segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Pitacos de como vi a eleição do "soldadinho de chumbo" e as reações que se seguiram

28 de outubro de 2018. Um Brasil rachado foi às urnas para escolher um novo presidente.
Ainda no início da noite, as urnas eletrônicas indicavam que, com 55% dos votos válidos, a população brasileira elegeu para conduzir seu destino nos próximos 4 anos, o soldadinho de chumbo.
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Isso sem que qualquer um dos eleitores que, imediatamente saíram às ruas para comemorar, surgissem para fazer qualquer referência quanto à lisura do pleito, a inviolabilidade das urnas eletrônicas, tão vilipendiadas.
O que demonstra que toda as acusações, toda a denúncia de fraudes nas urnas, toda a acusação de que o jogo estava viciado e seu resultado já determinado, não passasse de ...  a menos que...
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Não vou ficar aqui, fazendo o mesmo tipo grotesco de insinuações e mostrando a mesma falta de espírito democrático e republicano dos eleitores que comemoravam.
Apenas destacar o fato: toda as acusações feitas tinham um único objetivo, longe de servir de alerta. Tratavam apenas de criar o ambiente propício para que, em caso de derrota, o golpe autoritário pudesse ser posto em movimento.
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Porque na verdade, até aqui, sempre acreditei que grande parte do eleitorado do soldadinho de chumbo fosse de pessoas democratas em sua essência, que eu considerava como iludidas em sua boa fé e esperança.
Hoje, devo confessar que a ingenuidade era minha, por acreditar que os eleitores do capitão eram autênticos democratas, dispostos a participar do jogo e aceitarem o resultado, qualquer que ele fosse.
Engano meu.
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Mas como sua escolha foi a que obteve a maioria dos votos válidos, a questão das urnas foi deixada de lado, esquecida; a ameaça de não aceitação do resultado foi abandonada, a ameaça de golpe ficou de lado.
Ao menos por hora. O que é bom e, há que se admitir, parece ser o que temos para o momento, a julgar pelo discurso cheio de platitudes e frases e juras de apego democrático ditas pelo presidente eleito, em seus pronunciamentos iniciais.
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E digo isso, com o espírito carregado de preocupação, não para passar a ideia de que estou torcendo para dar errado. Estou com medo.
E medo é algo diferente de estar querendo que algo aconteça.
Afinal, se o soldadinho de chumbo relevar-se um mandatário capaz de fazer um bom governo, para todos os brasileiros, inclusivo e de paz e justiça social, como não reconhecer e elogiar tal postura?
Mas, até para verificarmos isso, a primeira condição é a adoção de postura de alerta máximo.
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Ocorreu-me, hoje, fazer algumas considerações.
O "mito" foi eleito com 57 milhões de votos, para arredondarmos o número. Contra 45 de seu adversário e um total de mais de 30 milhões de cidadãos que se abstiveram de votar, ou votaram branco ou nulo.
Apenas brancos ou nulos, somam 8 milhões.
Então é dever nosso destacar que nosso próximo presidente, ao contrário do que tem sido apregoado, não tem a maioria do povo brasileiro. Ao menos 70 milhões de brasileiros não o apoiam incondicionalmente, nem lhe deram um cheque em branco.
O que não significa que não irá hipotecar-lhe apoio, em decisões que ele venha a tomar e que sejam, reconhecidamente capazes de beneficiar à totalidade do povo.
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Feitas as contas, para cada 3 eleitores do ungido pelas urnas, há 4 brasileiros que preferem pagar para ver. Aguardar, vigiar e cobrar. Ou opor-se.
O que é bom para obrigar o eleito a estabelecer pontes de comunicação.
Ou lançar suas cartas de uma vez.
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Em relação ao discurso de vitória, falar que vai estabelecer uma relação comercial que não seja fundada em um viés ideológico e que restabeleça parcerias com todos os países desenvolvidos, é no mínimo, não ter um compromisso com a verdade.
Primeiro porque devemos sempre visitar a história para que não saiamos difundindo asneiras que, ditas por algumas pessoas, especialmente um "mito", podem transformar-se, sem o ser, em verdades. Algumas até absolutas.
Foi Jânio quem reatou com Cuba nos idos de 60 e até condecorou o Che com a mais alta comenda do país.
Foi Geisel, depois de governos militares onde Bob Fields (o ministro Roberto Campos!) deixou seguidores, que adotou política de não alinhamento total ou de alinhamento pragmático com os Estados  Unidos.
