quarta-feira, 27 de julho de 2011

Sugestão: porque não se discutir a pena para crimes contra a vida?

Mais uma vez voltando à Noruega, infelizmente não ao país, mas ao tema do ataque realizado na semana passada por um maluco.
Desta feita para levantar uma questão que acho muito intrigante, em especial, por não estar sendo repercutida como acho que deveria, por nossa mídia. Fosse o caso no Brasil, seguramente o estardalhaço estaria grande.
Trata-se da possível penalidade a ser aplicada ao autor tresloucado dos ataques. Pelas 76 mortes, a pena máxima, segundo o que se tem noticiado é de 21 anos.
Para talvez o maior crime, contra a humanidade, em que parece alguns gostariam que o suspeito fosse incurso, a pena seria ampliada, totalizando 30 anos.
E olhe que a Noruega, com tais apenações é tido como um dos países mais tranquilos do mundo. Tão tranquilo que o ato insano causou mais que consternação, completa estranheza.
Pelo que se percebe, crimes contra a vida lá não são comuns. E, parece, o grau de violência é bem inferior ao de outros países, como o nosso, para citar um exemplo único.
A ponto de, o que parece ser uma brincadeira, as autoridades norueguesas não saberem nem contabilizar o número de vítimas, o que fez com que o número inicial de vítimas fosse, agora, revisto para menos.
***
E aqui no Brasil, onde nossas cadeias, ao contrário das norueguesas, mostradas em cenas de jornais televisivos, não têm frigobar ou televisões de tela plana nas celas (cômodos)?
E aqui no Brasil, onde nossas cadeias abrigam 150 detentos, onde às vezes deveriam estar 8 ou 10 pessoas?
E aqui onde as condições de higiene das celas são as piores possíveis, exceto, talvez para alguns figurões, ou algumas pessoas famosas, como Fernandinho Beira Mar, Cacciola, o goleiro Bruno - caso mais recente?
Bem, aqui, como não temos o sangue frio dos nórdicos, a gente parece querer sangue. E, não raras vezes, um crime mais chocante imediatamente desperta a grita a favor do aumento da apenação. Ou seja, ao contrário do país quase sem violência das zonas de gelo, a gente aqui parece querer é mesmo sangue. E, como tal, sempre há alguma voz para se levantar e exigir maior rigor na punição a ser aplicada.
Desnecessário dizer que, até mesmo a pena de morte é costumeiramente trazida à luz. Às vezes, e digo isso aqui como constatação, pelos mesmos hipócritas que defendem a posse indiscriminada de armas pela população e, pior, condenam veementemente o ...... aborto, por representar uma ..... pena de morte.
***
Embora no Jornal da Band, eu já tenha ouvido referência jocosa, até certo ponto à totalidade da pena (coisa de 4 mortos para cada ano de cadeia!) que está sendo divulgada, nada mais foi dito.
E eu acho que nessa hora esse era um debate interessante. Primeiro por estar afastado de nossa realidade mais imediata, o que permitiria que os argumentos pudessem ser apresentados e debatidos com menos passionalismo.
Depois porque, afinal, se nossas condições do sistema prisional estão agora sendo objeto de críticas, em especial com a determinação de que certos tipos de crimes não tenham como consequência a aplicação da privação da liberdade a seus autores, acho que seria uma pauta de extrema oportunidade para ocupar as atenções de nossas redações. E analistas: aí incluídos advogados, magistrados, psicológos, sociólogos e o povão em geral. Em geral, vítimas.

Nenhum comentário: