quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Júlio Batista, a frase, a entrega do jogo e o interesse da CBF e do Fluzinho... time de segunda categoria

Você é tão bom, vai lá e faz.
Então, vai lá. Chega nela. Ganha a menina.
As frases acima são apenas alguns exemplos de desafios que várias vezes são lançados, ou que desejaríamos lançar para baixar a bola de algum amigo ou conhecido, que está nos provocando, às vezes criticando, afirmando que teria feito melhor e com mais qualidade alguma tarefa que estava para ser feita por qualquer um e que ninguém manifestou a disposição de executar.
Muitas vezes algum comentário feito apenas para nos incomodar, nos tirar do sério, e ver nossa reação. Comentários do tipo: não entendo o que aquela menina viu em um cara como você, com tanta gente melhor por aí.
As respostas equivalem a uma reação natural de quem comprou a provocação, mas não está disposto a comprar uma discussão.
E expressam a filosofia, correta, de que o que está bom é o que já está pronto.
A esse respeito, lembro-me e transmito sempre a meus alunos,  a alguns orientandos de trabalhos, a frase que a mim foi dita há mais de 30 anos: dissertação boa é a que foi feita e entregue. Tese boa é a que foi apresentada e defendida.
Ora, o que está feito, poderia sempre ser objeto de aperfeiçoamento e melhorias. Mas, já está feito. Já tem uma estrutura, uma base. E, por isso, pode até mesmo conter erros, e ser objeto de críticas.
Mas é só.
Nem o namorado ou o "ficante" da menina está mesmo expressando o desejo de que o companheiro crítico vá até a menina para conquistá-la, nem o autor da obra está reconhecendo que o seu provocador seja mesmo melhor e capaz de fazer. Às vezes, até muito pelo contrário.
***
É dentro desse espírito que entendi a frase dita por Júlio Batista, jogador do Cruzeiro, para Cris, o defensor do Vasco, o que me leva a questionar a razão de tanta celeuma que a frase captada por câmaras de televisão tem despertado.
Sem ter qualquer interesse em defender o jogador do time adversário, a quem não conheço, exceto por notícias de sua carreira vitoriosa e sem qualquer fator que a desabone, o fato é que a frase foi dita.
Algo do tipo: para de falar e vai lá e ganha o jogo. Marca logo o gol que vocês precisam. Liquida logo a partida, ao invés de ficar gozando ou falando que é inútil que a gente fique se esforçando para tentar tirar a diferença.
Mas, se foi no mesmo sentido comentado acima, o que justifica tanta repercussão?
Em primeiro lugar, e acho que essa a verdadeira questão, o fato de o resultado, que beneficiava o Vasco, ser prejudicial a times como o Coritiba, o Bahia, times de tradição e que já foram campeões nacionais, e ameaçados de entrarem na chamada zona da degola. Além do prejuízo potencial ao Crisciúma, time de menor expressão, embora também portador de um título nacional e também entre os ameaçados, tal qual a Portuguesa de Desportos de tanta história.
Nesse sentido, sou favorável a que houvesse uma investigação rigorosa das condições e circunstâncias em que a frase de Júlio Batista foi dita, e das provocações a ele dirigidas antes pelo zagueiro vascaíno que, de resto, já disse que tudo não passava de ironias e gozações.
Mas, tendo o fato envolvido interesses de muitos clubes, é preciso que não venha a pairar qualquer dúvida em relação a um possível acordo destinado a dar vitória ao time carioca.
A bem da lisura do campeonato. E até por força do respeito exigido pelas nossas leis ao consumidor do espetáculo esportivo: o torcedor.
E para que tal dúvida possa ser definitivamente eliminada, nada melhor que aqueles que forem investigar o caso assistam a partida, atentos principalmente ao empenho e à forma com que se comportaram em campo os jogadores de ambos os times, principalmente dos envolvidos.
Afinal, jogo de resultado combinado, em tese, não precisaria de nenhum dos dois lados se esforçarem no jogo. Nem teria qualquer jogada mais ríspida, nem lances de perigo, etc.
Embora eu tenha de reconhecer que, se combinado mesmo, seria muito difícil, perceber isso pela postura dos jogadores em campo, já que não há como se afirmar que uma jogada foi um lance de descaso ou de falha, comum de acontecer.
***
Na verdade, acho que estão crucificando Júlio Batista por muito pouco, e todo o destaque dado ao lance é ainda consequência da atitude que eu acho muito pouco profissional de Dedé. Embora ele tenha apenas feito o que vários de nós exigimos de juízes, recentemente até dos ministros do Supremo, de se declararem impedidos de participar de julgamentos onde têm alguma relação, mesmo que não interesse.
E, se alguém tem de ser criticado, se é que vale crítica nesse aspecto é o Cruzeiro. Mais especificamente, nesse caso, o técnico Marcelo Oliveira, a quem tanto elogio.
Afinal, foi ele que em várias ocasiões comentou que o time iria entrar em campo com sua força máxima, até em respeito àquelas equipes que são interessadas diretas nos resultados dos jogos em que seu time estaria envolvido.
E, contra o Vasco, Marcelo, sem maiores explicações, entrou sem vários e importantes titulares.
O que foi feito por praticamente todos os times do Campeonato, o que não tem nada de mais ou de anormal, não fosse trair o discurso que ninguém pediu que ele fizesse.
E se o fez, deveria tê-lo mantido. Ou então ser bastante transparente, declinando as razões de entrar com um time misto.
Se houve então algum acordo de facilitar o jogo para o Vasco, não foi com interveniência de JB, que é vítima na história. Mas com a direção do Cruzeiro e com seu técnico, no sentido de enviar a campo um time de menor qualificação.
***
Deixei de citar acima o Fluminense, propositadamente.
É que, no fundo, acho que todo esse desperdício de tempo discutindo algo que nunca será provado, tem como objetivo causar tumulto.
Na verdade, mais uma vez a CBF e todos os diabos do futebol, conspirando para o time tricolor escapar do rebaixamento que o ronda. Logo ele, time da preferência da CBF, como o demonstrou o campeonato do ano passado. E time beneficiado, mais uma vez, e inexplicavelmente, pela arbitragem que não expulsou Gum de campo, atendendo a pedido do próprio jogador que iria se tornar o autor do gol da virada da equipe.
Esse Fluminense que, se está na primeira divisão é apenas porque sempre é o beneficiado pela entidade maior que dirige nosso esporte, e o faz de forma tão vergonhosa, que acaba gerando sempre suspeitas de que outros times também possam agir com a mesma falta de escrúpulos e decência.
Ou seja: tão acostumados a roubarem para auxiliarem o time carioca, os cartolas da CBF e os dirigentes do beneficiado Flu, acabam sempre enxergando os outros a partir de seu próprio comportamento desprezível.
Esta a razão de tanto agito. E acusações infundadas a um profissional e a dois times que, não sendo interesse meu defendê-los, é necessário reconhecer, cometeram o erro primeiro de estarem no caminho desse time de segunda.
***
E tomara que meu Galo possa, na próxima partida, colocar o tal Fluzinho na categoria da qual ele não deveria ter saído.

