sexta-feira, 29 de abril de 2011

Nada de novo no front

Fora o fato de ser a semana de entrega do imposto de renda. A derradeira.
Felizmente, entretanto, além do imposto, dos preparos, ensaios e, no dia de hoje, das festividades que marcam o casamento do Príncipe William, muito pouca novidade aconteceu à nossa volta.
O Banco Central divulgou a Ata da última reunião do COPOM, em que a taxa de juros básica foi aumentada em 0,25%, alcançando o patamar de 12%, prometendo novos aumentos futuros. Convenhamos que o discurso não é novo e já esperado, uma vez divulgado, semana passada que não havia sido unânime a decisão da Diretoria do Banco Central.
Como a imprensa já havia destacado, o COPOM dividiu-se, entre aqueles que votaram por aumento de 0,25 e elevação da taxa de 0,5%. ^
Conclui-se pois, que o viés, mesmo não sendo explicitado é de alta.
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Explico: quando o COPOM decide por uma alteração da taxa, pode definir o novo valor sob três condições. Sem viés, o que indica que a taxa deverá se manter até a próxima reunião já agendada e publicada do calendário de reuniões. Com viés de alta ou de baixa, indicando que o Comitê autoriza ao presidente do Banco, elevar ou reduzir, conforme o caso, a taxa antes da próxima reunião marcada, caso as circunstâncias assim o exijam ou recomendem.
No caso, mesmo que não tivesse qualquer viés de alta sido aprovado, o próprio "racha" no colegiado indica a tendência altista.
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Enquanto isso, o mercado continuou fazendo pressão sobre o Banco, para que pratique uma política mais agressiva de elevação da Selic, com nova elevação da expectativa de inflação, desta feita para 6,34%.
Aqui também, nenhuma novidade.
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O BC divulgou nessa sexta feira o superávit primário recorde obtido nas contas públicas, relativo ao mês de março. Como gosta de noticiar a mídia, a poupança feita para o pagamento dos juros da dívida pública mobiliária.
Particularmente, penso que é o dinheiro extraído da população, sob a forma de impostos, e não destinado ao financiamento dos gastos que justificaram a cobrança dos tributos. Talvez o nome melhor fosse desvio de recursos, uma vez que pagamos todos nós. Mas sem gastar com aquilo que a população precisa (mais que deseja), o governo destina esses recursos ao pagamento de uma minoria privilegiada: os detentores dos títulos que financiam o governo.
Meu raciocínio simples, ou simplista, me leva a crer que, como só os mais privilegiados  e de maior renda podem emprestar recursos excedentes a seus gastos, então o governo dá uma de Robin Hood, às avessas.
Tira dos pobres e alimenta os ricos. De onde se entende, de forma cristalina porque os bancos, um dos grandes, senão o maior credor do governo fazem pressão, pela voz de seus prepostos, por mais aumentos de juros.
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A origem de tamanho superávit não é apenas o corte de gastos determinado pela presidenta Dilma ao início do exercício de seu mandato. Claro que isso é importante. Mas, a economia advém do contingenciamento de gastos. Ou seja: gastos já aprovados, mas que foram adiados.
Gastos que representam atrasos em obras importantes para o povo e outras importantes para a própria imagem que o país projeta para o mundo, em especial, relacionada aos eventos como a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
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Enquanto fazemos o "dever de casa" aqui, os Estados Unidos mantêm a sua taxa de juros em um intervalo que é inferior a 0,5%. Sinal de que vamos continuar recebendo montanhas de dólares daqueles que acham mais interessante ganhar 12, abrindo mão de 0,5.
Como em geral ninguém rasga dinheiro, nem mesmo os loucos, todo mundo vai trazer seus capitais para nosso país, elevando o nosso problema seríssimo, cambial.
Nossa moeda vai continuar se valorizando e nossa balança comercial vai continuar apresentando resultados preocupantes, por declinantes.
Nossa balança de serviços continuará mostrando que os brasileiros estão preferindo fazer turismo onde gastam menos, no exterior e vamos continuar apresentando resultados negativos em conta corrente como anunciado esse início de semana.
Também aqui, tudo igual.
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No futebol em Minas, tudo se encaminha no sentido de haver uma final entre Atlético e Cruzeiro, como já acontece há vinte ou trinta anos. O Barcelona reafirma sua superioridade sobre seu principal rival, o Real e o argentino Messi, mais uma vez brilha.
Artistas que se casaram há menos de dois meses já anunciaram seu divórcio; uma ex-BBB, muito bem dotada posa nua para mais uma revista masculina, e prossegue também o problema já suficientemente debatido, embora não solucionado: vem os feriados, as estradas matam. Vem as chuvas, as águas matam. Os barrancos não resistem à erosão e vêm abaixo e o caos se instala.
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Novidade apenas a rapidez com que foi aprovada a proposta de beatificação e velocidade com que João Paulo II será sagrado beato.
Mas, como isso é assunto de política interna do Vaticano, nem isso mesmo deveria surpreender aos analistas mais rigorosos.

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