terça-feira, 12 de julho de 2011

Lições de economia

Vale a pena a leitura do texto publicado na Folha de ontem, de Paul Krugman, sobre a suposta confiança que o discurso de Obama tenta passar à sociedade americana.
O que é bastante curioso, para não dizer outra coisa de meu atrevimento de "recomendar" a leitura de um Prêmio Nobel na área.
Não que a mera premiação seja capaz de colocar o vencedor junto aos demais deuses do Olimpo.
O prêmio, como ninguém discute, tem muito de ideologia, de convergência com o pensamento dominante e o laureado, muitas vezes se destacou apenas por pertencer à corrente "bem pensante".
De minha parte, concordo com Paul Davidson, professor de Teoria Econômica da Universidade do Tennessee, um dos expoentes da corrente de pensamento pós-keynesiana, para quem, diz a lenda, muitos desses ganhadores do Prêmio Nobel deveriam ganhar, isso sim, o prêmio de estelionato intelectual do ano.
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Ninguém discorda de que, independente da corrente de pensamento a que se filiam, todos os vencedores durante toda sua vida fizeram pesquisas e experimentos, desenvolveram teses e redigiram trabalhos que os fizeram destacar em meio a uma grande quantidade de outros economistas de mesma opinião.
E ao se destacarem, já fazem jus ou fizeram a um tipo de reconhecimento que o prêmio, sem dúvida, induz.
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Mas Krugman é diferente, por suas posturas de pensamento mais arejado, mais avesso à aceitação e divulgação de dogmas.
E o artigo de ontem mostra exatamente a importância de se manter um mínimo de honestidade intelectual e liberdade de pensar.
No caso, Krugman até não criou nada excepcional. Na verdade, tão somente reintroduz na discussão que se trava junto ao Congresso americano, os conceitos e os argumentos apresentados por Keynes há mais de 60 anos.
Ou seja: em uma economia que apresenta sinais de ainda não ter se recuperado da crise financeira que teve em 2008 o seu ápice, não é a política mais correta patrocinar-se um corte de gasto público. Ao contrário, o corte de gastos nessa hora, apenas porá mais combustível na fogueira que destroi a capacidade de geração de empregos nos Estados Unidos.
E, sem emprego e sem renda, o consumo cai, arrastando consigo a demanda agregada.
O que não irá criar um ambiente estável e saudável para que a iniciativa privada possa retomar seus planos de expansão e investimentos, promovendo a tão ansiada recuperação.
De mais a mais, o agora esquecido paradoxo da parcimônia, explica a contento a falácia de querer que o governo aja como se fosse uma unidade doméstica ou familiar, preocupada em poupar, ou não gastar além de seus recursos, no caso a receita de impostos.
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Pois bem, todas essas críticas têm como causa o discurso de Obama que, para tentar conquistar votos favoráveis a seu pacote junto à oposição no Congresso, afirmou que "como qualquer unidade familiar o governo tem de voltar a viver dentro de sua limitação de recursos; que o governo não pode gastar além do que arrecada; que só reduzindo o vultoso déficit público, a economia americana voltará a encontrar um ambiente saudável para se desenvolver. Que esse desenvolvimento passa pela iniciativa e ação de empresários e empreendedores.
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A conclusão de Krugman é no sentido de que, Obama parece estar perdido ou cedendo ao discurso mais conservador ...  e equivocado, o que retira do presidente qualquer possibilidade de manter a coerência ou continuar merecendo o respeito de seus partidários.

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