Fora o fato de ser a semana de entrega do imposto de renda. A derradeira.
Felizmente, entretanto, além do imposto, dos preparos, ensaios e, no dia de hoje, das festividades que marcam o casamento do Príncipe William, muito pouca novidade aconteceu à nossa volta.
O Banco Central divulgou a Ata da última reunião do COPOM, em que a taxa de juros básica foi aumentada em 0,25%, alcançando o patamar de 12%, prometendo novos aumentos futuros. Convenhamos que o discurso não é novo e já esperado, uma vez divulgado, semana passada que não havia sido unânime a decisão da Diretoria do Banco Central.
Como a imprensa já havia destacado, o COPOM dividiu-se, entre aqueles que votaram por aumento de 0,25 e elevação da taxa de 0,5%. ^
Conclui-se pois, que o viés, mesmo não sendo explicitado é de alta.
***
Explico: quando o COPOM decide por uma alteração da taxa, pode definir o novo valor sob três condições. Sem viés, o que indica que a taxa deverá se manter até a próxima reunião já agendada e publicada do calendário de reuniões. Com viés de alta ou de baixa, indicando que o Comitê autoriza ao presidente do Banco, elevar ou reduzir, conforme o caso, a taxa antes da próxima reunião marcada, caso as circunstâncias assim o exijam ou recomendem.
No caso, mesmo que não tivesse qualquer viés de alta sido aprovado, o próprio "racha" no colegiado indica a tendência altista.
***
Enquanto isso, o mercado continuou fazendo pressão sobre o Banco, para que pratique uma política mais agressiva de elevação da Selic, com nova elevação da expectativa de inflação, desta feita para 6,34%.
Aqui também, nenhuma novidade.
***
O BC divulgou nessa sexta feira o superávit primário recorde obtido nas contas públicas, relativo ao mês de março. Como gosta de noticiar a mídia, a poupança feita para o pagamento dos juros da dívida pública mobiliária.
Particularmente, penso que é o dinheiro extraído da população, sob a forma de impostos, e não destinado ao financiamento dos gastos que justificaram a cobrança dos tributos. Talvez o nome melhor fosse desvio de recursos, uma vez que pagamos todos nós. Mas sem gastar com aquilo que a população precisa (mais que deseja), o governo destina esses recursos ao pagamento de uma minoria privilegiada: os detentores dos títulos que financiam o governo.
Meu raciocínio simples, ou simplista, me leva a crer que, como só os mais privilegiados e de maior renda podem emprestar recursos excedentes a seus gastos, então o governo dá uma de Robin Hood, às avessas.
Tira dos pobres e alimenta os ricos. De onde se entende, de forma cristalina porque os bancos, um dos grandes, senão o maior credor do governo fazem pressão, pela voz de seus prepostos, por mais aumentos de juros.
***
A origem de tamanho superávit não é apenas o corte de gastos determinado pela presidenta Dilma ao início do exercício de seu mandato. Claro que isso é importante. Mas, a economia advém do contingenciamento de gastos. Ou seja: gastos já aprovados, mas que foram adiados.
Gastos que representam atrasos em obras importantes para o povo e outras importantes para a própria imagem que o país projeta para o mundo, em especial, relacionada aos eventos como a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
***
Enquanto fazemos o "dever de casa" aqui, os Estados Unidos mantêm a sua taxa de juros em um intervalo que é inferior a 0,5%. Sinal de que vamos continuar recebendo montanhas de dólares daqueles que acham mais interessante ganhar 12, abrindo mão de 0,5.
Como em geral ninguém rasga dinheiro, nem mesmo os loucos, todo mundo vai trazer seus capitais para nosso país, elevando o nosso problema seríssimo, cambial.
Nossa moeda vai continuar se valorizando e nossa balança comercial vai continuar apresentando resultados preocupantes, por declinantes.
Nossa balança de serviços continuará mostrando que os brasileiros estão preferindo fazer turismo onde gastam menos, no exterior e vamos continuar apresentando resultados negativos em conta corrente como anunciado esse início de semana.
Também aqui, tudo igual.
***
No futebol em Minas, tudo se encaminha no sentido de haver uma final entre Atlético e Cruzeiro, como já acontece há vinte ou trinta anos. O Barcelona reafirma sua superioridade sobre seu principal rival, o Real e o argentino Messi, mais uma vez brilha.
Artistas que se casaram há menos de dois meses já anunciaram seu divórcio; uma ex-BBB, muito bem dotada posa nua para mais uma revista masculina, e prossegue também o problema já suficientemente debatido, embora não solucionado: vem os feriados, as estradas matam. Vem as chuvas, as águas matam. Os barrancos não resistem à erosão e vêm abaixo e o caos se instala.
***
Novidade apenas a rapidez com que foi aprovada a proposta de beatificação e velocidade com que João Paulo II será sagrado beato.
Mas, como isso é assunto de política interna do Vaticano, nem isso mesmo deveria surpreender aos analistas mais rigorosos.
sexta-feira, 29 de abril de 2011
A gente não quer só comida, a gente quer opinião
Sem vintém
sem tostão
sem almoço
sem descanso
só trabalho
só penar
futebol
prá enganar
Sem angu
sem caroço
sem direito
de alvoroço
sem protesto
manifesto
sem vontade
liberdade
sem justiça
só castigo
vida cara
falta abrigo
falta leite
falta pão
informação
Falta sangue
opinião
povo morto
povo? Não.
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Comemorações passadas
Houve um jantar
qualquer lugar servia
você bebeu o vinho e
fez uma careta, doce
sorrindo...
Não era a carne
ou o churrasco bem passado
Era a festa
era lua
qualquer lugar servia
a colorir a imagem linda
sua...
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Sou.... mas quem não é?
Fui censurado
meu discurso improvisado
cortado em meu pensamento
ainda abstrato.
Fui cassado
perseguido, exilado
isolado e traído
preso incomunicável
vítima do sistema.
Fui torturado
por meu pensamento
e em um momento
troquei de posição
reformulei a opinião
concreta em meu bolso
onde a corrupção entrou primeiro.
terça-feira, 26 de abril de 2011
Reflexões sobre o sentido da Páscoa e da renovação
Afinal, é esse o sentido da Páscoa: a renovação.
Significado esquecido ou abandonado na correria da mesmice e do dia-a-dia, muitas vezes sem sentido, sem esperança, sem finalidade ou sem felicidade.
Adotando comportamentos rotineiros, repetitivos, mecânicos, de forma irrefletida, não nos damos conta de que o tempo se esvai, levando consigo qualquer possibilidade de realização. De estar e se sentir bem. Esgotamos o tempo na correria cotidiana e, ao final do dia, a sensação é de vazio. Quando não de fracasso.
