, de um político de projeção, de alta popularidade e enfrentando momentos de questionamento, inclusive sobre sua conduta e honestidade.
Mas, se houve mensagens sóbrias e de esperança, como o momento impunha, para minha completa surpresa houve algum tipo de manifestações que mostram, no mínimo, que nossa sociedade encontra-se profundamente doente.
***
E era esse o tema que eu ia abordar logo no início desse pitaco: o fato de, em minha opinião, e a julgar por certos comportamentos demonstrados por pessoas, ditas cultas e de bem, em nossas redes sociais, a nossa sociedade padece de um mal de extrema gravidade.
E, pensando a respeito de que enfoque dar ao texto, percebi estar enganado.
Primeiro porque a maioria, dita silenciosa, de nossa sociedade preferiu agir com um comportamento que se poderia classificar como, no mínimo, de respeito.
Atendendo à recomendação que as redes compartilhavam e reproduziriam, como supostamente feita por Karnal, a maioria preferiu, em nada tendo a falar de positivo ou de bom, não se manifestar.
Em segundo lugar, em verdade foram muitos poucos, proporcionalmente, os frequentadores dessas redes, que puderam expor toda a pequenez de suas vidas miseráveis. Ao menos explicitamente, foi muito pequena a quantidade daqueles que manifestaram um comportamento doentio, digno de serem classificados como uma frase que também circulava nas redes, tendo a figura do Papa Francisco como fundo. Dizia ela que aqueles capazes de comemorar a morte de um semelhante é porque no fundo, morreram primeiro.
Ao menos morreram para uma vida saudável, digna de ser vivida.
***
Então me dei conta de que, não é de agora, do tempo caracterizado pela utilização intensiva das redes sociais que os idiotas, doentes, imbecis, mesquinhos e infelizes que compõem a ralé ou a escória de nossa raça, existem e até se manifestam.
Apenas que antes do advento da internet e das redes, o público que elas conseguiam atingir com sua infâmia era muito restrito. E, dado que a rede mundial por sua dimensão acaba por não permitir muitas vezes a identificação cabal de cada participante, as pessoas encontram condições para poder manifestarem sua pobreza de espírito sem o medo de se sentirem cobrados, ou questionados ou criticados.
***
Embora há que se admitir que há ainda seres humanos tão abjetos, e rasteiros, que são capazes de se manifestarem desabridamente, como o procurador Rômulo Paiva, ou os médicos que quebrando o juramento que fizeram ao se formarem, foram capazes apenas de destilar ódio e insensatez.
Bem, os médcos foram já punidos, embora a punição maior devesse ser a da cassação de seu registro junto ao Conselho de Medicina. Quanto ao procurador, parece que já foi aberto processo de investigação junto à Corregedoria do órgão a que está vinculado.
E, no caso do procurador, talvez a ficha tenha caído, e raciocinando de forma muito favorável a ele, talvez ele tenha percebido que sua "brincadeira" não gerou as risadas e piadinhas que ele esperava provocar. Apenas provocaram asco.
***
Bem, estava pronto até a escrever pela primeira vez o nome de Temer com maiúscula, já que sua atitude de comparecer ao Hospital e mais tarde declarar luto oficial de três dias, embora fosse a medida padrão a ser tomada, não sendo em nada medida excepcional, ainda assim mostrou que, em momentos de dor, mesmo adversários podem mostrar um mínimo de comportamento altivo e honradez.
Tal qual o comportamento também mostrado por Fernando Henrique Cardoso, cuja imagem abraçado a Lula, cumprimentando-o ensina mais que muito discurso.
Então, o ex-presidente FHC e Temer, o ocupante atual do Planalto mesmo que protocolarmente cumpriram o papel que deles se esperava.
E como eles, outros políticos, como foi noticiado na mídia.
***
Mas, isso não impede que aqueles poucos que sempre se sentiram superiores e donos do país e de sua cultura tivessem a oportunidade de continuarem destilando fel em todas as oportunidades que lhes surgissem, embora sem o mesmo tom raivoso e agressivo dos mencionados acima.
O que não é nenhum motivo para espanto, já que nosso país e parte de sua população que se considera elite, embora saiba-se lá por que tipo de classificação, por mais que tente mostrar um comportamento mais maduro, sofisticado e civilizado, ainda não conseguiu romper os grilhões que os mantêm eternamente prisioneiros à nossa formação de cunho escravagista e patrimonial.
