quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A trajetória errática do Galo

Acabou a gordura. Tudo que o Galo tinha feito no primeiro turno, entusiasmando a maioria de sua torcida fanática, e chegando mesmo a surpreender à minoria mais experiente e calejada da sua legião de fans acabou por esvair-se na noite de ontem.
Apático nesse segundo turno de campeonato, o Galo não é nem sombra do time aguerrido, combativo, veloz e de toque de bola que encantou até mesmo a crônica esportiva, em geral muito pouco disposta a elogiar times de fora do eixo Rio - São Paulo.
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É verdade que o Fluminense, atual líder do campeonato, acumula hoje tantas vitórias como insinuações de ajuda e mais que isso, ajuda mesmo, flagrante por parte dos homens de preto, sopradores de latinha.
Ainda no primeiro tempo, contra o Vasco, pênalties não marcados, uma falta e um tapa dado por Tiago Neves no jogador adversário, Fernando, se não me engano, que estava no chão, seguido por uma cabeçada no mesmo jogador, quando o vascaíno levantou para reclamar do tapa, na sequência ainda do lance, tudo sem sequer receber o cartão amarelo. Para culminar o gol de falta de Tiago Neves, chutando justo no lugar em que originalmente se encontrava a barreira do Vasco, vítima de um empurrão indecoroso de jogador do Flu, tamtém postado na barreira. Verdadeiro strike de boliche, em pleno Engenhão.
Depois vieram os jogos contra o Figueirense, que teve anulado o gol que garantia o resultado da virada. E o jogo contra o Náutico, com penalidade clara em Kim, fruto de um empurrão do Gum, não assinalado pelo apitador de lata.
Exige a consciência que se reconheça que o gol do Flu contra o Galo no primeiro turno, de Fred, foi mal anulado pelo juiz, em lance que, mesmo gerando dúvidas e sendo resolvido apenas pelas câmaras da tv, foi gol legítimo afinal.
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Mas também é forçoso lembrar que quando estava embalado e vinha em uma trajetória crescente, o Galo teve o seu jogo contra o Flamengo adiado, esse mesmo jogo que realizado ontem, pegou um Flamengo completamente diferente daquele outro. Se antes caindo pelas tabelas, trocando técnico, sem confiança, o urubu se armou, contratou pelo menos uns três ou quatro jogadores que chegaram já para fazer parte do grupo titular e, ontem fizeram a diferença. Em especial, o Cléber, o Liedson e o Cáceres.
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No Galo, ao contrário, a coisa parece ter desandado. Já de algum tempo tenho reclamado em meus pitacos de que o time não toca mais a bola com objetividade e velocidade, aproveitando as descidas de jogadores velozes como Bernard, Danilinho, Marcos Rocha, ora pela esquerda, ora pela direita, os dois últimos.
Se antes a bola vinha de pé em pé, e o time tocando a bola no chão, agora a bola é rolada para trás, cada vez mais desesperadoramente para trás, até que um chutão, de Victor, Réver ou outro defensor possa tentar fazer a ligação direta, com Jô lá na frente. Ou com algum jogador baixinho, como os que o Atlético tem na frente, começando pelos já citados Bernard e Danilinho e seguindo com Ronaldinho, Escudero e essa abstração que é o jogador (?) Guilherme.
Logo, o time do Galo perdeu a capacidade de encantar e, se Cuca classificou o jogo contra o Náutico como o pior do time; Tostão classificou o jogo contra o Grêmio como o mais feio e pior do Galo no Independência; a torcida não se cansa de lembrar como pesadelo do jogo contra a Ponte Preta, também no Independência; ontem o primeiro tempo do jogo foi, novamente, de completo apagão do time, que parece nem ter entrado em campo.
Tanto que apenas chutou a gol em cobrança de falta, aos 41 minutos do primeiro tempo, o que convenhamos é muito pouco para um time que se pretende campeão.
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Pior é que algo me diz que o time do Galo começou a modificar a forma de jogar, e a perder o brilho, exatamente depois da interrupção forçada pelo adiamento do jogo contra o Flamengo, no primeiro turno, em manobra até hoje não bem explicada, nem bem entendida, exceto pelo fato de que o próprio time carioca AGRADECEU em seu site à CBF pela mudança de data.
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Nada disso é desculpa para o time estar mal, e o técnico Cuca tem que jpensar em tomar alguma medida para mudar o panorama. Por exemplo, melhorando a saída de bola da defesa para o ataque, o que exige que Filipe Souto entre no time. Por exemplo, não permitindo que Marcos Rocha continue insistindo em entrar em diagonal pelo meio, embolando aquele espaço e deixando de aproveitar as jogadas de linha de fundo. Por exemplo, deixando de insistir com jogadores que não mostraram a que vieram como Guilherme, ou que mesmo estando aí, já demonstraram não estar à altura do time do Galo, caso ele queira mesmo ser campeão, como Serginho, Neto Berola cai-cai.
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Apenas mais duas observações: o time queimou gordura mas ainda não está tudo perdido. Observando a tabela, vê-se que ainda há bastante espaço para recuperação. Afinal, enquanto o Galo pega a sempre difícil e de péssimas lembranças Portuguesa, lá na terra deles, no domingo, o Flu vai enfrentar o mesmo Flamengo. Ok: o Flu completo de Deco e Fred e o Flamengo cansado, por ter jogado ontem.
Mas o Fluminense pega o Botafogo em seguida, quando nós teremos o Figueirense pela frente, em nosso território. E depois o Fluminense ainda tem que jogar contra o Grêmio num jogo que é do tipo que vale 6 pontos. E haverá o confronto direto entre eles, que se o Galo ganhar pode representar um grande passo para nossas pretensões. Ou seja, se não dependemos mais apenas de nossas forças, ainda há esperanças e basta ter Fé.
Ter fé que dá e jogar bem mais que o apresentado pelo time nesse segundo turno, até agora.
Além disso, torcer para que bobagens, nervosismo e perda de controle, como o de Réver ontem, não venham nos prejudicar novamente.
Réver errou e ao fazê-lo, quebrou a possível tentativa de reação que o Galo parecia esboçar no Rio.

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