Fugazes sensações

O mundo em que vivo
é habitado por vultos
sombras que deslizam
imagens que se deslocam
vertiginosamente
Manchas e borrões
que parecem me perseguir
e que se desfazem no ar
Lembranças de rostos
que se afastam sorrindo
até perderem o foco

Às vezes sinto-lhes a presença
silenciosa
sorrateira
dando densidade ao espaço
à minha volta
onde nossos espíritos
encontram-se para se divertir.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Posturas

Minha mulher sugere
que eu seja mais leve
e quem me lê, certamente,
demanda um texto mais breve
É que poucos se dão conta
da luta árdua
de quem escreve
quando as palavras não encontram ideias
que lhes preencham o espírito
e nem as ideias adaptam às palavras
Pois à ideia estruturante
não é qualquer palavra que lhe serve
Pode ser até que alguém diga que isso não existe
que é frescura
e afirmar que o problema não é o texto
mas a postura
criticando-me por não levar a vida com leveza
o que faz o ambiente com certeza
mais agradável a meu redor
Talvez melhor seria relaxar
encarar a vida com humor
para que o peso da vida
se dilua
e se derreta qual flocos de neve



sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O algoz Barbosa e o nada inocente, mas portador de direitos, Genoíno

Então, assim de repente, descobre-se que José Genoíno sofria de uma doença grave, incapacitante, como são as cardiopatias graves.
Dignas de previsão legal que asseguram a seus portadores direitos especiais, entre os quais a possibilidade de aposentadoria com vencimentos integrais, sem qualquer desconto, inclusive o de imposto de renda.
E, embora recentemente toda a imprensa tivesse noticiado à farta que o deputado petista tivesse passado por procedimento cirúrgico de 6 horas de duração, em caso que ganhou destaque não apenas pela figura do paciente, mas exatamente pelo fato de ser ele um dos mais proeminentes réus do escândalo do mensalão, parece que apenas o presidente do Supremo não tinha conhecimento desse fato.
Razão que levou o ministro Joaquim Barbosa a determinar a prisão e, posteriormente a transferência para Brasília, do petista condenado.
Afinal, como diz o ditado popular, lugar de bandido é na cadeia. Isso para não lembrarmos de outro ditado famoso, normalmente citado em rodinhas de bar, de que bandido bom é bandido morto.
Pois bem, e que nome genérico se dá àqueles que, pegos cometendo ilícitos, são afinal condenados?
Eis aí, no mínimo, um bom motivo para que ser levado em consideração quando a discussão da pena de morte voltar a ser colocada em pauta.
***
Bem, que Genoíno, como presidente do PT que era à época, deve ter aposto assinaturas em contratos forjados para acobertarem desvios de recursos para o partido, ato que constitui crime, parece ser inquestionável.
Que comprovada, sua atitude é digna de reprovação e punição, não há como negar.
Mas daí a passar a tratar Genoíno como um bandido comum, daqueles capazes de cometer as barbaridades mais atrozes apenas para seu próprio proveito, vai uma distância muito grande.
Condenar, que é correto, não significa demonizar. Menos ainda nesse tipo de crime e,  como parece ter sido a participação de Genoíno, apenas pela posição que ocupava.
Para mim está claro que Genoíno, por sua história, seu passado, sua vida sempre à luz dos holofotes, sempre policiada e sempre distante de quaisquer fatos dignos de maiores reprovações,  nada tem de inocente.
Se em algum momento chegou a ler todos os documentos e papéis que assinava, não pode alegar que não tinha qualquer noção do conteúdo, com o qual concordava ou em caso contrário, preferia calar-se, fazendo vista grossa.
Mas, daí a não receber o tratamento que qualquer bandido tem direito por lei, do cumprimento da pena justa que lhe foi aplicada, do tratamento de que é merecedor como ser humano por seu estado de saúde, etc. é no minimo, digno de que cada um de nós reveja seus conceitos do que é a justiça dos homens, ou a sede de vingança que nos habita a todos.
E que justifica que atrocidades sejam sempre justificadas contra criminosos, tão somente para poder nos aproximar, a toda a sociedade, do mesmo ato de barbárie que tenha dado origem a toda a situação que se deseja punir.
***
Falando de outra forma, menos complicada: às vezes, parece-me que não se deseja justiça, mas tão somente vingança por parte da sociedade. Vingança que, uma vez cometida apenas nos tornaria tão ou mais bárbaros que aqueles cujo comportamento desejamos punir.
Por tal motivo, é que a polícia, a justiça, o Estado tem a obrigação de cuidar da integridade física, mental, etc. de todos que estão sob sua guarda, por mais que condenados e considerados criminosos.
Não podemos nos transformar nos monstros cujo comportamento queremos punir.
Por isso a qualquer bandido é dado o direito de passar por exame médico para verificar das condições de saúde que portavam quando da chegada a presídios. Por isso, toda e qualquer manifestação de problemas de saúde é capaz de, imediatamente, levar à quebra de certas privações ao apenado, e levar as autoridades a tudo fazerem, a seu alcance, para que aquele estado não seja agravado e tenha o tratamento adequado.
Mas, se tudo isso é feito em relação a qualquer condenado, porque Genoíno não teve tal tratamento?
E não dá para aceitar o argumento de que o réu não quis passar por um exame médico que não era de sua opção, mas cuja realização era obrigação do Estado!
***
Em minha opinião, pior ainda, porque a espetacularização da viagem ou a transformação da viagem até Brasília e a ida para a Papuda, em show, justo na simbólica data da comemoração da proclamação da República?
Apenas para que a figura de Joaquim Barbosa  de magistrado de elevados conhecimentos jurídicos, se transformasse também na de juiz zeloso, eficiente e ciente de seus deveres para com a sociedade, descambando para a figura do presidente da Corte Suprema ressentido e autoritário, até cair no ridículo de cometer o conjunto de ilegalidades por ele cometidas?
Ilegalidades que deveriam ser objeto de análise e julgamento por seus pares, pela CNJ ou órgão que existisse para poder por fim à todas as irregularidades que a vaidade e o autoritarismo podem gerar?
Afinal, se o próprio Barbosa como relator por várias vezes afirmou que Genoíno, aproveitando-se dos infringentes deveria ser considerado já condenado nos demais delitos de que era acusado, cujos embargos não foram aceitos, caracterizando assim a figura do trânsito em julgado por tais atos; se o próprio Barbosa afirmou que tal decisão beneficiava os condenados que começariam a cumprir suas penas em regime mais benéfico; se tal regime era o semi-aberto, porque prender e conduzir para regime fechado em localidade distinta da que a lei lhe assegura para cumprimento da pena?
***
Bem, agora, depois de tanta grita e manifestos assinados não apenas por simpatizantes do PT mas também por advogados de reconhecido conhecimento, condenando as atitudes de Barbosa, só agora, ele se decide por conceder o regime ainda mais benéfico que o estado de saúde de Genoíno recomenda.
Menos mal que ainda não se deu o pior e o agravamento da saúde do deputado petista ainda não chegou ao limite.
Mas, que Barbosa, a quem tanto respeito eu devoto pisou na bola literalmente, isso não há dúvidas.
E que, se sair candidato mesmo, como se alega, a qualquer cargo eletivo, é preciso muito cuidado para dedicar-lhe qualquer voto ou poder maior, acho que não resta mais dúvidas.
Pelo menos em minha de opinião.

As vozes que ouço

Todas as vozes que ouço
pedem justiça
Todas as vozes que ouço
pedem respeito
Todas as vozes que ouço
pedem apenas
compreensão
Todas as vozes que ouço
pedem alimento
pois à fome do espírito
adiciona-se a fome do pão
Todas as vozes que ouço
pedem carinho
pedem gentileza
atenção
Todas as vozes que ouço
exigem direitos
que lhes nega nosso mundo cão
Há vozes que dizem obrigado
Essas são poucas
Vozes que imploram amor
e que já estão quase roucas
Todas as vozes que ouço me habitam
e no ambiente em que vivo
ilhumana
cercado de amigos
todas as vozes que ouço
expressão a minha contradição
São vozes que me acompanham
na vertigem esquizofrênica
que permanece escondida
em minha alma.


