sexta-feira, 20 de maio de 2016

Finalmente Aguirre fora e alguns dados da Previdência e sua necessária reforma

Previsível a queda de Diego Aguirre, após a desclassificação da Copa Libertadores, apesar da vitória frente ao São Paulo.
Surpreendente foi a forma em que ela se deu, ou foi anunciada, com o técnico uruguaio declarando que já tinha entregado o cargo após a classificação do time na primeira fase do torneio, a fase de grupos.
Curiosa a declaração, uma vez que em entrevista que ele concedeu logo após o jogo no Independência nessa última quarta-feira, ele dava a nítida impressão que estava pronto e disposto a continuar comandando o Galo. Inclusive dando a entender que, qualquer questão ligada a sua permanência, deveria ser encaminhada à diretoria do clube.
Na entrevista, em tom bastante desolador e até desmotivado, deu a entender que iria focar agora na conquista do Brasileiro.
Mas, isso foi antes da notícia do Fox Sports, de que a comissão técnica e a diretoria estavam reunidos a portas fechadas no vestiário vazio, já que todos os jogadores já teriam deixado o Horto.
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Seja como for, os boatos, como esse pitaco já havia mencionado antes do jogo, davam conta de que independente do resultado, a direção do Atlético já teria tomado a decisão de não permanecer com o treinador à frente do comando do time. E já estaria, inclusive, apalavrado, ou mais, de pré-contrato firmado com outro treinador.
Segundo os comentários, a diretoria, insatisfeita com o trabalho apresentado pelo técnico, aproveitaria o período de interrupção da Libertadores, motivado pela disputa da Copa América.
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E, conforme os boatos, a insatisfação não se prendia à perda do título do Mineiro para o América, embora isso contribuísse, naturalmente, para a avaliação do trabalho do técnico.
A questão central do desgaste de Aguirre foi o pouco futebol que o time comandado por ele apresentou durante todo o tempo que ele esteve à frente do comando técnico. Pouco futebol, com aquele que era considerado, por 11 entre 10 comentaristas como o melhor plantel individual, ou para ser mais exato, o melhor conjunto de 11 jogadores de qualquer time nacional.
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Claro que ninguém que sempre afirmou as qualidades de Victor, o São Victor do Horto não poderia imaginar que ele cometeria falhas gritantes, como as que resultaram no gol do São Paulo, ou nos gols, tanto no Morumbi, quanto no Horto.
O do jogo aqui em BH então foi uma falha clamorosa.
O que não diminui os méritos do goleiro, nem o fato de que, infelizmente falhar é humano e que, se ele falhou nos dois gols, em outras intervenções nas próprias partidas contra o time paulista, ele conseguiu verdadeiras façanhas e cometeu defesas heróicas.
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Tampouco os comentaristas não poderiam imaginar que, justo para a partida decisiva, o Atlético não contaria com seu principal jogador de meio, Rafael Carioca. Ou não poderia contar com Júnior Urso, o outro volante que sabe jogar bola no time, restando apenas Donizete, exatamente o jogador que, joga sob a alegação de que impõe respeito, porque não tem qualquer cacoete de jogador de futebol.
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Mas, foram os erros insistentes de Aguirre, mais que essas questões comuns ao futebol, de contusões ou baixas por suspensão, que culminaram com seu desgaste.
Sua insistência em alterar o time a cada jogo, sob a alegação de que queria ver todos os jogadores prontos para entrarem a qualquer instante, é no mínimo inusiitada.
Principalmente se lembrarmos, como é sabido por todos, que o futebol é um esporte coletivo, e portanto que o entrosamento entre os jogadores é essencial para a prática de um bom futebol.
Entrosamento que vem da repetição, da manutenção do time e não do rodízio.
Manutenção da qual Aguirre também mostrou-se adepto. Afinal, que outro técnico manteria Patric no time titular, mesmo tendo Dátolo, Clayton, Hyuri, Carlos Eduardo no banco?
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Nada contra o aguerrido jogador do Galo, voluntarioso e lutador, que é um excelente jogador para ocupar a reserva da nossa lateral direita.
Mas, convenhamos que, inexplicavelmente, Patric tinha lugar no time independente do adversário, da situação, da posição. Era o homem de Aguirre.
Logo ele, que depois dos adjetivos elogiosos já citados, merece agora que continuemos traçando seu perfil: de pequena capacidade técnica, se alguma. Incapaz de fazer uma leitura mais atenta do jogo, ou de fazer um passe, ou mesmo de participar de uma troca de passes ou uma triangulação mais elaborada.
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Patric, como alguém que não me recordo comentou, só não entrou no gol do Galo, quando da contusão de Victor e de Giovani, por estar também ele, na mesma ocasião, contundido.
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Mas não foi só a teimosia com Patric. Houve também a inexplicada atitude em relação a Cazares, para alguns, resultado do comportamento extra-campo do atleta e de uma postura disciplinadora do técnico.
Se houve de fato, algum comportamento reprovável, importa assinalar, talvez em função da idade do equatoriano, que toda vez que entrou em campo, ele não deixou de correr. Além disso, não faltava a treinos ou não chegava alcoolizado, nem tinha comportamento incompatível com suas obrigações, já que caso isso fosse notado, imediatamente a imprensa e os cronistas responsáveis pela cobertura do time, teriam denunciado o mau comportamento.
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Depois de excelentes partidas no torneio dos EUA, Cazares começou a ser substituído por Robinho, depois de sua chegada, tornando o desejo da torcida em ver o ídolo jogar, um suplício, já que para que ela fosse atendida, ela sempre via deixar o campo o jogador mais eficiente.
O que valeu inúmeras vaias a Aguirre e mostrava uma certa antipatia do técnico em relação a Cazares, ou então, uma ação deliberada para jogar a torcida contra o jogador.
Certo é que o futebol do equatoriano caiu de produção, o que seria natural. Como também caiu a qualidade do futebol de Hyuri, tão veloz e aplaudido nos jogos do torneio dos Estados Unidos, e depois de uma contusão, tão pouco ou mal utilizado.
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Além disso, reconhecidamente, Aguirre escalava mal, mexia pior ainda o time e na hora errada. E, desde os tempos do Internacional, todos eram unânimes em afirmar que seu time não aguentava fisicamente o ritmo de jogo de 90 minutos.
Ora, de minha parte, com tantos senões, eu gostaria de saber o porque de sua contratação. Ou ainda, o porque de sua manutenção no comando do time, se acreditarmos na versão de que ele já tinha pedido para sair antes.
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Vá lá. Se for verdade a versão apresentada, e já que não disponho de qualquer informação capaz de desmenti-la, qual o legado de Aguirre?
Dois torneios, o mineiro e a Libertadores, e duas derrotas. Duas perdas. Um semestre inteiro jogado pela janela.
Pura perda de tempo. E de expectativas e esperanças.
Razão porque, antes do jogo do Galo na última quarta, eu já tinha dito que acreditava que se tomasse um gol, ao contrário de 2014, na Copa do Brasil, ou ainda na Libertadores de 2013, o time não teria condições ou força para reverter o resultado.
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Bem ao contrário da equipe do Atlético Nacional da Colômbia que mostrou na noite de ontem, vontade e capacidade de ir buscar o resultado que necessitava. E que o permitiu eliminar o Rosário Central e avançar para enfrentar o São Paulo.
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Reforma da Previdência