É hora, então, de procurar culpados, de buscar desculpas, de tentar esconder ou justificar nossas frustrações, fugindo da verdadeira procura das causas relevantes. Que se situam dentro de nós mesmos, não nos nossos relacionamentos, não em nossos amigos, colegas, parentes, aqueles com quem convivemos.
Porque, pensando bem, até nossos relacionamentos são o retrato do que construímos, e nossas construções, o reflexo do que somos. Ou do que quisemos ser. Ou projetamos.
Seja como for, recusamo-nos a mergulhar dentro de nós mesmos, às vezes, temendo o caos que encontraremos lá dentro.
Ou simplesmente o vazio, oportunidade que nos permite, quando nada, dar algum valor ao caos. Pelo menos por existir.
Acho que essa é a passagem que cada um deveria cruzar. A da busca da sua verdade interior e de sua verdadeira identidade. Da tentativa de por no lugar certo, a desordem que muitas vezes deixamos ir-se acumulando, por puro desleixo.
E, depois disso, procurar colocar mais em prática nosso verdadeiro eu. Tornando-nos mais autênticos. Mais despidos de tudo que nos impede de nos realizarmos e preenchermos o universo amplo que somos nós mesmos.
Só assim, estaríamos praticando a renovação. A Páscoa. E quem sabe, conseguindo ser mais felizes.
Significado esquecido ou abandonado na correria da mesmice e do dia-a-dia, muitas vezes sem sentido, sem esperança, sem finalidade ou sem felicidade.
Adotando comportamentos rotineiros, repetitivos, mecânicos, de forma irrefletida, não nos damos conta de que o tempo se esvai, levando consigo qualquer possibilidade de realização. De estar e se sentir bem. Esgotamos o tempo na correria cotidiana e, ao final do dia, a sensação é de vazio. Quando não de fracasso.
É hora, então, de procurar culpados, de buscar desculpas, de tentar esconder ou justificar nossas frustrações, fugindo da verdadeira procura das causas relevantes. Que se situam dentro de nós mesmos, não nos nossos relacionamentos, não em nossos amigos, colegas, parentes, aqueles com quem convivemos.
Porque, pensando bem, até nossos relacionamentos são o retrato do que construímos, e nossas construções, o reflexo do que somos. Ou do que quisemos ser. Ou projetamos.
Seja como for, recusamo-nos a mergulhar dentro de nós mesmos, às vezes, temendo o caos que encontraremos lá dentro.
Ou simplesmente o vazio, oportunidade que nos permite, quando nada, dar algum valor ao caos. Pelo menos por existir.
Acho que essa é a passagem que cada um deveria cruzar. A da busca da sua verdade interior e de sua verdadeira identidade. Da tentativa de por no lugar certo, a desordem que muitas vezes deixamos ir-se acumulando, por puro desleixo.
E, depois disso, procurar colocar mais em prática nosso verdadeiro eu. Tornando-nos mais autênticos. Mais despidos de tudo que nos impede de nos realizarmos e preenchermos o universo amplo que somos nós mesmos.
Só assim, estaríamos praticando a renovação. A Páscoa. E quem sabe, conseguindo ser mais felizes.
Fugas
Quero poder me soltar
dessas amarras
perder de vista o cais
do horizonte
e sair perscrutando o tempo
mergulhando no instante
procurando na noite
meu universo.
Quero poder me largar
desse espaço
partir buscando sensações
no movimento
num mergulho livre pelo ar
e partir em sua direção
meu ponto fixo.
Quero poder te abraçar
poder te sentir
quero você por você
quero somente querer
E então
quero sentir você querer
poder ter você por querer
e te abraçar tão somente
quero querer só você.
segunda-feira, 25 de abril de 2011
A respeito da mordaças
MORDAÇA I I
Símbolo da era alheia
mescla de samba e futebol
loteria e rock'n'roll
praia, areia e sol
pinga barata à mesa
vazia, com certeza
Marco da era atômica
da colorida eletrônica
que mostra a cor
que ninguém vê.
Símbolo do silêncio
líder dos anos setenta
ídolo de barro e pano.
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Intolerância religiosa disfarçada
Caio Blinder fala as asneiras que bem entende, agredindo sem qualquer razão as mulheres árabes (e, atirando no que viu acertou no que não viu e agrediu de uma só vez a todas as mulheres do planeta), e fica por isso mesmo.
Sarkozy, para recuperar o prestígio abalado junto ao eleitorado francês resolve que vai invadir o Líbano e tanto faz e apronta que pressiona à ONU a iniciar uma ofensiva que ninguém sabe justificar nem coordenar. Ou, no mínimo, ninguém mais quer fazer uma coisa ou outra.
Depois mais uma de Sarkozy, ao propor e fazer aprovar lei que proíbe as mulheres muçulmanas de saírem às ruas de burka ou burca. No caso, a alegação é de que a peça de vestuário impede a identificação da pessoa e permite a adoção de comportamentos e atitudes ditas terroristas. Ou seja, segurança, vá lá.
Não conheço a realidade da França e de suas cidades e seu povo. Não sei se nessa semana de Páscoa e de tantos eventos religiosos, ainda haveria a possibilidade de uso do véu pelas fiéis mais tradicionalistas.
Mas, finalmente, passa também na França de Sarkozy a idéia de se impedir a realização de manifestações religiosas nas ruas e em espaço público, em especial a realização das orações dos muçulmanos.
Já havia emitido essa opinião, mas não a postei. Mas, Jânio de Freitas a publicou ontem em sua coluna na Folha. Não há problema a precedência. Vale o que ele pergunta, inocentemente: quem fizer o sinal da cruz, ou nessa semana de procissões católicas tradicionais, e em outros eventos como as celebrações de missas públicas, será que o governo francês agirá, laico como é, no sentido de proibir as manifestações e punir seus organizadores?
Ou tudo não passa de mais um episódio, triste e cada vez mais comum e preocupante, de intolerância religiosa?
***
No caso de Blinder, não há como o jornalista ser punido ou o governo intervir para que ele sofra alguma censura (não a censura de impedir de falar as asneiras que ele queira!)?
Pergunto isso porque sua atitude envergonhou a todos nós e a todo o país.
Mas esperar da Globo qualquer tipo de admoestação, só se for esperar sentado. Em poltrona bastante confortável, para não criar muitas escaras.
Sarkozy, para recuperar o prestígio abalado junto ao eleitorado francês resolve que vai invadir o Líbano e tanto faz e apronta que pressiona à ONU a iniciar uma ofensiva que ninguém sabe justificar nem coordenar. Ou, no mínimo, ninguém mais quer fazer uma coisa ou outra.
Depois mais uma de Sarkozy, ao propor e fazer aprovar lei que proíbe as mulheres muçulmanas de saírem às ruas de burka ou burca. No caso, a alegação é de que a peça de vestuário impede a identificação da pessoa e permite a adoção de comportamentos e atitudes ditas terroristas. Ou seja, segurança, vá lá.