***
Daí porque parte das manifestações ainda revelam apenas o ranço daqueles que continuam vivendo no Brasil pré Abolição, quando sua vontade impunha-se a todos e a tudo, e os demais mortais deviam apenas submeter-se e comportar-se como determinado por essa casta dominante.
Embora já passados mais de 120 anos do fim da escravidão, há ainda uma casta que continua achando o restante da população do país tem a finalidade apenas de atender a seus anseios, e submeter-se aos seus caprichos, como convém aqueles cuja vida apenas é respeitada na medida que são capazes de criar condições de vida, cada vez melhores para os donos da pátria.
***
Entre esses, estão aqueles, inclusive jornalistas que criticaram até mesmo o discurso de despedida de Lula para sua Galega, dita em momento de emoção e revolta.
Mesmo que não pudesse culpar a quem quer que fosse, por um problema de saúde já identificado há mais tempo, a situação de pressão a que foi levada dona Marisa, por força de alegações e ações contra ela desfechadas, muitas vezes apenas para instabilizar ao seu marido e sua casa, não há como querer que Lula, ao lado de seu caixão, não procurasse arranjar responsáveis para justificar sua perda.
Tal comportamento não apenas seria natural e esperado, como também é o comportamento que qualquer pessoa teria ao ver alguém a quem ama, morrer sem poder se defender das acusações que lhes foram dirigidas.
Lula não fez um discurso político mas um discurso de um marido emocionado e que promete fazer tudo à sua disposição para que o nome de sua mulher não seja enxovalhado.
O fato de ser político, é que dá ao discurso a conotação que muitos quiseram atribuir ao discurso de despedida, chegando ao limite, alguns, de quererem dar lições de comportamento que Lula deveria ter adotado.
***
Embora alguns sejam jornalistas, nada entendem da alma humana e nem de cultura, que muitos insistem em tentar transmitir, até como atributo de sua profissão.
Afinal, que classificação ou interpretação dariam, por exemplo, ao discurso de Marco Antônio, no enterro de Júlio César, na brilhante peça de Shakespeare?
Político? Inadequado?
***
Bem nossa sociedade, como todas as outras, não está doente, como eu ia começar dizendo em meu pitaco hoje. Felizmente.
Mas há que se reconhecer que há, como em todas as demais, pessoas que por mais que se julguem acima de todas as coisas, apenas conseguem refletir o chão que é a altura a que conseguem alcançar em seus melhores momentos.
***
E dê-lhe imparcialidade
O pitaco aqui é apenas um registro de como reage nossa sociedade - indo às ruas e batendo panelas a ponto de amassá-las - para combater a nomeação de Moreira Franco para o cargo de ministro de um ministério criado apenas para assegurar ao Angorá, a obtenção de foro privilegiado.
Foro que foi dado por Lula ao então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que permitisse ao presidente da Autoridade Monetária escapar de processos administrativos instaurados pelo próprio Banco Central.
Mais tarde, vimos a reação de todos contra a indicação de Lula, por Dilma, sob a alegação de que estava havendo desvio de finalidade. Lula estaria sendo nomeado apenas para que fosse blindado e não pudesse ser preso.
***
Somente agora, com Moreira é que não há essa intenção na criação de um novo ministério, nem na nomeação do amigo do usurpador. Afinal, Moreira já estava no governo. Como Lula já estava no PT e participando de conversas e entendimentos com a classe política, visando, na ocasião, a desarmar a farsa em andamento, do impeachment.
***
Moreira. Eis aí a figura ideal de ministro, para um governo ilegítimo como o de temer.
Mesmo que a sociedade esteja menos preocupada com tais questões, agora que toda a corrupção já foi extirpada do país, e assuntos mais prioritários como os relativos aos trajes a utilizar nas festas de carnaval sejam a preocupação dominante.
Afinal, nada melhor em nosso país, que discutir a próxima fantasia a usar.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017
D. Marisa Letícia; uma mulher brasileira de respeito
Digam o que quiserem, e respeito as opiniões contrárias, mas a confirmação da morte cerebral de dona Marisa Letícia é uma perda para todos nós.