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Vexame do Galo que, mais uma vez, não jogou no Canindé

Vamos aceitar a ideia - equivocada- de que, já definido o campeonato brasileiro, os demais jogos tornaram-se apenas amistosos e testes para montagem de elenco, etc. para a temporada de 2014.
A ideia é falsa, todos sabem, em função de que a definição até agora foi apenas do campeão e de um dos rebaixados. Há também outros times, como o Internacional, Flamengo, São Paulo, que sabem que não correm qualquer risco e que nada mais almejam, em termos de conquistas.
A verdade é que, para ao menos 6 outros times, a luta está muito renhida, e a tentativa desesperada de fugir ao rebaixamento é a tônica e o fato que dá emoção ao fim do torneio.
Para o Atlético Mineiro, campeão da Libertadores e já com participação assegurada na próxima edição daquela competição internacional, a situação é de testes, mas longe de ter como horizonte o ano de 2014.
Afinal, o time precisa se preparar e estar completamente focado para a disputa do título de campeão interclubes de futebol, com início marcado para daqui a exatos 30 dias.
***
Assim, se o campeonato prossegue e tem ainda muita coisa importante a ser definida, creio que seja fundamental que todos, sem exceção, adotem como filosofia de trabalho o pensamento manifesto por Marcelo Oliveira, o excelente técnico campeão e bom caráter, acima de tudo.
Para Marcelo, até em respeito a todas as demais equipes que têm definições importantes a enfrentar daqui até a última rodada, é importante que todos os times entrem em campo com a mesma disposição, gana, vontade demonstrada nos jogos anteriores.
Marcelo não falou mas poderia ter dito, até em respeito ao próprio futebol, e principalmente ao torcedor. Esse que paga ingressos, com sacrifícios, durante toda a temporada, estando sempre sujeito à exploração da sua paixão clubística por diretores e cartolas sem qualquer respeito por quem, em última análise, é que sustenta todo esse circo que envolve o futebol e faz dele o maior espetáculo da terra.
Vá lá! Façamos a correção, por esse torcedor simples e abnegado, que junto com o governo e às dívidas que se acumulam com agências governamentais, é que sustentam todo o circo.
***
Pois bem. Dou aqui esse pitaco, pensando no jogo do Atlético no início da noite de ontem contra a Portuguesa de Desportos ou Lusa, no Canindé.
Sinceramente, jogo que uma associação qualquer de torcedores atleticanos deveria acionar judicialmente, pedindo de volta o dinheiro do ingresso. Ou até mesmo o dinheiro gasto nas cervejas nos bares de Belo Horizonte, por exemplo, ou o dinheiro do pay-per-view, etc.
Porque, como diria o Neto, ex-jogador e agora participante das transmissões da Band: "Brincadeira".
O que o time do Galo fez ontem dentro de campo, foi simplesmente ridículo.
Confesso que fica até difícil comentar o ocorrido.
Tudo bem. Nem transcorrido o primeiro minuto de jogo, houve o lance de contusão de Réver, que caiu sozinho, de mau jeito resultando em um tornozelo torcido.
Claro que tal lance acaba influenciando o ânimo do restante do time que, preocupado em evitar contusões que possam significar o corte da disputa do mundial, acaba não querendo por o pé em bola dividida.
Mas, daí a começar a pipocar como alguns jogadores fizeram ontem, vai uma distância grande.
Tardelli, o grande Tardelli, cantado em prosa e verso como um dos maestros do time, cujo nome tem sido sempre cobrado para estar nas convocações da seleção nacional, simplesmente evitou tocar a bola. Nem digo que não quis entrar em disputas. O que ele fez foi tentar se livrar da bola a cada vez que ela chegava a seus pés, como se a bola estivesse queimando.
Resultado: a quantidade de passes que ele errou foi lamentável. Só não foi pior do que a jogada completamente displicente que resultou no segundo gol da Portuguesa. Fruto da cobrança de um lateral que ele para se livrar da bola tocou de qualquer jeito, e depois quando viu o que tinha feito, de uma tentativa bisonha de tentar afastar o perigo da bola passando pela entrada da área, dando um toque de calcanhar, apenas para ajeitar a bola para Henrique, o atacante da Lusa.
***
Fernandinho não entrou em campo. Ainda correu no início, mas não recebeu quase bola alguma, exceto uma ou outra quadrada que sobravam ali na frente.
Luan, embora o mesmo jogador voluntarioso que tanto encanta à torcida do Galo, nada conseguia, salvo alguma arrancada que morria por não ter algum companheiro que encostasse a seu lado.
Carlos César mostrou para todos os atleticanos a falta que Marcos Rocha faz, mesmo se tivesse de entrar em campo de muletas. Não acertou uma jogada, além de distribuir pontapés para onde batesse o vento.
Com a contusão de Réver e sua substituição, Léo Silva parece ter ficado inseguro e falhando em lances que não costuma falhar.
Emerson, embora jogando mais tranquilo, ao menos aparentemente, também não conseguia acompanhar o veloz e atrevido ataque da Lusa, Diogo à frente.
A entrada de Júnior César no lugar de Réver apenas embolou o que já estava meio confuso e perdido. Parece-me que a ideia de Cuca foi testar um esquema de 3-5-2, que ninguém conseguiu entender, em campo.
Senão a entrada de Júnior César teria que provocar o deslocamento de Lucas Cândido para o meio, ajudando no primeiro combate ao veterano Gilberto Silva, que parece ter sentido o desgaste de tanto tempo fora.
Não sei, sinceramente, a intenção de Cuca. Sei apenas que deu tudo errado. Lucas e Júnior César batiam cabeça na lateral esquerda. Carlos César não marcava ninguém. O meio, era um buraco, sem qualquer jogador para cumprir o papel de Pierre, e o ataque perdeu o vôo. Parece que ficou esquecido no saguão de Confins. Oxalá ninguém o tenha levado para casa por engano e estejam no mesmo local na volta.
***
Ridículo.
Mas, como tudo que está ruim sempre pode piorar, já perdendo por dois a zero, o time ainda resolveu que ia tocar bola, trocando passes em seu próprio campo de defesa.
Momento em que pode melhorar a estatística de passes certos, já que a Portuguesa, aguardando o Galo em seu campo, não apertava a marcação.
Poucas vezes que o time foi para a frente e chegou a ultrapassar a linha do meio campo, a marcação da Lusa apertava, fazendo a bola do ataque ser retornada para o meio e daí para a zaga, para começar tudo de novo.
Perdendo e jogando mal, o time se deu ao luxo de pegar a bola do meio campo para atrasá-la para as mãos de Giovanni, acho que em lance com Júnior César.
Ou seja: se os jogadores estão com medo de se machucarem, o que é natural, que não sejam escalados. Afinal, existe o risco da contusão.
Mas, que Cuca ponha então os juniores para jogos que valem alguma coisa, no campeonato, ao menos para nossos adversários.
Que Cuca ponha jogadores novos e que queiram mostrar futebol. Já que ontem, nem mesmo pode-se dizer que o jogo estava servindo como preparativo para o Marrocos.
Porque se esse é o tipo de preparo que está sendo feito, temo que nosso vexame no Mundial será maior que aquele do time na partida de ontem.
Em que a Lusa podia sair com uma goleada sem muito esforço.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O cala a boca do Supremo e o discurso de Barroso