Não conheço a realidade da França e de suas cidades e seu povo. Não sei se nessa semana de Páscoa e de tantos eventos religiosos, ainda haveria a possibilidade de uso do véu pelas fiéis mais tradicionalistas.
Mas, finalmente, passa também na França de Sarkozy a idéia de se impedir a realização de manifestações religiosas nas ruas e em espaço público, em especial a realização das orações dos muçulmanos.
Já havia emitido essa opinião, mas não a postei. Mas, Jânio de Freitas a publicou ontem em sua coluna na Folha. Não há problema a precedência. Vale o que ele pergunta, inocentemente: quem fizer o sinal da cruz, ou nessa semana de procissões católicas tradicionais, e em outros eventos como as celebrações de missas públicas, será que o governo francês agirá, laico como é, no sentido de proibir as manifestações e punir seus organizadores?
Ou tudo não passa de mais um episódio, triste e cada vez mais comum e preocupante, de intolerância religiosa?
***
No caso de Blinder, não há como o jornalista ser punido ou o governo intervir para que ele sofra alguma censura (não a censura de impedir de falar as asneiras que ele queira!)?
Pergunto isso porque sua atitude envergonhou a todos nós e a todo o país.
Mas esperar da Globo qualquer tipo de admoestação, só se for esperar sentado. Em poltrona bastante confortável, para não criar muitas escaras.
Mais uma reunião do COPOM
Antecedendo à Páscoa, encerra-se hoje, mais uma reunião do COPOM, o Comitê de Política Monetária do Banco Central.
O mercado, entre ansioso e eufórico, aguarda e ansia por aumento de 0,5% na taxa de juros básica. A desculpa ou alegação, de sempre, é que o Banco Central deve prosseguir na sua política contencionista, visando conter a escalada inflacionária.
Afinal, desgarrada, a inflação projetada pelo sistema financeiro aproxima-se, cada vez mais perigosamente do limite superior da meta inflacionária.
***
Colaborando com os que não sabem ou não se recordam. O Banco Central adota, já há muito, o sistema de metas inflacionárias, pelo qual apresenta e o Congresso aprova a taxa média de inflação tolerada para a economia. A taxa média ou centro da meta, que é a taxa perseguida, pode oscilar no intervalo definido, em nosso caso, de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Em valores: para esse ano, o BC estabeleceu e tem como centro da meta, o valor de uma inflação de 4,5%. Que pode variar entre 2,5% ou 6,5%.
Em anos anteriores, a meta já foi atingida em cheio. Em outros, a taxa de inflação estava abaixo do centro da meta, indicando um rigor do BC excessivo, podendo esse rigor ter respingos indesejáveis sobre o nível de emprego, tomada de decisões e nível de investimentos, etc.
Relembre-se que nessa ocasião, o mercado ficou mudo.
Agora é o contrário. Como a meta, segundo as expectativas do mercado superou o valor central, o mercado reage na mesma hora. E pressiona.
Tanto que, como não constitui novidade alguma, justo na semana que antecede à reunião, o mercado vir a público para afirmar que suas expectativas se deterioraram e o limite superior está cada vez mais próximo.
***
Creio que os diretores do Banco Central, que têm assento no Comitê, depois das declarações de Tombini nos Estados Unidos, já comentadas aqui, deverá elevar os juros, subordinado e refém que é dos interesses do mercado.
Mas, continuando a se curvar, fingindo que está ereto, o BC deve elevar os juros em apenas 0,25%.
A alegação, acredito, é a de que a economia já está reagindo às primeiras elevações dos juros patrocinadas no início do ano, e que é preciso que a medicação seja mais dosada para que os efeitos possam ser avaliados com cautela.
***
De resto, juros elevados promovem um estrago no câmbio. E, como guardião das reservas internacionais, ao contrário do que muitos analistas pagos pelo mercado afirmam, é sim, competência do Banco Central cuidar do câmbio. Para que não seja o BC, mais tarde, acusado de ser o vilão da elevação do déficit público, já que obtém reservas que aplica a juros de 1,5% ao ano, e para obter tais recursos, paga com reais que pagam mais de 11%, fenômeno que alguns chamam de cunha fiscal.
***
Por sorte, se capturado pelo mercado, que já lhe roubou a autonomia, o BC ainda tem, no governo, que enfrentar as pressões do ministro Mantega, a quem não se submete.
Mas, justiça seja feita, Mantega tem conseguido mostrar à sociedade e aos seus pares, e à presidenta Dilma, que melhor estar na companhia de outros países em franco processo de desenvolvimento, como China, Índia e Rússia, cujas taxas de inflação esperadas estão no mesmo patamar que a brasileira, que fazer companhia às economias européias, todas em crise recessiva.
Afinal, toda essa elevação dos preços, em todo o mundo, ainda é reflexo da crise criada pelos brancos de olhos claros, como nos fez lembrar Lula (ou seja, a crise foi causada pelos países ricos e os povos ditos mais desenvolvidos), e pela política necessária para debelar a crise financeira, de caráter internacional, de 2007/2008.
O mercado, entre ansioso e eufórico, aguarda e ansia por aumento de 0,5% na taxa de juros básica. A desculpa ou alegação, de sempre, é que o Banco Central deve prosseguir na sua política contencionista, visando conter a escalada inflacionária.
Afinal, desgarrada, a inflação projetada pelo sistema financeiro aproxima-se, cada vez mais perigosamente do limite superior da meta inflacionária.
***
Colaborando com os que não sabem ou não se recordam. O Banco Central adota, já há muito, o sistema de metas inflacionárias, pelo qual apresenta e o Congresso aprova a taxa média de inflação tolerada para a economia. A taxa média ou centro da meta, que é a taxa perseguida, pode oscilar no intervalo definido, em nosso caso, de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Em valores: para esse ano, o BC estabeleceu e tem como centro da meta, o valor de uma inflação de 4,5%. Que pode variar entre 2,5% ou 6,5%.
Em anos anteriores, a meta já foi atingida em cheio. Em outros, a taxa de inflação estava abaixo do centro da meta, indicando um rigor do BC excessivo, podendo esse rigor ter respingos indesejáveis sobre o nível de emprego, tomada de decisões e nível de investimentos, etc.
Relembre-se que nessa ocasião, o mercado ficou mudo.
Agora é o contrário. Como a meta, segundo as expectativas do mercado superou o valor central, o mercado reage na mesma hora. E pressiona.
Tanto que, como não constitui novidade alguma, justo na semana que antecede à reunião, o mercado vir a público para afirmar que suas expectativas se deterioraram e o limite superior está cada vez mais próximo.