Independente de qualquer outro juízo, e depois de termos uma Rosane Collor como primeira dama, a Galega como Lula a chamava, foi uma primeira dama que teve comportamento discreto, no sentido de que não se tem notícia de nterferência sua nos negócios da política maior que, por sua condição de esposa do presidente Lula, era obrigada a conhecer e participar.
Tampouco, nenhum escândalo nem comportamento inadequado podem ser imputados a ela, sempre com uma fisionomia simpática, risonha, confortadora.
Mesmo que seus gostos não fossem aqueles que agradassem a uma elite, com suas festas juninas e opção por aspectos decorativos menos sofisticados, D. Marisa foi uma mulher que em nenhum momento adotou comportamento que pudesse dar origem a críticas.
Isso, independente de vazamentos de notícias em colunas de comentários sociais, darem suficientes motivos para que seu comportamento pudesse ser distinto do que foi.
D. Marisa foi uma mulher do povo. Digna representante das mulheres do nosso país.
A ela, rendo minhas homenagens.
Descanse em Paz, Dona Marisa.
E força para os familiares, o presidente Lula e filhos, nesse momento de tamanha dor.
Independente de qualquer outro juízo, e depois de termos uma Rosane Collor como primeira dama, a Galega como Lula a chamava, foi uma primeira dama que teve comportamento discreto, no sentido de que não se tem notícia de nterferência sua nos negócios da política maior que, por sua condição de esposa do presidente Lula, era obrigada a conhecer e participar.
Tampouco, nenhum escândalo nem comportamento inadequado podem ser imputados a ela, sempre com uma fisionomia simpática, risonha, confortadora.
Mesmo que seus gostos não fossem aqueles que agradassem a uma elite, com suas festas juninas e opção por aspectos decorativos menos sofisticados, D. Marisa foi uma mulher que em nenhum momento adotou comportamento que pudesse dar origem a críticas.
Isso, independente de vazamentos de notícias em colunas de comentários sociais, darem suficientes motivos para que seu comportamento pudesse ser distinto do que foi.
D. Marisa foi uma mulher do povo. Digna representante das mulheres do nosso país.
A ela, rendo minhas homenagens.
Descanse em Paz, Dona Marisa.
E força para os familiares, o presidente Lula e filhos, nesse momento de tamanha dor.
A derrota previsível do Galo, mostrando que nada mudou do fim do ano para cá. Imobilidade que reflete a situação política, econômica, no judiciário...
A verdade é que aqueles que tiveram paciência de assistirem ao jogo de estreia do Atlético no Campeonato Mineiro, contra o América de Teófilo Otoni, não esperavam resultado diferente do jogo disputado ontem, contra o Cruzeiro pela 1ª Liga.
Ou melhor, esperavam até um placar mais dilatado, como o que faria justiça caso no futebol, como na vida, a justiça entrasse nos gramados ou prevalecesse sempre.
Porque o placar de 1 a zero ontem foi muito modesto para o futebol praticado pelo Cruzeiro, pelo menos desde o final do ano passado. E para a ausência de futebol do Galo, também e infelizmente, desde o ano passado, ainda sob o (des)comando de Marcelo.
***
Para se ter uma ideia, não me lembro de qualquer defesa minimamente importante feita por Gabriel, goleiro do adversário, durante todo o primeiro tempo e, para ser exato, pelo menos os dez ou quinze primeiros minutos da segunda fase.
A rigor, o Atlético só melhorou alguma coisa, não em função da entrada de Clayton, em lugar de Maicosuel, mas em função de o time do Barro Preto perceber que não precisava mais se esforçar já que a fragilidade do Galo sinalizava que o alvinegro não iria levar perigo ao gol contrário, mesmo se continuassem jogando até agora, manhã subsequente ao jogo.
***
Mas, o que acontece ou o que falta ao Atlético, que me faz ficar tão desconfiado nesse início de temporada, em que estaremos presentes em tantos campeonatos importantes?
Desconfiado a ponto de, talvez passionalmente, ser rigoroso em minha crítica, talvez mais que o devido.
Mas, se já no time do ano passado, percebia-se claramente uma lacuna entre o bloco de jogadores da defesa, todos com muitas deficiências, e o ataque, com jogadores gabaritados, mas que não mostravam muita solidariedade entre si, o problema de total ausência de um jogador de meio, armador com inteligência e visão de jogo, não foi solucionado.