Também na data de ontem, e com um brilhante comentário inicial do Ministro Luis Roberto Barroso, o STF deu início à etapa que encerra definitivamente a questão da Ação Penal 470, o caso do mensalão do PT, dando um autêntico cala a boca em muitas pessoas que parece que torciam para que os mensaleiros não fossem punidos.
Porque por mais estranho que pareça, ao decidirem pelo imediato cumprimento da pena relativa aos crimes para os quais não há mais qualquer possibilidade de recursos, o Supremo tirou dessas pessoas a possibilidade de continuarem mandando os emails infelizes que andaram remetendo para infestar as caixas de correio dos conhecidos, algumas dessas mensagens até denegrindo a honra de membros da Corte ou insinuando a defesa de interesses escusos.
Tomara que agora, sem assunto, e já frustrados em suas expectativas de "preservação da impunibilidade", que lhes fornecia a desculpa e o espaço necessários para, fundamentalmente exporem sua ideologia de forma mais dissimulada e tacanha passem a torcer para que o país possa passar a limpo, também, os outros escândalos de mesma espécie, com destaque para o mensalão do PSDB mineiro, a questão da compra de votos da reeleição do PSDB de Fernando Henrique, a questão da corrupção e da formação de cartel das concorrências do metrô paulista, PSDB mais uma  vez à frente, e o caso mais recente da máfia da fiscalização da prefeitura paulistana, sob comando do PSD e do PT.
***
Por isso, acho digno de nota e elogio a leitura das considerações iniciais do Ministro Barroso, de que lamentavelmente pouco mudou em nosso país, em especial do ponto de vista político, ao mencionar o que é do conhecimento geral: a corrupção que grassa em nosso país e em nossas instituições, é suprapartidária. Listando, como exemplo os casos citados acima.
Mas além do importante comentário, também digno de nota é o fato de que EMBORA O SUPREMO TENHA CHEGADO À ÚLTIMA FASE DO CASO, ENCAMINHANDO PARA SEU ENCERRAMENTO, como desejado pela sociedade, em todo o tempo de julgamento, inclusive no caso da aceitação dos embargos infringentes houve a preocupação em se preservar um bem maior: o direito de defesa. 
Nenhum dos condenados poderá alegar que teve cerceada sua defesa, e que o Tribunal não respeitou suas tradições, como o desejavam várias pessoas e órgãos, inclusive a midia.
Nesse sentido é que eu gostaria de ver agora, os comentários que a midia irá tecer, ela que tanto ironizou especialmente a questão da aceitação dos infringentes.
E agora?
Esse pessoal da midia irá pedir desculpas ou admitir, ao menos, que seu julgamento não se confirmou e que o Supremo agiu com lisura?
***
Como sei que não vamos ver a midia se desculpando, e até pelo contrário, pode ser que um ou outro órgão tenham a cara de pau de vir a público dizer que o resultado obtido se deveu a sua vigilância e cobrança atenta, é que acho que além de uma série de reformas que devem ser debatidas pela sociedade, como a reforma fiscal, a reforma política, a reforma da legislação penal, urge também que discutamos a implantação de uma legislação que estabeleça o controle social da imprensa, nos mesmos moldes de outras leis que vigoram em países mais avançados e de tradição mais democrática que nosso país.
***
Da sessão de ontem, acho que histórica do Supremo, a observar apenas dois senões. Mais uma vez, o destempero e açodamento do Ministro presidente, Joaquim Barbosa, não por suas teses que considero corretas, mas pela forma de defesa das mesmas, deselegante e de baixo nível que ele adotou.
Em segundo lugar, o discurso do Ministro Gilmar Mendes, outro que, como Barbosão, tem tradição em adotar tal tipo de comportamento teatral e impregnado de ideologia. Afinal, não se ouviu ele fazer qualquer referência, tal qual a realizada por Barroso, aos casos de outras matérias de corrupção, uma das quais até já dormitando nas gavetas do próprio STF, como o caso do mensalão do PSDB mineiro, que no fundo é de todo o partido.

Agora sim, campeão e a exploração do torcedor mais humilde no Rio

Agora sim, o Brasil tem um novo campeão de futebol. Como dizia um antigo personagem de um quadro de programa de humor, creio que estrelado por Agildo Ribeiro, na hora certa. Nem antes da hora, como no domingo, nem depois da hora. Na hora.
Então, parabéns ao Cruzeiro, pelo título que ele soube conquistar, como o demonstra com sobras a diferença de pontos para o segundo colocado, ainda distante quatro rodadas de seu final.
Pena que alguns cruzeirenses não entenderam a crítica que fiz, não ao time, nem à conquista ou à torcida, mas aos que exploraram a paixão da torcida, vendendo a ideia de que o jogo decisivo - e portanto, merecedor de que a torcida pudesse ser achacada com preços de ingresso completamente exorbitantes - fosse aquele contra o Grêmio.
Pois bem, não existe jogo decisivo quando o campeonato é conquistado a cada rodada. O que existe, isso sim, é o jogo que sela e assegura o título. O que aconteceu ontem, no Barradão. Nem antes, nem depois.
O que era, sim, uma questão de tempo. Para coroar, como disse aqui antes, e em várias ocasiões, a campanha do time que levou mais a sério o campeonato. Que montou o melhor elenco, ou mais equilibrado. E que trouxe o técnico que desde o primeiro momento tenho elogiado, por sua capacidade, por sua dedicação e seriedade.
Dizer que Minas é agora o estado do futebol, em minha opinião é bobagem. Temos sim, o campeão da Libertadores e o campeão do Brasileirão.
Mas, é bom sempre lembrar que futebol é momento, como o mostra o time campeão do ano passado, o Fluminense, que amarga agora a possibilidade de voltar para o lugar de onde não deveria ter saído: a segunda divisão. E que só saiu, por força e atuação da CBF.
Além disso, não podemos deixar de lado o fato de que há ainda, em disputa, um outro título, de dimensão nacional, como a Copa do Brasil.
Que tem em disputa o time que eliminou justamente o agora campeão do Brasileiro - o Flamengo, e o outro rubro-negro, primeiro time a interromper a campanha vitoriosa e invicta do campeão da Libertadores, na Independência - o Atlético Paranaense.
***
Aliás, por falar na disputa do título da Copa do Brasil, vale fazer o mesmo comentário que fiz em relação à exploração da paixão do torcedor cruzeirense, no jogo de domingo último. É sacanagem, para dizer o mínimo, cobrar preços de ingresso que podem alcançar a 800 reais, sendo de 250 reais a entrada mais barata.
Até entendo o argumento de que trata-se de uma partida decisiva (essa sim, já que fruto de um mata-mata) e que o time merece esse sacrifício de sua torcida, até para que possa manter o mesmo plantel, ou contratar jogadores capazes de qualificarem mais ainda o grupo. Mas, convenhamos: em um país em que o salário mínimo não supera os 680 reais, cobrar o valor de uma terça parte apenas por uma partida, e logo de quem a cada semana lota os estádios, é mais que uma simples pretensão de elitização, uma sacanagem.
Pelo menos é isso que penso.
E, pensando assim, concordo com a ação do Ministério Público, ou Procon, que foi pedir satisfações do time carioca.




quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Pedidos impossíveis

Com um gesto de mão
Pede pra que eu me cale
Ordena-me o silêncio
Pede-me que eu não fale
Nem faça barulho
Para não acordar este amor
Pede que eu engula as palavras
Que aprisione os porquês
E que eu não queira saber
As razões dessa distância
Que só faz aumentar essa dor
Que alimenta meu sofrer
Pede-me que eu me afaste
Que eu parta e me esqueça
Como se fosse possível
O abandono do sonho
Aceitar a despedida
Desistir sem reação
De viver o grande amor
Que é a razão de minha vida

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O Cruzeiro é rei mas ainda não é o campeão. E o rei ontem estava nu (mas ninguém quis ver)

A verdade é que não sei se a situação é digna de tristeza ou pena.
Afinal, durante muito tempo a imprensa cultivou e todos os que acompanham o futebol mais de perto se convenceram de que o jogo decisivo do campeonato para o Cruzeiro seria a partida contra o Grêmio. 
Segundo colocado na oportunidade, e distante uma quantidade de pontos suficiente para o time mineiro sagrar-se campeão com larga antecedência, o jogo contra o time gaúcho tinha dois outros ingredientes fundamentais: era um jogo contra adversário direto às pretensões dos mineiros e era um jogo contra o único adversário que o time de Fábio e Marcelo Oliveira não havia vencido no campeonato. 
Em relação à questão das pretensões, o jogo era um daqueles considerados "jogo de seis pontos", com o time gremista podendo reduzir a extraordinária vantagem mineira caso vencesse, o que serviria para continuar embalando o longínquo sonho de ser o campeão. Com relação ao segundo ponto, caso vencesse, o Cruzeiro teria conseguido uma façanha que ainda não fora obtida por nenhum dos campeões da era dos pontos corridos: vencer, ao menos uma vez, a todos os seus adversários.
Pois bem, a expectativa criada prosperou e ficaram todos à espera do jogão definidor do título: ganhando o Cruzeiro abriria vantagem que lhe asseguraria a conquista, sem dúvida alguma.
Em meio a tanta expectativa, um molho extra foi proporcionado pela penalidade, depois anulada ou cancelada que alcançou o time celeste, por força do mau comportamento de sua torcida no jogo contra o Galo. 
A princípio, julgado e tendo sido condenado à perda de um mando de campo, sem maiores explicações, ou mais convincentes, o Cruzeiro pode jogar exatamente a partida mais importante, contra o Grêmio em seus domínios, ao lado de sua torcida. Ajuda que o time quitou logo, com a atuação espetacular de seu representante, o senador Zezé Perrela, em Brasília.
***
Entretanto, imprevisível como ele só, o futebol pregou mais uma de suas peças e, faltando muito pouco para a partida tão ansiosamente aguardada, o Grêmio caiu de posição na tabela e o segundo lugar foi assumido pelo Atlético Paranaense. Por conta da queda do Grêmio, para alguns até de interesse dos atletas gremistas desejosos de derrubarem seu técnico Renato Gaúcho, o jogo contra o tricolor do sul perdeu sua importância e o Cruzeiro ser campeão já não dependia mais de qualquer partida contra o Grêmio, nem contra qualquer time. Afinal, conquistar o campeonato passou a ser questão de tempo.
***
Mas, estava armado o ambiente. E não convinha a ninguém agir como a criança que, por ingenuidade, foi a única que viu que a roupa do rei não existia. O Rei estava nu.
A imprensa, como lhe é peculiar, especialmente quando é para criar fatos que possam repercutir e vender, não alertou que o jogo não valia mais nada. Que o que era para ser um jogo decisivo perdeu seu caráter definidor. 
A direção do time, aproveitando-se do ambiente, cobrou preços que, a julgar por comentários dos próprios torcedores cruzeirenses foram absurdamente inflados, aproveitando-se do fato de ser uma decisão, mesmo que de mentirinha. 
Os cruzeirenses colocaram seus mais novos e mais lustrados uniformes e acorreram em massa ao Mineirão, para o jogo que apenas cumpria tabela, como todos os demais jogos das rodadas que o antecederam.
Aliás, é justo dizer: o campeonato por pontos corridos não se decide em qualquer partida, o que constitui sua principal vantagem. E foi por isso que o Cruzeiro chegou onde chegou. Por ter vencido e levado a sério e respeitado todos os seus adversários em toda a competição. Não por um jogo contra o time que nem mais ocupava a vice-liderança.
Mas, os cruzeirenses em nenhum momento foram alertados de que o jogo não tinha mais o caráter de decisão que lhe fora atribuído. E fizeram o seu papel, indo a campo para comemorar uma vitória. Mais uma vitória e uma possível conquista. 
Possível, mas não real.
O time jogou, venceu, convenceu contra um Grêmio perdido mas valente. E o time mineiro, virtual campeão, não pode sair do estádio como campeão real, embora todos saibam que é questão de mais uma ou duas rodadas. 
Entretanto, o Atlético Paranaenses, seu único adversário em condições de ainda ter alguma expectativa - sonho fugaz-, venceu também seu compromisso, contra o bom time do São Paulo, em franca reabilitação na competição. E assim, ao invés de as próximas rodadas se tornarem meros amistosos, a sagração do campeão ficou adiado. Para quarta feira no Barradão, contra um Vitória que está correndo atrás, para se credenciar para disputar a Libertadores no próximo ano, ou para o domingo, quando então a punição ao Cruzeiro será cumprida. 
***
Como atleticano que sou, e que está sempre secando o Cruzeiro, o fato de nosso adversário principal não ter passado a régua ainda, não é significativo, nem motivo de satisfação. 
Ao menos para quem tem um mínimo de bom senso e raciocínio, o time de Marcelo Oliveira já é o dono do título. 
Mas, que é de dar pena ver a comemoração, a alegria e o buzinaço, a queima de fogos que os torcedores do time azul fizeram, apenas por mais uma partida, com a mesma importância que foram todas até aqui, já que embora gritassem que eram campeões, no fundo, no fundo, também eles, se tiverem bom senso, sabem que ainda não conquistaram nada. 
Pena ou tristeza por tê-los visto sendo tão ludibriados e tão explorados, mesmo que às vezes, algumas pessoas sintam até mais prazer, quando manipulados e feitos de inocentes úteis. 

Saber aproveitar

Melhor assim
que não me arrisco
divirto-me sem receio
gasto o que ganho
sem querer guardar dinheiro
A vida é curta
e não sei o amanhã
por isso vivo cada dia
e não me arrisco
a manter grana no banco
e sofrer algum confisco
Melhor assim
aproveitar cada instante
e ir adiante
vivendo intensamente
cada momento
que a vida é curta
e não há tempo a perder
e saber viver
sem qualquer dúvida
é a melhor forma já inventada
de aplicar a nossa grana pra render

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Devaneios de um dia de chuva

Vagas lembranças
Fragmentos de um sonho vão
Passam ligeiras
Sem deixar rastros
Meros detalhes
Tênues que são
São fantasias ou devaneios
Delírios que povoam a imaginação
E se escondem nos desvãos do tempo
E desvanecem
Tal qual fumaça
Mal se deparam com nova desilusão
É a construção jamais erguida
Projeto que nunca saiu do chão
Voo abortado
De asas cerradas
Que nega à vida outra dimensão
Ou são grilhões
Que mantêm presos
Nossos pés no chão
Terra batida
Onde descalços
Nossas passadas
Marcam os rastros

Que sinalizam nossa frustração

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A crise fiscal e a fantasia criada em torno dela pelo PSDB: afinal, já estamos vivendo o ambiente de eleição

