quarta-feira, 13 de julho de 2011

Juros à vista.... em elevação a estibordo???

O mercado já se agita, e espera nova elevação da taxa básica de juros, a SELIC, a ser decretada pelo COPOM, em reunião na semana que vem.
Apostas que vão de uma elevação de 0,25 a 0,50% de aumento, de vez que a inflação parece dar sinais de continuar respirando.
O curioso é que, em meio a indícios de novas elevações, agora esperadas em função da frustração de safras, por força do frio e das geadas; da falta de umidade suficiente para o plantio, etc. etc. outros indicadores revelam o estrago que a política de arrocho monetário provoca.
Situam-se entre essas a elevação para níveis recordes, do índice de inadimplência, a contínua e avassaladora corrente de entrada de dólares em nosso país, a sobrevalorização do real daí decorrente, que ajuda a encarecer matérias primas, peças, partes, componentes, e salários.
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Por força dessa valorização excessiva do real, São Paulo, nossa capital econômica passa a integrar o seleto grupo das dez cidades ou regiões metropolitanas com o maior custo de vida do planeta, conforme divulgado ontem, pela imprensa.
Responsabilidade da elevação de custos da alimentação, especialmente na rua, das tarifas de transporte, dos preços de diárias de hotéis, e serviços, entre outros. Não por acaso, bens não passíveis de comercialização no mercado internacional.
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Por outro lado, como consequência da elevação de juros e da atratividade dos papéis de renda fixa, a Bolsa despenca, no que é fortemente ajudada pelas previsões de queda de produção e vendas decorrentes da política recessiva atrelada aos juros elevados; da queda de investimentos ou da interrupção de decisões de investimento em curso, também consequência da desaceleração da atividade econômica e da elevação do custo do dinheiro; e da crise internacional que não quer se afastar do horizonte e, ao contrário, parece estar cada vez mais próxima.
Crise que hora abala a Irlanda, hora abala a Grécia, e que em seu desenvolvimento vai arrastando as economias de Portugal, Espanha, Itália, colocando em sério risco a própria sobrevivência da Comunidade Européia.
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Mas, voltemos ao Brasil, para relembrar que a elevação pura e simples dos juros, além dos efeitos deletérios sobre nossa moeda e nossa capacidade de exportação, afeta nossa indústria dando ensejo ao início de um processo de desindustrialização. Mais que a mera contenção da demanda agregada, a sombra do desemprego é o que pode surgir no horizonte, isso sem contar que a elevação dos juros e das despesas financeiras realimenta o processo de elevação de custos, preços e inflação.
Apenas para não falar do próprio processo de rolagem da dívida mobiliária do governo, cada vez mais cara e, portanto, cada vez mais apta a ampliar o déficit nominal das contas públicas.
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Melhor as medidas de contenção de crédito por meio de exigências de medidas mitigadoras do risco, como a ampliação da exigência de capital como contraparte das operações de crédito por parte das empresas, e outras, como a anunciada ontem pela presidenta Dilma, de apoio ao programa de agricultura familiar e outros programas destinados a ampliar o crédito público para decisões de investimento e obras em infra-estrutura.
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Afinal, a Copa está aí e, apesar da possibilidade de roubalheira e gastança com a construção de estádios destinados a se tornarem verdadeiros elefantes brancos, há que se aproveitar a oportunidade para tentar resolver de vez, ou dar início ao processo de resolução de gargalos já históricos relativos a transporte público; estradas, aeroportos, telecomunicações e telefonia, etc. etc.

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