***
Creio que os diretores do Banco Central, que têm assento no Comitê, depois das declarações de Tombini nos Estados Unidos, já comentadas aqui, deverá elevar os juros, subordinado e refém que é dos interesses do mercado.
Mas, continuando a se curvar, fingindo que está ereto, o BC deve elevar os juros em apenas 0,25%.
A alegação, acredito, é a de que a economia já está reagindo às primeiras elevações dos juros patrocinadas no início do ano, e que é preciso que a medicação seja mais dosada para que os efeitos possam ser avaliados com cautela.
***
De resto, juros elevados promovem um estrago no câmbio. E, como guardião das reservas internacionais, ao contrário do que muitos analistas pagos pelo mercado afirmam, é sim, competência do Banco Central cuidar do câmbio. Para que não seja o BC, mais tarde, acusado de ser o vilão da elevação do déficit público, já que obtém reservas que aplica a juros de 1,5% ao ano, e para obter tais recursos, paga com reais que pagam mais de 11%, fenômeno que alguns chamam de cunha fiscal.
***
Por sorte, se capturado pelo mercado, que já lhe roubou a autonomia, o BC ainda tem, no governo, que enfrentar as pressões do ministro Mantega, a quem não se submete.
Mas, justiça seja feita, Mantega tem conseguido mostrar à sociedade e aos seus pares, e à presidenta Dilma, que melhor estar na companhia de outros países em franco processo de desenvolvimento, como China, Índia e Rússia, cujas taxas de inflação esperadas estão no mesmo patamar que a brasileira, que fazer companhia às economias européias, todas em crise recessiva.
Afinal, toda essa elevação dos preços, em todo o mundo, ainda é reflexo da crise criada pelos brancos de olhos claros, como nos fez lembrar Lula (ou seja, a crise foi causada pelos países ricos e os povos ditos mais desenvolvidos), e pela política necessária para debelar a crise financeira, de caráter internacional, de 2007/2008.
Universo de cores
Fazer do cinza
/chumbo
do amarelo, ouro
e deitar verde
à esperança da terra
Ver de
/perto
a cor azul Gagarin
do planeta
em circunvoluções em meio
ao negro
lixo atômico.
E sabê-la girando
envolta pelo prata estelar da luz
ou avançando sobre
o rastro lácteo e pálido
da lua
nave espacial incandescente
passageira cósmica
da solidão.
terça-feira, 19 de abril de 2011
Andanças
Quantas são
as andanças de um andarilho
as estradas de poeira e chão
as pedras soltas
ferindo os pés?
E onde vão
as passadas que marcam
a terra
o que vem logo depois da serra
é só serra e ar...
e mar
Quantas são
as estrelas que povoam a noite
os ruídos que rompem o silêncio
desses passos que poluem o ar?
E onde vão
as passadas que marcam
a terra
o que vem logo depois encerra
outra serra , outra estrada
outro mar.
Vou vagar
andarilho pela estrada afora
na metáfora que faz desta vida
a estrada de meu caminhar.
segunda-feira, 18 de abril de 2011
A mais recente vítima da lei seca
A notícia dos programas de domingo à noite na televisão, no estilo do Fantástico, dava conta de que o ex-governador e atual Senador por Minas Gerais, Aécio Neves, foi apanhado em blitz promovida pela Polícia Militar, para punir motoristas dirigindo alcoolizados.
No Rio, em Leblon, uma vez que, quem o conhece, sabe bem que de Minas, o menino do Rio não deseja nem a lembrança de um quadro na parede.
Minto e estou sendo injusto. Com seu carisma e simpatia inegáveis, e jeitão de menino da roça, que ele sabe como poucos representar, deseja os votos. Mas isso em época própria.
O problema é que, o pretenso líder da oposição estava com sua carteira de habilitação vencida e, alegando que não poderia estar dirigindo (embora estivesse!), recusou-se a fazer o exame do bafômetro.
***
OK. A lei assegura a todos, independente de qualquer característica pessoal, mais ou menos favorável, não fazer prova contra si mesmo.
E, como milhares de outros pegos pelo país afora, Aécio recusou-se a fazer o teste.
E, contratando um motorista (taxista) para conduzir seu carro, já que estava impedido, foi embora.
***
A reportagem não falou se ele foi informado que, em cumprimento da lei, ao recusar-se a fazer o teste de teor etílico, deveria ser conduzido ao IML, onde um médico perito deveria proceder à realização de um exame clínico.
Nem informou se o exame foi feito, o que parece óbvio não aconteceu ao Senador.
***
Escandalosa foi a nota que a assessoria do político emitiu, elogiando a lei e dizendo que, por estar com a carteira vencida, é que se deu a recusa do teste do bafômetro, que o ex-governador teria admitido fazer, caso sua habilitação permitisse que ele permanecesse na direção do veículo.
***
1° ponto: de se louvar que o político não estava com carro oficial, conduzido por motorista do Senado.
2° ponto: pela nota oficial, fica combinado assim, um delito, qualquer que seja, anterior, torna todas as ações subsequentes, inexistentes.
Ou seja: já que estava errado ao não estar habilitado, não podia estar dirigindo e não estava pois, dirigindo bêbado. Não porque não tivesse bebido (já que o teste não foi feito) mas porque não podia haver o evento 2, sem a ocorrência do evento 1.
3° ponto: a mais recente vítima da lei seca não é Aécio. Foi a própria lei.
No Rio, em Leblon, uma vez que, quem o conhece, sabe bem que de Minas, o menino do Rio não deseja nem a lembrança de um quadro na parede.
Minto e estou sendo injusto. Com seu carisma e simpatia inegáveis, e jeitão de menino da roça, que ele sabe como poucos representar, deseja os votos. Mas isso em época própria.
O problema é que, o pretenso líder da oposição estava com sua carteira de habilitação vencida e, alegando que não poderia estar dirigindo (embora estivesse!), recusou-se a fazer o exame do bafômetro.
***
OK. A lei assegura a todos, independente de qualquer característica pessoal, mais ou menos favorável, não fazer prova contra si mesmo.
E, como milhares de outros pegos pelo país afora, Aécio recusou-se a fazer o teste.
E, contratando um motorista (taxista) para conduzir seu carro, já que estava impedido, foi embora.
***
A reportagem não falou se ele foi informado que, em cumprimento da lei, ao recusar-se a fazer o teste de teor etílico, deveria ser conduzido ao IML, onde um médico perito deveria proceder à realização de um exame clínico.
Nem informou se o exame foi feito, o que parece óbvio não aconteceu ao Senador.
***
Escandalosa foi a nota que a assessoria do político emitiu, elogiando a lei e dizendo que, por estar com a carteira vencida, é que se deu a recusa do teste do bafômetro, que o ex-governador teria admitido fazer, caso sua habilitação permitisse que ele permanecesse na direção do veículo.