Até então, por influência do tal ministro, dizia-se que, para onde pendessem os Estados Unidos, ali estaria o Brasil.
Pois foi Geisel com a ampliação do mar territorial para 200 milhas, e depois o acordo nucler com a Alemanha, mostrou que o Brasil tinha que ter parcerias variadas e não um comportamento dócil, servil até, em relação ao país, cuja bandeira o recém-eleito, venera.
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Ah! antes que alguns critiquem, a reaproximação do Ocidente com a China foi protagonizada por Nixon, "aquele comunista que foi presidente dos Estados Unidos".
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Foi no governo Lulla que a política externa brasileira mais angariou respeito de países como os Estados Unidos, afinal, como Obama mesmo afirmou, Lula era o seu "chegado". Ou o cara!
E foi Lula que foi recebido, sempre com honras, em todos os eventos, o que pode ser visto pela sua posição central nas fotos de eventos e encontros de líderes do planeta.
Isso, mesmo com as gafes cometidas por Lula em visita a países da África.
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Mas, vá lá. A política de comércio do Brasil, sob a gestão do PT já de há muito não tem o viés ideológico, embora tal inverdade seja repetida tantas vezes que, aqueles que não têm obrigação de entender de economia e relações internacionais passam a acreditar nisso.
Senão, como explicar que foi, justo nos governos petistas que nosso agronegócio, soja à frente, conquistou mercados internacionais.
Claro, a conjuntura ajudava, e mais ainda, os produtores nacionais fizeram por melhorar sua produção e produtividade.
Mas, havia algum empecilho comercial oposto ao crescimento de suas vendas, por parte do partido no poder?
(Ah!, pelo amor de Deus, não vale o papo de custo Brasil, cipoal de impostos, etc. falta de infraestrutura, porque isso prejudica a todos, e talvez até mais internamente).
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Ainda do discurso, afirmar que irá governar em obediência estrita à Constituição, é sinal de que haverá respeito?
A que Constituição? A atual ou aquela que poderá surgir de várias reformas que nossa Carta permite fazer?
Se nosso soldadinho de chumbo quiser alterar a forma e composição etc, da Suprema Corte, e enviar projeto de Emenda Constitucional nesse sentido, ele poderá fazê-lo?
Aprovada a emenda, por hipótese, não estará ele cumprindo a Constituição que jurou cumprir?
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Se isso for chancelado pela maioria do Legislativo e pelo povo, não é perfeitamente do jogo democrático e seu funcionamento?
Então, embora eu ache que seja um ditador de meia pataca, e completamente despreparado para o cargo, Maduro pode ser acusado de que mesmo???
Será que nosso futuro presidente tem mais discernimento que o venezuelano?
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Discursar afirmando que vai se preocupar em acabar com o déficit primário é dever de todo eleito. Mas, como fará isso?
Seu guru repetiu isso  logo depois de conhecido o resultado: via privatizações.
De que mesmo? Por que em campanha, entre idas e vindas, o candidato autorizou, deu força, desautorizou publicamente, mandou ficar calado, etc. por várias vezes e tratando de vários temas ao seu "Posto Ipiranga".
Aliás uma pergunta se impõe: sabendo-se de sua "cruzada" contra a corrupção, você raro leitor, concorda com a escolha para ministro da área econômica de alguém indiciado pela Polícia Federal por crimes na esfera econômico-financeira?
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Segurança é sua bandeira. Ok. Parece que é questão de todos nós e preocupação geral.
Mas isso significa que a população ter acesso às armas será mesmo a solução?
Quer dizer que entre a lei do feminicídio e o porte de arma em sua bolsa, a mulher prefere ambas. Ou seja, a arma passa a ganhar uma dimensão maior que a justiça e a lei?
E o que será da situação da mulher, vítima de agressões morais e não físicas, se o troglodita com quem tem relacionamento descobrir que ela comprou uma arma?
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Pelo pouco que conheço do direito, a mulher em uma discussão mais acalorada, temerosa de tomar uma surra, vai até a bolsa ou gaveta no quarto e volta para a sala com a arma.
E se o homem, mais forte, lhe desarmasse e atirasse, isso não poderia caracterizar um ato de legítima defesa? Afinal, a arma era dela. Ele era o agredido....
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Para concluir as minhas observações: fui ver no dicionário, google, e etc, o significado de mito.
