sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Autoanálise no aniversário dos pitacos. E a certeza: a esperança afasta o medo e derrota o ódio.

7 de outubro. Sexta feira.

Ou usando a gíria das redes sociais, que ganhou asas e invade todos os nossos ambientes e grupos, SEXTOU.

Ou melhor: #SEXTOU.

Vivendo e aprendendo: procurando por informações sobre o termo no GOOGLE, tive minha atenção despertada para a obrigatoriedade do uso da ‘hashtag # ‘ .

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De minha parte, mais interessante é a explicação: impedir que postagens com a expressão, junto a fotos de amigos, reuniões, bebidas, etc. na comemoração da chegada do fim de semana, não fosse identificada com uma verdadeira orgia, bacanais, surubas e que tais.

Afinal, sextou em inglês, idioma que domina corações e redes ligadas ao mundo digital poderia ser entendido como SEX  (sexo)   TO (para)   U (você).

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Mas 7 de outubro é uma data que não pode jamais passar em branco, ao menos para o tambemquerodarpitaco, que completa, nessa data, 12 anos de aniversário.

Nem sempre com a constância desejada, mas com algumas características que, a cada mês,  não deixaram de estar presente. Mesmo quando um questionamento sobre a validade do blog, sua forma, seu alcance e significado pudessem provocar e trazer um certo desalento.

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Sem me deixar derrotar pelo desânimo e de forma insistente, considero importante destacar certas características comuns, presentes em todos os pitacos.

A primeira e mais notável, os textos longos, várias vezes criticados por amigos, colegas, companheiros e até inimigos (que não me lêem!).

Tantas foram as vezes que fui criticado pela verborragia, e tantas as sugestões para que eu procurasse adotar formas mais acessíveis de manifestar minhas opiniões que acabei me convencendo: já está em fase de testes a apresentação dos pitacos sob a forma de vídeos.

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Admito que resisti o quanto pude, por acreditar que a leitura de um texto é sempre mais enriquecedora que outras formas de transmissão do conhecimento. Afinal, a leitura abre espaço para possa se manifestar a imaginação do leitor, de forma ampla e única,  fruto de sua formação, seu modo de ver o mundo, suas crenças, princípios e valores,  das experiências de vida e aprendizados que veio acumulando  ao longo do tempo.

Nesse sentido a leitura não constitui apenas transmissão, mas possibilita o desenvolvimento do próprio processo de aprendizagem e induz a análise atenta e crítica do objeto de estudo.  

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Quanto à transmissão do conhecimento por meio de imagens, filmes, vídeos, na maior parte das vezes deverá fazer apresentar uma solução pronta e acabada, dentre várias alternativas possíveis, podendo constituir-se em um entrave, limitando o desenvolvimento crítico do raciocínio, da criatividade e imaginação.

Tolhido, o sujeito alvo do aprendizado pode se acomodar à solução proposta, deixando de investigar outras, questionar, formular conclusões próprias.

Pior: na ocorrência de situações problemas futuras, o indivíduo poderá ser induzido a adotar a solução memorizada, como se fosse uma receita de bolo, desconsiderando possíveis alterações de variáveis envolvidas.

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Reconhecendo ter um texto prolixo (quem sabe pro lixo?), outra característica dos pitacos é assumirem às vezes um tom professoral, não no sentido de domínio profundo e douto do é um tom algo professoral, não no sentido do domínio erudito e aprofundado do tema, mas na preocupação em sempre buscar alicerçar minhas opiniões a partir da explicação da origem tanto do problema quanto de minhas afirmações, procurando alicerçar meus argumentos em conceitos e teses difundidos e debatidos.

Nesse sentido, os pitacos poderiam ser acusados de certo academicismo, quando não de fazerem uso do argumento da autoridade, o que nunca foi minha intenção.

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Adicionalmente, os pitacos buscam apresentar minha visão de mundo: uma visão situada mais à esquerda em relação ao espectro do campo político, alinhado à preocupação em contribuir para a redução das desigualdades e injustiças sociais; na contribuição para o debate de uma perspectiva que busca valorizar e respeitar o ser humano no que ele tem de mais rico: sua diversidade.

É que, apesar de pertencermos a várias espécies, gêneros e classes, fazemos parte de uma mesma mesma raça, uma mesma sociedade.

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Mais recentemente, os pitacos têm por um lado demonstrado certo assombro, certa incredulidade em relação a um tipo de comportamento que vem ganhando terreno em nossa sociedade, assentada sobre o ressentimento, o ódio, o autoritarismo e um pretenso respeito a um individualismo e uma liberdade que nada tem de novo ou libertário.

Ao contrário esta é uma noção de liberdade que se baseia no retrocesso ao estado da barbárie, anterior à etapa da formulação do contrato social de formação do Estado, mola mestra do liberalismo e conservadorismo esclarecido.  

A liberdade que visam é a liberdade da imposição do mais forte e mais poderoso, dos mais armados e violentos, em prol da construção de uma sociedade de ódio.

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Aqui, sempre me bati pelo cumprimento de nosso acordo social, representado pela elaboração, discussão e aprovação da Constituição Federal de 1988, que consagra em suas disposições e seus artigos e parágrafos, o direito de todos os cidadãos a uma vida digna e justa.

Embora não suficientes os direitos assegurados, a Constituição traz o minímo necessário para que seja possível alcançar uma sociedade menos desigual e solidária. Uma sociedade democrática.

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No entanto, são essas garantias que estão sob ataque de uma horda de criminosos  e falsos profetas que, munidos de falsos argumentos, promessas mirabolantes e fantasiosas, preceitos religiosos de fachada e sem conteúdo, visam apenas iludir ao povo, em benefício de uma quadrilha formada por uma família e os seus companheiros de gangsterismo.

Por isso, embora dominado pelo assombro, os pitacos não se deixam ficar imobilizados pela intimidação e pelo medo.

Nós sabemos que a esperança vence o medo. E a esperança está no ar, portando a estrela no peito vermelho onde corre nosso sangue.

A saída existe e  não é o aeroporto: a saída é LULA LÁ!

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2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns pelos 12 anos de pitacos, especialmente nestes momentos tenebrosos de retrocesso, em que as pessoas pouco leem ou refletem e se deixam levar por manipulações grotescas da realidade e discursos de ódio. Obrigada por ser luz na busca da justiça social e de uma humanidade digna!!!

Anônimo disse...

Parabéns! Lucidez e senso de justiça social. Que suas atividades persistam por muitos anos.
Neuza Maria Costa Botelho