***
1° ponto: de se louvar que o político não estava com carro oficial, conduzido por motorista do Senado.
2° ponto: pela nota oficial, fica combinado assim, um delito, qualquer que seja, anterior, torna todas as ações subsequentes, inexistentes.
Ou seja: já que estava errado ao não estar habilitado, não podia estar dirigindo e não estava pois, dirigindo bêbado. Não porque não tivesse bebido (já que o teste não foi feito) mas porque não podia haver o evento 2, sem a ocorrência do evento 1.
3° ponto: a mais recente vítima da lei seca não é Aécio. Foi a própria lei.
Lá fora, o discurso muda embora o caos continue o mesmo
A Folha de sábado traz uma novidade, nem tão nova assim. Em evento realizado nos Estados Unidos, o Ministro Presidente do Banco Central, Tombini, deixou claro que não está afastada, nem interrompida, uma retomada da política de arrocho monetário, via elevação da taxa básica de juros.
Na verdade, o presidente foi bastante enfático: o país encontra-se a meio do caminho de uma política de contenção monetária. E ela persistirá. Inclusive com medidas macroprudenciais, destinadas a corrigirem os desvios que a Autoridade Econômica parece acreditar estar acontecendo, na concessão de crédito.
Para quem lê nosso blog, novidade nenhuma. Apenas que o BC continua mais e exclusivamente preocupado com o retorno da inflação à proximidade do centro da meta inflacionária projetada.
Admite não alcançá-la esse ano, para não jogar a economia, de um só golpe, numa recessão com efeitos bastante negativos. Mas, já prepara todo o caminho para que o centro da meta seja, finalmente, atingido em 2012.
Até lá, crescimento de 4%? Ou menos? Relembrando os primeiros anos de governo Lula, em que a taxa de crescimento da economia brasileira, próxima à média de 2,3, pouco mais ou pouco menos, só superava, a taxa do Haiti.
***
Os analistas de bancos, os mesmos porta-vozes do mercado, já mudam suas previsões e, diria eufóricos, já projetam elevações dos juros em patamares maiores que aqueles projetados no início do período.
Isso ficou claro no caderno Mercado da Folha, antes denominado Dinheiro.
Bem, como dinheiro atende ou deveria atender a todos, ao menos na sua prosaica função de meio de troca, a Folha percebeu, há algum tempo atrás que rende muito mais tornar-se porta-voz do Mercado.
E dá-lhe análises de chefes de setores econômicos de grandes bancos, alguns até internacionais, no afã de prosseguirem a tarefa de pautar o governo.
***
Curiosamente, o que o analista fala, escreve, sugere, propõe, a própria Folha, na área de reportagem desmente.
Afinal, das economias que podem servir de comparação com a nossa, como China, Índia, Russia, a nossa está situada no meio do caminho em relação à expectativa de taxas de inflação para 2011.
Tudo bem. Isso não incomoda ao mercado, que deseja e prefere novas elevações da SELIC.
***
Enquanto isso, o PAC vai no embrulho. A contenção fiscal o atinge em cheio e... o Brasil corre o risco de, em sendo o país do futebol, ser o primeiro a popularizar mesmo o mega-evento em que se transformou a Copa do Mundo. Em lugar de estádios, campos de rachão da várzea. E delegações se deslocando entre as sedes dos jogos, não por aeronaves modernas, sem aeroportos para suas manobras, mas por meio de ônibus, fresquinhos, frescões, engarrafados em meio a um trânsito caótico.
Diria até, bem ao nível do caos a que o brasileiro já está acostumado.
Na verdade, o presidente foi bastante enfático: o país encontra-se a meio do caminho de uma política de contenção monetária. E ela persistirá. Inclusive com medidas macroprudenciais, destinadas a corrigirem os desvios que a Autoridade Econômica parece acreditar estar acontecendo, na concessão de crédito.
Para quem lê nosso blog, novidade nenhuma. Apenas que o BC continua mais e exclusivamente preocupado com o retorno da inflação à proximidade do centro da meta inflacionária projetada.
Admite não alcançá-la esse ano, para não jogar a economia, de um só golpe, numa recessão com efeitos bastante negativos. Mas, já prepara todo o caminho para que o centro da meta seja, finalmente, atingido em 2012.
Até lá, crescimento de 4%? Ou menos? Relembrando os primeiros anos de governo Lula, em que a taxa de crescimento da economia brasileira, próxima à média de 2,3, pouco mais ou pouco menos, só superava, a taxa do Haiti.
***
Os analistas de bancos, os mesmos porta-vozes do mercado, já mudam suas previsões e, diria eufóricos, já projetam elevações dos juros em patamares maiores que aqueles projetados no início do período.
Isso ficou claro no caderno Mercado da Folha, antes denominado Dinheiro.
Bem, como dinheiro atende ou deveria atender a todos, ao menos na sua prosaica função de meio de troca, a Folha percebeu, há algum tempo atrás que rende muito mais tornar-se porta-voz do Mercado.
E dá-lhe análises de chefes de setores econômicos de grandes bancos, alguns até internacionais, no afã de prosseguirem a tarefa de pautar o governo.
***
Curiosamente, o que o analista fala, escreve, sugere, propõe, a própria Folha, na área de reportagem desmente.
Afinal, das economias que podem servir de comparação com a nossa, como China, Índia, Russia, a nossa está situada no meio do caminho em relação à expectativa de taxas de inflação para 2011.
Tudo bem. Isso não incomoda ao mercado, que deseja e prefere novas elevações da SELIC.
***
Enquanto isso, o PAC vai no embrulho. A contenção fiscal o atinge em cheio e... o Brasil corre o risco de, em sendo o país do futebol, ser o primeiro a popularizar mesmo o mega-evento em que se transformou a Copa do Mundo. Em lugar de estádios, campos de rachão da várzea. E delegações se deslocando entre as sedes dos jogos, não por aeronaves modernas, sem aeroportos para suas manobras, mas por meio de ônibus, fresquinhos, frescões, engarrafados em meio a um trânsito caótico.
Diria até, bem ao nível do caos a que o brasileiro já está acostumado.
Futebol de botão
Se cuida amigo
o jogo não passa de botão
são várias tampinhas
para cada lado
dispostas ao peso da mão
você que achava
este jogo sério
perdeu a razão
o campeonato não é aprovado
na federação
Você que achava
que a fase má do seu time
era transição
desculpe amigo
perdeu o sentido
está na contramão
Se cuida amigo,
o jogo não passa de botão
são várias tampinhas
para cada lado
seguindo um padrão
E começa o jogo
o juiz trila o apito
Já bota a mão numa bola
mas você não percebe
você não vê nada
do lado de fora
O tempo avança
e o resultado não se modifica
e lá da geral
você se pergunta o porquê
deste jogo
(se é prá dar tudo igual)
Se cuida amigo
o jogo não passa de botão
são várias tampinhas
dispostas na mesma posição
Você se queixa
de pagar tão caro
por este espetáculo
sem ver melhora
console-se amigo
o jeito é vaiar
ou então ir embora.
