segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O Cruzeiro é rei mas ainda não é o campeão. E o rei ontem estava nu (mas ninguém quis ver)

A verdade é que não sei se a situação é digna de tristeza ou pena.
Afinal, durante muito tempo a imprensa cultivou e todos os que acompanham o futebol mais de perto se convenceram de que o jogo decisivo do campeonato para o Cruzeiro seria a partida contra o Grêmio. 
Segundo colocado na oportunidade, e distante uma quantidade de pontos suficiente para o time mineiro sagrar-se campeão com larga antecedência, o jogo contra o time gaúcho tinha dois outros ingredientes fundamentais: era um jogo contra adversário direto às pretensões dos mineiros e era um jogo contra o único adversário que o time de Fábio e Marcelo Oliveira não havia vencido no campeonato. 
Em relação à questão das pretensões, o jogo era um daqueles considerados "jogo de seis pontos", com o time gremista podendo reduzir a extraordinária vantagem mineira caso vencesse, o que serviria para continuar embalando o longínquo sonho de ser o campeão. Com relação ao segundo ponto, caso vencesse, o Cruzeiro teria conseguido uma façanha que ainda não fora obtida por nenhum dos campeões da era dos pontos corridos: vencer, ao menos uma vez, a todos os seus adversários.
Pois bem, a expectativa criada prosperou e ficaram todos à espera do jogão definidor do título: ganhando o Cruzeiro abriria vantagem que lhe asseguraria a conquista, sem dúvida alguma.
Em meio a tanta expectativa, um molho extra foi proporcionado pela penalidade, depois anulada ou cancelada que alcançou o time celeste, por força do mau comportamento de sua torcida no jogo contra o Galo. 
A princípio, julgado e tendo sido condenado à perda de um mando de campo, sem maiores explicações, ou mais convincentes, o Cruzeiro pode jogar exatamente a partida mais importante, contra o Grêmio em seus domínios, ao lado de sua torcida. Ajuda que o time quitou logo, com a atuação espetacular de seu representante, o senador Zezé Perrela, em Brasília.
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Entretanto, imprevisível como ele só, o futebol pregou mais uma de suas peças e, faltando muito pouco para a partida tão ansiosamente aguardada, o Grêmio caiu de posição na tabela e o segundo lugar foi assumido pelo Atlético Paranaense. Por conta da queda do Grêmio, para alguns até de interesse dos atletas gremistas desejosos de derrubarem seu técnico Renato Gaúcho, o jogo contra o tricolor do sul perdeu sua importância e o Cruzeiro ser campeão já não dependia mais de qualquer partida contra o Grêmio, nem contra qualquer time. Afinal, conquistar o campeonato passou a ser questão de tempo.
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Mas, estava armado o ambiente. E não convinha a ninguém agir como a criança que, por ingenuidade, foi a única que viu que a roupa do rei não existia. O Rei estava nu.
A imprensa, como lhe é peculiar, especialmente quando é para criar fatos que possam repercutir e vender, não alertou que o jogo não valia mais nada. Que o que era para ser um jogo decisivo perdeu seu caráter definidor. 
A direção do time, aproveitando-se do ambiente, cobrou preços que, a julgar por comentários dos próprios torcedores cruzeirenses foram absurdamente inflados, aproveitando-se do fato de ser uma decisão, mesmo que de mentirinha. 
Os cruzeirenses colocaram seus mais novos e mais lustrados uniformes e acorreram em massa ao Mineirão, para o jogo que apenas cumpria tabela, como todos os demais jogos das rodadas que o antecederam.
Aliás, é justo dizer: o campeonato por pontos corridos não se decide em qualquer partida, o que constitui sua principal vantagem. E foi por isso que o Cruzeiro chegou onde chegou. Por ter vencido e levado a sério e respeitado todos os seus adversários em toda a competição. Não por um jogo contra o time que nem mais ocupava a vice-liderança.
Mas, os cruzeirenses em nenhum momento foram alertados de que o jogo não tinha mais o caráter de decisão que lhe fora atribuído. E fizeram o seu papel, indo a campo para comemorar uma vitória. Mais uma vitória e uma possível conquista. 
Possível, mas não real.
O time jogou, venceu, convenceu contra um Grêmio perdido mas valente. E o time mineiro, virtual campeão, não pode sair do estádio como campeão real, embora todos saibam que é questão de mais uma ou duas rodadas. 
Entretanto, o Atlético Paranaenses, seu único adversário em condições de ainda ter alguma expectativa - sonho fugaz-, venceu também seu compromisso, contra o bom time do São Paulo, em franca reabilitação na competição. E assim, ao invés de as próximas rodadas se tornarem meros amistosos, a sagração do campeão ficou adiado. Para quarta feira no Barradão, contra um Vitória que está correndo atrás, para se credenciar para disputar a Libertadores no próximo ano, ou para o domingo, quando então a punição ao Cruzeiro será cumprida. 
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Como atleticano que sou, e que está sempre secando o Cruzeiro, o fato de nosso adversário principal não ter passado a régua ainda, não é significativo, nem motivo de satisfação. 
Ao menos para quem tem um mínimo de bom senso e raciocínio, o time de Marcelo Oliveira já é o dono do título. 
Mas, que é de dar pena ver a comemoração, a alegria e o buzinaço, a queima de fogos que os torcedores do time azul fizeram, apenas por mais uma partida, com a mesma importância que foram todas até aqui, já que embora gritassem que eram campeões, no fundo, no fundo, também eles, se tiverem bom senso, sabem que ainda não conquistaram nada. 
Pena ou tristeza por tê-los visto sendo tão ludibriados e tão explorados, mesmo que às vezes, algumas pessoas sintam até mais prazer, quando manipulados e feitos de inocentes úteis. 

Um comentário:

Anônimo disse...

O seu ponto de vista sobre o jogo contra o grêmio, e o mesmo que tenho com o seu com relação ao mundial. E ai deu empate né?
Juliano Villaça