Ainda sob a ressaca de carnaval e do desfile das campeãs, a semana começa em compasso de espera da prometida lista de Janot, a ser encaminhada ao Supremo, com nome de vários dos principais políticos detentores de foro privilegiado. Leia-se: políticos em pleno exercício de seus mandatos.
Citados inúmeras vezes nas delações dos executivos do grupo Odebrecht, a medida é necessária para que tenham início as investigações contra os citados.
Como sempre, todos negam. Com alguns tendo a cara de pau de dizer que pediram financiamentos por dever da posição que ocupavam, como presidentes de partido.
Esse é o caso do desesperado aécio, pego em meio à poeira que sempe se levanta a sua volta. E que serve para anuviar o ambiente, permitindo que ele escapule de fininho.Bem ao estilo mineirinho come quieto, da anedota.
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Também, pelo que se lê no jornal, é o argumento da defesa do usurpador temer, que alcança a raia do ridículo ao utilizar como argumento o fato de ter pedido doações para campanha, como presidente de partido (embora no Palácio do Jaburu), e não para a chapa da que fez parte.
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Acho até interessante o fato de que, para justiificar o injustificável, tentando mostrar que não era golpe o que estava sendo posto em prática em Brasília, temer e seus prováveis comparsas afirmavam que temer teria sido eleito na chapa vencedora, daí a razão de em sendo cumpridos os preceitos constitucionais e afastada a titular, era legítimo que ele, DA CHAPA, passar a ocupar o cargo.
E agora?
Agora o argumento da chapa a que ele pertencia não vale mais. Agora, para sua defesa, interessa mais tentar um argumento mirabolante, capaz de transmitir a ideia de que embora na chapa ele não fazia parte e nem adotou qualquer comportamento em seu favor.
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Nesse meio tempo, as oitivas dos delatores da Odebrecht pelo Ministro Herman Benjamin prosseguem, e vários nomes de outros partidos e políticos sempre vêm á baila, mesmo que o ministro já tenha deixado claro que referências a fatos estranhos à causa não devam ser levados em consideração, por não importarem na formação de seu juízo de valor.
No entanto, por mais que o Ministro tenha razão em relação ao fato específico que analisa, não resta dúvida que são importantes as referências a terceiros, não envolvidos diretamente na causa em julgamento, não como alibi da chapa vitoriosa. Se a chapa cometeu ilícitos na forma de obtenção de seu financiamento, deve ser punida, e de nada adianta a velha e surrada tese de que todo mundo agia assim.
Afinal, não deixa de ser crime algo assim capitulado em lei, apenas por ser prática comum.
Mas, é inegável que a desfaçatez de algumas pessoas chega a ser ridícula.
Algumas delas que como é de conhecimento público, cheiram mal.
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Assim, dar entrada em um pedido para que se excluam dos depoimentos referências a aecins ou outras figurinhas menos protegidas da midia, como se a mera censura às citações a sua pessoa poderiam esconder os possíveis delitos também por eles praticados é risível.
Uma situação tão esdrúxula que levou até mesmo Elio Gaspari a recorrer a seu delicioso personagem Eremildo, o idiota.
Ontem em sua coluna, o jornalista disse que Eremildo já percebeu que se o dinheiro que saiu da mesma empresa, do mesmo cofre, da mesma forma e obtido pelas mesmas obras, os mesmos contratos fraudados ou não, for para financiar a campanha de Dilma e do PT, indiscutivelmente é crime. Mas se for para financiar campanhas de outros partidos, seja vice na chapa de Dilma ou a chapa derrotada pelo povo na eleição, aí os recursos eram de origem legal e todos foram legalmente repassados aos beneficiários.
Não precisa de mais nada. Estamos entendidos, pois.
Vale apenas citar que, já de há muito tempo, nesse pitaco, expressei minha opinião, idêntica a essa.
