quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Júlio Batista, a frase, a entrega do jogo e o interesse da CBF e do Fluzinho... time de segunda categoria

Você é tão bom, vai lá e faz.
Então, vai lá. Chega nela. Ganha a menina.
As frases acima são apenas alguns exemplos de desafios que várias vezes são lançados, ou que desejaríamos lançar para baixar a bola de algum amigo ou conhecido, que está nos provocando, às vezes criticando, afirmando que teria feito melhor e com mais qualidade alguma tarefa que estava para ser feita por qualquer um e que ninguém manifestou a disposição de executar.
Muitas vezes algum comentário feito apenas para nos incomodar, nos tirar do sério, e ver nossa reação. Comentários do tipo: não entendo o que aquela menina viu em um cara como você, com tanta gente melhor por aí.
As respostas equivalem a uma reação natural de quem comprou a provocação, mas não está disposto a comprar uma discussão.
E expressam a filosofia, correta, de que o que está bom é o que já está pronto.
A esse respeito, lembro-me e transmito sempre a meus alunos,  a alguns orientandos de trabalhos, a frase que a mim foi dita há mais de 30 anos: dissertação boa é a que foi feita e entregue. Tese boa é a que foi apresentada e defendida.
Ora, o que está feito, poderia sempre ser objeto de aperfeiçoamento e melhorias. Mas, já está feito. Já tem uma estrutura, uma base. E, por isso, pode até mesmo conter erros, e ser objeto de críticas.
Mas é só.
Nem o namorado ou o "ficante" da menina está mesmo expressando o desejo de que o companheiro crítico vá até a menina para conquistá-la, nem o autor da obra está reconhecendo que o seu provocador seja mesmo melhor e capaz de fazer. Às vezes, até muito pelo contrário.
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É dentro desse espírito que entendi a frase dita por Júlio Batista, jogador do Cruzeiro, para Cris, o defensor do Vasco, o que me leva a questionar a razão de tanta celeuma que a frase captada por câmaras de televisão tem despertado.
Sem ter qualquer interesse em defender o jogador do time adversário, a quem não conheço, exceto por notícias de sua carreira vitoriosa e sem qualquer fator que a desabone, o fato é que a frase foi dita.
Algo do tipo: para de falar e vai lá e ganha o jogo. Marca logo o gol que vocês precisam. Liquida logo a partida, ao invés de ficar gozando ou falando que é inútil que a gente fique se esforçando para tentar tirar a diferença.
Mas, se foi no mesmo sentido comentado acima, o que justifica tanta repercussão?
Em primeiro lugar, e acho que essa a verdadeira questão, o fato de o resultado, que beneficiava o Vasco, ser prejudicial a times como o Coritiba, o Bahia, times de tradição e que já foram campeões nacionais, e ameaçados de entrarem na chamada zona da degola. Além do prejuízo potencial ao Crisciúma, time de menor expressão, embora também portador de um título nacional e também entre os ameaçados, tal qual a Portuguesa de Desportos de tanta história.
Nesse sentido, sou favorável a que houvesse uma investigação rigorosa das condições e circunstâncias em que a frase de Júlio Batista foi dita, e das provocações a ele dirigidas antes pelo zagueiro vascaíno que, de resto, já disse que tudo não passava de ironias e gozações.
Mas, tendo o fato envolvido interesses de muitos clubes, é preciso que não venha a pairar qualquer dúvida em relação a um possível acordo destinado a dar vitória ao time carioca.
A bem da lisura do campeonato. E até por força do respeito exigido pelas nossas leis ao consumidor do espetáculo esportivo: o torcedor.
E para que tal dúvida possa ser definitivamente eliminada, nada melhor que aqueles que forem investigar o caso assistam a partida, atentos principalmente ao empenho e à forma com que se comportaram em campo os jogadores de ambos os times, principalmente dos envolvidos.
Afinal, jogo de resultado combinado, em tese, não precisaria de nenhum dos dois lados se esforçarem no jogo. Nem teria qualquer jogada mais ríspida, nem lances de perigo, etc.
Embora eu tenha de reconhecer que, se combinado mesmo, seria muito difícil, perceber isso pela postura dos jogadores em campo, já que não há como se afirmar que uma jogada foi um lance de descaso ou de falha, comum de acontecer.
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Na verdade, acho que estão crucificando Júlio Batista por muito pouco, e todo o destaque dado ao lance é ainda consequência da atitude que eu acho muito pouco profissional de Dedé. Embora ele tenha apenas feito o que vários de nós exigimos de juízes, recentemente até dos ministros do Supremo, de se declararem impedidos de participar de julgamentos onde têm alguma relação, mesmo que não interesse.
E, se alguém tem de ser criticado, se é que vale crítica nesse aspecto é o Cruzeiro. Mais especificamente, nesse caso, o técnico Marcelo Oliveira, a quem tanto elogio.
Afinal, foi ele que em várias ocasiões comentou que o time iria entrar em campo com sua força máxima, até em respeito àquelas equipes que são interessadas diretas nos resultados dos jogos em que seu time estaria envolvido.
E, contra o Vasco, Marcelo, sem maiores explicações, entrou sem vários e importantes titulares.
O que foi feito por praticamente todos os times do Campeonato, o que não tem nada de mais ou de anormal, não fosse trair o discurso que ninguém pediu que ele fizesse.
E se o fez, deveria tê-lo mantido. Ou então ser bastante transparente, declinando as razões de entrar com um time misto.
Se houve então algum acordo de facilitar o jogo para o Vasco, não foi com interveniência de JB, que é vítima na história. Mas com a direção do Cruzeiro e com seu técnico, no sentido de enviar a campo um time de menor qualificação.
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Deixei de citar acima o Fluminense, propositadamente.
É que, no fundo, acho que todo esse desperdício de tempo discutindo algo que nunca será provado, tem como objetivo causar tumulto.
Na verdade, mais uma vez a CBF e todos os diabos do futebol, conspirando para o time tricolor escapar do rebaixamento que o ronda. Logo ele, time da preferência da CBF, como o demonstrou o campeonato do ano passado. E time beneficiado, mais uma vez, e inexplicavelmente, pela arbitragem que não expulsou Gum de campo, atendendo a pedido do próprio jogador que iria se tornar o autor do gol da virada da equipe.
Esse Fluminense que, se está na primeira divisão é apenas porque sempre é o beneficiado pela entidade maior que dirige nosso esporte, e o faz de forma tão vergonhosa, que acaba gerando sempre suspeitas de que outros times também possam agir com a mesma falta de escrúpulos e decência.
Ou seja: tão acostumados a roubarem para auxiliarem o time carioca, os cartolas da CBF e os dirigentes do beneficiado Flu, acabam sempre enxergando os outros a partir de seu próprio comportamento desprezível.
Esta a razão de tanto agito. E acusações infundadas a um profissional e a dois times que, não sendo interesse meu defendê-los, é necessário reconhecer, cometeram o erro primeiro de estarem no caminho desse time de segunda.
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E tomara que meu Galo possa, na próxima partida, colocar o tal Fluzinho na categoria da qual ele não deveria ter saído.

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