Se cuida amigo
o jogo não passa de botão
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Balanço de cem dias de ano de 2011, nos vários setores da nossa vida
15 de abril. Chegamos, sem perceber, em função da pressa do tempo, à metade do mês que encerra o primeiro trimestre do ano.
Atingimos já a marca de cem dias de governo Dilma, na presidência da República, e cem dias dos vários governadores estaduais.
Na política, em se tratando do Poder Legislativo, praticamente nada foi feito. Talvez apenas uma ou outra discussão de propostas a serem incluídas no projeto de reforma política, que continua onde sempre esteve. Imóvel. Paralisada.
Exceto isso, o marasmo é tanto que os assuntos mais repercutidos dizem respeito a gastos de correio de Tiririca (que o Zé Simão explica serem reduzidos, dado o pretenso analfabetismo do representante), ao fato de Tiririca estar aprendendo com os colegas, utilizando verba pública para pagar a estada em um resort (dinheiro já devolvido aos cofres públicos) e de Tiririca ter nomeado dois humoristas, colegas, como assessores.
***
Fora do Congresso, Bolsonaro meteu os pés pelas mãos, falando o que sempre achou e pensou, e que o faz representante de um grupo de pessoas que, infelizmente, continuam presentes em nossa sociedade, agredindo pretos, pobres, putas e viados.
***
E, no Senado, o mais carioca dos políticos mineiros fez o discurso mais mineiro de todas as peças da oposição. Ou seja, falou, falou, masxxx acenou, como sempre, com certo apoio ao governo.
Em minha opinião, o mais digno de registro no discurso do oposicionista foi.... tentar ser um discurso de oposição.
***
Dilma mudou o tom do discurso frente a alguns governos amigos, sempre acusados pela midia de atuarem como regimes que negam as liberdades humanas e a dignidade da pessoa, em especial das mulheres. Caso do Iran, que a mídia insiste em demonizar, essa mesma midia que se silencia para as mesmas atrocidades que são praticadas em nossa sociedade, no tocante ao desrespeito aos direitos humanos. Afinal, continuamos agredindo mulheres, atacando homossexuais, adotando posturas preconceituosas. Pior: continuamos torturando dentro de nossas celas e a polícia continua agindo de maneira violenta, arrogante. E, mesmo que digam que essas agressões não estejam sendo cometidas pelo governo ou com apoio público, o fato de existirem e de serem aceitas como demonstrações de nossa cultura, apenas nos fazem refletir. Até que ponto somos assim, tão diferentes, na questão do respeito ao ser humano de regimes fundamentalistas, ou totalitários ou autoritários como o do Iran? Se pensarmos bem, veremos que também eles sempre podem alegar que apenas estão mantendo as suas "tradições".
***
Na economia, como continuo acreditando e já postei aqui muitas vezes, há uma certa histeria com a questão da retomada da inflação, que não passa, como alguns analistas inutilmente têm tentado mostrar, de terrorismo do mercado.
Afinal, o mercado financeiro, em especial, cobra medidas ortodoxas do governo, principalmente relativas à elevação de juros, que mais o beneficiam e atende a seus interesses de ganhos extraordinários especulativos.
E, exercendo senão o controle, uma grande influência sobre os mais importantes meios de comunicação de massa, acaba convencendo a todos de que a inflação está escapando ao controle do governo.
O que ninguém informa é que a previsão de inflação em países como a China, e outros importantes parceiros e participantes da economia global, é de taxas de 5%, ou seja, semelhantes aquela expectativa que provoca tanto estardalhaço em nosso país.
Aqui, continuam afirmando que a inflação está projetando um acréscimo de 100%, de 30%, comparado à taxa do(s) ano(s) anterior(es), praticando a velha tática de distração pelo uso da estatística. Afinal, a verdade é que a inflação esperada aqui não deve ser superior a 5,7 ou 5,8%, por minha expectativa.
***
Pior é que o Banco Central está combatendo a inflação, atendendo à exigência do mercado, embora para não ceder completamente, usando menos o instrumento que bancos e intermediários financeiros elegeram como o melhor.
Nesse sentido, o Banco Central finalmente demonstra certa independência ou autonomia real, conseguindo deixar de ser tutelado e tornado refém dos desejos e interesses do mercado.
O que é extremamente positivo, além de revelar também uma preocupação cada vez mais correta, na direção, com relação à forma de tratamento e de tentativas de mitigação de riscos que podem levar o sistema financeiro à novas crises.
***
No Judiciário, a nomeação de Fux para o Supremo jogou o projeto da sociedade do Ficha limpa, no ralo. Em respeito à Constituição, por mais que há leis que mais que pegarem ou não, acabam se voltando contra o interesse maior da nação.
***
No futebol, só dá Cruzeiro, na Libertadores, no mineiro, infelizmente...
Enquanto o Galo vai montando, ou remontando, mais uma vez, seu time. Pelo andar das contratações recentemente anunciadas, para participar do campeonato de Masters ...
***
E, nesse meio tempo, em meio a milhares de acidentes de trânsito e matança indiscriminada nas estradas; das mortes pelos desastres naturais sempre anunciados, e nunca impedidos; a matança de adolescentes na escola de Realengo, que chocou a todo o país.
Certamente, para esses que perderam filhos, pais, parentes, amigos, namoradas, maridos, colegas, mas em especial para os pais o tempo fez uma inflexão e deixou de passar. Como homenagem, ou forma de eternizar as lembranças de todos que se foram antes do tempo.
Atingimos já a marca de cem dias de governo Dilma, na presidência da República, e cem dias dos vários governadores estaduais.
Na política, em se tratando do Poder Legislativo, praticamente nada foi feito. Talvez apenas uma ou outra discussão de propostas a serem incluídas no projeto de reforma política, que continua onde sempre esteve. Imóvel. Paralisada.
Exceto isso, o marasmo é tanto que os assuntos mais repercutidos dizem respeito a gastos de correio de Tiririca (que o Zé Simão explica serem reduzidos, dado o pretenso analfabetismo do representante), ao fato de Tiririca estar aprendendo com os colegas, utilizando verba pública para pagar a estada em um resort (dinheiro já devolvido aos cofres públicos) e de Tiririca ter nomeado dois humoristas, colegas, como assessores.
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Fora do Congresso, Bolsonaro meteu os pés pelas mãos, falando o que sempre achou e pensou, e que o faz representante de um grupo de pessoas que, infelizmente, continuam presentes em nossa sociedade, agredindo pretos, pobres, putas e viados.
