segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O apagão do Galo

Fim de semana estranho, ao menos em se tratando de futebol. Não apenas pelos resultados, ou pela falta deles, no caso dos líderes. Mas pela qualidade ou falta dela.
Do jogo do Fluminense, no sábado, apenas a observação feita por alguém a meu lado no boteco: são os porcos magros que sujam a água. E o Atlético Goianiense, que já havia aprontado para cima do Galo no primeiro turno, arrancando um empate, aprontou de novo, vencendo o Fluminense, em terreiro adversário. É verdade que o time carioca estava desfalcado de Fred, o que é um baita desfalque, mas o time goiano mereceu os dois gols que fez e ainda mereceu um terceiro gol, logo no início do segundo tempo. Gol que seria a pá de cal.
Como não foi feito, deu espaço para os cariocas crescerem e ainda partirem para cima, marcando um gol e dando um verdadeiro sufoco.
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Já no domingo, nos Aflitos, foi a vez do Galo desperdiçar a oportunidade de voltar à liderança, perdendo para o Náutico por 1 a zero, placar que não fez justiça ao futebol apresentado pelo time pernambucano. Ou ao completo apagão que tomou conta do time atleticano, desde o início do jogo.
Como prenúncio do que estaria por vir, nem bem iniciado o jogo, Rafael Marques deu uma pixotada dentro da área e por muito pouco o time alvi-rubro não marca o primeiro gol.
Daí para a frente o panorama do jogo não sofreu muita alteração, o Atlético tentava se impor, adiantando seu meio campo, matando as jogadas do Náutico antes mesmo que elas pudessem ser criadas, mas, mesmo assim, quem conseguia avançar e levar perigo ao gol adversário foi o Náutico.
O Galo parecia disperso e, pior, repetindo o mesmo defeito que vem apresentando em alguns jogos em que a marcação do time adversário é mais forte, sem dar espaços para as arrancadas de Bernard e as jogadas de Ronaldinho Gaúcho. Ou seja: mantendo a bola de pé em pé, transmitindo a falsa impressão de ter total domínio do jogo, mas trocando passes sem qualquer objetividade, não raras vezes, acabando por retornar a bola até as mãos do goleiro Victor.
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Assim, a bola que estava com Bernard é tocada para Ronaldinho, que passa a Marcos Rocha, que joga para Pierre, daí a Donizete, Réver e... quando a gente pensa que a jogada irá ser recomeçada, com o time voltando ao ataque, o que se vê é um replay da jogada anterior, bola para Pierre, daí a Marcos Rocha, que atrasa para Rafael Marques, daí a Réver, a Júnior, de novo a Réver, até Victor.
Já disse isso aqui, outra vez, e repito. Parece que o time, sem condições de sair com jogadas tramadas, bola de pé em pé, com objetividade e para a frente, prefere ficar tentando as ligações diretas, com chutão para a frente, de preferência dados por Victor. Isso para um ataque de baixinhos como Danilinho, Bernard, Ronaldinho.
Parece que a expectativa é sempre de que o Jô surja do nada, para fazer o pivô, ou que Leonardo tenha a mesma condição de tentar a jogada que o artilheiro do Galo, embora seja evidente que a forma de jogar de ambos seja distinta.
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E, buscando ir trocando passes até dentro da área, ou até dentro do gol, o Atlético afunila todas as jogadas, centralizando muito as tentativas de gol, e facilitando que a defesa adversária consiga se fechar de forma mais eficiente.
Ora, de há muito, ouço que para vencer uma defesa compacta, a melhor jogada é pelas extremidades do campo. Por conta disso, fiquei ontem tentando contar quantas jogadas pelas pontas foram feitas pelo time do Galo.
E descobri que, exceto os escanteios de Ronaldinho, a jogada de linha de fundo do Galo costuma ser feita por Marcos Rocha, que volta com a bola para o bico da área, de onde troca passes com seus companheiros, tentando entrar pelo meio fechado, o que sempre termina com a bola sendo retornada para Pierre, Donizete, e daí para Réver, já de novo no nosso campo de defesa.
Do lado de Júnior César, ainda há algum lance de chegada à linha de fundo, para que seja efetuado o cruzamento para a área, de forma a que um dos nossos baixinhos possam disputar bolas altas com defesas compostas de jogadores sempre de maior estatura.
Quando Jô ainda está em campo, pode a jogada funcionar e levar algum perigo, mas com Leonardo, especialmente, jogando mais fora da área, voltando para buscar a bola como estava ontem, é exigir demais que ele tenha capacidade para ir lá dentro, disputar as poucas bolas centradas.
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Bem, há muitos anos, quando como campeões mineiros o Atlético disputava a Taça Brasil, lembro-me de que em geral, começávamos a competição tendo que eliminar algum time capixaba, para depois disputarmos, em melhor de três jogos, com algum time pernambucano, em geral, o Náutico.
Lembro-me de que o Náutico era um verdadeiro bicho-papão e que, em geral, era o responsável por nossa desilução e desclassificação.
Pois foi esse sentimento que começou a me passar pela cabeça quando o jogo começou e o Galo mostrou que estava em dia de muito pouca inspiração. Especialmente o Rafael Marques, dando a impressão de estar completamente aturdido. Fora de jogo.
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Não fora Victor, o time do Galo não só teria perdido, como ainda teria amargurado uma sonora goleada e protagonizado um dos maiores vexames do ano.
Poderíamos ter sofrido além do gol de pênalty, outros dois ou três gols, não fosse a excelente participação do goleiro atleticano.
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Mas tudo bem. Perdemos, mas evitamos o pesadelo e o vexame.
Agora é esperar que o time que tanto errou no Timbu, possa ter gasto todo o seu estoque de falhas e possa pegar o Grêmio no domingo, com outra disposição e pegada.
E que, com o apoio da torcida possa, inclusive, não venha a ser novamente prejudicado pelo juiz.
Afinal, se não iria apagar a má impressão da partida, ainda assim, é de se esperar que o juiz marque corretamente todas as faltas havidas, em especial, aquelas que ocorrem dentro da área, e que poderiam mudar o resultado da partida.
Falo do pênalty claro em Berola, não apitado. Falta que poderia permitir ao Galo chegar a um empate, mesmo que injusto pelo que jogou. Mas, falta, ainda assim.

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