Que o resultado das contas públicas em setembro tenha sido alarmante, não há dúvida. Conforme noticiado, o déficit primário alcançou a cifra de R$ 9 bilhões, reduzindo significativamente as expectativas do mercado quanto à capacidade do governo cumprir a sua meta de "economia" para pagamento dos juros da dívida.
Apenas recordando, quando o governo gasta mais que sua arrecadação, restam-lhe três mecanismos para financiar esse excesso de seus gastos: elevar a arrecadação, emitir mais moeda ou financiar-se junto ao mercado financeiro, operação que é também conhecida como a emissão e colocação no mercado de títulos públicos.
De forma bastante simplificada, cada uma das três formas de financiamento, todas de curto prazo, têm consequências negativas, conforme os ensinamentos dos manuais de economia.
A elevação de arrecadação consiste em extrair mais recursos reais do setor privado, transferindo-o para o setor público. Além de ser extremamente impopular, do ponto de vista político, enfrenta ainda alguns problemas de ordem prática, como a exigência de que aumentos de carga tributária cumpram o princípio da anualidade, ou seja, possam ser efetivados apenas no ano imediatamente seguinte ao da aprovação da lei que promoveu a elevação do tributo.
Por sua impopularidade pode gerar aumento da sonegação, fenômeno que está vinculado ao formato da curva de Laffer, que mostra que alíquotas mais elevadas provocam aumento da arrecadação até um certo limite, quando começam a apresentar declínio.
A emissão monetária, por sua vez pode provocar o fenômeno da elevação de preços, se cumpridas as hipóteses em que se baseiam as teorias que têm por base a teoria quantitativa da moeda em suas várias vertentes. Ou seja, não há garantia de que a maior emissão monetária seja causa da inflação, podendo ser apenas uma necessidade do mundo de negócios de contar com maior liquidez que permita a continuidade da realização desses negócios e consequentes pagamentos em uma sociedade que já experimenta elevação generalizada de preços proveniente de outras causas. Além disso, outras condições ou hipóteses precisam de ser atendidas, como a da manutenção em um valor constante da velocidade de circulação da moeda (ou do quanto de moeda as pessoas decidem manter em mãos, para realização de suas transações normais) ou ainda a de que a economia já se encontra em pleno emprego de recursos, situação em que não consegue mais elevar a produção para atender ao aumento de gastos que, supõe-se todas as pessoas com mais dinheiro irão promover.
Dito de outra forma, se as pessoas que tiverem mais dinheiro não quiserem correr às compras e aumentar suas despesas, optando por manterem esse dinheiro em aplicações financeiras, pensando em sua segurança no futuro, não haveria escassez de produtos e motivos para os preços se elevarem.
Claro está que não afastamos a possibilidade de ocorrer sim, inflação, caso o governo aumente a emissão de dinheiro, e por conta disso e das expectativas que isso cria e desenvolve no ambiente econômico e junto à sociedade, as pessoas - principalmente empresários, comecem a elevar seus preços -de serviços ou de produtos, antecipando uma possível retomada do fenômeno inflacionário, como uma espécie de hedge ou proteção.
De qualquer forma, a emissão monetária costuma não ser utilizada, por todos esses possíveis resultados.
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A terceira forma de financiamento é a da emissão de títulos da dívida ou o endividamento público.
Como qualquer tomador de recursos, para convencer os agentes com recursos excedentes a suas necessidades, ou seja, com dinheiro em mãos a usarem seus recursos emprestando-os ao governo, é necessário que se prometa pagar ao emprestador um juro, o que implica o compromisso futuro de o governo gerar recursos orçamentários para cumprir essa nova obrigação.
Desnecessário afirmar que tal endividamento significa também a transferência de recursos reais do setor privado ao setor público, mas por não ser compulsório como a tributação e por ser uma opção feita pelo emprestador dos recursos que considera - na abordagem mais convencional - sua preferência intertemporal de utilização de riqueza, representada por ter menos recursos à sua disposição no presente em troca de ter mais recursos no futuro, não se sujeita ao mesmo tipo de crítica que a primeira das alternativas listadas.
Apenas um parêntese, para lembrar que a mesma disposição do agente detentor de riqueza financeira, não reprodutível, encontra também explicação na teoria keynesiana, já que para ela, o indivíduo se sente recompensado na medida em que abre mão de liquidez (moeda), desde que obtenha um prêmio (os juros) por tal decisão.
***
Como consequência do afirmado acima, uma vez criada a dívida pública, o governo deve adotar as medidas necessárias para que possa, nos exercícios seguintes, cumprir o seu compromisso, efetuando os pagamentos de juros aos seus financiadores.
Daí a necessidade de, daí em diante, o governo passar a reduzir seus gastos ou elevar a arrecadação para poder gerar o superávit primário, a economia para pagamento dos juros aos seus credores.
Um detalhe é que, de verdade, não há a necessidade de que seja feito um corte nos gastos públicos, que crescem vegetativamente, seja por força de aumentos dos preços de tudo aquilo que o governo necessita contar para poder funcionar e operar (aumento dos gastos de custeio, por força da variação de preços de um exercício para o outro), seja por força de aumentos dos gastos da folha de pessoal, por força das correções salariais para repor a desvalorização das remunerações, ou por força da elevação natural de despesas por promoções de tempo de serviço, ou ainda devido a necessidades de aumento do quadro de servidores, em substituição aos que se aposentam no serviço público ou por aumento mesmo da necessidade de recursos para prestação de serviços cada vez mais demandados pela sociedade.
Embora haja esse crescimento dos gastos públicos, por outro lado, cresce também a arrecadação acompanhando o crescimento do nível de atividade econômica, da produção e da renda.
Assim, o que o governo tem de impedir é que o crescimento da despesa supere a taxa de crescimento esperada da economia.
***
Pois bem, do que foi apresentado até aqui, já deu para perceber que a situação econômica de nosso país hoje não é uma situação que poderia ser considerada tranquila.
Afinal, como a economia não cresce às taxas projetadas ou imaginadas, a receita não apresenta evolução capaz de compensar a elevação dos gastos. Para compensar esse baixo crescimento projetado, o governo, atendendo a reclamos dos setores empresariais, resolveu conceder estímulos à produção e vendas, promovendo uma grande desoneração de tributos.
Se o objetivo último do governo era manter um ambiente econômico estável, de forma a manter o nível de atividade visando impedir a elevação do nível de desemprego, resultado que foi obtido com a manutenção da demanda agregada aquecida, isso implicou, por outro lado, em mais redução da arrecadação, o que não foi, nem podia ser para não tornar a medida de redução de tributos inócua, acompanhada pela redução dos gastos públicos.
Nunca é demais lembrar que, além de importante elemento integrante da demanda agregada, que mantém o estímulo a que os empresários continuem produzindo e gerando empregos, o gasto público tem a característica de ser um gasto muitas vezes impossível de se comprimir, por suas características.
De mais a mais, lembre-se também que a redução de gasto público não assegura queda da demanda agregada, já que pode haver substituição de gastos públicos por gastos privados na mesma de mesma natureza. Apenas lembrando, se o governo corta despesas em saúde, aumenta o gasto privado com os planos de saúde; caso o corte se dê na educação pública, aumentam os gastos familiares com educação privada.
O problema é que ao haver a substituição de despesa pública por privada, apenas alguns setores mais privilegiados da população teriam acesso a bens e serviços de qualidade, muitos dos quais indispensáveis.
***
Então, impossibilitado de cortar muito em seus gastos e com arrecadação em queda, até porque a economia continua não deslanchando e continua com taxa de crescimento esperada reduzida, é natural que o superávit primário previsto não se efetive. E que isso provoque algum tipo de preocupação.
Especialmente, se a tudo isso for acrescentado o fato de que, por força de uma série de fatores, um dos quais a situação que nossa economia atingiu que significa ter chegado ao nível de pleno emprego de sua força de trabalho o que eleva muito o custo desse recurso na produção, em especial de serviços - "non tradeables" - o país começou a conviver com elevação de preços, projetando o risco de termos uma inflação acima dos limites máximos tolerados para a inflação de acordo com o sistema de metas.
Tal situação como se sabe, obrigou o Banco Central a elevar os juros básicos da economia brasileira, elevando custo do carregamento da dívida pública.
Conforme dados apontados por André Perfeito, em coluna na Folha de São Paulo de ontem, o Brasil gasta hoje 5,7% do PIB só com juros. Perde apenas para a Grécia, na casa de 6,9% e ganha da Itália (4,6%).
Com isso, a economia deveria ser maior, e ao contrário está se reduzindo.
Situação clara de alerta.
Mas como o próprio André Perfeito mostra em sua análise (Caderno Mercado da Folha, B1), se a dinâmica fiscal não é confortável e ninguém o nega, hoje essa dívida é praticamente em sua maioria pré-fixada, não sendo afetada por elevação nem das taxas de juros e suas elevações, nem por mudanças do valor do dólar (outra fonte recente e cada vez mais importante de preocupação).
A situação que parece estar se deteriorando, não é desesperadora. E isso o leva a questionar porque o mercado deseja e cobra do governo o mesmo tipo de comportamento adotado em 2002, quando a situação da dívida era outra por força da forma de sua indexação.
A conclusão do articulista é que "é como se o investidor dissesse: o Brasil não reúne as qualidades suficientes para crescer, logo, ou o BC eleva a Selic para bem além dos dois dígitos, ou o governo reverte sua política fiscal. Em ambos os casos, o resultado líquido e certo é a recessão econômica.
***
Hoje, em sua coluna no primeiro caderno da mesma Folha, Delfim Netto argumenta que nada há cientificamente errado com a dívida pública quando ela ajuda no financiamento de obras de infraestrutura, ou é usada para reduzir o valor do gasto de investimento privado, graças a concessão de subsídios.
Argumenta que tudo isso deve ser feito de acordo com a exigência de transparência.
O ex-ministro afirma que seria absurdo, se a economia estando próxima do pleno emprego, utilizar a dívida pública para pagar despesas de custeio, já que isso elevaria a taxa de juro real.
Ora, a ministra do Planejamento tem, por outro lado, mostrado que a despesa pública está sob controle, com o montante dos gastos realizados como percentual em relação ao PIB apresentando redução, como no caso dos gastos com folha de pessoal e outros.
Não nega entretanto a forte elevação do percentual em relação ao PIB, dos gastos sociais, o que tem contribuído para a melhoria das condições de nosso país.
***
Portanto, não há porque tanta gritaria e até mesmo essa criação de  um ambiente de desconfiança quanto à capacidade de o governo manter o controle dos gastos, que beira o terrorismo, inclusive com declarações como a de Gustavo Franco, para quem o "governo colhe o que plantou. Quando há credibilidade, pode-se cometer pequenos erros, mas, quando a credibilidade se esgota, qualquer pequeno erro é um grande problema." E conclui: " a política fiscal é uma sucessão de equívocos e maquiagens, que só não é pior que o desempenho setorial e regulatório".
Bem, vindo do mágico do dólar fixo no início do Plano Real, que levou-nos á aventura do choque cambial de 1999, e uma das autoridades econômicas de menor credibilidade em nosso país, Gustavo Franco pode falar bem. Afinal de descrédito ele sabe como poucos.
Mas, nem é essa a situação pintada por Carlos Tadeu de Freitas, ex-diretor do BC, nem por Delfim, nem por André Perfeito, nem por qualquer economista que tenha ou juízo, ou não esteja engajado na campanha política, já lançada nas ruas por Aécio e seu PSDB.
É isso.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Curiosidades de final de ano