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E, no Senado, o mais carioca dos políticos mineiros fez o discurso mais mineiro de todas as peças da oposição. Ou seja, falou, falou, masxxx acenou, como sempre, com certo apoio ao governo.
Em minha opinião, o mais digno de registro no discurso do oposicionista foi.... tentar ser um discurso de oposição.
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Dilma mudou o tom do discurso frente a alguns governos amigos, sempre acusados pela midia de atuarem como regimes que negam as liberdades humanas e a dignidade da pessoa, em especial das mulheres. Caso do Iran, que a mídia insiste em demonizar, essa mesma midia que se silencia para as mesmas atrocidades que são praticadas em nossa sociedade, no tocante ao desrespeito aos direitos humanos. Afinal, continuamos agredindo mulheres, atacando homossexuais, adotando posturas preconceituosas. Pior: continuamos torturando dentro de nossas celas e a polícia continua agindo de maneira violenta, arrogante. E, mesmo que digam que essas agressões não estejam sendo cometidas pelo governo ou com apoio público, o fato de existirem e de serem aceitas como demonstrações de nossa cultura, apenas nos fazem refletir. Até que ponto somos assim, tão diferentes, na questão do respeito ao ser humano de regimes fundamentalistas, ou totalitários ou autoritários como o do Iran? Se pensarmos bem, veremos que também eles sempre podem alegar que apenas estão mantendo as suas "tradições".
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Na economia, como continuo acreditando e já postei aqui muitas vezes, há uma certa histeria com a questão da retomada da inflação, que não passa, como alguns analistas inutilmente têm tentado mostrar, de terrorismo do mercado.
Afinal, o mercado financeiro, em especial, cobra medidas ortodoxas do governo, principalmente relativas à elevação de juros, que mais o beneficiam e atende a seus interesses de ganhos extraordinários especulativos.
E, exercendo senão o controle, uma grande influência sobre os mais importantes meios de comunicação de massa, acaba convencendo a todos de que a inflação está escapando ao controle do governo.
O que ninguém informa é que a previsão de inflação em países como a China, e outros importantes parceiros e participantes da economia global, é de taxas de 5%, ou seja, semelhantes aquela expectativa que provoca tanto estardalhaço em nosso país.
Aqui, continuam afirmando que a inflação está projetando um acréscimo de 100%, de 30%, comparado à taxa do(s) ano(s) anterior(es), praticando a velha tática de distração pelo uso da estatística. Afinal, a verdade é que a inflação esperada aqui não deve ser superior a 5,7 ou 5,8%, por minha expectativa.
***
Pior é que o Banco Central está combatendo a inflação, atendendo à exigência do mercado, embora para não ceder completamente, usando menos o instrumento que bancos e intermediários financeiros elegeram como o melhor.
Nesse sentido, o Banco Central finalmente demonstra certa independência ou autonomia real, conseguindo deixar de ser tutelado e tornado refém dos desejos e interesses do mercado.
O que é extremamente positivo, além de revelar também uma preocupação cada vez mais correta, na direção, com relação à forma de tratamento e de tentativas de mitigação de riscos que podem levar o sistema financeiro à novas crises.
***
No Judiciário, a nomeação de Fux para o Supremo jogou o projeto da sociedade do Ficha limpa, no ralo. Em respeito à Constituição, por mais que há leis que mais que pegarem ou não, acabam se voltando contra o interesse maior da nação.
***
No futebol, só dá Cruzeiro, na Libertadores, no mineiro, infelizmente...
Enquanto o Galo vai montando, ou remontando, mais uma vez, seu time. Pelo andar das contratações recentemente anunciadas, para participar do campeonato de Masters ...
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E, nesse meio tempo, em meio a milhares de acidentes de trânsito e matança indiscriminada nas estradas; das mortes pelos desastres naturais sempre anunciados, e nunca impedidos; a matança de adolescentes na escola de Realengo, que chocou a todo o país.
Certamente, para esses que perderam filhos, pais, parentes, amigos, namoradas, maridos, colegas, mas em especial para os pais o tempo fez uma inflexão e deixou de passar. Como homenagem, ou forma de eternizar as lembranças de todos que se foram antes do tempo.
A luta quixotesca contra os moinhos do mundo
Não limitaria os passos da liberdade
que persigo
e não seria masmorra
jogando, em ferros, sonhos utópicos.
pois que os caminhos não se opõem
aos outros
sendo paralelos
infinitos.
E o ser humano
não se obriga por magia
à justaposição
de espíritos
Não impediria a partida
por rumos que não tomaria
mas também não seria mais eu
se acompanhado, falasse como ao vento
que como açoite
machucasse
sem avisos.
Sob as brasas
Fogo brando
chama que teima em surgir
chama arrasadora
chama
que a fonte de tuas lágrimas
insiste em apagar
Fogo morto
debaixo da cinza
carvão que queima escondido
calor que ainda vai explodir
incontrolável.
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Dez anos sempre dizem muito, do tempo passado
Passou o tempo
e quem não viu
passaram anos
e foram dez
Passou o tempo
e quem sentiu
não viu que foram
e foram dez
Passou o tempo
ninguém contou
passou um ano
passaram dez
passou o tempo
e ninguém viu
o passar arrastado
do tempo.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Lembranças da época romântica da computação
A empresa opera
trabalha
processa
a pressa de um computador.
A empresa se agita
funciona
convulsa
expulsa o trabalhador
E gira com números de luz
circula com fitas cassetes
e grava o surdo ruído
de toda transformação
Fazendo de sua rotina
seqüência diária.
terça-feira, 12 de abril de 2011
Valores
Mais valia
ser um excedente improdutivo
não aqui onde concorre
meu trabalho.
Mais valia
ser a casa motivo de angústia
não o mercado imperfeito.
Mais valia
não valer nada
e flutuar à tarde
em liberdade.
segunda-feira, 11 de abril de 2011
De vagações...
E fala-se do sexo dos anjos
e vaga-se especificamente
pelos céus do meu país
Não se desce à terra
não se vai ao inferno
à procura de adeus
Assim, solto a vagar pela poesia
entendo um pouco mais de aerovias
e deixo-me perder em disfunções
E fala-se do sexo dos anjos
das asas dos anjos
do rosto dos anjos
e deixa-se de lado o terra a terra
o sexo dos homens
essa quimera.
sábado, 9 de abril de 2011
Possível racha do área econômica do governo é sonho do mercado financeiro, mas não parece ter crédito
Está noticiado na Folha de hoje, sábado. Em reunião com empresários do setor industrial, em que não estiveram presentes, mas se fizeram representar os ministros do Desenvolvimento Industrial e Ciência e Tecnologia, respectivamente, Fernando Pimentel e Aloísio Mercadante, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Luciano Coutinho recomendou aos empresários que pressionassem o governo para promover mudanças na política cambial.
