Antecedendo à Páscoa, encerra-se hoje, mais uma reunião do COPOM, o Comitê de Política Monetária do Banco Central.
O mercado, entre ansioso e eufórico, aguarda e ansia por aumento de 0,5% na taxa de juros básica. A desculpa ou alegação, de sempre, é que o Banco Central deve prosseguir na sua política contencionista, visando conter a escalada inflacionária.
Afinal, desgarrada, a inflação projetada pelo sistema financeiro aproxima-se, cada vez mais perigosamente do limite superior da meta inflacionária.
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Colaborando com os que não sabem ou não se recordam. O Banco Central adota, já há muito, o sistema de metas inflacionárias, pelo qual apresenta e o Congresso aprova a taxa média de inflação tolerada para a economia. A taxa média ou centro da meta, que é a taxa perseguida, pode oscilar no intervalo definido, em nosso caso, de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Em valores: para esse ano, o BC estabeleceu e tem como centro da meta, o valor de uma inflação de 4,5%. Que pode variar entre 2,5% ou 6,5%.
Em anos anteriores, a meta já foi atingida em cheio. Em outros, a taxa de inflação estava abaixo do centro da meta, indicando um rigor do BC excessivo, podendo esse rigor ter respingos indesejáveis sobre o nível de emprego, tomada de decisões e nível de investimentos, etc.
Relembre-se que nessa ocasião, o mercado ficou mudo.
Agora é o contrário. Como a meta, segundo as expectativas do mercado superou o valor central, o mercado reage na mesma hora. E pressiona.
Tanto que, como não constitui novidade alguma, justo na semana que antecede à reunião, o mercado vir a público para afirmar que suas expectativas se deterioraram e o limite superior está cada vez mais próximo.
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Creio que os diretores do Banco Central, que têm assento no Comitê, depois das declarações de Tombini nos Estados Unidos, já comentadas aqui, deverá elevar os juros, subordinado e refém que é dos interesses do mercado.
Mas, continuando a se curvar, fingindo que está ereto, o BC deve elevar os juros em apenas 0,25%.
A alegação, acredito, é a de que a economia já está reagindo às primeiras elevações dos juros patrocinadas no início do ano, e que é preciso que a medicação seja mais dosada para que os efeitos possam ser avaliados com cautela.
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De resto, juros elevados promovem um estrago no câmbio. E, como guardião das reservas internacionais, ao contrário do que muitos analistas pagos pelo mercado afirmam, é sim, competência do Banco Central cuidar do câmbio. Para que não seja o BC, mais tarde, acusado de ser o vilão da elevação do déficit público, já que obtém reservas que aplica a juros de 1,5% ao ano, e para obter tais recursos, paga com reais que pagam mais de 11%, fenômeno que alguns chamam de cunha fiscal.
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Por sorte, se capturado pelo mercado, que já lhe roubou a autonomia, o BC ainda tem, no governo, que enfrentar as pressões do ministro Mantega, a quem não se submete.
Mas, justiça seja feita, Mantega tem conseguido mostrar à sociedade e aos seus pares, e à presidenta Dilma, que melhor estar na companhia de outros países em franco processo de desenvolvimento, como China, Índia e Rússia, cujas taxas de inflação esperadas estão no mesmo patamar que a brasileira, que fazer companhia às economias européias, todas em crise recessiva.
Afinal, toda essa elevação dos preços, em todo o mundo, ainda é reflexo da crise criada pelos brancos de olhos claros, como nos fez lembrar Lula (ou seja, a crise foi causada pelos países ricos e os povos ditos mais desenvolvidos), e pela política necessária para debelar a crise financeira, de caráter internacional, de 2007/2008.
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