Fim de Ano
Mais um ano se finda
Outro ano que se vai
Ele que passou tão ligeiro
Que como o tempo e o dinheiro
Por entre os dedos se esvai
Fim de Ano
Apenas ainda novembro
Mas é que se ainda me lembro
Ali na frente é Natal
Com a correria das compras
Ruas apinhadas e o povo
Gastando o dinheiro suado
Comemorando a mudança
Que acontece apenas
Na folha do calendário
Já que a ninguém importa
Perder tempo precioso
Tentando encontrar respostas
A perguntas esquecidas
O que fizemos melhor?
O que fizemos de novo?
O que no ano que acaba
Valorizou nossas vidas?

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A hipocrisia e a arrogância de Felipão e seu autoritarismo babaca

Em 2002, comandante da 'família' que obteve o título de campeão mundial de futebol com a seleção canarinha do Brasil, em que homens e profissionais formados eram tratados como crianças pelo Papai sabe-tudo, Felipão anunciou que não continuaria à frente do selecionado vitorioso.
Atraído pelo desafio de elevar o nome dos técnicos brasileiros no mercado europeu, e até por alguns milhares ou milhões de euros, Scolari decidiu ir para a Europa, onde depois de campanhas que lhe asseguraram grande prestígio, acabou por se tornar o diretor técnico da seleção de Portugal na Copa de 2006.
Mesmo tendo sido técnico da seleção brasileira em oportunidade anterior, Scolari não se sentiu constrangido em estar sentado no banco de outro selecionado, inclusive defrontando-se com a possibilidade de ter que enfrentar o time de sua pátria.
Tudo bem, técnico felizmente não entra em campo e não ganha jogo. (E era bom que alguém avisasse a Felipão e outros idiotas da imprensa esportiva ou até mesmo outros luxemburgos da vida, dessa constatação óbvia!).
Em Portugal, Felipão mais uma vez tratando como infantilóides os jogadores portugueses convocou o jogador Deco, brasileiro nato, que se naturalizou. Creio eu que, naquela ocasião, pouco alteraria a situação caso Deco já tivesse participado ou não de algum jogo vestindo a camisa da seleção brasileira, desde que não tivesse o jogo caráter de disputa de torneio oficial.
Mas, consigo a situação é diferente, óbvio. O mesmo acontecendo quando seu interesse está envolvido, como foi no caso de Deco.
***
Situação contrária à enfrentada agora por Diego Costa, que já era espanhol naturalizado quando da convocação anunciada por Felipão, e que, como o técnico nos idos de 2002, preferiu renunciar à uma vaga na seleção  brasileira e na família Scolari, atraído talvez por um reconhecimento de que nunca antes foi merecedor aqui em sua terra natal. E quem sabe, até por alguns euros a mais...
Daí a que o técnico brasileiro, do alto de sua arrogância se arvore em crítico de comportamento, fazendo beicinho e jogando a torcida contra Diego Costa, apenas por este ter adotado uma postura que deixa claro que ele não é menino, que não precisa ser curatelado, e que tem condições de tomar decisões maduras e arcar com as consequências, vai uma diferença grande.
Pior não é a postura de Felipão. É a grande quantidade de puxa-sacos e baba-ovos que o cerca e o veneram ainda mais, em face de sua reação nacionalista, patriótica, exagerada e completamente despropositada.
No caso, Felipão agiu e age como se fosse o soberano da razão e da verdade, condenando o jogador que o desprezou, como se fosse o dono da vida e das decisões de tudo que cerca a seleção.
Pena que agindo assim, apenas comece a cultivar em algumas pessoas, um certo conformismo com a possibilidade de a seleção perder a Copa que se realizará em seu país.
Para que Felipão, como já o fez antes no Palmeiras, a quem levou para a segunda divisão, possa tirar o corpo fora, arranjando culpados e responsáveis por um resultado pelo qual, como sempre, ele não se sentirá nenhum pouco responsável.
Afinal, até parece que o primeiro bode expiatório já foi apresentado. E ele marca gols, e atende pelo nome de Diego Costa.