Descobri e admito que meu conhecimento é superficial no assunto, que mito são narrativas que eram usadas pelos povos, principalmente o grego, para explicar aquilo que não conheciam ou não tinham capacidade de entender.
Assim, para tentarem dar respostas a suas dúvidas, justificar situações, ou valorizar pessoas reais que praticaram atos relevantes, atribuíam a essa situação a classificação de algo sobrenatural. Divino, até.
Mitos eram então os símbolos que serviam como explicação para aplacar a sede de conhecimento que a ignorância dos povos não era capaz de explicar racionalmente.
Logo, mito eram o reconhecimento de como aquele povo que neles acreditava era oco, vazio, pobre de conhecimento e espírito.
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Achavam com a criação de mitos inverossímeis que entendiam os eventos que os atemorizavam e ao endeusarem situações, pessoas, etc. acreditavam estar agradando a eles, o que lhes permitira fugir e evitar um castigo do desconhecido.
Ou seja, mito era o reconhecimento das pessoas de o quanto eram ignorantes e como precisavam de proteção.
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Bem, quem atribuiu ao soldadinho de chumbo a alcunha de mito foram seus seguidores, o que já diz muito a respeito de cada um deles e seus medos e anseios.
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Antes que me critiquem a ideia de soldadinho de chumbo vem do brinquedo de minha infância, das imagens de um militar empertigado, assim como o presidente eleito.
Nesse momento, utilizo-a, sem qualquer conotação pejorativa, embora apta a servir de outra forma no futuro.
Que espero não chegue, e que nosso soldadinho encontre, na nação a bailarina que irá fazer seu comportamento se alterar.
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Por último, muitos vizinhos comemoraram ontem com fogos, gritos, aplausos, etc.
Vários gritavam frases contra o PT e comemoravam a queda dos "petralhas".
Apenas uma vez ouvi alguém gritar o nome "Bolsonaro". De forma muito  tímida e até insegura.
Parece que a conquista ontem não era do eleito, mas da derrubada do PT.
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O que convida à reflexão de porque e como, o PT provocou tal comportamento.
Mas isso fica para outras reflexões e outros pitacos.

Um comentário:

Julio Cesar Ferreira disse...

Certa vez em uma aula de economia no ano de 2012, fiz um comentário sobre minha posição política em sala de aula, recordo-me, estava fora do período Eleitoral, mas, mesmo assim minha crítica era sobre a esquerda que o Brasil estava fortemente inclinado, meu professor na época me chamou de "puro" e me disse que, minhas fontes eram corrompidas, naquele momento fiquei chateado, claro! esperava uma explanação do meu mestre. Lembro-me de ser questionado sobre minhas fontes, e claro, citei os jornais de grande circulação do país. Passou o tempo e esse episódio nunca saiu da minha mente, fui buscar outras fontes então, e percebi que meu discurso de centro direita realmente continha fragilidades, mas aquele era apenas o segundo período de um jovem do interior que chegava à capital com ávido desejo de aprendizado, embora sua caminhada já fosse bastante calejada, era microempresário e o país estava vivendo um período de crescimento econômico. Contudo aquele discurso de esquerda nunca me convenceu, e assumi desde então uma postura de menor combate nas aulas e mais reflexão. Os anos se passaram, 6 para ser exato, meu “medo” se concretizou, não apenas pela esquerda fazer um desastre na política nos governos da Presidente Dilma, mas por entrar numa onda de “mi-mi-mi” e não fazer uma reflexão sobre os erros, colocar em desmoralização o Judiciário brasileiro “embora o vende-se fica soltando bandidos a todo instante” e o Batman tenha declarado apoio ao que ele mesmo disse em seu twitter na época “ Me agradeça não votando no PT” . Sou contra todo tipo de fanatismo, independente do lado que esse fanatismo esteja.
Uma coisa esses anos me mostraram muito bem, minha pureza não era apenas pela opinião vendida da mídia, mas principalmente por imaginar que um professor de economia, um líder em sala de aula, que, ao invés de dar aos seus alunos os dois lados isentos, para que, eles escolham o que melhor se adequa aos seus anseios tentou e tenta direcionar seus ideais políticos em sala de aula, como se essa fosse um púlpito particular, uma pena tudo isso.
Desejo sorte ao novo Presidente, ele não reflete em tudo meus anseios, mas neste momento pra mim e para a maioria. É melhor enfrentar o novo, que a certeza de ser governado de dentro de um presídio.