Se o dinheiro foi obtido por obras obtidas com contratos irregulares, obras já superfaturadas, dinheiro público para financiamento de caixinhas eleitorais, ou departamentos de operações estruturadas de propinas, isso signfica que todos que o receberam e dele fizeram proveito estão na mesma barca.
E, como não sobra ninguém nem partido algum, a questão é condenar a todos e torná-los, todos, sem exceção, inelegíveis.
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Ainda em relação a essa questão, gostaria de saber como ficam agora, os responsáveis pelos panelaços, que tanto defendiam a lisura daqueles que estavam com eles nas manifestações de repúdio à corrupção, em praça pública, igualmente vestidos com camisetas amarelas da honrada CBF. Como reagem agora à afirmação de que os mesmos políticos que marcharam e gritaram com eles contra a corrupção, estão tão mergulhados no ambiente de mar de lama como os outros.
Como agora irão defender anastasias e seu excelente e tecnicamente brilhante relatório favorável a que o golpe contra Dilma pudesse prosseguir, quem sabe interessado em que a sangria da Lava Jato pudesse ser paralisada e seu nome não viesse a surgir em meio à lama?
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Triste. E, por triste, ninguém mais tem interesse em amassar panelas durante as noites, atrapalhado a novela. Porque já deve estar caindo a ficha de que apenas as panelas se amassam e as pessoas deixam de entender as tramas da novela. A corrupção fica toda mais escondida, mais sofisticada. Mais bem feita. E viva como sempre.
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No âmbito exterior
Nos Estados Unidos, Trump estuda meios que lhe permitam separar pais e filhos menores de ilegais. Como a lei impede que os menores sejam deportados, a medida é menos para causar a dolorosa separação e sim, para desencorajar os pais de tentarem entrar no país.
Mas que é no mínimo mais uma trumpada, não se questiona. Porque vai que tenha mesmo que separar pais e especialmente mães de seus filhos menores?
Lembra muito o caso de processos de adoção determinados no nosso país, por juízes que contrariamente à lei, e movido por motivos forjados e comprovados falsos, decidem que os pais não podem e não devem ficar com a guarda de seus filhos.
E que os menores devem ser entregues a famílias mais ricas e poderosas, a ponto de passarem à frente de outros casais interessados em adoção, há muito nas filas de espera.
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E Moro continua em sua luta anti-Lula
E, embora cada vez mais fique evidente a parcialidade do juiz moro em relação a Lula, e a pequena estatura de quem julga, quando comparado à grandiosidade e significado do teor da matéria em julgamento, o certo é que esse tipo de questão não deveria causar surpresa em nosso país.
Afinal, aqui as regras foram estabelecidas para não serem cumpridas e os árbitros, no futebol, ou na vida jurídica agem como se deuses, no sempre espaço deixado para suas interpretações pessoais.
Por isso erram como poucos, e erros monumentais, como os de Palmeiras e Corinthians, que culminou com a expulsão injusta de quem não participara do lance.
Ou como o juiz de ontem, errando duas vezes a favor do mesmo São Paulo.
Ou ainda como esse juiz de Curitiba, que se acha Deus. E ungido, pode ser autoritário, agir ao arrepio da lei, destratar partes e seus advogados, ou agradar a outras de mesmas simpatias políticas, tudo como se fosse a última bala do pacote de guloseimas.
O que lhe dá o direito de, com o apoio da midia e da população que mistura realidade com novelas de ficção que lhes são vendidas, tanto no horário do jornal da noite como nos programas que lhe seguem, se deixarem levar por seus egos e promoverem julgamentos capaz de corar a própria deusa da Justiça.
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Mas tudo bem. Ou ficará tudo bem, se ele conseguir tirar do cenário para 2018 o maior obstáculo às elites e à classe hegemônica do país: Lula.
Ah! que saudades do tempo em que você eliminava um candidato era no voto popular, da mesma forma que o povo derrotou aecim.
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