Aumento do IPTU em São Paulo, uma história já nossa conhecida antiga

A situação por que estão passando os paulistanos, às voltas com a aprovação pela Câmara Municipal do projeto de correção dos valores da planta de imóveis da cidade encaminhado pelo prefeito Fernando Haddad e que representa, na prática uma elevação do valor de cobrança do IPTU  muito superior à inflação não é nem nova, nem exclusiva da capital paulista.
Em 2010, situação análoga e com consequências bastante semelhantes, foram vividas também em Belo Horizonte, quando o prefeito Márcio Lacerda do PSB, encaminhou para exame e aprovação, projeto de lei alterando a planta de valores do mesmo imposto.
Como anunciava o diário Hoje em Dia, o projeto de lei da PBH deveria ser aprovado na Câmara sob muitas críticas, queixas e reclamações, já que o reajuste do imposto poderia atingir até 150% em alguns casos, especialmente bairros de maior poder aquisitivo, como Lourdes e Belvedere.
Em meio a toda  a polêmica, a preocupação manifesta por alguns vereadores era quanto a uma possível elevação da inadimplência em relação ao tributo, então situada no patamar dos 13%, repetindo o mesmo comportamento observado em outras capitais que adotaram o reajuste.
Ao final das contas, a prefeitura da capital mineira decidiu promover o aumento do IPTU em duas parcelas, uma para entrar em vigor a partir daquele 2010, restando outra parcela para vigorar a partir de 2011.
Que eu me lembre, não houve qualquer outra alteração no tributo, que manteve a mesma alíquota, apenas que aplicada então ao novo valor (corrigido) do imóvel, acompanhando a evolução de preços observada no mercado.
Ressalta-se que durante muitos anos o preço de imóveis em Belo Horizonte não sofreu alterações, ficando reconhecidamente defasado, situação que alterou-se profundamente em anos mais recentes, como resultado da especulação imobiliária que teve início a partir dos anos 2000.
Sendo o IPTU um tributo sobre o patrimônio, e tendo em tese e de forma potencial, se elevado o valor do patrimônio dos munícipes, era justa a correção dos valores da planta, que serve de base para o cálculo do tributo, mesmo que, em tese, o fato de ser justo nem sempre é suficiente para eliminar o desagrado experimentado por todos nós, que temos que arcar com mais esse ônus.
De mais a mais, é sempre importante a observação feita acima, de que o aumento patrimonial é tão somente potencial, uma vez que não necessariamente ele irá se converter em aumento real já que grande parte dos proprietários dos imóveis irão realizar tal "ganho", vendendo aquele que é o local onde moram.
***
Considerado apenas do ponto de vista da questão das finanças públicas, embora sempre desagradável, o aumento de tributação é a forma mais adequada para que se transfira recursos reais e financeiros, do setor privado para o setor público, de forma a permitir ao último, atender aos reclamos e demandas, sempre frequentes e crescentes, feitas pelo setor privado.
A grande questão é que, dada a diversidade de situações e públicos e interesses inserido no que chamamos de forma genérica setor privado, às vezes algumas das demandas dirigidas à administração pública não dizem respeito a meus interesses particulares ou aos do grupo de que considero fazer parte. Tal situação cria um problema sério e grave, uma vez que não sendo objeto da ação empreendida pelo governo e não sendo atendido por aquela ação, não me considero moralmente obrigado a contribuir de qualquer forma ou com qualquer recurso para que a demanda de outros seja atendida.
Ajo como se não tivesse nenhum compromisso de solidariedade, já que não serei eu que aproveitarei diretamente dos benefícios das ações executadas. Esqueço-me que, em outras ocasiões podem ter sido as minhas demandas ou as do grupo social a que pertenço que foram objeto de ação do governo, consumindo recursos em valor muito superior àqueles com que contávamos para financiar a concretização de nossos pleitos.
Mas, em sociedade é sempre assim, e sempre tem gente que vai reclamar de que está colaborando e não está sendo alvo da benesse, pensando sempre apenas em seu interesse mais individualista.
Postura compreensível, embora, de meu ponto de vista equivocada.
E, sendo compreendido que para que alguns grupos ganhem, a cada instante, todos têm que colaborar com o ônus, não há forma melhor que a da tributação para que os custos possam ser rateados entre todos. Especialmente, se tal tributação se basear naqueles princípios fundamentais de equidade e, principalmente da capacidade contributiva, que em todos os países mais avançados estabelece que quem pode mais, ou tem mais recursos contribui com parcela maior.
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Ora, isso implica que um sistema tributário eficiente e justo privilegie sempre a arrecadação que tome como base a renda pessoal ou o patrimônio, de preferência a outro que, como no Brasil, privilegie - e prejudique- a produção e circulação de bens.
Afinal, como estudos  internacionais já demonstraram à saciedade, o Brasil detém um dos mais pérfidos, iníquos e injustos sistemas tributários do mundo, justamente por ser um sistema tributário regressivo, que cobra mais de quem tem menos recursos.
Isso, porque tendo grande receita fundada em impostos sobre a produção e circulação de bens, cobra o mesmo valor de imposto de todos que consomem os bens disponíveis no mercado. O que faz com que pague o mesmo valor tanto o empregado quanto seu patrão, tanto o que tem pouca renda ou insuficiente quanto o que tem várias fontes e rendas muito elevadas.
Desse ponto de vista, da justiça tributária, admitindo-se desde antes que o tributo é necessário e justo, porque irá financiar demandas reais apresentadas pela maioria da população, não há como não reconhecer ser melhor a elevação da carga tributária por meio do aumento do IPTU, um imposto sobre o patrimônio, no caso de uma prefeitura, impedida de criar impostos sobre a renda.
***
Entende-se a grita de todos que acham um absurdo e abuso a majoração, e que questionam inclusive a real destinação que será dada aos recursos, ou que pretendem levantar a discussão de se tais recursos não poderiam ser obtidos por outros mecanismos, como a maior preocupação em conter desperdícios e ineficiências em outras áreas e usos de recursos públicos.
Mas, a verdade é que, podendo haver a discussão sobre as formas de controle da sociedade sobre a utilização efetiva 'do seu, do meu, do nosso dinheirinho', ou sobre situações de alguns cidadãos, incluídos aí os mais idosos, os que não têm qualquer interesse em transacionar o imóvel em que moram, etc. etc. a verdade é que, em minha opinião, é justa a correção dos valores dos imóveis, e a consequente elevação do valor a ser pago.
Opinião aliás, bastante bem apresentada e argumentada em artigo publicado ontem na Folha (Folha  de São Paulo de 31/10/2013, caderno Mercado 2 - fl. 7) de autoria de Marcelo Miterhof, com quem concordo integralmente e cuja leitura recomendo.
Apesar da grita, ou até mesmo por conta do estardalhaço gerado pela repercussão que a midia e os profissionais de maior patrimônio e renda promovem.