sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Vernissage

Azul
como a cor do céu, do mar
do automóvel que passa
da tarde que desce vespertina
do laço no cabelo da menina
Ou do vestido da mulata...
da asa da borboleta
que nem só de azul se pintou
recortada pelo vermelho vivo.

Como o sangue
ou o sabor do morango
o lábio carnudo, entreaberto
a cor da terra virgem
a cor do pecado da vida
do amor tresloucado na relva

Verde,
como as flores do campo,
ou as folhas da floresta,
a bandeira que tremula no mastro
Como a esperança
como a grama que recebe o castigo do sol
que doura a terra
amarela
como as cores de minha aquarela
onde sobressaem tons pastéis

No cadinho
misturam-se as cores vivas e as das naturezas
mortas
os tons ocres e as trevas
o branco da paz
e o reflexo das luzes

No papel
imprimem-se as emoções incontidas
num composto de traços e rabiscos
riscos e nebulosas cerebrais

Em minha imaginação
só palavras
que ousam revelar o esteta
da tela nua do poeta.

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