O time continua, em minha opinião, com um buraco ali no meio, o que se comprova pelo fato de Rafael Carioca, que voltou a mostrar um futebol mais vistoso, na maior parte das vezes, ter que voltar a bola, recomeçando a jogada.
***
Na frente, a falta de Robinho é muito sentida, como é óbvio. Mas, é bom lembrar que não sei porque razão, mas se mostra sintonia quando joga com Fred ao seu lado, o Pedalada não mostra nenhum entendimento com Pratto. O que faz o argentino ter que ficar girando fora da área, tal qual um peru tonto, sem que a bola possa chegar em condições mais propícias para que ele tente o gol.
Pior ainda, as vezes que a bola chega até a área, e Pratto não está lá por estar lá atrás, buscando jogo e fazendo o papel de marcação alta.
***
Tudo bem, e isso não deve ser deixado de lado, que Felipe Santana falhou escandalosamente ontem, do alto de seus 1,96m de altura, ao tentar atrasar a bola para Giovani, ou pior, posicionar-se mal e não conseguir cortar a bola que era sua.
Mas, imputar ao zagueiro a falha pelo lance que decretou nossa derrota seria uma injustiça. Até mesmo com ele, já que no segundo tempo, em outra pixotada digna de qualquer campo de várzea, mais uma vez deixou o atacante do adversário completamente livre para marcar o gol. O que só não aconteceu por ter baixado o espírito de São Victor em nosso número 1.
***
De tudo que vi, além da justiça da vitória do Cruzeiro, vale assinalar a correção da expulsão de Robinho que, ao contrário do que viu o comentarista do pay-per-view (que não viu o lance mesmo depois da repetição), entrou por baixo, deixando as traves da chuteira no tornozelo do jogador do Galo, merecendo o segundo amarelo.
Também justa a expulsão do técnico do time vitorioso, que além de estar se saindo um chorão de primeira grandeza, mostrou um descontrole difícil de se entender.
Finalmente, Roger terá muita dificuldade para fazer seu time jogar coletivamente, sem que os jogadores de armação fiquem fazendo muita firula no meio, mas jogando mais "verticalmente" como os comentaristas chamam as jogadas de maior objetividade e profundidade.
Porque depois de ver o jogo do Galo, poder assistir ao jogo do Botafogo contra o Colo-Colo, com o time carioca criando espaços para jogar, ou o time do Atlético Paranaense, que também criava espaços para jogar contra o time do Milionários, assaltou-me a dúvida: porque o Galo não consegue mostrar um futebol assim, jogando de forma confusa, embolada?
***
Enquanto isso, no Supremo
Por mais duras que tenham sido as palavras de Celso de Mello, ao prestar justa homenagem ao Ministro Teori Zavascki, ao lembrar que merece todo repúdio aqueles agentes públicos que não honram o cargo que ocupam, a verdade é que pouco mudou o ambiente em nosso país e no próprio Supremo.
O que pode ser confirmado por mais uma ação adotada por nenhum outro, senão gilmar mendes, de pedir vistas de um processo cujo resultado já está praticamente selado, no sentido de impedir que políticos que estejam sob investigação no Supremo, como réus, não possam continuar a ocupar os cargos que estejam, por força de norma constitucional, na linha sucessória do Executivo.
***
Antes fora Toffoli, que permitiu que Renan se safasse ileso até o final de seu mandato como presidente do Senado. Agora é o amigo dileto, e tão presente, de temer, a quem ele está incumbido de julgar...
O que permite que Eunício de Oliveiira, o Índio da lista de delação da Odebrecht, que vazou para a midia possa ser eleito para presidir o Senado. Ou seja, como é comentário comum no futebol, o que estamos vendo é sair Renan, para entrar Índio, ou seja, trocar seis por meia dúzia.
Ou como diz velha máxima: muda tudo, para continuar tudo na mesma.
***
A homenagem ao ministro tragicamente falecido cai ainda no vazio, quando se sabe que quando teve oportunidade, ele decidiu pela quebra do sigilo de delações que homologou, ao contrário da decisão agora da presidenta do STF.
