Como os comentaristas chamaram a atenção no decorrer de toda tarde-noite de ontem, enquanto iam sendo divulgados os resultados das urnas eleitorais, os candidatos que buscavam a reeleição foram praticamente todos vitoriosos, alguns ainda no primeiro turno.
Para alguns analistas, fica muito mais cômodo para o candidato que concorre para sua reeleição ser vitorioso em suas pretensões, uma vez que tem a máquina pública em suas mãos, tem espaço e visibilidade, tem a caneta do poder - o que significa que pode negociar apoios em condições melhores que aqueles que têm a ofertar apenas promessas e, talvez, histórico.
Com os apoios, amplia-se sobremaneira o tempo de exposição no horário de propaganda gratuita, o que dá uma vantagem muito grande a quem, pelo próprio fato de estar em exercício, já ter necessariamente uma visibilidade muito maior que a de seus concorrentes.
Mas, não basta isso para que a eleição possa ser considerada favas contadas. E disso foi exemplo a eleição de ontem, por exemplo, em Curitiba, ou em Betim.
Claro está que o candidato à reeleição tem que ter feito um mínimo de obras, não necessariamente físicas, mas um mínimo de benefícios em prol da população a qual ele devia servir e que reconhece seu trabalho.
Mas, algumas observações ou pitacos podem ser interessantes, e é a eles que nos dedicamos.
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Por exemplo, Eduardo Paes e Fortunati, o primeiro no Rio de Janeiro e o segundo em Porto Alegre tiveram esmagadora votação, elegendo-se no primeiro turno, com percentual de votos válidos que poderíamos definir como consagrador.
Isso, embora no Rio de Janeiro, o candidato a ser batido tivesse sido o deputado Freixo, que se tornou conhecido por sua luta contra a corrupção policial e a favor de um tema que tem grande apelo popular, relacionado à questão da segurança, e que, entre outros feitos, foi o deputado que serviu de inspiração para o filme Tropa de Elite 2.
Freixo, que conquistou e mobilizou corações e mentes do Rio intelectualizado da zona Sul, obteve a maior votação individual obtida por um candidato de seu partido, o PSOL, ficando apenas abaixo de Heloísa Helena, quando candidata à presidência.
Em Porto Alegre, embora tenha menos informações, a bela deputada Manuela D'ávila foi derrotada também por ampla margem de votos, já que o prefeito reeleito teve praticamente 2 de cada 3 votos válidos.
Deputada atuante no Congresso Nacional, creio que a fragilidade de seu partido tenha contribuídoo para a sua derrota, mesmo que sustentada sua candidatura por uma coligação com 4 outros partidos.
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Já em BH, embora reeleito, o prefeito não teve o percentual de votos que o suposto "melhor prefeito do país" ou o "prefeito mais bem avaliado" deveria ter, mesmo que reconheçamos a força e o prestígio pessoal de seu adversário, além da força dos adeptos e militantes de seu partido.
Na verdade, para quem teve mais que nota 6 em todas as avaliações que comparava os prefeitos das capitais, Márcio Lacerda, o prefeito reeleito, ficar com pífios 52% indica ter havido algum equívoco nas avaliações das tais pesquisas anteriores.
Tudo bem que do outro lado estava o ex-prefeito, ex-deputado, ex-ministro Patrus Ananias, cuja carreira política sempre foi marcada pela preocupação com a melhoria das condições de vida dos menos prevalecidos, e pelas conquistas sociais que sempre foram a marca de suas gestões.
É uma pena, em minha opinião, que Patrus não tivesse sido vencedor no embate de ontem, ele que entrou de última hora na corrida eleitoral por força do desacerto, ou do conjunto de desacertos que é a característica principal dessa aliança espúria e até hoje incompreensível feita por Fernando Pimentel e Aécio.
Aliança que, também em minha opinião, atropelando a tudo e a todos, em especial ao seu partido o PT, tinha como principal motivação o desejo individualista e egoístico de Pimentel ser indicado o candidato a governador por seu partido, com apoio de Aécio...
Faz-me rir.
Qualquer menino sabe que Pimentel deu de presente para Aécio a prefeitura que, desde Patrus estava nas mãos de forças mais progressistas. Pois bem, Aécio deu o golpe no inocente Pimentel, e acaba agora de alijar o PT da Prefeitura.
Com olhos já em 2014, o menino do Rio ainda alavanca a já "provável " candidatura de Márcio Lacerda ao governo de Minas.
Situação que irá se concretizar, salvo se o menino do Rio não preferir concorrer ele mesmo ao Palácio da Liberdade, uma vez que ainda tem idade suficiente para aguardar mais um mandato, evitando de ter de lutar contra o presidente Lula ou a presidenta tão bem avaliada, Dilma.
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Uma palavrinha sobre o presidente Lula, personagem que a imprensa, Rede Globo à frente, não tem sequer mencionado.
Embora tendo sido infeliz na imposição do nome do candidato à prefeitura de Recife, que terminou o pleito amargando um terceiro lugar vexatório, a verdade é que Lula e seu prestígio pessoal acabaram dando combustível para a reação do candidato do PT em Salvador, onde a eleição do neto de ACM já era considerada como certa.
Mas nada como o resultado de São Paulo, para demonstrar o prestígio do ex-presidente, que de forma autoritária impôs seu candidato ao partido, impôs um acordo improvável e impensável com seu até então inimigo, Paulo Maluf, e ainda assim, conseguiu fazer chegar ao segundo turno o ex-ministro Fernando Haddad, de tantos desacertos no Enem-Enad.
Isso, independente de mensalão, de acusações tão baixas quanto às relativas ao denominado "kit gay" e de nenhuma experiência de Haddad em relação à participação em campanhas eleitorais.
E enfiando a cabeça na areia como a avestruz, nenhum órgão da mídia menciona o ex-presidente Lula...
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