Segundo a Folha, Luciano destacou que, por força da necessidade de controle da inflação, especialmente vinda de fora para dentro de carona nos preços de commodities, o govern o estaria deixando nossa moeda se valorizar perigosamente, o que poderia decretar perdas significatiivas para a produção industrial nacional.
***
Não fosse a declaração feita por um importante membro da equipe econômica do governo Dilma, o que dá margem a uma série de especulações quanto à existência de possíveis rachas no seio do governo, a declaração não traria mais que o óbvio.
Aqui mesmo nesse blog, em várias ocasiões já mencionamos que a elevação dos juros, patrocinada pelo COPOM, atrairia para nosso país um volume elevado de capitais externos que redundariam em elevação do valor do real e queda do dólar, com efeitos nefastos para nossa conta de transações correntes, nossa indústria, nossa produção e o nível de emprego e as taxas de crescimento, mas evidente efeito benéfico sobre a inflação.
Se, como lembra Luiz Carlos Mendonça de Barros, ouvido em reportagem em que o jornal repercute o assunto, essa política cambial fosse capaz de alcançar o principal vilão dos preços no interior de nossa economia, os preços de produtos não expostos à concorrência internacional, serviços e bens não comercializáveis (escrevi outro dia non-tradeables).
***
Então, Luciano nada afirmou que não seja de conhecimento público, a respeito de uma certa tolerância maior do governo em relação à valorização do real. Tolerância que, mesmo em tese não sendo tida como uma medida correta de política econômica, acaba sendo reconhecida como talvez a opção mais viável, no momento e dadas as circunstâncias, de não permitir que os preços elevados de matérias primas internacionais joguem mais combustível na fogueira dos preços ardentes aqui no Brasil, por economistas do porte de um Belluzzo ou de um Reinaldo Gonçalves.
***
Exortar aos empresários a pressionarem o governo a ficar atento ao câmbio, ou a tomar medidas destinadas a compensar a desvalorização do dólar, menos que mostrar uma divisão interna no governo, mostra apenas a visão de um economista que sempre esteve voltado menos para os interesses do mercado financeiro e mais para a defesa daqueles que geram a riqueza e a produção real do pais.
Nesse sentido, inclusive não há que se falar em divisão, quando o próprio Mantega, também em evento noticiado pela Folha, fala abertamente que, embora essa valorização do real fosse uma política possível, não é a política de combate à inflação que o governo vem adotando.
***
Mantega respondia a Maílson da Nóbrega, que depois que nada fez como Ministro da Fazenda (no período Sarney, quando se notabilizou por adotar a política do arroz com feijão, ou o" não fazer nada para ver como é que fica") foi atuar no mercado financeiro, de onde volta e meia emite opiniões como a de que o governo deveria deixar o dólar virar poeira, para usar as importações tornadas baratas como arma contra a elevação de preços.
Ora, ligado ao mercado financeiro, não há como cobrar de Nóbrega outra postura.
E a sua estapafúrdia sugestão, Mantega já deu resposta. Que coincide com a idéia de Luciano.
Mas, nada como o mercado financeiro tentar jogar numa possível divisão, para enfraquecer autoridades e, desestabilizando-as, conseguir capturar e trazer essas autoridades para rezar por sua cartilha.
Segundo a Folha, Luciano destacou que, por força da necessidade de controle da inflação, especialmente vinda de fora para dentro de carona nos preços de commodities, o govern o estaria deixando nossa moeda se valorizar perigosamente, o que poderia decretar perdas significatiivas para a produção industrial nacional.
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Não fosse a declaração feita por um importante membro da equipe econômica do governo Dilma, o que dá margem a uma série de especulações quanto à existência de possíveis rachas no seio do governo, a declaração não traria mais que o óbvio.
Aqui mesmo nesse blog, em várias ocasiões já mencionamos que a elevação dos juros, patrocinada pelo COPOM, atrairia para nosso país um volume elevado de capitais externos que redundariam em elevação do valor do real e queda do dólar, com efeitos nefastos para nossa conta de transações correntes, nossa indústria, nossa produção e o nível de emprego e as taxas de crescimento, mas evidente efeito benéfico sobre a inflação.
Se, como lembra Luiz Carlos Mendonça de Barros, ouvido em reportagem em que o jornal repercute o assunto, essa política cambial fosse capaz de alcançar o principal vilão dos preços no interior de nossa economia, os preços de produtos não expostos à concorrência internacional, serviços e bens não comercializáveis (escrevi outro dia non-tradeables).
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Então, Luciano nada afirmou que não seja de conhecimento público, a respeito de uma certa tolerância maior do governo em relação à valorização do real. Tolerância que, mesmo em tese não sendo tida como uma medida correta de política econômica, acaba sendo reconhecida como talvez a opção mais viável, no momento e dadas as circunstâncias, de não permitir que os preços elevados de matérias primas internacionais joguem mais combustível na fogueira dos preços ardentes aqui no Brasil, por economistas do porte de um Belluzzo ou de um Reinaldo Gonçalves.
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Exortar aos empresários a pressionarem o governo a ficar atento ao câmbio, ou a tomar medidas destinadas a compensar a desvalorização do dólar, menos que mostrar uma divisão interna no governo, mostra apenas a visão de um economista que sempre esteve voltado menos para os interesses do mercado financeiro e mais para a defesa daqueles que geram a riqueza e a produção real do pais.
Nesse sentido, inclusive não há que se falar em divisão, quando o próprio Mantega, também em evento noticiado pela Folha, fala abertamente que, embora essa valorização do real fosse uma política possível, não é a política de combate à inflação que o governo vem adotando.
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Mantega respondia a Maílson da Nóbrega, que depois que nada fez como Ministro da Fazenda (no período Sarney, quando se notabilizou por adotar a política do arroz com feijão, ou o" não fazer nada para ver como é que fica") foi atuar no mercado financeiro, de onde volta e meia emite opiniões como a de que o governo deveria deixar o dólar virar poeira, para usar as importações tornadas baratas como arma contra a elevação de preços.
Ora, ligado ao mercado financeiro, não há como cobrar de Nóbrega outra postura.
E a sua estapafúrdia sugestão, Mantega já deu resposta. Que coincide com a idéia de Luciano.
Mas, nada como o mercado financeiro tentar jogar numa possível divisão, para enfraquecer autoridades e, desestabilizando-as, conseguir capturar e trazer essas autoridades para rezar por sua cartilha.
Tons de Rosa
Róseo
/é o tom vivo do prédio
/matiz do horizonte
que emoldura o jardim
de rosas
É o futuro
quase obscuro
nossos projetos
e planos
Róseo é o amanhã
é a manhã
não a noite
Rósea é a esperança
não a descrença
Rosa é a arma do poder
A cor da fonte do saber
rósea é a informação
mesmo a mais perigosa.
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