Comportamento acatado sem qualquer sinalização de discordância do Procurador Geral Janot.
Situação que permite que continuem os vazamentos seletivos, uma das piores nódoas do processo de investigação da Lava Jato.
Apenas que a bola da vez é o tucano aecim. Que a rigor, nem poderia ser chamado de bola da vez, já que nunca deixou de estar na mesa e estar sendo espertamente esquecida atrás de outras bolas mais fulgurantes.
Razão porque se a Folha menciona sua participação ativa na negociação de propinas em licitação com a Odebrecht, o nosso pasquim Estado de Minas, aliado incondicional do atraso em nosso estado, nada menciona a respeito. E, mais curioso, é nosso pasquim que está adotando a postura mais correta, de não acusar sem que haja provas.
Claro, o que não valia para Lula ou para o PT ou os petistas.
***
A pergunta que não quer calar e que o senador mesmo explicita, até como forma de tentar ganhar tempo, é porque não se decide, de imediato pela quebra do sigilo das delações. Até para que no meio de 200 e tantos nomes e mal feitos, alguns nomes tenham seu peso ou importância reduzida.
***
E é bom que lembremos de como Janot, ao interromper a negociação de delação com Leo Soares, dirigente da OAS, e que citou o nome de aecim e outras aves raras, alegando vazamento de informações, colaborou para que o nome do senador por Minas ficasse fora de foco.
***
Celso de Mello, o decano, decide mais uma vez a favor de temer, seu amigo, no caso da permissão de candidatura de Rodrigo Maia a presidente da Câmara.
E depois de o ministro presidente do Tribunal Superior do Trabalho, o ministro da Opus Dei, Ives Gandra Filho, ter sido recomendado por ocupantes da cúpula da Igreja Católica, para indicação à vaga no STF, vemos que continua a pressão de setores da área jurídica para que o indicado seja Moro, juiz que assume atitudes autoritárias e incompatíveis com o respeito às normas constitucionais; enquanto o mundo político, talvez querendo se safar da quantidade de atrapalhadas do ministro da Justiça Alexandre de Moraes, faz pressão para que o ministro do governo temer seja o responsável por estar em local em que decisões fundamentais para o funcionamento da sociedade sejam adotadas.
Como se vê, continua tudo como dantes.
***
Situação que permite que a questão do rombo das contas públicas e o déficit primário recorde, de mais de 155 bilhões do governo temer, e a elevação em 1/3 do nível de desemprego, passem sem maiores análises, já que os dois resultados são fruto de medidas ditas moralizadoras, mas de cunho conservador e recessivo, adotadas desde que o usurpador chegou ao poder.
Aliás, manda o senso de justiça que a culpa seja, parcialmente e não integralmente como o temerário alega, compartilhada com Dilma, e sua guinada a favor do mercado no início de seu mandato.
O que não dá para escapar é que, seja o ocupante legítimo do cargo de presidente, seja o ilegítimo, quem determinava a política econômica que nos conduziu ao estado deplorável das contas públicas (queda de arrecadação, elevação de preços - administrados e, por consequência, em geral, aumento de juros) foi o mercado, principalmente os mercados financeiros, por seus analistas.
***
O que vale, por fim, que a gente se questione a razão de ser cultural em nosso país, a ideia de que tudo que é publico é ruim, atrasado e corrupto. E tudo que vem do setor privado é avançado, legal, bom e eficiente. E justo.
Como o provam as Odebrecht, OAS, Andrades Gutierrez, ou os Eikes da vida.
Ou melhor, esperavam até um placar mais dilatado, como o que faria justiça caso no futebol, como na vida, a justiça entrasse nos gramados ou prevalecesse sempre.
Porque o placar de 1 a zero ontem foi muito modesto para o futebol praticado pelo Cruzeiro, pelo menos desde o final do ano passado. E para a ausência de futebol do Galo, também e infelizmente, desde o ano passado, ainda sob o (des)comando de Marcelo.
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Para se ter uma ideia, não me lembro de qualquer defesa minimamente importante feita por Gabriel, goleiro do adversário, durante todo o primeiro tempo e, para ser exato, pelo menos os dez ou quinze primeiros minutos da segunda fase.
