sexta-feira, 15 de abril de 2011

Balanço de cem dias de ano de 2011, nos vários setores da nossa vida

15 de abril. Chegamos, sem perceber, em função da pressa do tempo, à metade do mês que encerra o primeiro trimestre do ano.
Atingimos já a marca de cem dias de governo Dilma, na presidência da República, e cem dias dos vários governadores estaduais.
Na política, em se tratando do Poder Legislativo, praticamente nada foi feito. Talvez apenas uma ou outra discussão de propostas a serem incluídas no projeto de reforma política, que continua onde sempre esteve. Imóvel. Paralisada.
Exceto isso, o marasmo é tanto que os assuntos mais repercutidos dizem respeito a gastos de correio de Tiririca (que o Zé Simão explica serem reduzidos, dado o pretenso analfabetismo do representante), ao fato de Tiririca estar aprendendo com os colegas, utilizando verba pública para pagar a estada em um resort (dinheiro já devolvido aos cofres públicos) e de Tiririca ter nomeado dois humoristas, colegas, como assessores.
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Fora do Congresso, Bolsonaro meteu os pés pelas mãos, falando o que sempre achou e pensou, e que o faz representante de um grupo de pessoas que, infelizmente, continuam presentes em nossa sociedade, agredindo pretos, pobres, putas e viados.
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E, no Senado, o mais carioca dos políticos mineiros fez o discurso mais mineiro de todas as peças da oposição. Ou seja, falou, falou, masxxx acenou, como sempre, com certo apoio ao governo.
Em minha opinião, o mais digno de registro no discurso do oposicionista foi.... tentar ser um discurso de oposição.
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Dilma mudou o tom do discurso frente a alguns governos amigos, sempre acusados pela midia de atuarem como regimes que negam as liberdades humanas e a dignidade da pessoa, em especial das mulheres. Caso do Iran, que a mídia insiste em demonizar, essa mesma midia que se silencia para as mesmas atrocidades que são praticadas em nossa sociedade, no tocante ao desrespeito aos direitos humanos. Afinal, continuamos agredindo mulheres, atacando homossexuais, adotando posturas preconceituosas. Pior: continuamos torturando dentro de nossas celas e a polícia continua agindo de maneira violenta, arrogante.  E, mesmo que digam que essas agressões não estejam sendo cometidas pelo governo ou com apoio público, o fato de existirem e de serem aceitas como demonstrações de nossa cultura, apenas nos fazem refletir. Até que ponto somos assim, tão diferentes, na questão do respeito ao ser humano de regimes fundamentalistas, ou totalitários ou autoritários como o do Iran? Se pensarmos bem, veremos que também eles sempre podem alegar que apenas estão mantendo as suas  "tradições".
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Na economia, como continuo acreditando e já postei aqui muitas vezes, há uma certa histeria com a questão da retomada da inflação, que não passa, como alguns analistas inutilmente têm tentado mostrar, de terrorismo do mercado.
Afinal, o mercado financeiro, em especial, cobra medidas ortodoxas do governo, principalmente relativas à elevação de juros, que mais o beneficiam e atende a seus interesses de ganhos extraordinários especulativos.
E, exercendo senão o controle, uma grande influência sobre os mais importantes meios de comunicação de massa, acaba convencendo a todos de que a inflação está escapando ao controle do governo.
O que ninguém informa é que a previsão de inflação em países como a China, e outros importantes parceiros e participantes da economia global, é de taxas de 5%, ou seja, semelhantes aquela expectativa que provoca tanto estardalhaço em nosso país.
Aqui, continuam afirmando que a inflação está projetando um acréscimo de 100%, de 30%, comparado à taxa do(s) ano(s) anterior(es), praticando a velha tática de distração pelo uso da estatística. Afinal, a verdade é que a inflação esperada aqui não deve ser superior a 5,7 ou 5,8%, por minha expectativa.
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Pior é que o Banco Central está combatendo a inflação, atendendo à exigência do mercado, embora para não ceder completamente, usando menos o instrumento que bancos e intermediários financeiros elegeram como o melhor.
Nesse sentido, o Banco Central finalmente demonstra certa independência ou autonomia real, conseguindo deixar de ser tutelado e tornado refém dos desejos e interesses do mercado.
O que é extremamente positivo, além de revelar também uma preocupação cada vez mais correta,  na direção, com relação à forma de tratamento e de tentativas de mitigação de riscos que podem levar o sistema financeiro à novas crises.
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No Judiciário, a nomeação de Fux para o Supremo jogou o projeto da sociedade do Ficha limpa, no ralo. Em respeito à Constituição, por mais que há leis que mais que pegarem ou não, acabam se voltando contra o interesse maior da nação.
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No futebol, só dá Cruzeiro, na Libertadores, no mineiro, infelizmente...
Enquanto o Galo vai montando, ou remontando, mais uma vez, seu time. Pelo andar das contratações recentemente anunciadas, para participar do campeonato de Masters ...
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E, nesse meio tempo, em meio a milhares de acidentes de trânsito e matança indiscriminada nas estradas; das mortes pelos desastres naturais sempre anunciados, e nunca impedidos; a matança de adolescentes na escola de Realengo, que chocou a todo o país.
Certamente, para esses que perderam filhos, pais, parentes, amigos, namoradas, maridos, colegas, mas em especial para os pais o tempo fez uma inflexão e deixou de passar. Como homenagem, ou forma de eternizar as lembranças de todos que se foram antes do tempo.

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