Enquanto isso, Cunha aparece na Câmara e insiste que, mesmo sendo o beneficiário último e final dos depósitos na Suíça, as contas estão em nome do Trust e não dele.
O governo temer convida Pedro Parente para a Petrobrás, e o ex-ministro aceita o convite por pressão do PSDB.
E a reforma da Previdência ocupa as páginas principais dos jornais.
Nesse meio tempo, para deixar registrada a informação, reproduzo aqui, nesse pitaco, números publicados ontem por Vinícius Torres Freire, em sua coluna na Folha.
De um déficit que em março de 2014 alcançava 57 bilhões de reais, a Previdência atingiu um déficit de 72 bilhões no mesmo mês de 2015, para bater agora, em março, nos 97 bilhões de rombo.
Uma evolução preocupante.
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Outro dado interessante e digno de reflexão: dos 96,7 bilhões de déficit, 93,6 são devidos à Previdência Rural, programa mais assistencialista que previdenciário, já que dadas as condições dos trabalhadores do campo, pequena parcela dos beneficiários chegou a contribuir para a Previdência. E não por não terem sofrido os descontos legais.
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Em sendo assim, se a sociedade por justiça admite conceder benefícios a esse grupo de trabalhadores, deveria financiar tal decisão de gasto por meio de impostos, recursos mais gerais, e nao com recursos de parcela apenas da sociedade, aquela parcela que trabalha com contrato formalizado e que contribui compulsoriamente para a Previdência.
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Ainda segundo os dados, 38% de toda a despesa federal, não incluídos os gastos com juros, a chamada bolsa banqueiro, se referem a despesas da Previdência.
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Mas, antes de pensar em combater a sonegação, de acabar com as isenções concedidas para diversos tipos de entidades, inclusive clubes de futebol, ou de estudar a fundo e eliminar as desonerações, que complementam a bolsa empresário, o governo temer acha melhor alterar as regras para a concessão de benefícios da previdência dos trabalhadores urbanos, até por ser a medida mais fácil.
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Ok, Admito que a Previdência tem mesmo que rediscutir os critérios de concessão de benefícios, incluindo a questão da fixação de idade mínima.
Mas não a toque de caixa e sem dar oportunidade de todos os setores da sociedade poderem participar e contribuirem com sugestões para a solução do problema.


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