A rigor, o Atlético só melhorou alguma coisa, não em função da entrada de Clayton, em lugar de Maicosuel, mas em função de o time do Barro Preto perceber que não precisava mais se esforçar já que a fragilidade do Galo sinalizava que o alvinegro não iria levar perigo ao gol contrário, mesmo se continuassem jogando até agora, manhã subsequente ao jogo.
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Mas, o que acontece ou o que falta ao Atlético, que me faz ficar tão desconfiado nesse início de temporada, em que estaremos presentes em tantos campeonatos importantes?
Desconfiado a ponto de, talvez passionalmente, ser rigoroso em minha crítica, talvez mais que o devido.
Mas, se já no time do ano passado, percebia-se claramente uma lacuna entre o bloco de jogadores da defesa, todos com muitas deficiências, e o ataque, com jogadores gabaritados, mas que não mostravam muita solidariedade entre si, o problema de total ausência de um jogador de meio, armador com inteligência e visão de jogo, não foi solucionado.
O time continua, em minha opinião, com um buraco ali no meio, o que se comprova pelo fato de Rafael Carioca, que voltou a mostrar um futebol mais vistoso, na maior parte das vezes, ter que voltar a bola, recomeçando a jogada.
***
Na frente, a falta de Robinho é muito sentida, como é óbvio. Mas, é bom lembrar que não sei porque razão, mas se mostra sintonia quando joga com Fred ao seu lado, o Pedalada não mostra nenhum entendimento com Pratto. O que faz o argentino ter que ficar girando fora da área, tal qual um peru tonto, sem que a bola possa chegar em condições mais propícias para que ele tente o gol.
Pior ainda, as vezes que a bola chega até a área, e Pratto não está lá por estar lá atrás, buscando jogo e fazendo o papel de marcação alta.
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Tudo bem, e isso não deve ser deixado de lado, que Felipe Santana falhou escandalosamente ontem, do alto de seus 1,96m de altura, ao tentar atrasar a bola para Giovani, ou pior, posicionar-se mal e não conseguir cortar a bola que era sua.
Mas, imputar ao zagueiro a falha pelo lance que decretou nossa derrota seria uma injustiça. Até mesmo com ele, já que no segundo tempo, em outra pixotada digna de qualquer campo de várzea, mais uma vez deixou o atacante do adversário completamente livre para marcar o gol. O que só não aconteceu por ter baixado o espírito de São Victor em nosso número 1.
***
De tudo que vi, além da justiça da vitória do Cruzeiro, vale assinalar a correção da expulsão de Robinho que, ao contrário do que viu o comentarista do pay-per-view (que não viu o lance mesmo depois da repetição), entrou por baixo, deixando as traves da chuteira no tornozelo do jogador do Galo, merecendo o segundo amarelo.
Também justa a expulsão do técnico do time vitorioso, que além de estar se saindo um chorão de primeira grandeza, mostrou um descontrole difícil de se entender.
Finalmente, Roger terá muita dificuldade para fazer seu time jogar coletivamente, sem que os jogadores de armação fiquem fazendo muita firula no meio, mas jogando mais "verticalmente" como os comentaristas chamam as jogadas de maior objetividade e profundidade.
Porque depois de ver o jogo do Galo, poder assistir ao jogo do Botafogo contra o Colo-Colo, com o time carioca criando espaços para jogar, ou o time do Atlético Paranaense, que também criava espaços para jogar contra o time do Milionários, assaltou-me a dúvida: porque o Galo não consegue mostrar um futebol assim, jogando de forma confusa, embolada?
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Enquanto isso, no Supremo
Por mais duras que tenham sido as palavras de Celso de Mello, ao prestar justa homenagem ao Ministro Teori Zavascki, ao lembrar que merece todo repúdio aqueles agentes públicos que não honram o cargo que ocupam, a verdade é que pouco mudou o ambiente em nosso país e no próprio Supremo.
O que pode ser confirmado por mais uma ação adotada por nenhum outro, senão gilmar mendes, de pedir vistas de um processo cujo resultado já está praticamente selado, no sentido de impedir que políticos que estejam sob investigação no Supremo, como réus, não possam continuar a ocupar os cargos que estejam, por força de norma constitucional, na linha sucessória do Executivo.
***
Antes fora Toffoli, que permitiu que Renan se safasse ileso até o final de seu mandato como presidente do Senado. Agora é o amigo dileto, e tão presente, de temer, a quem ele está incumbido de julgar...
O que permite que Eunício de Oliveiira, o Índio da lista de delação da Odebrecht, que vazou para a midia possa ser eleito para presidir o Senado. Ou seja, como é comentário comum no futebol, o que estamos vendo é sair Renan, para entrar Índio, ou seja, trocar seis por meia dúzia.
Ou como diz velha máxima: muda tudo, para continuar tudo na mesma.
***
A homenagem ao ministro tragicamente falecido cai ainda no vazio, quando se sabe que quando teve oportunidade, ele decidiu pela quebra do sigilo de delações que homologou, ao contrário da decisão agora da presidenta do STF.
Comportamento acatado sem qualquer sinalização de discordância do Procurador Geral Janot.
Situação que permite que continuem os vazamentos seletivos, uma das piores nódoas do processo de investigação da Lava Jato.
Apenas que a bola da vez é o tucano aecim. Que a rigor, nem poderia ser chamado de bola da vez, já que nunca deixou de estar na mesa e estar sendo espertamente esquecida atrás de outras bolas mais fulgurantes.
Razão porque se a Folha menciona sua participação ativa na negociação de propinas em licitação com a Odebrecht, o nosso pasquim Estado de Minas, aliado incondicional do atraso em nosso estado, nada menciona a respeito. E, mais curioso, é nosso pasquim que está adotando a postura mais correta, de não acusar sem que haja provas.
Claro, o que não valia para Lula ou para o PT ou os petistas.
***
A pergunta que não quer calar e que o senador mesmo explicita, até como forma de tentar ganhar tempo, é porque não se decide, de imediato pela quebra do sigilo das delações. Até para que no meio de 200 e tantos nomes e mal feitos, alguns nomes tenham seu peso ou importância reduzida.
***
E é bom que lembremos de como Janot, ao interromper a negociação de delação com Leo Soares, dirigente da OAS, e que citou o nome de aecim e outras aves raras, alegando vazamento de informações, colaborou para que o nome do senador por Minas ficasse fora de foco.
***
Celso de Mello, o decano, decide mais uma vez a favor de temer, seu amigo, no caso da permissão de candidatura de Rodrigo Maia a presidente da Câmara.
E depois de o ministro presidente do Tribunal Superior do Trabalho, o ministro da Opus Dei, Ives Gandra Filho, ter sido recomendado por ocupantes da cúpula da Igreja Católica, para indicação à vaga no STF, vemos que continua a pressão de setores da área jurídica para que o indicado seja Moro, juiz que assume atitudes autoritárias e incompatíveis com o respeito às normas constitucionais; enquanto o mundo político, talvez querendo se safar da quantidade de atrapalhadas do ministro da Justiça Alexandre de Moraes, faz pressão para que o ministro do governo temer seja o responsável por estar em local em que decisões fundamentais para o funcionamento da sociedade sejam adotadas.
Como se vê, continua tudo como dantes.
***
Situação que permite que a questão do rombo das contas públicas e o déficit primário recorde, de mais de 155 bilhões do governo temer, e a elevação em 1/3 do nível de desemprego, passem sem maiores análises, já que os dois resultados são fruto de medidas ditas moralizadoras, mas de cunho conservador e recessivo, adotadas desde que o usurpador chegou ao poder.
Aliás, manda o senso de justiça que a culpa seja, parcialmente e não integralmente como o temerário alega, compartilhada com Dilma, e sua guinada a favor do mercado no início de seu mandato.
O que não dá para escapar é que, seja o ocupante legítimo do cargo de presidente, seja o ilegítimo, quem determinava a política econômica que nos conduziu ao estado deplorável das contas públicas (queda de arrecadação, elevação de preços - administrados e, por consequência, em geral, aumento de juros) foi o mercado, principalmente os mercados financeiros, por seus analistas.
***
O que vale, por fim, que a gente se questione a razão de ser cultural em nosso país, a ideia de que tudo que é publico é ruim, atrasado e corrupto. E tudo que vem do setor privado é avançado, legal, bom e eficiente. E justo.
Como o provam as Odebrecht, OAS, Andrades Gutierrez, ou os Eikes da vida.
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